Radar do Poder

Radar do Poder: A armadilha desmontada do União contra Adolfo, os espaços de Leo na reforma de Bruno e a irritação contra Cacá

radar do poder | 12 fevereiro 2025

Artilharia pesada

A direção nacional do União Brasil cogitou, no final da semana passada, em ingressar com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a reeleição de presidentes de assembleias legislativas do país que estão em desacordo com o entendimento da Corte proibindo a segunda recondução. Um dos “alvos” da iniciativa seria o deputado estadual Adolfo Menezes (PSD), afastado na segunda (10) da presidência da Assembleia baiana por decisão liminar do ministro Gilmar Mendes.

Alvoroço na Bahia

O movimento em Brasília, estimulado pelo presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, provocou um alvoroço na Bahia na sexta (07), pois os deputados estaduais do partido votaram integralmente na reeleição de Adolfo, no último dia 3, inclusive a “bancada” do deputado federal Elmar Nascimento, que é adversário do pessedista em Campo formoso e apoiou a ADPF. Outro deputado federal baiano que se posicionou a favor da ADPF junto à direção partidária foi Dal Barreto, que é um crítico da gestão de Adolfo no Legislativo, da qual o empresário nunca obteve vantagens.

Reação pró-Adolfo

Entre os deputados federais da bancada baiana do União Brasil, se posicionaram contra a ADPF Paulo Azi e Leur Lomanto Júnior. Os demais não teriam se manifestado. Amigo pessoal de Adolfo e membro da Executiva nacional da legenda, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, também foi contra. Já o antecessor ACM Neto silenciou, para evitar confrontar um dos lados. Da Assembleia, quem atuou junto às lideranças do partido na Bahia em prol de Adolfo foi o deputado Sandro Régis (União).

Falta de ressonância

Além da Bahia, a ADPF defendida por Rueda atingiria as reeleições de presidentes de Assembleia em ao menos outros cinco estados. Há casos, como o do Rio Grande do Norte, em que ocorreu a quinta recondução. A estratégia seria uma reação à ação movida pelo partido Novo no STF contra o terceiro mandato do deputado Roberto Cidade, que é do União Brasil, para o comando do Legislativo do Amazonas. Entretanto, a medida não prosperou por não encontrar ressonância interna.

Válvula de escape

Elmar não estimulou, entre os aliados na Assembleia, um posicionamento contra Adolfo na eleição da Mesa Diretora porque sempre apostou na queda do adversário por via judicial e em utilizar isso como arma política para desgastar a imagem do deputado do PSD em Campo Formoso, onde saiu vitorioso das eleições municipais. Além disso, seria uma forma de Elmar tentar aliviar as pressões que sofre no município por conta dos ataques de aliados do pessedista diante da Operação Overclean, que prendeu o vereador Francisco Nascimento, primo do deputado federal.

Almoço estratégico

Presidente interina da Assembleia, a deputada Ivana Bastos (PSD) almoçou ontem (11) com a bancada do PT e com o presidente do partido na Bahia, Éden Valadares. Na ocasião, ela ressaltou que só vai assumir o gabinete da presidência após uma decisão de mérito do STF contra Adolfo, conforme antecipou o site, e que até lá irá agir com cautela. Caso haja a convocação de uma nova eleição para o comando da Casa por determinação do Supremo, os petistas disseram estar dispostos a apoiar Ivana, mas desejam voltar para a 1ª vice-presidência da Mesa Diretora.

Cala a boca, Matheus

Tem tirado o sono do deputado estadual Matheus Ferreira (MDB), filho do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), a prioridade da cúpula emedebista com a eleição da atual secretária de Infraestrutura Hídrica e Saneamento, Larissa Moraes, para uma cadeira na Assembleia, em 2026. Esta semana, o parlamentar, que reclama do não atendimento de demandas na pasta da “queridinha”, inventou de tirar satisfações com o presidente de honra da legenda, Lúcio Vieira Lima, e a resposta foi um “cala a boca” tão duro que o jovem deputado se contorceu todo.

Futuro emprego

Presente nesta terça (11) no Tribunal de Contas do Estado (TCE) para tratar da conciliação do contrato da ponte Salvador-Itaparica, o secretário da Casa Civil e deputado federal licenciado, Afonso Florence (PT), foi indagado por conselheiros e servidores se de fato será indicado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) para a vaga de Pedro Lino, conforme revelou o site. Apesar de negar, ele deixou escapar que até aceitaria, mas tem receio de deixar a política e perder a cadeira no tribunal por decisão judicial, já que, pela Constituição, a vaga pertence aos auditores.

Ouvidor do prefeito

Após se entender com o PSDB, Bruno Reis avançou nas conversas com outros aliados sobre a reforma administrativa. Depois do Carnaval, ele vai indicar Zilton Netto (PDT), afilhado político do deputado federal Leo Prates (PDT), para a chefia da Ouvidoria Geral do Município (OGM). Zilton, que foi candidato a vereador e ficou na primeira suplência, ocupou, antes do pleito, o comando da Codecon, órgão municipal de defesa do consumidor. Na Ouvidoria, ele estará mais próximo do prefeito, pois a estrutura é subordinada diretamente ao gabinete, e terá mais espaço para fazer política.

Esposa indicada

Com a demora de Bruno Reis em definir o espaço de Zilton, o pedetista chegou a receber sondagens de emissários do governo do Estado para assumir a presidência do Procon, mas recusou a oferta por lealdade a Leo Prates e ao grupo do prefeito da capital. Quem também deve ocupar um espaço na gestão municipal é Ana Paula Pitanga Prates, esposa de Leo. Bruno pretende indicá-la para presidir o Serviço Social Autônomo Municipal, entidade criada no final do ano passado por meio de projeto de lei para desenvolver ações e prestar serviços de assistência a pessoas com deficiência.

A ver navios

Vereadores do PP de Salvador ficaram indignados ao ler o Diário Oficial do Município desta quarta (12) e encontrar as nomeações, na Secretaria de Governo (Segov), liderada por Cacá Leão, presidente da legenda na capital, de duas lideranças de Camaçari: Otaviano Neto, ex-edil, e Sineide Lopes, eterna candidata derrotada à Câmara Municipal. Enquanto isso, os pepistas da capital seguem a ver navios nas cobranças feitas a Cacá por espaços na gestão para suplentes e ex-vereadores. Dizem que o secretário só pensa em uma coisa: na própria eleição para deputado federal em 2026.

Cabide de emprego

“A tal Segov virou cabide de emprego para pessoas do interior, enquanto as lideranças do partido em Salvador sequer são atendidas”, protestou o vereador Maurício Trindade (PP) à coluna. Outro que segue insatisfeito é o vereador Sidninho (PP), que almeja migrar para o PL. Embora a sigla capitaneada na Bahia pelo ex-ministro João Roma também não deva ser contemplada com uma secretaria, ao menos já teve um representante, o ex-vereador Isnard Araújo, que não conseguiu a reeleição, empregado com uma assessoria na pasta de Cacá.

Tucanos desconfiados

Setores do PSDB não gostaram da nomeação de Mariana Trocoli para a chefia da Diretoria Estratégica de Gestão de Pessoas e Processos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Segundo informações que chegaram à coluna, a escolha foi decidida de forma unilateral pelo novo titular da pasta, Rodrigo Alves, indicado pelo deputado federal tucano Adolfo Viana. Para os insatisfeitos, Mariana não goza da confiança do partido para exercer a função.

Velhinho esquecido

Por falar em PSDB de Salvador, o vereador tucano Téo Senna disse à coluna que ficou muito triste ao ser preterido pelo partido e pelo presidente da Câmara, Carlos Muniz, que também é da sigla, das presidências das comissões permanentes da Casa. “Eu sou um vereador de sexto mandato e, com a minha experiência, poderia participar mais. Mas o partido e o presidente não me beneficiaram. Não entendo isso”, afirmou Téo, que já protestou por ter ficado de fora da Mesa Diretora e também da liderança da legenda.

Ruído na mensagem

Téo Senna lamentou que, ao rifá-lo desses espaços, o PSDB o prejudicou na pontuação necessária para a contratação de assessores, conforme as regras da Câmara. Questionado pela coluna se o motivo seria o fato de ele não ter apoiado o pleito do partido para ficar com o comando da Secretaria Municipal da Educação (Smed), o edil afirmou que isso foi um “ruído”. “Falaram isso porque tive o apoio de uma diretora que defendeu na Câmara a permanência de Thiago Dantas na Smed. Mas eu sempre defendi o nome de Rodrigo Alves para a pasta”, garantiu.

Pitaco

* Se não fosse a turma do “deixa disso”, a vereadora Roberta Caires (PDT) teria dificuldades em ser eleita presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Municipal de Salvador, na semana passada.

* Isso porque o vereador Jorge Araújo (PP), o mais bem votado nas eleições do ano passado, embora novato, ameaçou ir para o bate-chapa. Nas contas de bastidor, teria quatro dos sete votos do colegiado e venceria a pedetista.

* Jorge Araújo mudou de ideia e topou ser vice da comissão após ouvir apelos do líder do governo, Kiki Bispo (União), e perceber que desagradaria o presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB), que havia prometido a Roberta Caíres a presidência.

* É bom lembrar que existe na Câmara uma certa cisma com Roberta Caires por conta da ciumeira provocada ano passado pelo apoio que ela recebeu do secretário municipal de Educação, Thiago Dantas, a pedido de ACM Neto.

* Antes de confirmar o vereador Sidninho (PP) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Carlos Muniz teve uma conversa reservada com o vereador Duda Sanches (União), que queria a cadeira.

* Na época, em meio às indefinições sobre o espaço do PSDB na Prefeitura, o tucano disse que seria ruim para o colega ficar à frente do colegiado mais importante da Casa se houvesse um tensionamento nas relações com Bruno Reis. Duda entendeu.

* O vereador de Salvador Hamilton Assis (PSOL) quer que a Câmara crie uma comissão especial para tratar de tarifa zero no transporte público.

* O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), ganhou um defensor na Esplanada. Trata-se do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Quem falar mal do baiano perto do colega corre o risco de apanhar.

* Adolfo Menezes exonerou, no último dia 5, Julio Eloy Passos Neto da função de diretor administrativo da Assembleia. O objetivo seria dar uma “oxigenada” no setor. Entretanto, o substituto ainda não foi escolhido, o que deve caber a Ivana Bastos,

* A deputada Maria del Carmen (PT) apresentou um projeto propondo a criação da 11ª comissão permanente da Assembleia: a de Desenvolvimento Urbano, com o objetivo de tratar das políticas urbanas. A iniciativa tem a assinatura de diversos parlamentares.

Radar do Poder: O cachorro louco da Câmara de Salvador, a rainha do Mar, o peso dos votos de Adolfo e o líder desgastado

radar do poder | 05 fevereiro 2025

Tônus muscular

A possibilidade de o PSD incorporar o PSDB num processo de fusão, discutida nacionalmente, fortalece o presidente da Câmara de Salvador, o tucano Carlos Muniz, que anda insatisfeito com o prefeito Bruno Reis (União) nas negociações da reforma administrativa. A tendência é que o edil e o deputado federal Adolfo Viana (PSDB) controlem a sigla em Salvador, onde lideram uma bancada de cinco vereadores, enquanto o senador Otto Alencar (PSD) seguiria no comando no plano estadual. A equação fortalece a interlocução de Muniz com o governo Jerônimo Rodrigues (PT).

Pitbulls soltos

Vale lembrar que, em janeiro, Carlos Muniz chegou a dizer, em entrevista, que votaria em Jerônimo novamente, como fez em 2022. Principal aliado de ACM Neto (União), Bruno Reis até hoje não teria perdoado a declaração. Na semana passada, diante da resistência do prefeito em entregar a Secretaria de Educação ao PSDB, conforme acordado antes da eleição, os “pitbulls” do tucano na Câmara – Sidninho (PP) e Maurício Trindade (PP) – obtiveram autorização para criticar publicamente o prefeito, acusado de não atender os vereadores.

Cachorro louco

Sidninho, o “cachorro louco” da Câmara, chegou a dizer que se reuniu com o presidente do PP na Bahia, o deputado federal Mário Negromonte Júnior, e que o dirigente convidou os vereadores de Salvador a ingressarem na ala da sigla que dialoga sobre a adesão ao governo do Estado. Na verdade, a tal “reunião” não passou de um encontro casual num restaurante da cidade, na quinta (31), após Mário Júnior retornar de uma viagem dos EUA. Políticos que estavam no mesmo local relataram à coluna que o deputado não deu ousadia a Sidninho, apesar do “assédio” do vereador.

Relação de respeito

Segundou apurou a coluna, Sidninho garantiu a Mário Júnior, com quem pediu até para tirar uma foto, que três vereadores do PP de Salvador estariam dispostos a aderir a Jerônimo se fossem prestigiados: ele próprio, Maurício Trindade e George Gordinho da Favela, o líder da bancada na Câmara. O dirigente pepista respondeu que quem cuida do diretório em Salvador é o presidente municipal e secretário de Governo da Prefeitura, Cacá Leão, com quem Mário Júnior tem uma relação de amizade e respeito resistente a qualquer tipo de interferência desse tipo.

Garoto problema

O curioso é que, depois de toda essa cena e das conversas com a imprensa falando em rebelião no PP na capital e adesão a Jerônimo, Sidninho utilizou o plenário da Câmara, nesta quarta (04), para fazer juras de amor a Bruno Reis e condenar qualquer tipo de movimento do partido visando a aproximação com o governo do Estado. A coluna recebeu ao menos seis telefonemas de vereadores que se divertiram com o discurso. Alguns lembraram que, por essas e outras, o vereador teve dificuldade para encontrar partido ao sair do Podemos e disputar a reeleição. Ironicamente, só quem aceitou foi Cacá, hoje apedrejado pelo “garoto problema”.

Nova casa

Sidninho, que evitou cumprimentar o prefeito na reabertura dos trabalhos na Câmara, e Maurício Trindade querem trocar o PP pelo PL ou o PSDB. Para isso, esperam que Cacá Leão os libere sem risco de processo por infidelidade partidária. Carlos Muniz deve apoiar o movimento dos dois aliados junto ao secretário. Procurado pela coluna, o presidente do PL na Bahia, João Roma, afirmou que o partido está disposto a crescer na capital, mas ressaltou que não foi procurado oficialmente por nenhum dos vereadores.

Culpa de Neto

A insatisfação de Maurício Trindade com a Prefeitura é pontual. Ele apoia entidades que tratam de autistas e não tem obtido sucesso para viabilizar convênios entre essas instituições e o Executivo. O edil, que é médico, tem dito a correligionários que, por interferência de ACM Neto (União), Bruno Reis prioriza outras organizações ligadas a pessoas próximas do ex-prefeito. O vereador também está chateado com Igor Dominguez, assessor especial do Palácio Thomé de Souza, que vetou o pedido feito por ele de apoio para a montagem do palco e camarote da Câmara na Festa de Yemanjá.

