Eduardo Salles

Setor Produtivo

Eduardo Salles é engenheiro agrônomo com mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Está no seu terceiro mandato de deputado estadual e preside a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo. É ex-secretário estadual de Agricultura e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (CONSEAGRI). Foi presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia e da Câmara de Comércio Brasil/Portugal. Há 20 anos é diretor da Associação Comercial da Bahia. Ele escreve neste Política Livre mensalmente.

A importância de uma defesa agropecuária forte

Todos os brasileiros ficaram estarrecidos com as notícias que dominaram os jornais durante os últimos dias. Mas, como dizia meu avô, tudo que acontece, por mais terrível que pareça, tem sempre um lado bom.

Neste episódio, que escancara mais uma vez à população a corrupção como mola mestra deste escândalo, 33 fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, corrompidos por empresários inescrupulosos, colocaram em risco a saúde de milhares de pessoas, entre elas crianças, e aceitaram avalizar carnes podres como de boa qualidade.

Claro que isso não aconteceu de forma generalizada em todos os frigoríficos do país, mas os culpados têm que ser punidos exemplarmente para que, no futuro, outros fiscais pensem duas vezes caso recebam ofertas de propinas.

O lado positivo dessa história é que a população baiana e brasileira entendeu a importância desses agrônomos e veterinários chamados “fiscais agropecuários”. Grande parte da nossa população nunca tinha ouvido falar nesta função exercida por milhares de profissionais, tanto no Ministério da Agricultura como nas agências agropecuárias estaduais. Eles são fundamentais às nossas vidas na garantia da economia e, consequentemente, dos empregos no nosso estado e país.

Além de fiscalizarem a produção de alimentos nos frigoríficos e demais indústrias alimentícias, eles fiscalizam as questões relativas aos defensivos agropecuários, garantem o trânsito animal e vegetal entre estados e países, impedindo ou protelando a entrada de pragas que causam danos gravíssimos ao setor agropecuário estadual e nacional.

No caso da Bahia, que tem no setor agropecuário uma das maiores bases de sustentabilidade da sua economia, felizmente, as ocorrências desta semana não encontraram evidências de fraude. Por outro lado, nosso estado, que possuía, reconhecidamente, por técnicos nacionais e internacionais, uma das melhores agências de defesa estadual, em função dos seguidos anos de crise econômica, esta vem perdendo status devido a contingenciamentos de recursos dos cofres estaduais e federais.

A redução de investimentos tem ocasionado uma crise sem precedentes na história da agência, inclusive com a vulnerabilidade e consequente entrada de pragas que não existiam no estado, prejudicando o desenvolvimento e a economia do setor agropecuário baiano.

É importante que sejam tomadas atitudes urgentes para o fortalecimento da nossa ADAB (Agência de Defesa Agropecuária da Bahia) por meio da contratação imediata de mais profissionais para o seu quadro que está desfalcado, a efetivação do plano de carreira, a disponibilização de recursos financeiros e materiais para que suas ações sejam mais efetivas, sem contingenciamentos. É necessário ainda preservar a autonomia funcional dos seus quadros de chefias locais e regionais. Com exceção das diretorias, as indicações para o órgão devem, obrigatoriamente, ocorrer a partir da seleção de técnicos oriundos da ADAB.

Agência e fiscais agropecuários fortalecidos implicam em uma vigilância sanitária e uma defesa agropecuária eficientes, além de contribuírem com a segurança alimentar e proteção do nosso patrimônio agropecuário, garantindo os empregos e a pujança da economia do setor.

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