Jacó Lula da Silva

Economia

Mario Augusto de Almeida Neto (Jacó) é técnico em agroecologia. Nascido em Jacobina, aos 17 mudou-se para Irecê, onde fundou e coordenou o Centro de Assessoria do Assuruá (CAA) e a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA). Como deputado estadual (2019-2022), defende as bandeiras do semiárido baiano, agricultura rural e movimentos sociais. Ao assumir a cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia, incorporou o "Lula da Silva" ao seu nome, por reconhecer no ex-presidente o maior líder popular do País. Na Alba, é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública e membro titular das Comissões de Saúde, Defesa do Consumidor, Agricultura e Política Rural e Promoção da Igualdade.

Novembro negro longe de terminar, mas temos esperança

O racismo não respeita nem as datas mais simbólicas para o povo negro brasileiro. No último 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, que homenageia o grande líder negro do Quilombo dos Palmares Zumbi, acordamos com as imagens violentas e o anúncio da morte de João Alberto, na véspera, após graves agressões por parte de dois seguranças de uma empresa terceirizada do supermercado Carrefour em Porto Alegre.

Essa morte jogou ainda mais luz na luta pela vida do povo negro no Brasil e no mundo – basta lembrar o caso de George Floyd nos EUA, morto por asfixia – e mostrou o quanto a morte pode ser banalizada quando existem brancos a serviço da tirania e contra o que lhe é diferente, daí a importância de movimentos como o “Vidas Negras Importam”.

Não são ações isoladas. Aqui em Salvador, o racismo se reproduz dia a dia. Recentemente um jovem negro foi impedido de entrar no supermercado da rede Bompreço por estar vestido com um short que “não era apropriado”, de acordo com o segurança. Quantas vezes e quantas pessoas negras foram seguidas ou barradas em mercados por seguranças? O racismo estrutural é uma ação padrão em todo o país, seja em supermercados ou shoppings.

Pedido de desculpas ou ações isoladas por parte da rede Carrefour não resolvem a problemática do racismo estrutural. Essa não foi a primeira vez em que um negro foi agredido em um estabelecimento. É preciso exigir das associações de supermercados e shoppings ações concretas na formação dos funcionários para combater não somente o racismo, mas também outras formas de discriminação.

Dois dias depois da morte de João Alberto em Porto Alegre, protocolamos Projeto de Lei na Assembleia Legislativa da Bahia que obriga as empresas de segurança em nosso estado a realizarem cursos de capacitação com foco no combate ao racismo, lgbtfobia e direitos humanos para seus trabalhadores como pré-requisito para contratação.

A ideia é que a Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda da Bahia (Setre) e a Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi) promovam parcerias com as empresas de segurança a fim de ministrar os cursos de capacitação para os trabalhadores que atuam em supermercados, lojas de conveniências e postos de combustíveis.

João Alberto era um homem negro, recebeu chutes e socos durante mais de cinco minutos, não resisitiu e faleceu. Diante de tal fato e de inúmeros que a população negra tem sido vítima sem defesa – a cada 21 minutos um jovem negro é assassinado no país -, a sociedade tem de buscar mecanismos para coibir de forma contundente qualquer forma de racismo ou discriminação. É o objetivo do nosso Projeto de Lei.

Esse novembro negro mostra que a luta, que também é dos brancos que se comprometem com as práticas antirracistas, está longe de terminar, porém a esperança é a de que consigamos avançar ainda rumo a uma sociedade mais justa e menos desigual.

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