“Arraaaaaaasou”

Sentindo-se ofuscado na Festa de Yemanjá do ano passado, o secretário estadual Bruno Monteiro (Cultura) foi à forra no evento do último domingo em que a Rainha do Mar foi reverenciada no Rio Vermelho. Com antecedência, mandou confeccionar em sisal puro uma pequena cesta que preencheu com rosas brancas, com a qual desfilou na comitiva do governador Jerônimo Rodrigues (PT) hora com o objeto na cabeça, hora na cintura, chamando a atenção de todos. Segundo um assessor, Bruno “arraaaaaaasou”.

Faraó, ó

Mas quem conhece Bruno diz que ele estava na verdade endiabrado. A uma sinalização da ministra Margareth Menezes (Cultura) de que queria falar com ele, reagiu de forma dura. “É bom mesmo, para você conhecer os programas culturais da Bahia”, disse o secretário. Sem acusar o golpe, Margareth insistiu. “Mas tenho notícias boas para dar”. E Bruno repetiu: “Você precisa conhecer os programas que o Estado da Bahia tem feito na cultura”. Logo, alguém gritou “faraó, ó” e a ministra, requebrando, sumiu na confusão.

Conselho ao governador

Presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Quinho Tigre (PSD) aconselhou Jerônimo, em conversa com a coluna, sobre a reforma administrativa, que está paralisada. “Se cerque de pessoas boas, que tenham qualificação técnica e voto. É necessário que as pessoas que queiram o bem da Bahia estejam ao lado do governador”. O pessedista afirmou que, embora seja pré-candidato a deputado em 2026 e a prefeito de Vitória da Conquista em 2028 – o que, nesse último caso, desagrada o PT –, aceitaria assumir uma secretaria no Executivo estadual, se for convidado. Ele deixa a UPB no final de março.

Peso do voto

Aliados do presidente da Assembleia, Adolfo Menezes, acreditam que o fato de o parlamentar ter sido reeleito com os votos de 61 dos 63 integrantes da Casa pode ter um peso quando o Supremo julgar a ação do PSOL que pede a anulação da recondução do chefe do Legislativo baiano – se de fato o partido ingressar com a peça. A torcida dos amigos sinceros de Adolfo é que o julgador seja o ministro Flávio Dino, com quem o senador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), têm interlocução. Sem um petista na vice, acredita-se que os dois atuarão politicamente no Judiciário em favor do pessedista.

Fora da Mesa

Adolfo teria 62 votos se o deputado Matheus Ferreira (MDB), filho do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), não tivesse perdido um voo e se ausentado. Na eleição, dois deputados que tinham acento garantido na Mesa Diretora acabaram ficando de fora. Olívia Santana (PCdoB) seria a 4ª secretaria, mas cedeu a vaga para Fabrício Falcão (PCdoB) porque prefere ser mantida na presidência da Comissão de Educação. Já Júnior Muniz (PT), que seria um dos suplentes, não estava no plenário no momento da oficialização da candidatura e foi substituído por José Raimundo (PT).

Peixe morre pela boca

O líder do governo na Assembleia, Rosemberg Pinto (PT), que abriu mão de disputar a 1ª vice por falta de apoio de Jerônimo para enfrentar no voto a família Coronel – o governador deixou claro que a presidência da Casa deveria ser do PSD, mesmo se Adolfo caísse por decisão judicial –, mudou o discurso na imprensa depois que a deputada Ivana Bastos (PSD) foi indicada a posto. Antes, dizia que o vice era obrigado a convocar uma nova eleição em caso de vacância da presidência. Agora, diz que não é necessário. Será que isso não revela qual era o plano original do petista?

Liderança incerta

Deputados da base aliada acreditam que Rosemberg não será mantido na liderança do governo. A relação com Jerônimo e com a bancada do PT teria se desgastado durante as negociações para a eleição da Mesa Diretora. Quem está de olho no cargo é o deputado Vitor Bonfim (PV), que era o nome mais forte para suceder o petista se ele assumisse a vice-presidência da Assembleia. Apesar de não ser do agrado de parte da bancada, Vitor seria melhor do que Robinson Almeda (PT), considerado petista demais.

Dissidência aberta

Durante a eleição da Mesa Diretora da Assembleia, o deputado Sandro Régis (União), que secretariou a sessão, não percebeu que o microfone estava e, brincando com um colega da base governista, chamou o cantor Gusttavo Lima de “nosso candidato a presidente (da República)”, ao citar a pesquisa divulgada na segunda (03) pela Quaest. O candidato ao Palácio do Planalto do partido do parlamentar, e do líder político dele, ACM Neto, é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

Pitacos

* Depois da experiência traumática com Leonardo Góes, tudo de que os funcionários da Embasa precisavam é de um pouco de estabilidade. O fato de Jerônimo ter assumido a liderança do processo de substituição melhorou infinitamente o clima na organização.

* Na terça (03), o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) se encontrou, em Brasília, com o senador Otto Alencar (PSD). O emedebista garante que não tratou de 2026. “Sempre converso com ele. Nada extraordinário”, assegurou.

* O presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz, vai ficar de “castigo” até segunda-feira (10). Ele foi diagnosticado ontem (04) com Covid-19. Mas, mesmo assim, as comissões permanentes do Legislativo municipal serão instaladas nesta quinta (06).

* Durante a reabertura dos trabalhos na Câmara, Carlos Muniz brincou com Bruno Reis sobre a insistência do vereador Paulo Magalhães Júnior (União) em seguir na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

* Muniz afirmou ao prefeito que não aguentava mais receber ligações de Paulinho, e que nem estava mais atendendo.

* Ainda no tom de brincadeira, Muniz disse a Bruno que quem estava tranquilo era o vereador Cláudio Tinoco (União), que, por assumir a 1ª secretaria da Câmara, este ano não estava brigando com Paulinho por nenhuma comissão.

* A nova 1ª vice da Assembleia, Ivana Bastos, é uma mulher que não desiste fácil. Antes de assumir o primeiro dos quatro mandatos, foi suplente por três vezes. Com essa mesma resiliência, há quem aposta que ela chegará ao posto máximo da Casa.

* A deputada Fátima Nunes, líder do PT e com 18 anos de Assembleia, foi quem recebeu menos votos na eleição da Mesa Diretora: 47. Adolfo Menezes foi reeleito presidente com 61.

* O deputado Roberto Carlos (PV) pode pedir música no Fantástico. Ao desistir da 2ª vice da Assembleia, acumulou o terceiro recuo por ser “um homem de consenso”. Antes, havia retirado candidaturas ao TCM e, em 2024, à prefeitura de Juazeiro.

* Com pressa para retornar ao interior, o deputado Robinho (União) só votou na eleição da Mesa da Assembleia para o cargo de presidente. Ele já está em ritmo de campanha para a Câmara Federal.

* Depois de limitar o acesso dos jornalistas à sala do cafezinho dos deputados, a Assembleia também decidiu, e ninguém sabe por ordem de quem, diminuir o número de vagas destinadas aos profissionais de imprensa no estacionamento.

Radar do Poder: A insatisfação dos deputados com os rumos da sucessão na Assembleia, a sede dos bispos do Republicanos e o vereador apressadinho

radar do poder | 29 janeiro 2025

De cima para baixo

A posição do governador Jerônimo Rodrigues (PT) de defender que a presidência da Assembleia fique com o PSD mesmo que o Supremo derrube a reeleição do atual comandante da Casa, Adolfo Menezes, filiado ao partido, desagrada deputados da base aliada. A avaliação é que, por se tratar de uma nova eleição, as negociações são zeradas. “Isso não pode ser decidido de cima para baixo. A candidatura à presidência da Assembleia se constrói também nas relações entre os pares”, disse um dos líderes da base governista à coluna.

Projeto de grupo

Os deputados seriam mais simpáticos ao posicionamento de Jerônimo se houver um acordo entre o governador e o senador Angelo Coronel (PSD) para que o deputado estadual Angelo Coronel Filho (PSD) assuma a presidência em caso de queda de Adolfo. Assim, o senador abriria mão de disputar a reeleição em 2026, cedendo, sem brigas, a vaga para o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). “Em nome de um projeto maior, de grupo, aí aceitaríamos, até porque Angelo Filho tem boa relação com os colegas. Mas teria que haver alguma negociação”, afirmou o mesmo líder.

Acordo negado

Procurado pela coluna, Angelo Coronel afirmou, no entanto, que nunca conversou sobre o assunto com o governador e que deseja disputar a reeleição ao Senado. Fontes ligadas a Jerônimo garantiram o mesmo e informaram que o chefe do Executivo estadual está preocupado em “pacificar” a Assembleia e evitar um bate-chapa entre o filho do senador e o deputado Rosemberg Pinto (PT) pela 1ª vice-presidência. Isso se Rosemberg, que ficou numa posição delicada diante da postura do governador até para seguir na liderança da maioria, se mantiver no páreo.

Lições do passado

Rosemberg tem dito à imprensa que Angelo Filho não pode ser candidato à 1º vice alegando que, pela proporcionalidade, a cadeira pertence ao PT. Ele sabe, no entanto, que em 2009, no final do primeiro governo de Jaques Wagner, o deputado Rogério Andrade, então no PFL (que virou União Brasil) e atualmente no MDB, derrotou o hoje senador Angelo Coronel, que ocupava acento na Assembleia, justamente numa disputa pela mesma cadeira.

Trato pessoal

Naquele ano, Coronel disputava a reeleição para a 1ª vice-presidência com todo o apoio do governo, que tinha uma bancada de 48 parlamentares. Rogério, que hoje é um aliado fiel do PT, pertencia à oposição, ao lado de outros 14 deputados, mas, no trato pessoal e na base da discrição, derrotou no voto secreto o candidato oficial do Executivo. Houve bate-chapa ainda pela presidência e pela 1ª secretaria da Mesa Diretora, mas com vitórias dos governistas – Marcelo Nilo derrotou Elmar Nascimento e Roberto Carlos desbancou Leur Lomanto Júnior, respectivamente.

Joias da coroa

Jerônimo segue atraindo para a base aliada prefeitos que apoiaram ACM Neto em 2022, numa articulação revelada pela coluna na semana passada. Mas as “joias da coroa” da oposição que o governador quer atrair são os gestores de Jequié, Zé Cocá (PP), e de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos). O secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), já foi encarregado de intensificar as conversas com os dois.

Atuação conjunta

Para atrair os dois prefeitos, Loyola conta com o apoio de dois deputados estaduais: Vitor Azevedo (PL), que é ligado a Ednaldo, e Hassan Iossef (PP), próximo de Cocá, que atuam em parceria com o governo. Foi Vitor, inclusive, quem negociou para que o Executivo não interferisse na disputa pela presidência do Consórcio Territorial do Recôncavo, vencida por Ednaldo. O parlamentar já levou para a base governista os prefeitos de Muritiba, Varzedo, São Félix, Serra Preta e, por último, Tanhaçu.

Prova de fidelidade

A decisão do MDB de apoiar o prefeito de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB), para a presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB) foi mais um gesto dos irmãos Vieira Lima para demonstrar fidelidade a Jerônimo mirando a permanência do partido na chapa em 2026. O anúncio foi feito no último dia 14, ou seja, 15 dias antes de Wilson se tornar o nome de consenso, com a desistência, ocorrida hoje, do prefeito de Ituaçu, Phellipe Brito (PSD), numa articulação do próprio governador. O gestor de Medeiros Neto, o emedebista Beto Pinto, será candidato a vice da UPB.

Destino de Alberto

O prefeito Bruno Reis (União) sinalizou a aliados que não fará mudanças no comando da Secretaria de Inovação e Tecnologia (Semit). Não só porque o atual secretário Samuel Araújo é considerado um técnico qualificado, mas também pelo fato de ser filho do ex-deputado federal José Carlos Araújo (PDT). Com isso, cresceram as especulações de que o vereador Alberto Braga (União) pode assumir o comando da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), hoje com Alexandre Tinôco, primo do vereador Claudio Tinoco (União).

Querendo mais

O Republicanos ainda não aceitou o convite de Bruno Reis para indicar o vereador Luiz Carlos ao comando da Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra) porque tentar negociar a ampliação de espaços na gestão municipal. O partido pleiteia a chefia da Superintendência de Obras Públicas (Sucop), subordinada à pasta, e de diretorias na Secretaria de Manutenção (Seman), capitaneada atualmente por Lázaro Jezler Filho, outro quadro ligado à legenda e que permanece no posto na reforma administrativa.

Último emedebista

A Sucop é o braço operacional da Seinfra, daí a cobiça do Republicanos. O órgão é hoje chefiado pelo engenheiro e empresário Orlando Castro, indicado para o cargo pelo MDB ainda na gestão do ex-prefeito ACM Neto (União). Orlando sempre foi apadrinhado de Geddel Vieira Lima. Chegou a presidir a Codevasf quando o emedebista era ministro da Integração Nacional, no segundo governo do presidente Lula (PT). Quando o MDB rompeu com o grupo de Neto, Orlando optou por permanecer onde está.

Porteira fechada

O Republicanos está de olho ainda nas diretorias de Manutenção e Infraestrutura e de Equipamentos e Espaços Públicos da Seman. A primeira, que cuida de asfalto, é capitaneada por Luciano Sandes, que acumula desde 2023 a função com a de titular da Secretaria de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro (Sacpb), onde deve permanecer. A segunda, que trata de contratos, é liderada por José Monteiro, outro nome da confiança de Bruno Reis. Como o prefeito não é adepto de entregar secretaria com “porteira fechada”, não vai ceder a todos os pedidos.

Densidade eleitoral

Apesar de a Câmara ter aprovado a criação oficial da Sacpb (que na prática já existia), toda a estrutura da pasta segue dentro da Secretaria Municipal de Governo (Segov). Havia a promessa de que os cargos seriam extintos na secretaria de Cacá Leão (PP), mas o prefeito aguarda a conclusão das negociações sobre a reforma administrativa para fazê-lo. É preciso, ainda, garantir a autonomia orçamentária da Sacpb, já que a Seman é hoje responsável por atender boa parte das demandas das Prefeituras-Bairro, justamente aquelas com densidade eleitoral.

Sem contracheque

Quem está ansioso para que Bruno Reis resolva logo a situação com o Republicanos é o primeiro suplente do partido, Beca, que anda reclamando de chegar ao final de janeiro sem contracheque de vereador. Ele esperava já estar sentado na cadeira diante da boa relação que tem com o prefeito e com a primeira-dama, Rebeca Cardoso. É justamente por isso que o partido ligado à Igreja Universal tensiona as conversas com chefe do Palácio Thomé de Souza.

Novato apressadinho

A proposta do novato vereador Sandro Filho (PP) de criar uma comissão especial na Câmara Municipal de Salvador para discutir a atualização do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) não vai para lugar algum. Primeiro, porque o edil sequer consultou o presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB), antes de divulgar a ideia à imprensa, sendo que o tucano lidera os debates sobre o tema. Além disso, já há na Câmara a Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, que trata do mesmo assunto e da qual, depois do movimento, Sandro Filho ficou ainda mais distante de integrar.

