Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

Lembrança

Esquecimento é morte! Não era esse o grande medo dos Deuses gregos? Por analogia podemos então assumir que lembrança, recordação, é vida.  Curioso observar, Novembro traz simultaneamente a marca da lembrança e da morte. O mês começa com o dia dos mortos (02), onde lembramos aqueles que vieram antes de nós, que carregaram o mesmo bastão que hoje guardamos enquanto esperamos a vez de passa-lo adiante para as gerações futuras.

Novembro (05) também é o mês de Guy Fawkes. Para que não se lembra, é dele o rosto das máscaras que manifestantes usam em protestos por todo o país. Na Inglaterra do início do século XVII, Fawkes fazia parte de um grupo que buscava derrubar o Rei James I e restaurar uma monarquia católica. O Plano básico consistia em explodir o parlamento. Entretanto, uma denúncia anônima frustrou o plano dos revoltosos. A imagem de Fawkes se difunde na cultura popular e se associa a resistência a opressão do Estado. Imagino que isso pode ser creditado, em parte, ao sucesso do comic book (e depois filme que, aliás, é excelente!) V para Vendetta. Pois, uma quadrinha inglesa bastante popular na festa (bonfire night) que celebra a lembrança do atentado, começa pedindo que as pessoas não se esqueçam… Remember, remember the Fifth of November / The Gunpowder Treason and Plot / I know of no reason / Why the Gunpowder Treason / Should ever be forgot.

Ainda em Novembro temos o dia (11) da lembrança (Remembrance Day), quando na décima primeira hora, do décimo primeiro dia, do décimo primeiro mês, se honra a memória de todos os que deram a sua vida para que pudéssemos viver a nossa. Mais uma vez essa data não faz parte do calendário da Terra Brasílis, sendo uma data típica dos países do hemisfério norte que foram violentamente marcados pelo horror das duas grandes guerras mundiais, mas isso não significa que possamos esquecer o sacrifício dos nossos pracinhas e que os grandes embates mundiais têm influencia direta em nossa vida, mesmo que não participemos dele diretamente.

Na verdade dei essa volta toda falando de lembrança e esquecimento, morte e vida, porque queria destacar outra data fundamental do mês de Novembro que se encontra meio esquecida. Assim como a Bonfire Night e o Remembrance Day, não faz parte de nossa experiência cotidiana direta, mas o seu significado é fundamental para definição do mundo como hoje vivemos e experimentamos.

Exatos vinte seis anos atrás, no dia 09 de Novembro de 1989, caia o Muro de Berlim marcando o fim da guerra fria e a derrocada do sistema comunista. O pretexto para a construção do muro pela Republica Democrática da Alemanha (comunista), era a proteção da população de elementos fascistas que conspiravam contra a vontade do povo!!!!  Não custa lembrar que Berlim era uma cidade encravada no coração da Alemanha Oriental e que o muro significou, na prática, o cerco ao lado ocidental da cidade, controlado pelos aliados (EUA, França e Inglaterra). Para reforçar a “proteção aos cidadãos” o muro era guardado por militares armados que tinham ordem de atirar para matar em todos aqueles que quisessem fugir do “paraíso socialista” em direção à decadente Berlim ocidental. Aliás, o nome oficial do muro era: Muro de Proteção Anti-Fascista (Antifaschistischer Schutzwall)!!!!!!

Pois, nestes tempos onde pessoas e grupos que lutaram para implantar em nosso país uma ditadura do proletariado, baseada nos mesmo princípios ideológicos que deram origem ao muro de Berlim, são homenageados como grandes democratas, onde a palavra fascista é usada para definir todo àquele que discorda da posição de um grupo de eleitos que conhece a real vontade do Povo, devemos lembrar o sacrifício daqueles que vieram antes de nós e que lutaram contra a opressão para que pudéssemos viver em liberdade!

Remember, remember….

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