Eduardo Salles

Setor Produtivo

Eduardo Salles é engenheiro agrônomo com mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Está no seu terceiro mandato de deputado estadual e preside a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo. É ex-secretário estadual de Agricultura e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (CONSEAGRI). Foi presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia e da Câmara de Comércio Brasil/Portugal. Há 20 anos é diretor da Associação Comercial da Bahia. Ele escreve neste Política Livre mensalmente.

Nosso melhor presente para o Rio São Francisco é revitalizá-lo

Dia 4 de outubro o rio São Francisco faz aniversário. Mas não há o que comemorar. Infelizmente, essa riqueza do povo baiano e nordestino está morrendo. Desde 2012 a Bacia do Rio São Francisco tem tido baixas pluviometrias. Ano após ano a precipitação fica abaixo da média histórica, o que ocasiona uma redução significativa na vazão dos afluentes do rio São Francisco.

O Lago de Sobradinho hoje vive o pior momento desde a sua construção na década de 70. Agora no final de setembro o lago possui apenas 5,5% do seu volume útil. Para você ter ideia da criticidade da situação, em 2015, o pior momento até então, nesta mesma época o volume útil chegou a 10,5%. Chegaremos ao volume morto brevemente.

A vazão de defluência (saída) já chegou a 1.300m³/s, mas agora está em 580m³/s. Menos da metade. Desde agosto o IBAMA, ANA (Agência Nacional de Águas) e ONS (Operador Nacional do Sistema) autorizaram a redução para 550m³/s, mas até setembro ainda não tinha ocorrido a diminuição da saída de água.

Essa defluência precisa ser reduzida logo para que possamos garantir, até o início do período chuvoso, que ocorre a partir de novembro, o abastecimento de água de cinco municípios do entorno do rio São Francisco, com população estimada em 250 mil habitantes, e a irrigação, responsável por gerar milhares de empregos graças às águas do Velho Chico.

Os fatores climáticos dos últimos anos têm atrapalhado a vida do rio São Francisco, é verdade. Mas não podemos colocar a culpa apenas na pluviosidade e ficarmos parados esperando milagres. Não há mais tempo para esperar. Ou vamos à luta agora, ou será tarde demais.

O governo federal precisa entender a importância do rio São Francisco à economia de uma região inteira. O abastecimento humano, a dessedentação animal, a pesca, a indústria, a agricultura irrigada e a geração de energia elétrica, fazendo com que a conta de luz fique mais barata, principalmente à população mais carente, ocorrem no Vale do São Francisco em função das águas do Velho Chico.

A revitalização do rio São Francisco não pode mais esperar. Os pescadores não encontram mais peixe porque os esgotos sem tratamento são jogados nas águas do Velho Chico. É necessário replantar as matas ciliares, proteger as nascentes, repovoar o rio com espécies nativas de peixes e a agricultura precisa se modernizar para ser feita de maneira sustentável.

Não dá mais para esperar apenas o governo federal entender que já passou da hora de revitalizar o rio São Francisco. Defendo que criemos um fórum de discussões, capitaneado pelo senador baiano Otto Alencar, defensor incondicional do Velho Chico, para conseguir recursos públicos privados de todos os segmentos beneficiados pelo rio.

Como baiano, nordestino e representante político de municípios que são banhados pelo rio São Francisco, vou trabalhar muito para revitalizar o Velho Chico e não deixar que esse patrimônio natural do Brasil fique apenas nas lembrança.

Feliz aniversário, Velho Chico!

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