Pitacos

* Conforme havia antecipado a coluna da semana passada (Clique aqui para ler), Jusmari Oliveira (PSD) só oficializou a licença do mandato de deputada estadual após fazer nomeações no gabinete da Assembleia. No último dia 24, ela empregou oito pessoas.

* Embora o anúncio do governador do retorno de Jusmari ao comando da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) tenha ocorrido na semana passada, a licença dela da Assembleia só foi publicada hoje. Assume o suplente Marcone Amaral (PSD).

* Em uma audiência recente com a secretária estadual de Saúde, Roberta Santana, o prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB), não poupou o sobrinho e antecessor Rodrigo Hagge (MDB) de críticas.

* Eduardo disse à secretária que encontrou uma situação caótica na saúde do município e pediu ajuda ao Estado. Condenou o sobrinho por nunca ter dialogado com o governo. O prefeito deve ser mais um aliado de ACM Neto a aderir a Jerônimo.

* O PT inicia no dia 7 de fevereiro, em Itacaré, os encontros territoriais do partido em 2025. O objetivo é debater o resultado das eleições passadas, fazer uma espécie de workshop com os vereadores e organizar a legenda já pensando em 2026.

* O último encontro territorial do PT acontece no dia 18 de maio, em Itaberaba. O da Região Metropolitana de Salvador será realizado em Camaçari, no dia 23 de fevereiro. Serão, no total, 29.

* O senador Otto Alencar garantiu que a sigla e número do partido dele, o PSD, será mantido caso haja fusão com o PSDB. Resta saber como ficará a situação dos tucanos na Bahia, que integram o grupo de ACM Neto.

* Para o líder do PSDB na Câmara Municipal de Salvador, vereador Daniel Alves, a fusão não altera o posicionamento dos tucanos na capital. “Somos majoritários na cidade e seguiremos na base de Bruno Reis”, assegurou.

* Suplentes do PSD e PSB em Riachão do Jacuípe ingressaram na Justiça Eleitoral acusando o União Brasil e o PDT de não terem cumprido a cota de 30% destinada às candidaturas femininas no pleito de 2024.

* A denúncia requer também que sejam investigadas supostas candidaturas fictícias de algumas mulheres que tiveram votações pífias e prestações de contas zeradas. Uma delas não recebeu nenhum voto na própria seção eleitoral.

Radar do Poder: O senso de oportunidade de Jerônimo, Wagner “emparedado” por Coronel, o “contragolpe” de Rosemberg e a trapalhada francesa

radar do poder | 22 janeiro 2025

Tempo de recomeçar

Ao contrário dos dois primeiros anos de mandato, quando costumava ser criticado reservadamente por relutar em fazer atendimentos políticos no gabinete e preferir bater recordes de viagens ao interior, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) iniciou 2025 a todo vapor nas agendas em Salvador com prefeitos acompanhados de deputados. O que explica a mudança de postura do petista é que a próxima eleição é a dele. Para tentar compensar o tempo em que ignorou aliados, Jerônimo acelera para correr atrás do prejuízo.

Vosso reino

Segundo divulgou a própria comunicação do governo, Jerônimo recebeu 31 prefeitos em Salvador apenas nos primeiros 18 dias de janeiro. Alguns foram tratados como adversários no pleito de 2024 pelo governador, mesmo estando em partidos da base, a exemplo dos de Coaraci, Brumado e Guanambi. Como justificativa, o petista alegou que os três apoiaram ACM Neto (União) em 2022. Não os viu como aliados na hora de apoiar, mas deles quer – e já recebeu como promessa – o apoio para 2026.

Jogo de sedução

Os prefeitos de Brumado, Fabrício Abrantes (Avante), e de Guanambi, Nal Azevedo (Avante), tiveram as campanhas do ano passado financiadas pelo partido de ACM Neto, mas como gratidão e política nem sempre caminham lado a lado, pularam de galho rapidinho. O jogo de sedução tem sido o mesmo: Jerônimo recebe os gestores e os respectivos deputados com secretários e promete atender pedidos para obras e entregas nos municípios, ou seja, tudo que foi acusado de não fazer antes da eleição de 2024.

Dedo de Adolpho

A mudança de postura de Jerônimo também é atribuída ao novo secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), que tem se empenhado nas articulações no interior para reeleger o chefe. Além de abrir a agenda do governador, ele tem orientado a comunicação a divulgar principalmente os encontros com prefeitos que são ou foram da oposição, num tom mais político – de apoio ou aproximação. Fez isso, inclusive, após a audiência de Jerônimo com o prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), nesta terça (21), apesar de o encontro ter sido ‘técnico’.

Portas escancaradas

Tratado como adversário pelo PT após romper com o partido em 2022, Zé Cocá aguardava há mais de dois anos uma audiência com o governador. Os dois alinharam que tratariam de política num segundo momento, mas Jerônimo deixou as “portas” abertas para o pepista ingressar na base. Nem o apoio integral do PP foi assunto, mesmo o prefeito sendo da Executiva estadual da sigla. Cocá deve aderir se o governo atender aos pleitos do município e da região, embora saiba que, nesse caso, reduzirá as chances de compor uma chapa majoritária em 2026. Ele tem dito que ACM Neto o abandonou.

Quem administra?

A ideia de Jerônimo de determinar aos secretários que atendam, com ele, os prefeitos precisa ser melhor administrada pelo governo. Os auxiliares passaram a ficar o dia inteiro fora das secretarias, incluindo os finais de semana, o que transforma a vida deles num verdadeiro inferno, já que precisam cuidar dos demais afazeres cotidianos. Aliás, existem queixas de gestores municipais e de deputados que alegam dificuldades em encontrar as secretárias de Saúde, Roberta Santana, e da Educação, Rowenna Brito, que estão sempre com Jerônimo.

Wagner emparedado

Ninguém ficou mais fortalecido com a crise instalada na base do governo do Estado com a possibilidade de um bate-chapa pela 1ª vice-presidência da Assembleia do que o senador Angelo Coronel (PSD). Ao colocar agressivamente a candidatura do filho homônimo para o posto, ensaiando um bate-chapa com o deputado Rosemberg Pinto (PT), líder de Jerônimo, o pessedista impôs uma derrota ao senador Jaques Wagner (PT), que, nos bastidores, trabalhava para alçar o aliado petista à presidência pensando numa eventual derrubada do novo mandato do presidente Adolfo Menezes (PSD) pelo Supremo.

Alerta de risco

O próprio Adolfo Menezes alertou Adolpho Loyola sobre o risco de Angelo Coronel Filho (PSD) derrotar Rosemberg em um bate-chapa, com o apoio da oposição, e virar o chefe do Legislativo – se o Supremo for provocado a se intrometer -, liderando um orçamento anual de R$ 1 bilhão e com poder para frear as pautas do Executivo. Para o governo e para o PT, seria o pior cenário, num momento em que Wagner defende a chapa dos “governadores” em 2026. Por isso, os petistas se apressaram em aceitar o acordo idealizado por Coronel, o pai, para a mudança no regimento da Assembleia visando assegurar a convocação imediata de uma nova eleição, se o presidente cair.

Relações pessoais

A avaliação na base governista é que, em caso de disputa pela 1ª vice, mesmo que o governo faça uma articulação pesada a favor do petista, Coronel ainda pode levar a melhor porque já foi presidente e conhece em detalhes o funcionamento da Casa. “Ele sabe onde está cada cargo, os terceirizados e até os carros. Tem a própria bancada. E não é como a eleição para o TCM, onde o governo resolve oferecendo cargos e emendas, como no caso de Aline Peixoto. Na eleição da Mesa, pesa muito também os espaços internos e o relacionamento pessoal”, diz um deputado governista.

Tentativa de contragolpe

Rosemberg Pinto quer convencer os colegas a aceitarem que a mudança no regimento acordada entre a família Coronel, Adolfo Menezes, Wagner e o governo estabeleça um prazo não de 24 ou 48 horas, mas de até 60 dias para que o 1º vice convoque uma nova eleição caso a presidência fique vaga. Com isso, o petista quer ganhar tempo para concorrer, no cargo, como sucessor do próprio Adolfo. Para que haja a convocação extraordinária, que deve ocorrer antes da eleição da Mesa Diretora, em 3 de fevereiro, o petista precisa concordar oficialmente, por ser líder do governo.

Caneta na mão

Rosemberg, que antes da articulação de Coronel tinha o apoio de Adolfo Menezes para não mudar o regimento, defende o prazo de 60 dias, mas estaria disposto a aceitar até 30. Acredita que, com a caneta na mão e se tiver a sustentação do governo, pode se viabilizar nos acordos e quebrar as resistências da maioria dos deputados a uma presidência do PT, já que o partido comandaria o Executivo e o Legislativo. Ele desembarca em Salvador na noite desta quarta (22), ao retornar de uma viagem a Fernando de Noronha. Deve se encontrar com Adoloho Loyola amanhã (23).

Bate-chapa na Mesa

Se não tiver bate-chapa pelo posto de substituto imediato do presidente na eleição da nova Mesa Diretora da Assembleia, tudo indica que vai ocorrer disputa pela 2ª vice-presidência. O PV, que ocupa o posto hoje, pretende indicar o deputado Roberto Carlos. Já o atual titular da cadeira, Marquinho Viana, já avisou que vai para a reeleição, a exemplo de Adolfo Menezes. Além de um gabinete extra, membros do colegiado também têm direito a mais cargos e outras regalias, além de influência na Casa.

Diretor da Guarda

O deputado federal Capitão Alden (PL) fechou um acordo com o coronel Humberto Sturaro (PSDB) para indicá-lo ao comando da Diretoria de Prevenção à Violência da Prefeitura de Salvador. A estrutura lidera a Guarda Civil Municipal. Em troca da indicação, Sturaro assumiu o compromisso de não disputar as eleições de 2026, apoiando Alden e um candidato a deputado estadual indicado pelo parlamentar. O deputado preferia para o posto o ex-inspetor João Gomes de Souza Neto, mas o nome enfrenta resistências na Guarda.

Negociações duras

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), ainda não bateu o martelo com o PSDB sobre o retorno do partido ao comando da Secretaria de Educação (Smed). Fontes tucanas informaram à coluna que as conversas chegaram a regredir nas últimas horas. A última oferta feita por emissários de Bruno ao partido foi a entrega da Secretaria de Saúde (SMS) junto com a Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos (Arsal), que foi recusada. Para não brigar pela Educação, o PSDB aceitaria duas pastas de peso, a exemplo da de Saúde e da do Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur)

Regresso ao tucanato?

A visita que o ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos) recebeu, em casa, no final de semana, do presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, alimentou especulações sobre o retorno do baiano de Antas ao tucanato. Resta só combinar com o deputado federal Adolfo Viana, que dirige a sigla na Bahia de modo a garantir apenas a reeleição dele. Nilo será candidato à Câmara e goza da simpatia do dirigente nacional. Ao contrário de Viana, um dos articuladores da permanência do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, na presidência do PSDB em 2023, movimento derrotado por Perillo.

Trapalhada francesa

Não é a primeira vez que se diz que a concessionária do aeroporto de Salvador, a francesa Vinci, visa mais os próprios interesses do que os da população da Bahia. Agora, em pleno Verão, promoveu, sem o menor planejamento, a substituição da operadora do estacionamento que sempre lhe prestou serviços sem registro de queixas por outra, de nome Índigo, que sequer instalou novos equipamentos de vigilância, segurança e cobrança, retomando um processo de controle manual que gera filas quilométricas aos usuários do estacionamento. Ótimo momento para a Infraero e o Ministério Público darem uma blitz na área.

Pitacos

* Deputados novatos na Assembleia ficaram tristes ao saber que não receberão nenhum centavo a mais no contracheque se houver de fato convocação extraordinária da Casa para a mudança do regimento.

* Desde o começo de 2022, a remuneração extra dos parlamentares caso sejam chamados a trabalhar no recesso acabou, graças a uma emenda constitucional do deputado Victor Bonfim (PV). Mais um motivo para não gostarem dele…

* Jusmari Oliveira (PSD) ainda não pediu oficialmente licença do mandato de deputada estadual para retornar ao comando da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado. Decidiu aguardar para fazer as nomeações a que tem direito na Assembleia.

* Ela poderia ter solicitado ao suplente, o ex-prefeito de Itajuípe Marcone Amaral (PSD), que fizesse as nomeações, já que os dois chegaram a um acordo sobre a divisão dos cargos no gabinete. Mas parece que não confiou!

* As negociações entre Jerônimo e o PP devem se intensificar na próxima semana, já que o presidente do partido na Bahia, deputado federal Mário Negromonte Júnior, retorna nesta sexta (24) de uma viagem ao exterior com a família iniciada em dezembro.

* Jerônimo vai aproveitar o encontro de prefeitos organizado pela UPB no próximo dia 29, no Centro de Convenções de Salvador, para entregar ambulâncias e ônibus escolares a diversos municípios. Alguns veículos são fruto de emendas dos deputados estaduais.

* De saída da Secretaria de Mobilidade de Salvador para atuar como consultor na iniciativa privada, Fabrizzio Muller recebeu até convite de empresa chinesa para deixar a pasta.

* Enquanto Bruno Reis já nomeou como assessores três ex-vereadores derrotados nas eleições passadas – Isnard Araújo (PL), Sandro Bahiense (PP) e Sabá (DC) –, o governador ainda não moveu uma palha para ajudar os petistas derrotados em outubro.

* Seguem a ver navios os ex-vereadores Arnando Lessa (PT), Tiago Ferreira (PT) e Luiz Carlos Suíca (PT), que não conseguiram renovar os mandatos por causa da malfadada candidatura de Geraldo Jr. (MDB) à Prefeitura de Salvador, imposta a eles pelo PT.

* O vereador de Salvador Téo Senna segue de birra com o próprio partido, o PSDB. Depois de tentar ser indicado para a Mesa Diretora da Câmara Municipal e, ao mesmo tempo, para a liderança do partido, tem reclamado de que é mal tratado, mas não sai.

Radar do Poder: O apoio de Bruno aos Coronel, a sinuca de bico de Otto, o risco do Geraldinho 2 e as secretárias-candidatas

radar do poder | 15 janeiro 2025

Apoio hipotecado

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), já hipotecou o apoio da bancada de oposição à candidatura do deputado Angelo Coronel Filho (PSD) para a 1ª vice-presidência da Assembleia. O aceno foi feito ao pai do parlamentar, o senador Angelo Coronel (PSD), a quem o grupo de ACM Neto (União) quer atrair no próximo pleito, apostando no racha da base governista na composição da chapa majoritária à sucessão estadual e no balão de ensaio para 2026 que se tornou a eleição para a mesa diretora do Legislativo baiano.

Dissidência de Elmar

Mas a bancada da minoria, que tem poder para decidir a eleição na Assembleia se houver divisão na base governista, não fecha 100% com Angelo Coronel Filho, segundo o PT. Nas contas do partido, ao menos três parlamentares – Marcinho Oliveira (Uniã), Júnior Nascimento (União) e Pancadinha (Solidariedade), todos ligados ao deputado federal Elmar Nascimento (União) – tendem a votar no deputado petista Rosemberg Pinto, que deve ser oficializado nesta quarta (15) como postulante à vaga.

Vantagem de Coronel

Incentivado pelo pai, que mira 2026 – a disputa à Mesa Diretora da Assembleia é hoje a única forma de o senador ganhar musculatura para pressionar o governo a apoiá-lo à reeleição na chapa dentro da base –, o filho de Coronel ainda não se coloca como candidato a 1º vice, mas ressalta sempre que é aliado do governador Jerônimo Rodrigues (PT), apesar dos apoios na oposição. Segundo contas feitas por parlamentares mais experientes, Angelo leva vantagem sobre Rosemberg se houver bate-chapa. Mas isso pode mudar se o Executivo interferir em favor do petista, o que ainda não ocorreu.

Sinuca de bico

Quem está numa situação delicada em função da disputa pela 1º vice da Assembleia é o senador Otto Alencar, presidente do PSD na Bahia. Não interessa a ele que o PT assuma o comando da Assembleia, caso a reeleição do atual presidente Adolfo Menezes (PSD) seja derrubada no Supremo, mas, ao mesmo tempo, não fecha com Coronel. Não quer confrontar nem o correligionário de partido e nem os petistas. Otto tem influência direta sobre o voto da maioria da bancada do PSD no Legislativo baiano e entre parlamentares de outras legendas, a exemplo de Ludmilla Fiscina (PV) e Soane Galvão (PSB).

Fila não andou

O melhor cenário para Otto seria a desistência de Adolfo – o que não deve ocorrer pois o presidente tem apoio quase unânime – para que a deputada Ivana Bastos (PSD) dispute a presidência com o apoio do PT. Isso garantiria a permanência do PSD no comando da Assembleia e evitaria a disputa pela 1º vice. Otto acredita que pode quebrar as resistências ao nome da deputada, que não é tão bem relacionada entre os pares quanto Angelo Filho. O senador quer manter viva na sigla a “fila”,  que foi desconsiderada pelo desejo de Adolfo de concorrer à reeleição. Por ela, a vez seria de Ivana, seguida pelo deputado Alex da Piatã.

O novo Geraldinho I

A determinação com que o senador Jaques Wagner tem defendido a candidatura de Rosemberg Pinto à 1ª vice-presidência da Assembleia tem assustado seus correligionários mais experientes. Especialmente, porque a maioria considera difícil, pelos mais diversos motivos, que Rosinha se viabilize. Como se sabe, a estratégia é eleger Rosemberg à 1ª vice para que ele assuma a presidência numa eventual queda de Adolfo por decisão judicial.

O novo Geraldinho II

Mas aliados do senador acham que o plano pode acabar produzindo um novo Geraldo Júnior (MDB). É uma referência à fracassada candidatura do vice-governador do Estado à Prefeitura de Salvador em 2024, cujo lançamento, apoiado pelo senador, foi desaconselhado pelos políticos mais experientes que o cercam, e acabou levando a uma derrota retumbante até hoje depositada na conta exclusiva de Wagner.

Na fogueira

Na base aliada de Jerônimo, há quem defenda a tese de que as declarações de Jaques Wagner em favor da candidatura do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT) ao Senado, foram, na verdade, uma forma de tentar “queimar” o ex-governador. De acordo com essa avaliação, o “bruxo” queria mesmo era criar a confusão que se instalou na base para mostrar o tamanho do imbróglio que este desenho da chapa provoca – e que pode ficar maior se Angelo Filho eventualmente assumir o comando do Legislativo baiano.

Conselho ao bruxo

Em uma análise feita para a coluna, o ex-ministro emedebista Geddel Vieira Lima lembrou que o PT sempre ganhou as eleições para o governo da Bahia com uma chapa plural, seja compondo com o MDB, o PP, o PSB ou o PSD. “Nunca fizeram uma eleição solitária para disputar o mesmo voto. Acredito que seria um erro fazer em 2026, num momento em que a direita está fortalecida e o PT pode não ter a mesma força de antes”, disse o emedebista. O conselho foi, obviamente, para Jaques Wagner.

Lição no tempo

O ex-ministro lembrou que, em 2006, quando o MDB indicou o vice de Wagner (o ex-deputado Edmundo Pereira) na disputa pelo Palácio de Ondina, o então governador Paulo Souto (União), postulante à reeleição, queria Geddel concorrendo ao Senado como aliado. A articulação foi vetada pelo falecido ACM, ferrenho adversário do emedebista, que optou mais uma vez pela chapa puro sangue. “Nossos adversários sofreram com a fadiga de material e, com uma chapa plural, tivemos sucesso”.

Estreia em 2026

Quatro secretários de Jerônimo que nunca disputaram uma eleição estão na mira do PT para concorrer a uma vaga de deputado federal em 2026: Roberta Santana (Saúde), Rowenna Brito (Educação), Bruno Monteiro (Cultura) e Felipe Freitas (Justiça e Direitos Humanos). O que se diz é que, por serem mulheres e ocuparem pastas de maior visibilidade, Roberta e Rowenna são favoritas. A primeira é a que mais demonstra interesse na disputa, o que é mais um motivo para permanecer na Saúde.

Destino de Adélia

A ex-secretária estadual de Educação Adélia Pinheiro (PT), que foi derrotada em outubro do ano passado na disputa pela Prefeitura de Ilhéus, deve ser nomeada por Jerônimo para um cargo no sul do Estado. Sem espaço no primeiro escalão, ela manifestou o desejo de ficar na região, pois tem planos de ser candidata a deputada federal em 2026. Para isso, vai tentar colocar em sua conta grandes investimentos do governo programados para os municípios da localidade.

Solução caseira

Jusmari Oliveira (PSD), que foi exonerada nesta quarta (15) do comando da Secretaria de Desenvolvimento Urbano para tomar posse como deputada estadual na vaga deixada por Eures Ribeiro (PSD), que assumiu em janeiro a Prefeitura de Bom Jesus da Lapa, tenta emplacar o próprio marido, Oziel Oliveira (PSD), ex-prefeito de Luis Eduardo Magalhães e ex-deputado federal, como substituto. A indicação para o posto será feita por Otto Alencar.

Redução de custos

Aliás, diante da indefinição sobre a secretaria, Adolfo Menezes brincou em conversas com colegas sobre a demora de Jusmari para tomar posse, uma vez que Eures Ribeiro renunciou ao mandato no dia 27 de dezembro de 2024. O presidente afirmou que o lado bom de a Assembleia ficar com 62 deputados, e não 63, é que isso representa um gabinete a menos, ou seja, redução de custos. Ele afirmou, ainda, que não haverá retroatividade ao início de janeiro nas nomeações da aliada.

Municipalista vaidoso

O presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Quinho Tigre (PSD), decidiu marcar para o dia 13 de março a eleição para a escolha do sucessor, ao invés de antecipar o pleito para janeiro. Com isso, mesmo tendo deixado a prefeitura de Belo Campo após o término do mandato, ganhou mais de dois meses à frente da entidade. O gesto não foi interpretado como uma estratégia em busca do consenso sobre a eleição, mas como de pura vaidade. Quinho ainda tem esperanças de virar secretário no governo Jerônimo.

Pitacos

* No discurso de posse como novo presidente do Consórcio do Recôncavo, na semana passada, o prefeito de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos), mandou várias indiretas ao antecessor, Thiancle Araújo (PSD), ex-gestor de Castro Alves.

* Ednaldo insinuou que Thiancle mantinha o maquinário agrícola da instituição à disposição apenas da Prefeitura de Castro Alves e não de todos os 18 municípios consorciados à época.

* Vale lembrar que a candidata do ex-presidente à sucessão era a prefeita de Conceição do Almeida, Renata Nogueira (PSD), que teve o apoio de Otto Alencar. Com a derrota, Thiancle viu enfraquecer o projeto de ser candidato a deputado estadual em 2026.

* O prefeito de Santo Antonio de Jesus, Genival Deolino (PSDB), disse à Radar do Poder que o principal candidato dele a deputado federal em 2026 será novamente Adolfo Viana (PSDB), postulante à reeleição.

* “Adolfo é do PSDB, meu partido. Ele será o primeiro, mas iremos ajudar outros parceiros para a Câmara”, afirmou Genival, citando Alan Sanches (União), que atualmente é deputado estadual, e o deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT).

* Também do Recôncavo, o novo prefeito de Santo Amaro, Flaviano Bomfim (União), disse à coluna que aguarda uma orientação de ACM Neto para definir quem irá apoiar na disputa pela presidência da UPB.

* O deputado estadual Raimundinho da JR (PL) confirmou esta semana que será candidato a federal no pleito de 2026. Falta só escolher o novo partido.

* A oposição também foi prestigiar a posse do novo ministro de Comunicação do governo Lula (PT), Sidônio Palmeira. O deputado federal José Rocha (União) apareceu no Planalto para “tietar” o publicitário baiano.

* Convicto de que Jerônimo não terá coragem de demiti-lo da Casa Civil na reforma administrativa, Afonso Florente (PT) já está com o planejamento da pasta organizado até 2026.

* Secretária da Fazenda de Salvador, Giovanna Victer aproveitou a viagem até o Benin na comitiva de Bruno Reis para fazer um pouco de turismo. Afinal, ninguém é de ferro.

Radar do Poder: Bruno acalma o tucanato, os suplentes animados, o vereador atacadista e o silêncio de Coronel

radar do poder | 08 janeiro 2025

Equação tucana

Após momentos de tensão, avançaram esta semana as tratativas entre o prefeito Bruno Reis (União) e o PSDB sobre o espaço do partido na reforma administrativa. Conforme o que teria sido combinado antes da campanha de 2024, os tucanos devem mesmo ficar com a Secretaria Municipal da Educação. O indicado, como já antecipou a coluna, é o atual titular da Secretaria Municipal de Gestão, Rodrigo Alves, nome ligado ao deputado federal Adolfo Viana (PSDB).

Propostas na mesa

Para manter o atual secretário da Smed, Thiago Dantas, que é próximo ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto, Bruno Reis chegou a oferecer ao PSDB a Secretaria Municipal de Saúde, como revelou o Política Livre. Os tucanos só aceitariam mudar o acordo se fosse entregue, além da Saúde, mais uma pasta, como forma de compensação. As conversas chegaram a ser interrompidas diante do impasse, mas foram retomadas no sentido de contemplar o antigo desejo dos tucanos pela Educação.

Peso Muniz

O que pesa a favor do PSDB nas negociações é o fato de o partido ter o atual presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz. Caso contrário, dificilmente a sigla teria chances de ficar com a Educação. Muniz já disse em diversas ocasiões, em entrevistas à imprensa, que os tucanos precisam de um tratamento melhor por parte do prefeito depois do resultado das urnas em outubro, quando tiveram um desempenho melhor do que o Republicanos, que tem duas secretarias de peso político (Obras e Manutenção).

Corda esticada

O Republicanos ainda não respondeu oficialmente ao convite de Bruno Reis para que o vereador Luiz Carlos, presidente municipal da legenda, volte a ser o titular da Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinfra). A avaliação é que a cúpula partidária estica a corda para ter outras benesses na gestão sabendo que o prefeito tem interesse particular na “subida” do ex-vereador e suplente Beca, de quem é muito próximo. Bruno avisou que aceita também a indicação do vereador Júlio Santos, da mesma sigla e que já comandou a pasta.

De Beca para Beca

Para que Beca se torne vereador, Bruno é pressionado até dentro de casa. A esposa do prefeito, Rebeca Cardoso, entrou de cabeça na campanha do suplente, representante da região de Luis Anselmo. A amizade entre eles foi ilustrada diversas vezes em eventos de campanha divulgados nas redes sociais do então candidato, que recebeu pouco mais de 7,6 mil votos – desse total, ao menos mil são atribuídos ao trabalho da primeira-dama da capital.

Suplente animado

Outro suplente que está animado com a possibilidade de assumir o mandato na Câmara de Salvador é o ex-vereador Orlando Palhinha (União). Com a certeza de quem vai sentar na cadeira, ele tem participado praticamente de todos os eventos da Prefeitura ao lado de Bruno. Como já antecipou a Radar do Poder, a expectativa é que o prefeito convide o vereador Alberto Braga (União) para a Secretaria de Inovação e Tecnologia ou mesmo a Companhia de Governança Eletrônica (Cogel). O edil topa qualquer parada para ir ao Executivo.

Mais autonomia

Aliados de Bruno Reis na Câmara esperam que o secretário de Governo da Prefeitura, Cacá Leão (PP), que confirmou nesta quarta (8) a pré-candidatura a deputado federal, tenha mais autonomia neste segundo mandato. A avaliação é que, embora todos elogiem o atendimento prestado por Cacá aos vereadores, faltaria a ele poder de decisão. Quem tem se queixado mais do secretário são os vereadores pepistas, sob a alegação de que faltou empenho para que o partido conquistasse um espaço maior na reforma administrativa.

Vereador atacadista

O vereador de Salvador Alexandre Aleluia (PL) decidiu sair em defesa dos empresários do setor atacadista e apresentou um projeto de lei que acaba com a obrigatoriedade de o segmento fornecer gratuitamente sacolas plásticas recicláveis aos clientes. Na justificativa, o edil afirmou que a legislação, de autoria de Carlos Muniz, é impraticável para o segmento em função dos custos. O texto não deve passar na Câmara.

Ônus da teimosia

Ao optar por lançar a candidatura do vereador Hamilton Assis próprio à presidência da Câmara de Salvador, o PSOL perdeu a chance de ocupar espaços relevantes na estrutura da Casa. Ficou fora da Mesa Diretora e também não deve comandar ou mesmo participar de comissões importantes. Nos tempos de Laina Crisóstomo, na legislatura passada, e de Marcos Mendes, na anterior, o partido optou por negociar, ao invés de entrar numa malfadada disputa apenas para marcar posição – ela foi procuradora da Mulher e ele vice-presidente da Comissão de Educação.

Senador submerso

O senador Angelo Coronel (PSD) submergiu após a entrevista do senador Jaques Wagner (PT), publicada esta semana no jornal A Tarde, na qual disse que seria “natural” uma chapa formada por três petistas nas eleições de 2026 – o governador Jerônimo Rodrigues e o próprio “bruxo” concorrendo à reeleição e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), disputando o Senado. Sobraria a Coronel aceitar a vice, limando o MDB. O senador do PSD certamente se arrependeu de convidar Wagner para a confraternização que organizou tão caprichosamente em Praia do Forte no final do ano.

Reação ao “bruxo”

Por sinal, a entrevista de Jaques Wagner mexeu com os brios de alguns deputados do PSD. Segundo um desses parlamentares, a tendência agora é que o partido atue mais fortemente na Assembleia para impedir que o PT assuma o comando da Casa, mesmo que temporariamente, em caso de impedimento do atual presidente, Adolfo Menezes (PSD), postulante à reeleição. Além disso, a ordem é trabalhar em dobro para eleger o prefeito de Ituaçu, Phellipe Brito, do partido, para a presidência da UPB.

Primos problemáticos

Há outro primo do deputado federal Elmar Nascimento (União) que já foi encarcerado pela Polícia Federal (PF) que aparece na foto de uma reunião entre amigos na qual está presente, usando tornozeleira eletrônica, o vereador de Campo Formoso Francisco Nascimento (União), um dos alvos da temida Operação Overclean. Trata-se de Thiago Nascimento (de camisa preta e bermuda clara), que, em 2023, foi preso pela PF por participar de um esquema de desvio de recursos na Codevasf, órgão controlado politicamente por Elmar.

Controle total

Aliás, Elmar Nascimento emplacou um outro primo, Murilo Nascimento (PSDB), na presidência da Câmara de Campo Formoso, o que representou uma derrota para o grupo liderado pelo principal adversário no município, Adolfo Menezes. Vale lembrar que o prefeito reeleito, Elmo Nascimento (União), é irmão do deputado federal. A família agora controla tanto o Executivo quanto o Legislativo da cidade.

Duelo antecipado

Mal esperaram o novo ano começar, os deputados Alan Sanches (União), estadual, e Félix Mendonça Júnior (PDT), federal, deram a largada para a campanha de 2026 em Santo Antônio de Jesus. Os dois espalharam outdoors pela capital do Recôncavo para se promover. Alan, postulante a uma cadeira na Câmara Federal, apostou em “colar” a imagem nas do prefeito reeleito Genival Deolino (PSDB) e do empresário Ditinho Lemos, que almeja uma vaga na Assembleia. Félix, que também é próximo do tucano, destacou os mais de R$25 milhões em emendas ao município.

Dor de cotovelo

O ex-prefeito de Castro Alves Thiancle Araújo (PSD) ainda não assimilou a derrota sofrida na disputa pela presidência do Consórcio Territorial do Recôncavo (CTR) e passa o tempo colocando a culpa em terceiros. A candidata dele, a prefeita de Conceição do Almeida, Renata Nogueira (PSD), perdeu a disputa para o colega de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos), que contou com o apoio do deputado estadual Vitor Azevedo (PL), político com influência na região. Ednaldo toma posse no posto nesta quinta (9).

Pitacos

* O PP ainda não aderiu institucionalmente à base do governo do Estado, mas o deputado federal Cláudio Cajado, membro destacado do partido, se sentiu em casa ao ser recebido por Jerônimo na segunda (2).

* Ao lado do deputado estadual Eduardo Alencar (PSD), Cajado levou ao governador a prefeita eleita de Mundo Novo, Ana Paula de Oliveira (PSD), e pediu obras emergenciais para o município.

* Antes resistente a uma adesão ao governo, Cajado mudou de posição após a esposa dele, Andréia Xavier, ex-prefeita de Diás D’Ávila, ser cogitada para a Secretaria de Planejamento como parte do acordo para atrair o PP à base, com revelou o site.

* Jerônimo tem aberto a agenda nos últimos dias para receber, em Salvador, prefeitos eleitos que se queixam de terem recebido os municípios em situação calamitosa. Só que, ao menos até aqui, todos são da base do governo.

* Nesta terça (7), por exemplo, o governador recebeu o novo prefeito de Nazaré, Benon Cardoso (PSD), que alega ter herdado uma herança maldita da antecessora Eunice Peixoto (União), aliada de ACM Neto.

* O secretário da Casa Civil de Salvador, Luiz Carreira, disse a amigos mais próximos, em tom de brincadeira, que pretende ficar na gestão por mais dois anos apenas. Ele está na Prefeitura desde o primeiro governo de ACM Neto (União).

* Um dos amigos de Carreira respondeu que ele não só vai ficar os quatro anos como também deve ser lembrado novamente para compor a chapa majoritária na sucessão de Bruno Reis. Isso ocorreu em 2016, na reeleição de Neto.

* O novo prefeito de Alagoinhas, Gustavo Carmo (PSD), criou mais 100 cargos por meio de uma reforma administrativa aprovada pelos vereadores. Segundo a oposição, isso representa um custo de R$10 milhões anuais a mais no orçamento do município.

* Com poucos dias que deixou o cargo de prefeito de Euclides da Cunha, Luciano Pinheiro (PDT) já começou a “correr trecho” visando a eleição de deputado estadual. A prioridade é reforçar os acordos firmados no pleito de outubro.

Radar do Poder: O Coronel ‘Corleone’, a ideia de Wagner para Leo, o “plano b” à sucessão de Adolfo e o sax de João Roma

radar do poder | 01 janeiro 2025

“Confra” de Coronel

Na agitada confraternização alcoólica na tarde de domingo (20) na casa do deputado federal Diego Coronel (PSD), em Praia do Forte, o pai do parlamentar, o senador Angelo Coronel (PSD), também hospedado, recebeu até convidados que torcem para vê-lo longe da disputa pela reeleição. Entre os presentes, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), é o maior interessado. Mas também estavam lá o deputado federal Netto Carletto (PP) e o empresário Paulo Carletto, sobrinho e irmão do presidente do Avante na Bahia, Ronaldo Carletto, que defende abertamente a troca do senador por Rui na chapa.

Filosofia chinesa

Nas rodas de conversa da confraternização, teve um deputado que brincou e usou uma frase do filósofo chinês Lao Tsé, mas que ficou famosa ao ser dita pelo personagem Michael Corleone, no segundo filme da trilogia O Poderoso Chefão, para explicar o convite a Rui e aos Carletto: “Mantenha os amigos sempre perto de você e os inimigos mais perto ainda”. O ministro, que não chega a ser inimigo do Coronel, claro, chegou no final da festa, por volta das 17h30, quando o senador Jaques Wagner (PT) já tinha saído.

Público heterogêneo

O deputado federal Léo Prates (PDT) não foi o único aliado de ACM Neto (União) presente no convescote de Praia do Forte. Também apareceram por lá o deputado federal José Rocha (União) e o filho, o deputado estadual Manuel Rocha (União). Até o ex-prefeito de Salvador Antonio Imbassahy (PSDB) deu o ar da graça. No total, mais de 200 pessoas estariam na festa. Com o bom humor de sempre, Coronel disse que a presença heterogênea sinaliza que todos querem que ele siga senador – pelo visto, não importa que seja pela oposição.

Planos do “bruxo”

Mas a presença de Leo ao lado de Wagner, de Coronel e do senador Otto Alencar (PSD), com direito a foto, foi o que causou maior rebuliço entre os aliados de ACM Neto. Isso porque o senador petista não esconde, nas conversas com os correligionários, o desejo de atrair o pedetista para a base governista. Para Wagner, Leo teria mais chances de ser candidato a prefeito com o apoio do PT, se mantiver a força eleitoral em 2026 na capital, do que com o aval do atual prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), cuja preferência seria pelo vice Ana Paula Matos (PDT) para sucedê-lo.

Alternativa consolidada

O deputado estadual Angelo Coronel Filho (PSD), que também foi anfitrião da confraternização de domingo, ainda não descartou totalmente a possibilidade de disputar o posto de primeiro vice-presidente da Assembleia. Mas a tendência é que ele brigue mesmo pela presidência, caso Adolfo Menezes (PSD) desista da reeleição ou seja impedido por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Para o clã, Angelo teria se consolidado como “plano b” da maior parte da base governista e de toda a oposição.

Poder demais

Entre os que defendem que Angelo concorra ao posto de primeiro vice-presidente, a tese é a de que se o PT ficar com a cadeira, o que seria o natural por conta da proporcionalidade, o “risco” de o partido assumir o comando do Legislativo e concentrar poder demais é tão grande quanto o de uma medida do STF contra Adolfo, mesmo que para convocar uma nova eleição, como é a praxe. Só que o interino poderia concorrer com a “caneta na mão”, com a vantagem de distribuir benefícios. O PT deve indicar o deputado Rosemberg Pinto, que sempre sonhou com a presidência, para ser o substituto imediato de Adolfo.

Currículo avaliado

O empreendedor, consultor em diversidade e escritor Paulo Rogério Nunes é um dos nomes avaliados por Bruno Reis para ocupar duas secretarias na reforma administrativa: a de Cultura e Turismo (Secult) ou a de Reparação (Semur). Dono da agência de consultoria Vale do Dendê, de Salvador, Paulo tem a pegada afro de Pedro Tourinho, que se despediu da Secult no domingo (29), mas ainda não foi exonerado. No caso da Semur, a secretária Ivete Sacramento já revelou ao prefeito e ao Política Livre o desejo de sair .

Rápido no gatilho

Durante uma das coletivas no Festival Virada Salvador, Bruno Reis deu a entender que não pretende chamar um político para assumir a Secult e sim alguém com o mesmo perfil de Pedro Tourinho, oriundo da iniciativa privada. Com isso, os vereadores Cláudio Tinoco (União) e Duda Sanches (União), antes de cotados para a pasta, realizaram a movimentação para garantir vagas na Mesa Diretora da Câmara Municipal. Só que Tinoco foi mais rápido e obteve junto ao presidente Carlos Muniz (PSDB) a garantia da primeira-secretaria, segundo cargo mais importante do comando do Legislativo municipal.

Vereador do União

Duda, por sua vez, deverá ser o segundo vice-presidente da Mesa Diretora ou seguir como procurador da Câmara Municipal. Outro cotado da União Brasil para assumir uma função no Executivo, o vereador Alberto Braga não aspirou cargos na Mesa Diretora e segue na expetativa de ser convidado para assumir a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (Semit) ou mesmo retornar à presidência da Companhia de Governança Eletrônica (Cogel).

Mudança de comando

A notícia sobre a possível saída do diretor de Prevenção à Violência da Prefeitura de Salvador, Maurício Lima, na reforma administrativa de Bruno Reis pegou muita gente na gestão municipal de surpresa. Como revelou o Política Livre, a estrutura deve ganhar um novo chefe por indicação do deputado federal Capitão Alden, do PL . Maurício é muito próximo de ACM Neto, que o colocou no cargo. Na dúvida sobre se sai ou se fica, o diretor mandou preparar um balanço do trabalho dele, destacando que a Guarda Civil Municipal, estrutura que comanda, passou por um processo de “transformação” nos últimos anos.

Válvula de escape

O presidente do PL da Bahia, João Roma, foi criticado por membros da legenda por não promover uma reunião do partido depois das eleições de outubro. Antes, os encontros eram frequentes, na sede, em Salvador. Talvez dando um tempo para distensionar as relações na legenda, onde uma crise foi instalada após o desempenho ruim no pleito, o acordo pelo apoio à reeleição de Bruno Reis e processos de expulsão, Roma tem se dedicado mais tempo à família e aos hobbies. No final de semana, foi flagrado tocando saxofone em uma festa na capital.

 

Tudo em família

Em Itapetinga, o novo prefeito Eduardo Hagge (MDB) não se conteve apenas em escolher a própria esposa Zezé Hagge como secretária de Desenvolvimento Social, o que para muitos é nepotismo. O emedebista também vai empregar como titular da pasta do Planejamento Yasmin Lima, mulher do antecessor e sobrinho Rodrigo Hagge (MDB). Eduardo manteve parte da equipe de Rodrigo. Apesar disso, o clima entre os dois segue tenso porque o tio deseja entrar na base de Jerônimo, enquanto o sobrinho quer ser candidato a deputado estadual no grupo de ACM Neto (União).

Trincheira comunista

Em Juazeiro, o deputado estadual Zó do Sertão (PCdoB) emplacou indicados em três secretarias na gestão do novo prefeito Andrei Gonçalves (MDB): Obras, Desenvolvimento Social e Educação. Além disso, conseguiu o aval do emedebista para a candidatura do vereador Mitu do Sindicato (PCdoB) para a presidência da Câmara. Primeira liderança de peso na esquerda juazeirense a se retirar da disputa pela Prefeitura e declarar apoio a Andrei, Zó deverá ser o candidato a deputado federal a prefeito em 2026.

Tripé de casa

O deputado estadual Roberto Carlos (PV), que também tem Juazeiro como principal reduto político, é outro que terá influência direta sobre estruturas de peso no governo de Andrei, inclusive com dois familiares. O sobrinho Cláudio Fernandes assume a Secretaria de Meio Ambiente, enquanto o irmão, Celso Almeida Leal, a presidência da Autarquia de Abastecimento. O outro indicado do parlamentar é Giovanne Santos Silva, titular da pasta da Ordem Pública e Habitação – ele é um dos diretores do Juazeirense, clube de futebol da cidade que tem Roberto Carlos como presidente.

Plano adiado

O grupo de trabalho criado no final de 2024 pelo governo do Estado e pela Prefeitura de Feira de Santana para a elaboração do Plano Municipal de Segurança deve ser desfeito pelo novo prefeito da Princesa do Sertão, José Ronaldo (União), que chegou a ser informado sobre a iniciativa do antecessor, Colbert Martins (MDB). O experiente Zé é construir o plano nos mesmos moldes do que está sendo feito na gestão de Bruno Reis em Salvador, com investimento de quase R$ 5 milhões.

Pitacos

* O deputado Elmar Nascimento (União) foi curtir os Lençóis Maranhenses neste final de ano, ao lado de outros parlamentares, incluindo Damião Feliciano (União-PB), a quem o baiano apoia como sucessor na liderança do partido na Câmara..

* Os ministros das Comunicações, Juscelino Filho, e do Turismo, Celso Sabino, ambos da União Brasil, também foram convidados. Nos tempos em que era candidato favorito a presidente da Câmara, Elmar costumava ser convidado para eventos do tipo na Bahia.

* Como já mostrou o Política Livre , Elmar apoia Damião para a liderança porque o paraibano defende a aproximação da União Brasil com o governo Lula (PT) . ACM Neto prefere o pernambucano Mendonça Filho, que é oposicionista.

*Quem visitou Lençóis há cinco dias, só que o município da Chapada Diamantina, foi o senador Cid Gomes (PSB-CE). Ele foi recebido pelo senador Otto Alencar (PSD). Cid veio articular um investimento privado em Ruy Barbosa, terra do baiano.

* O deputado Capitão Alden (PL) votou mais vezes contra o governo Lula na Câmara Federal do que a deputada Roberta Roma (PL), segundo levantamento feito esta semana pelo site Congresso em Foco.

* Alden só votou a favor de projetos do governo em 27% dos casos, enquanto colega de partido o fez em 31% das vezes. O outro parlamentar do PL, Jonga Bacelar, votou com o Planalto em 96% das pautas, mas ele não esconde de ninguém, com a sinceridade que ele é peculiar, que é um governante.

*Entre os parlamentares da bancada baiana do União Brasil na Câmara, quem foi menos ao governo foi Leur Lomanto Júnior. Em 78% das votações, ele votou com o Planalto.

* Os deputados estaduais também buscaram uma sorte na Mega da Virada. Organizaram um bolão que arrecadou cerca de R$ 30 mil. Mas não fez sequer um terno.

* O vereador Dilson Magalhães assumiu o comando do diretório do PP em Camaçari. O parlamentar mudou de lado no segundo turno da eleição e apoiou o prefeito Luiz Caetano (PT). Ele é ligado ao deputado federal pepista Cláudio Cajado.

* Virou moda entre os prefeitos que se despedem hoje dos mandatos divulgados nas redes sociais que deixam os cargos com as contas do Executivo em dia. O que deveria ser uma obrigação passou a ser um item de propaganda.

Radar do Poder: Góes se vai sem resolver Salvador, Carlos Gabas na área, o quebra-cabeças de Jerônimo e os nudes do TJ

radar do poder | 26 dezembro 2024

Sem deixar saudade

A saída de Leonardo Góes da presidência da Embasa para uma diretoria da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) não fará diferença à Prefeitura de Salvador. Apesar de Góes ter chegado a colocar uma proposta na mesa mirando a renovação dos serviços da concessão com o Executivo municipal, no valor de R$ 7 bilhões, o contrato nunca foi assinado por falta de interesse do governo. Por isso, o prefeito Bruno Reis (União) mandou retomar os estudos visando contratar uma empresa do setor privado para substituir a concessionária, o que, se ocorrer, será de grande prejuízo à Embasa.

Dedo do governador

Na semana retrasada, ao fazer um balanço das ações da Embasa, já em clima de despedida, Leonardo Góes chegou a dizer sobre Salvador que “está bem encaminhado, faltando praticamente assinar”. A coluna apurou que o contrato com o investimento bilionário, que seria aprovado por Bruno Reis, não foi sacramentado por determinação do governador Jerônimo Rodrigues (PT), para não injetar recursos bilionários na Prefeitura justamente no ano eleitoral. O petista optou por deixar para 2025.

Agenda cheia

Aliás, a relação entre a Prefeitura de Salvador e a Embasa é um dos temas que motivou Bruno a solicitar uma audiência com Jerônimo, o que nunca ocorreu em quase dois anos de governo do petista. A Casa Civil do governador já tem, ao menos, três ofícios enviados pelo Executivo municipal com pautas a serem tratadas em um encontro entre os dois políticos. Será que vai haver um espaço na agenda do governador em 2026?

Gabas e o Planserv

Com seu nome associado à compra de respiradores que nunca foram entregues, na época da pandemia da Covid-19, caso que até hoje provoca calafrios em podersosos petistas baianos, Carlos Gabas, ex-secretário executivo do Consórcio Nordeste, passou a sobrevoar a Bahia, pelo que se diz com interesses claros sobre o Planserv. Esta Radar do Poder aguarda mais informações sobre suas andanças em solo baiano para informar seus leitores, como sempre, com exclusividade.

Recado de Thiago

Bruno Reis retornou nesta quinta (26) de uma viagem aos EUA, onde foi descansar com a família, com a tarefa de acalmar os ânimos na própria equipe e entre os aliados políticos sobre a reforma administrativa. Com o cargo sob ameaça diante do desejo dos tucanos de controlar a pasta, o secretário municipal da Educação, Thiago Dantas, disse a assessores do prefeito que não aceita voltar ao comando da Secretaria de Gestão. Caso seja essa opção, promete pedir para sair do governo. Ele é ligado a ACM Neto (União).

Questão de fé

Quem deseja uma fatia mais relevante na gestão de Bruno Reis é a ala da Assembleia de Deus do partido Republicanos, comandada pelo deputado federal Alex Santana e pelo deputado estadual Samuel Júnior. Os dois almejam emplacar a líder evangélica Tia Jove (PSDB), que ficou na segunda suplência na disputa por uma cadeira na Câmara Municipal, num posto importante do segundo escalão, qualquer que seja. Até agora, o prefeito só conversou com o segmento da Igreja Universal, que comanda a legenda sob a batuta do deputado federal e bispo Márcio Marinho.

Bolsa de apostas

Na bolsa de apostas entre os vereadores de Salvador sobre a reforma do prefeito, um dos movimentos cogitados é a saída de Alexandre Tinôco do comando da Secretaria da Ordem Pública (Semop) – ele assumiria uma diretoria ou o posto de número dois da Secretaria do Desenvolvimento Urbano (Sedur), onde já foi chefiou a área de Fiscalização. Já Júnior Magalhães, atual titular da Secretaria de Promoção Social (Sempre), passaria a ser o titular da Semop. Com maior peso político, a Sempre é mais atraente para ser oferecida a aliados, a exemplo do PL.

Anúncio adiado

Prefeito eleito de Camaçari, Luiz Caetano (PT) adiou o anúncio do secretariado, que ocorreria nesta quinta-feira (26). O petista ainda não conseguiu concluir o quebra-cabeças do primeiro escalão. Um dos nomes cotados para assumir a Secretaria Municipal da Saúde do município da Região Metropolitana é o da atual coordenadora executiva de Fortalecimento do SUS da pasta estadual, Roberta Sampaio. Assim, Caetano espera que haja uma sintonia fina nos três níveis de governo em uma área tida como das mais sensíveis.

Aposentadoria de luxo

Caso Afonso Florence (PT) insista em reassumir o mandato na Câmara após deixar a Casa Civil, Jerônimo Rodrigues deve apoiar a indicação do deputado federal Josias Gomes (PT), que retornaria para a suplência, para conselheiro em um dos tribunais de contas. Ao menos é isso que espera parte da cúpula petista no Estado. Florence recusou a oferta da aposentadoria de luxo e tem constrangido o governador ao relutar em deixar a pasta que ocupa atualmente.

Quórum baixo

A confraternização de final de ano dos deputados estaduais, realizada na quarta (18), no restaurante Barbacoa, em Salvador, contou com a presença de menos da metade dos 63 parlamentares da Assembleia. Foi um dos quóruns mais baixos dos últimos anos. Vale lembrar que, em 2023, até o governador Jerônimo Rodrigues (PT) apareceu por lá. Este ano, nem mesmo o novo secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), deu o ar da graça.

Haja grana

Antes do recesso de final de ano, a Assembleia aprovou o projeto de lei do deputado Hassan (PP) que autoriza o Estado a implantar o sistema do reconhecimento facial como instrumento de controle de acesso às escolas estaduais. O texto, no entanto, não passou sem um comentário irônico do presidente da Casa, Adolfo Menezes (PSD). “Um dos melhores projetos. Só não se sabe como o governo vai arrumar tanto dinheiro para implantar isso em tantas escolas”, pontuou.

Player para 2026

Secretário-geral do PP baiano, Jabes Ribeiro considera que o prefeito de Jequié, Zé Cocá, que é do mesmo partido, será um player importante em 2026. “Pode ser candidato a qualquer coisa, pois saiu fortalecido das urnas. É uma opção, inclusive, caso o PP decida lançar candidatura própria a governador”, declarou o dirigente. Cocá, que admite a possibilidade de compor uma chapa majoritária no próximo pleito, reuniu mais de 40 prefeitos em Jequié no último dia 19 para debater gestão pública.

Maioria em Barreiras

Prefeito eleito de Barreiras, Otoniel Teixeira (União) fechou o apoio do PSD ao futuro governo e conseguiu formar maioria na Câmara Municipal. O acerto foi intermediado pelo ex-deputado e ex-prefeito de Luiz Eduardo Magalhães Oziel Oliveira, esposo da atual secretaria estadual de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira, ambos do partido liderado na Bahia pelo senador Otto Alencar. Vale lembrar que Jusmari apoiou a candidatura do ex-deputado federal Tito Cordeiro (PT) à Prefeitura local.

Nudes no tribunal

Não é apenas a retomada das operações da Faroeste que assombra o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Um caso envolvendo uma profusão de nudes trocados entre autoridades e representante do Bradesco com interesse no público de altos salários do Judiciário baiano tem potencial muito mais explosivo do que a investigação, com as caras e bocas (e fiquemos por aqui) que se alega fazerem parte do acervo.

Pitaco

* Líder do governo na Assembleia, o deputado Rosemberg Pinto (PT) disse à coluna que vê com naturalidade uma possível adesão do deputado federal Elmar Nascimento (União) à base de Jerônimo.

* “Isso é da política. Veja o que aconteceu com o ex-deputado estadual e ex-vereador de Salvador J. Carlos, que era do PT e mudou para a base de ACM Neto (União)”, comparou. Rosemberg é amigo de Elmar.

* A aprovação da entrega do título de cidadão baiano aos ministros Luís Roberto Barroso e José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi motivo de resenha na Assembleia, na semana passada.

* “Será que eles irão receber a honraria antes ou depois de julgar a constitucionalidade da segunda reeleição de Adolfo Menezes à presidência?”, indagou um parlamentar em uma roda de conversa com colegas na sala do cafezinho.

* Em clima de desabafo, Adolfo Menezes fez um balanço do segundo mandato como presidente da Assembleia, na semana passada. Ressaltou que nenhum dos antecessores economizou tanto quanto 

* O PV espera “juntar os cacos” com a reforma administrativa de Jerônimo. O partido quer um cantinho no governo para chamar de seu. Hoje, os “verdes” estão espalhados em diversos cargos da gestão.

* Procurado pela coluna, o senador Otto Alencar (PSD) não quis fazer comentários sobre a Operação Overclean, da Polícia Federal. “Nesse negócio de polícia eu não me envolvo. Passo ao largo disso”.

* Prefeito de Simões Filho, Dinha Tolentino (União) garantiu à coluna que não será candidato a nada em 2026. “A minha prioridade será reeleger minha esposa (Kátia Oliveira, do mesmo partido) como deputada estadual”.

* Em balanço de final de ano, o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Marcus Presídio, afirmou que a Corte julgou 2.040 processos em 2024, com 78 sessões realizadas no plenário, 37 pela Primeira Câmara e 34 pela Segunda Câmara.

Radar do Poder: O silêncio ensurdecedor de Bruno, o acerto com o Republicanos, o secretário vazador e a confraternização de Jerônimo

radar do poder | 18 dezembro 2024

Silêncio ensurdecedor

O prefeito Bruno Reis (União) comandou, no final da semana passada, a última reunião de planejamento estratégico do primeiro mandato, com os secretários e dirigentes da gestão. Nas rodas de conversa entre as mesas, no entanto, o assunto não foi outro: quem fica e quem sai na reforma administrativa. O clima, que é de apreensão na equipe, deve ficar ainda mais tenso, já que Bruno tem mantido sigilo sobre as mudanças e vai fazer uma viagem internacional nesta quinta (19), só retornando no próximo dia 26, para tirar uns dias de descanso.

Malas prontas

O prefeito não teve conversas definitivas nem com auxiliares que manifestaram a vontade de deixar os cargos, como são os casos dos secretários de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, e de Reparação, Ivete Sacramento. Bruno também deve ter uma conversa com o secretário de Mobilidade, Fabrízzio Muller, outro assediado pela iniciativa privada. A depender das mudanças, e de quem serão os substitutos, o prefeito ainda terá que conter insatisfações dentro das próprias pastas.

Efeito colateral

Exemplo: o presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, sinalizou a amigos que pode pedir para sair da gestão a depender de quem seja o substituto de Pedro Tourinho, que elevou o nível de trabalho na secretaria e dialoga bem até com setores da esquerda. Na gestão desde os tempos de ACM Neto (União), como é o caso também de Ivete e Fabrízzio, Guerreiro seria contra o prefeito chamar para a função alguém que não tenha qualquer relação com o segmento turístico e cultural, como seria o caso do vereador Duda Sanches (União), cogitado para a pasta por setores da imprensa.

Republicanos resolvido

Na segunda (16), o prefeito se encontrou, no Palácio Thomé de Souza, com o deputado federal Márcio Marinho e com o vereador Luiz Carlos, presidentes estadual e municipal do Republicanos, respectivamente. Bruno teria convidado o edil para retornar ao posto de secretário de Infraestrutura, bem como confirmado a permanência do secretário de Manutenção, Lázaro Jezler, outro quadro indicado pelo partido. Com isso, o Republicanos mantém a influência sobre a área de obras da Prefeitura.

Tempo mais curto

Aliás, Luiz Carlos, que ainda não teria aceitado formalmente o convite de Bruno, mas deve fazê-lo nos próximos dias, fica no cargo até abril de 2026, pois tem planos de concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal, se Márcio Marinho vier a compor um espaço na chapa majoritária encabeçada por ACM Neto, virtual candidato ao Palácio de Ondina, em 2026. Bruno decidiu não criar nenhum impedimento para que postulantes na próxima eleição assumam cargos na reforma, com exceção da Secretaria de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro, para evitar ciumeiras na “ponta” do atendimento ao cidadão.

Apostas feitas

Na confraternização de final de ano dos vereadores de Salvador, na noite desta terça (17), num restaurante da Pituba, a reforma administrativa de Bruno Reis também foi o principal assunto em pauta. As apostas giravam em torno de qual será o vereador do União Brasil que vai para o Executivo e se ACM Neto iria ganhar ou perder a queda de braço com o PSDB na disputa pela Secretaria de Educação. Uma tese foi levantada: a de que os tucanos poderiam ser abrigados na pasta da Saúde para que Thiago Dantas, pupilo de Neto, permaneça na Educação.

Tempo em família

A vereadora Marcelle Moraes, do União Brasil, garantiu à coluna que não tem o menor desejo de voltar a ser secretária da Prefeitura neste momento. “Eu quero curtir a vereança e a minha filha, aproveitar um pouco mais do tempo com a família”, disse. Antes da eleição, Marcelle era a titular da Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência e Proteção Animal, e foi responsável pela implantação do primeiro hospital público para animais de Salvador. Os cotados do partido dela para assumirem um cargo na Prefeitura são Cláudio Tinoco, Duda Sanches, Kiki Bispo e Alberto Braga.

Cavalcanti quer ficar

Marcus Cavalcanti, atual secretário do Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil da Presidência, disse a pessoas próximas que não tem interesse em retornar ao governo baiano. A vontade dele é permanecer onde está, onde se sente mais confortável. Cavalcanti, que foi secretário estadual de Infraestrutura no governo do atual ministro Rui Costa (PT), é cotado para assumir a chefia da Casa Civil do Estado no lugar do atual ocupante do posto, Afonso Florence (PT), deputado federal licenciado e que também almeja permanecer no mesmo local.

Espaço modesto

Prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro (PT) foi convidado pelo novo secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, para auxiliá-lo na articulação política do governo Jerônimo Rodrigues (PT). Ainda não respondeu ao convite, mas aliados consideraram o espaço oferecido modesto demais. Júlio, que será candidato a deputado estadual em 2026, emplacou em outubro o sucessor, Getúlio Sampaio (PT), e tem uma boa relação com o governador.

Timing político

Jerônimo Rodrigues estava disposto a entregar ainda este mês ambulâncias e veículos escolares para municípios do interior, fruto de emendas parlamentares, inclusive da oposição, mas adiou os planos para o início de 2025 a pedido dos próprios deputados estaduais, que querem fazer a “média” também com os novos prefeitos, empossados no começo de janeiro. Nos casos de derrota nas eleições, vai ter até mudança de endereço de município contemplado.

Fora de lista

Além de terem “esquecido” de chamar o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) para a festa do Bope, não “lembraram” de convidar ele para outros os eventos de final de ano do governo. Na última sexta (13), por falta de convite, ele acabou não comparecendo a uma confraternização no Parque de Exposições na qual circularam diversas autoridades, inclusive secretários. Fora do circuito, a opção que restou ao vice foi distribuir cartões de visita com o “amigo” corretor de seguros em um aniversário em um condomínio na região do Litoral Norte.

Vazamento de imagens

O vazamento constante de imagens na carceragem estadual de presos na Operação Overclean, que prendeu acusados de envolvimento em esquema de desvio de verbas e fraudes em licitações no Dnocs, tem chamado a atenção de advogados que acompanham os suspeitos. Muitos atribuem o fato à leniência de José Castro, secretário de Administração Penitenciária, pasta da cota do MDB dos irmãos Vieira Lima. Os mesmos advogados alertam que, ao invés fazer de tudo para agradar os superiores, ele deveria se preocupar com os casos de fuga de presos no interior.

Sangue frio

Em clima de despedida do mandato, o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (MDB), revelou à Radar do Poder que fez parte de uma tática combinada ter sido “escondido” da campanha vitoriosa de José Ronaldo (União), o sucessor. “Não teve mágoa nem nada, porque estratégia é estratégia. Decidimos lá atrás que seria assim, eu, Zé, ACM Neto”, revelou. Sobre o futuro, Colbert confirmou que pretende ser o candidato do mesmo grupo político a deputado federal em 2026.

Pablo encurralado

Sobre 2026, no entanto, Colbert ainda precisa combinar com o deputado estadual Pablo Roberto (PSDB), vice-prefeito eleito de Feira e que também pretende concorrer a uma cadeira na Câmara Federal em 2026 como o candidato de José Ronaldo. Esta semana, após um enorme jogo de cena, o tucano decidiu que vai renunciar ao mandato parlamentar e assumir o posto para o qual foi eleito,. Foi encurralado pelo suplente Paulo Câmara (PSDB) e por Adolpho Loyola (PT).

Ponta do lápis

O presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Quinho Tigre (PSD), quer reunir até a semana que vem os quatro candidatos à sucessão na entidade – os prefeitos de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB), de Ituaçu, Phellipe Brito (PSD), de Itabuna, Augusto Castro (PSD), e de Medeiros Neto, Beto Pinto (MDB) – para tentar construir um nome de consenso. Sabendo que apenas dois estão de fato na disputa – Wilson e Phellipe –, ele vai colocar na ponta do lápis os apoios reunidos por cada um.

Pitacos

* Jerônimo convidou os aliados, entre deputados, dirigentes partidários, prefeitos e secretários para uma confraternização nesta quinta-feira (19), a partir das 19h, no Palácio de Ondina. Integrantes de outros Poderes também foram convidados.

* O governador chegou a pensar em fazer a confraternização fora do Palácio de Ondina, mas seguiu o conselho da primeira-dama, Tatiana Veloso, e manteve o evento na residência oficial.

* Os outros dois cardeais petistas, Rui Costa e o senador Jaques Wagner, confirmaram presença na festa de final de ano de Jerônimo.

* De todos os prefeitos cotados para alçar voos maiores nas eleições de 2026 na Bahia, o único cujo município foi palco da Operação Overclean que não sofreu prejuízos políticos foi o de Jequié, Zé Cocá (PP).

* Em Itapetinga e Lauro de Freitas, onde a esquema investigado pela Polícia Federal atuava, as apurações chegaram mais perto dos prefeitos, tendo como alvos, respectivamente, o secretário de Governo (e ex da Fazenda) e o vice-prefeito.

* Ou seja, a depender dos desdobramentos da operação, dificilmente os prefeitos Rodrigo Hagge (do MDB, de Itapetinga) e Moema Gramacho (do PT, de Lauro de Freitas), terão força para compor uma chapa majoritária.

* Na última reunião da Mesa Diretora da Assembleia, a deputada Ludmilla Fiscina (PV) apresentou um projeto de resolução para entregar a Comenda Dois de Julho ao prefeito de Alagoinhas, Joaquim Neto (PSD), mas a proposta pegou mal no colegiado.

* Isso porque Ludmilla é esposa de Joaquim. Os integrantes da Mesa decidiram, então, que o projeto deveria ser assinado por outro parlamentar, e o escolhido foi Alex da Piatã (PSD).

* O empresário Teobaldo Costa, presidente do União Brasil em Lauro de Freitas, garantiu à coluna que não será candidato em 2026. Ele afirmou, ainda, que pretende, se for acionado, atuar como um consultor da prefeita eleita Débora Régis, da mesma sigla.

Radar do Poder: O pavor da delação, a satisfação de Adolfo, o coração de Moema, a licitação suspeita e a “pilha” de Roma

radar do poder | 11 dezembro 2024

Delação premiada

A Operação Overclean, deflagrada nesta terça (10) pela Polícia Federal (PF) para combater desvio de recursos públicos, ainda está longe de alcançar todo o seu potencial devastador. As expectativas são altas sobre o que mais vai surgir a partir dos aparelhos e documentos retidos e dos depoimentos dos presos. Já há no meio político apostas sobre quem fará o primeiro acordo de delação premiada com o Ministério Público. O sentimento é de que a “limpeza excessiva”, traduzindo o nome operação, vai atingir outros palácios e mansões de exibidinhos pela Bahia.

Tchau, sobrinho!

Em Itapetinga, a operação da PF pode servir de pá de cal na azeda convivência entre o prefeito eleito Eduardo Hagge (MDB) e o atual, Rodrigo Hagge (MDB). Tio e sobrinho, os dois vinham se desentendendo desde a campanha e o clima ficou ainda pior quando Eduardo decidiu que vai aderir ao governo Jerônimo Rodrigues (PT), enquanto Rodrigo prefere seguir com ACM Neto (União) – ele quer ser candidato a deputado na oposição. Com a prisão do secretário de Governo, Orlando Ribeiro, a “criatura” tem a justificativa perfeita para abandonar o “criador”. E ainda posar de moralista.

Tensão máxima

Aliás, a tensão entre os aliados de Rodrigo Hagge é grande por conta da prisão de Orlando, que tem 82 anos. O receio é de que o secretário de Governo, que já comandou a pasta da Fazenda e sabe tudo da gestão, opte por uma delação. Outro preso na operação em Itapetinga foi o vereador eleito Diego Queiroz, o Diga (PSD), que hoje faz oposição ao prefeito. Dono de um site na cidade, sobre ele pesa a suspeita de que recebia dinheiro dos empresários investigados para não fuçar os contratos da Prefeitura.

Patrimônio real

Em Campo Formoso, o vereador eleito Francisquinho Nascimento (União), primo do deputado federal Elmar Nascimento (União) e preso na operação de ontem, ficou conhecido na cidade, segundo os conterrâneos, pelos crescentes ‘sinais exteriores de riqueza’ nos últimos quatro anos. Embora tenha declarado apenas R$213,1 mil em bens à Justiça Eleitoral, o patrimônio visível dele é bem maior. Tanto que a PF encontrou R$220,1 mil em dinheiro com o acusado no ato da prisão.

Tudo em família

Francisquinho também era conhecido no meio político em Campo Formoso por fazer a “ponte” entre o prefeito Elmo Nascimento (União), irmão de Elmar, com as empresas contratadas para prestar serviços ao município. Com o apoio dos primos, saiu das urnas como o quarto vereador mais bem votado em Campo Formoso e, se continuar até janeiro preso, pode nem tomar posse. De qualquer forma, Elmar e Elmo elegeram outro primo vereador na cidade: Murilo Nascimento (PSDB), o mais bem votado.

Satisfação estampada

Principal oponente de Elmar em Campo Formoso e na Bahia, o presidente da Assembleia, deputado Adolfo Menezes (PSDB), evitou a imprensa esta semana para não ser questionado sobre a Operação Overclean e, assim, não se meter em polêmicas enquanto o assunto está “quente”. Deixou até mesmo de receber pessoalmente o prêmio de Destaque Parlamentar conferido pelos jornalistas. Mas não escondeu a satisfação em conversas com os parlamentares. Só lamentou que a operação não tenha ocorrido antes ou durante as eleições.

Triplamente rifado

Outro alvo da Operação Overclean, o vice-prefeito de Lauro de Freitas, Vidigal Cafezeiro (Republicanos), perdeu definitivamente as chances de ocupar algum espaço na administração da prefeita eleita Débora Régis (União), plano que motivou sua adesão a ela. Na campanha, ele mudou de lado por não ter sido escolhido pela atual gestora Moema Gramacho (PT) candidato à sucessão. Por sinal, Vidigal já foi desconvidado pelo primo, o desembargador Raimundo Sérgio Sales Cafezeiro, para a solenidade na qual o magistrado receberá a Comenda Dois de Julho, nesta sexta (13), na Assembleia.

Muita coragem

Apesar de não dar mais a mínima para o vice, Moema sentiu no coração os efeitos da operação da PF com a prisão de Ailton Figueiredo Souza Júnior, com quem tinha, segundo relatos de pessoas próximas, uma relação afetiva. Eleito vereador em Nazaré pelo PSDB, Ailton tinha, de acordo com as investigações, “amplo e irrestrito” acesso a todos os setores dentro da Prefeitura de Lauro, sendo, também na avaliação dos investigadores, peça-chave no esquema. É muita coragem!

“Confra” mantida

ACM Neto tem programada uma confraternização para o início da noite desta quinta-feira (12), no Comércio. O evento, por sinal, promete ser concorrido, com a presença de políticos de diversos partidos, tanto da capital quanto do interior. A expectativa é quanto ao aparecimento no evento de Elmar Nascimento, sobre o qual se fala que disputa internamente com Neto os rumos do União Brasil no plano federal.

“Pilha” de Roma

Presidente do PL da Bahia, João Roma passou os últimos dias elevando a pressão sobre o prefeito Bruno Reis (União) para indicar o próximo secretário da Saúde de Salvador. Em diversas entrevistas agendadas, bateu na tecla de que é pré-candidato a governador em 2026 e até demonstrou o desejo de dialogar e se reconciliar com ACM Neto. Como já revelou o Política Livre, Roma sinalizou que só não entrará na disputa, apoiando Neto, se tiver a influência sobre a pasta ou outra estrutura relevante.

Cadeira na Câmara

A estratégia do dirigente do PL é usar a estrutura da Prefeitura para fazer política e assegurar ao menos um mandato familiar de deputado federal em 2026, para ele ou o para a esposa, Roberta Roma, o que não será fácil, diante do desempenho desastroso do partido nas eleições deste ano. Com o maior tempo de TV e o fundo eleitoral mais gordo do PL, ACM Neto sabe que ter (ou não) o apoio da sigla pode ser um fator determinante para enfrentar o PT na próxima disputa eleitoral.

Excluído pelo Bope

Mais do que as posições que começa a perder na Câmara Municipal de Salvador – onde deixou como presidente uma herança maldita que vem sendo transformada com habilidade pelo sucessor Carlos Muniz (PSDB) – o que mais indignou o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) foi o fato de ter sido excluído da solenidade em que o Bope comemorou seus dez anos de criação na Bahia, esta semana. Para quem tem tara por militares, a ponto de ter à sua disposição 80 fardados na Vice-governadoria, o esquecimento está sendo uma frustração difícil de superar.

Emergencial?

Está chamando a atenção um processo de dispensa de licitação levado a cabo pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) para a contratação, em caráter emergencial, de uma empresa de logística com o objetivo de administrar estoques de medicamentos e insumos pelo período de seis meses, atividade que era executada até agora sem o menor problema pela EGBA. A bagatela do serviço vai sair por cerca de R$ 8,3 milhões aos cofres estaduais. Será por isso que a secretária Roberta Santana começou a balançar?

Enquete da liderança

Dos 20 integrantes da oposição na Assembleia, ao menos nove já declaram aberta ou reservadamente apoio ao deputado Tiago Correia (PSDB) para ser o novo líder da bancada. Outros seis fizeram o mesmo em relação a Samuel Júnior (Republicanos). Os demais ficam em cima do muro, na enquete feita por esta Radar do Poder. A tendência, no entanto, é que não haja disputa ou necessidade de interferência externa. Tiago e Samuel devem chegar a um consenso até a semana que vem.

Clima leve

Aliás, o clima entre os candidatos à sucessão do deputado Alan Sanches (União) na liderança oposicionista, apesar da disputa interna de momento, é leve. Na sessão desta terça (10), ao flagrar Tiago Correia conversando com o deputado Zó do Sertão (PCdoB), que é da base do governo, Samuel Júnior brincou: “Está pedindo voto até para ele?”.

Pitacos

* Empoderado pela relatoria do Orçamento, o senador Angelo Coronel é assediado por barões da política em todo o Brasil. Foi até convidado pelo governador do Rio, Cláudio Castro (PL), para assistir, no Maracanã, ao jogo entre Flamengo e Vitória.

* Tudo indica que outro baiano será o relator do orçamento da União em 2025: Elmar Nascimento. Seria um prêmio de consolação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por ter abandonado o ‘ex-amigo’ na disputa pela sucessão.

* Jerônimo ainda não confirmou data e nem local da confraternização de final de ano com os deputados estaduais, federais e dirigentes partidários da base aliada. Tem gente aguardando apenas o convite para programar a viagem de férias.

* Em um dos momentos da reunião com a bancada baiana no Congresso, na semana passada, o governador demonstrou sintonia fina com o deputado federal Léo Prates (PDT), que fez solicitações para a área da saúde de Salvador.

* Jerônimo sinalizou positivamente ao pedido do pedetista de construir uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na Cidade Baixa. O equipamento, após entregue, será gerido pela Prefeitura da capital.

* Aliado de Bruno Reis, o vereador evangélico Ricardo Almeida (DC) sentou entre o governador e o chefe da Defesa Civil do Estado, Heber Santana (Podemos), em um evento da Primeira Igreja Batista do Brasil, no final de semana, em Salvador.

* Ricardo Almeida, que também é muito próximo do deputado estadual petista Júnior Muniz, garantiu que o encontro foi meramente social e pela fé, sem interesses políticos.

* O deputado estadual Diego Castro descartou, em conversa com a coluna, a possibilidade de ser expulso do PL. Ele disse que conversou com João Roma na semana passada e que tudo não passou de “um mal entendido”.

* Reeleito prefeito de Teixeira de Freitas, Marcelo Belitardo (União) nem esperou tomar posse no segundo mandato para exonerar apoiadores no pleito de outubro. É acusado de trair correligionários para fechar as contas de final de ano.

* O IAF Sindical realiza na segunda (16), na Casa do Comércio, em Salvador, a entrega do prêmio anual que reconhece as melhores iniciativas de educação fiscal na Bahia. A secretária estadual de Educação, Rowenna Brito, participa do evento.

Radar do Poder: Rui torce por altruísmo de Wagner, Geraldo Jr. e o quarteto fantástico e a conversa de Neto com Elmar

radar do poder | 04 dezembro 2024

O esperado altruísmo do “bruxo”

Aliados do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), avaliam que o senador Jaques Wagner (PT) pode fazer um gesto altruísta para evitar o racha no grupo político do qual é líder na Bahia nas eleições de 2026: desistir da reeleição. Com isso, harmonizaria a montagem de uma chapa tendo o próprio Rui concorrendo a uma cadeira na Alta Casa do Congresso e o senador Angelo Coronel (PSD) disputando a reeleição. Pessoas próximas a Wagner também não descartam, reservadamente, essa hipótese.

Encalço de Jerônimo

Em 2022, Wagner abriu mão de concorrer ao governo da Bahia, tendo como plano inicial colocar o senador Otto Alencar (PSD) para ser candidato ao Palácio de Ondina e abrindo mão de ter um petista na cabeça de chapa, o que desagradava o PT. Como se sabe, não vingou. Se abrir mão da reeleição, o senador também tira Rui do encalço do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que almeja renovar o mandato – o ministro não admite publicamente, mas também tem o desejo de voltar a morar no Palácio de Ondina.

Harmonização da base

A operação, segundo coligados do ministro da Casa Civil defensores da tese, acomodaria também o MDB, que manteria a cadeira de vice na chapa em 2026, e o Avante, que indicaria o presidente do partido no Estado, Ronaldo Carletto, para a suplência de Rui no Senado. No entanto, Wagner, hoje com 73 anos, já disse em alto e bom som que tentará a reeleição em 2026.

Paquera da oposição

Angelo Coronel, que demonstra disposição de ser candidato à reeleição mesmo fora da chapa de Jerônimo Rodrigues, disse à Radar do Poder que se sente lisonjeado com a “paquera” recebida da oposição, inclusive do prefeito Bruno Reis (União) e do antecessor ACM Neto (União), que demonstraram o desejo de ter o senador como aliado em 2026. “São lideranças expressivas que reconhecem o nosso trabalho e que eu tenho algum peso na Bahia”, analisa.

Fidelidade de Otto

Coronel, no entanto, garantiu que é um “homem de partido”, ou seja, só migra para a oposição se o PSD também for junto – o que seria o céu para ACM Neto. O senador Otto Alencar, que preside a sigla na Bahia, voltou a dizer que só vai tratar das próximas eleições em 2026. Mas descartou mudar de lado. “Meu foco é ajudar o governador e o presidente Lula (PT) a continuarem governando para resolver as dificuldades sociais do nosso povo”, declarou à coluna.

Quarteto fantástico

Secretários de Estado, dirigentes de empresas estaduais e até fornecedores do governo já começaram a se incomodar com o assédio que alegam ter passado a sofrer depois das eleições municipais da parte do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que lhes apresenta e reapresenta insistentemente um corretor de seguros e dois advogados, ambos, por sinal, lotados em seu gabinete. Um deles confessou à coluna que se for novamente abordado pelo quarteto inconveniente vai levar o assunto diretamente ao governador.

Conversa 

ACM Neto se reuniu na quarta da semana passada com o deputado federal Elmar Nascimento (União), em Brasília. O ex-prefeito quis saber se o parlamentar de fato tem planos de deixar o partido e migrar para a base de Jerônimo. Elmar negou, reafirmando, no entanto, que, no plano nacional, vai trabalhar para que o União Brasil integre de vez a base de Lula e apoie a reeleição do presidente em 2026. No encontro, Neto teria dito novamente que o União Brasil vai ter candidato à presidência da República – Ronaldo Caiado, governador de Goiás.

As pontes de Elmar

Elmar já disse a Lula e ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), com quem se encontrou novamente ontem (03), que tem condições de construir o apoio do União Brasil à reeleição do presidente. Para isso, precisa manter a influência sobre a Codevasf, ter emendas e cargos para contemplar a bancada. Na avaliação do parlamentar e de seus aliados na Bahia, é perfeitamente possível que a legenda apoie Lula e tenha ACM Neto como candidato a governador. Algo semelhante ao que aconteceu com o MDB em 2010.

Briga interna

Não é à toa que ACM Neto convidou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), para lançar a pré-candidatura a presidente da República no Carnaval de Salvador, em 2025. Trata-se de mais um recado direto a Elmar na disputa entre os dois por influência partidária. Neto também monitora de perto o comportamento dos deputados estaduais da “bancada” de Elmar, a bancada do “BEN”, sobretudo Marcinho Oliveira, o mais petista de todos.

Atendimento privilegiado

Aliás, Marcinho recebeu, esta semana, mais três ambulâncias do governo Jerônimo Rodrigues para enviar aos redutos eleitorais – uma delas para a cidade de Santaluz, onde o parlamentar nasceu e já foi vice-prefeito. Enquanto isso, os demais deputados da oposição reclamam do não pagamento das emendas. Líder da bancada, Alan Sanches (União) tratou do assunto em encontro recente com Adolpho Loyola (PT), chefe de Gabinete do governador. A promessa é que os demais integrantes da minoria sejam contemplados no final de janeiro.

Líder inconveniente

No encontro promovido pelo MDB com os eleitos de outubro, realizado na sexta (29), o líder do governo na Assembleia, Rosemberg Pinto (PT), apareceu sem ser convidado. E o pior: assediou lideranças e até prefeitos emedebistas, convidando-os a ingressar nas fileiras petistas ou para fazer parcerias políticas. O fato irritou os Vieira Lima, que já não se dão tão bem com o parlamentar por conta das disputas municipais. Aliás, Geddel fez questão de receber Jerônimo, este sim convidado ilustre, na chegada ao evento.

Medo de avião

Aliás, durante almoço de confraternização com jornalistas, nesta quarta (03), o presidente da Assembleia, Adolfo Menezes, não perdeu a piada ao ser questionado sobre ter Rosemberg como primeiro vice-presidente na disputa pela reeleição ao comando da Casa. “Nesse caso, eu nem sei se vou mais viajar. De repente, vou ficar com medo de avião”, disse, provocando gargalhadas. Adolfo costuma viajar com frequência ao Exterior, o que fez com que o atual substituto imediato, Zé Raimundo (PT), assumisse a presidência em diversas ocasiões.

Dona Encrenca

A militante petista Luciana Mandelli, tadinha, está sem sorte. Em dois anos, três demissões no âmbito do próprio governo, tudo depois de, lá atrás, o Política Livre ter alertado para a incompetência da moça. O que o site não sabia é que ela enfrentava também problemas com hierarquia e rotina. Que o digam os ex-chefes dela – Bruno Monteiro, Elisângela Araújo e Neusa Cadore -, que, nesta ordem, conseguiram, um após outro, se livrar do problema. No PT, onde ganhou o apelido de “Dona Encrenca”, ninguém sabe mais onde alojá-la.

Válvula de escape

Outro vereador que entrou na briga para integrar o segundo mandato de Bruno Reis é Alberto Braga (União). Ele tem emitido sinais de que aceita até voltar a presidir a Companhia de Governança Eletrônica (Cogel). Ou seja, não faz questão de disputar um posto no primeiro escalão. Pode ser a solução para o prefeito cumprir a promessa de convidar um edil do próprio partido para assumir um cargo no Executivo e, ao mesmo tempo, ter mais espaço no tão cobiçado secretariado para acomodar outros aliados.

Índice de crimes

O procurador-geral de Justiça da Bahia, Pedro Maia, lamentou que a Bahia tenha o pior índice de esclarecimento de homicídios dolosos do país, segundo dados divulgados esta semana pelo instituto Sou da Paz. Embora tenha enaltecido as medidas adotadas do governo baiano na área da segurança, ele defendeu mais recursos para enfrentar o problema. “Tenho certeza que um horizonte mais animador para a segurança pública da Bahia se avizinha, mas é preciso investimentos mais fortes ainda do que vem sendo feito até aqui”, pontuou.

Pitaco

* O ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos) tem dito a amigos que não perde por nada as próximas eleições à Câmara dos Deputados, onde pretende aproveitar a primeira oportunidade para apresentar um projeto tornando a ingratidão crime inafiançável.

*  A ideia irônica de Nilo é resultado direto da revolta com o ex-amigo do peito Marcos Presídio, por quem enfrentou Jaques Wagner e Rui Costa a fim de emplacá-lo como conselheiro do TCE, Corte que preside atualmente.

* Com seu jeito simples e gentil, Jerônimo encantou os magistrados em um jantar de comemoração pela criação da comarca de Luís Eduardo Magalhães, que fará saltar de quatro para oito o número de juízes, ampliando os serviços do Judiciário no oeste.

* Espécie de anfitriões do evento, os irmãos Jatahy Fonseca, desembargador estadual, e César Jatahy, federal, cujo pai Jatahy Fonseca dará nome ao novo fórum, não cansam de elogiar o governador desde o encontro, na semana passada.

* No almoço com jornalistas, ontem (03), Adolfo Menezes contou que o deputado Pablo Roberto (PSDB) confidenciou que vai renunciar ao cargo de vice-prefeito de Feira, para o qual foi eleito este ano, e seguir na Assembleia.

* Na semana passada, o Política Livre já havia revelado que Pablo falou o mesmo em uma reunião com a bancada de oposição. Segundo afirmou o tucano aos pares, a decisão está tomada mesmo se a PEC do deputado Manuel Rocha (União) não for aprovada.

* O deputado estadual Leandro de Jesus, do PL, “mergulhou” depois que o presidente do partido na Bahia, João Roma, oficializou os processos de expulsão contra os “infiéis” da sigla. Preferiu o silêncio, embora seja próximo do ex-ministro.

* Pré-candidato a deputado federal, Lucas Reis (PT), chefe de Gabinete do senador Jaques Wagner (PT), se encontrou esta semana, em Brasília, com José Dirceu (PT).  Além de ter recebido uma “aula da grande política”, tratou do “futuro da Bahia”.

* Depois de mandar colaboradores da Secretaria de Educação de Salvador votarem na vereadora Roberta Caíres (PDT) nas eleições, o secretário Thiago Dantas também tem usado os mesmos colaboradores para pressionar o prefeito a se manter no cargo.

* Esta semana, um grupo foi ao plenário da Câmara de Vereadores com uma faixa pedindo a permanência de Thiago na reforma administrativa. Mas Bruno Reis tem o compromisso com o PSDB de que o secretário será indicado pelos tucanos.

Radar do Poder: A caça às bruxas no PL, a ânsia pela CAR que “fura poço”, a “tara” do vice e o governador pé quente

radar do poder | 27 novembro 2024

Curtidor do PT

Presidente do PL baiano, João Roma abriu diversas frentes de batalha ao acolher processo de expulsão contra deputados da sigla, visto internamente como perseguição para seguir no comando do partido. Com isso, se tornou também alvo de retaliações. Já há na sigla quem defenda também a punição do presidente da legenda em Salvador, João Neto, um dos principais assessores de Roma e que, nas eleições deste ano, teria apoiada a candidata do PT em Ourolândia, Yhonara Rocha. Ele, inclusive, curtia todas as publicações da petista nas redes sociais.

 

Pesos desiguais

Vale lembrar que o principal argumento do pedido de expulsão do deputado federal Jonga Bacelar e dos estaduais Vitor Azevedo, Raimundinho da JR e Diego Castro, movido por um filiado que até outro dia era aliado do PT (Comandante Rangel, de Barreiras), é a infidelidade partidária. Os três primeiros são acusados de caminhar com o petismo, e o último de ficar contra o PL nas eleições da maior cidade do oeste baiano. Sendo assim, José Neto também deveria estar na mesma lista.

Acolhida de Loyola

Adolpho Loyola (PT), chefe de Gabinete do governador Jerônimo Rodrigues (PT), acompanha o desenrolar da “caça às bruxas” no PL baiano. Em conversa com a coluna, ele prestou solidariedade a Vitor e a Raimundinho, que integram a base do Executivo estadual na Assembleia, e disse que pretende conversar com os dois sobre o futuro e a reforma administrativa. “No caso deles, há uma dificuldade de ocupação de espaço por conta do partido, mas eles são aliados nossos e vamos conversar”, pontuou.

A que fura poço

Por falar em acolhida, a “bancada” do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) na Assembleia já teria uma pedida para aderir a Jerônimo e migrar para um partido governista, aproveitando o ensejo da reforma administrativa: o controle da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR). A ideia seria transformar a estrutura estadual numa espécie de Codevasf, que se tornou um poderoso instrumento do grupo fazer política e angariar votos, principalmente por meio da distribuição de tratores e maquinários agrícolas.

Pedida alta

O desejo dos liderados de Elmar de desembarcar da oposição foi noticiado esta semana pelo Política Livre (clique aqui para ler), mas ainda não existem conversas concretas com o governo. Fontes do Palácio de Ondina ouvidas ontem (26) pela coluna disseram que o governador tem interesse no movimento, visto como um duro golpe em ACM Neto (União), mas seria impossível ceder a CAR, hoje comandada por Jeandro Ribeiro, técnico qualificado e homem da confiança de Jerônimo e dos demais cardeais petistas.

Entusiasta petista

Após um passado de conflitos, Jerônimo e o PT se aproximaram de Elmar e vice-versa. Outro fator de sintonia é a defesa do deputado para que o União Brasil apoie a reeleição do presidente Lula. Um dos entusiastas do avanço da parceria é o comandante do PT da Bahia, Éden Valadares, que trabalhou para dirimir arestas da legenda à candidatura do parlamentar à presidência da Câmara. Com essa articulação, Éden chegou a obter o apoio dos petistas baianos na Casa ao outrora adversário, que, sem o aval do presidente Arthur Lira (PP-AL), acabou tendo que desistir da candidatura.

Segurar a Codevasf

A coluna apurou, no entanto, que Elmar não encontraria mais obstáculos no PT da Bahia caso seja convocado por Lula para assumir uma cadeira na Esplanada dos Ministérios, como ocorreu no início da montagem do governo. Na época, o deputado chegou a ser contato para a pasta da Integração Nacional e do Desenvolvimento Regional. Entretanto, a prioridade dele é manter o controle sobre a Codevasf no plano nacional e na Bahia.

Bancada dividida

Vale lembrar que parte da “bancada” de Elmar já tem votado com o governo, sobretudo o deputado Marcinho Oliveira (União). Também seriam a favor da adesão os deputados Júnior Nascimento (União) e Pancadinha (Solidariedade). Prefeririam ficar na oposição os deputados Robinho (União), Manuel Rocha (União) e Emerson Penalva (PDT), que também têm relações próximas com ACM Neto e com o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União).

Contas de Carletto

Presidente do Avante na Bahia, Ronaldo Carletto garantiu à coluna que o partido terá, no início de 2025, 70 prefeitos, quantitativo superior aos 60 eleitos em outubro. “Para nós, seria o ideal, até porque 70 é o número do partido”, brincou. Na segunda (25), a maior parte dos eleitos em outubro pela agremiação se reuniu em um evento organizado pela sigla em Salvador, com a presença de Jerônimo. Na ocasião, a legenda declarou apoio à candidatura de Wilson Andrade (PSB), prefeito de Andaraí, à presidência da UPB.

Voto a voto

O Avante tinha uma candidata à presidência da UPB: Kitty Guimarães, de Taperoá, que abriu mão em favor de Wilson, presente no encontro. Apesar disso, um grupo de 26 prefeitos do partido fechou com Phellipe Brito (PSD), de Ituaçu, que também apareceu no evento e está na disputa há mais tempo pelo comando da entidade municipalista. Integram a “dissidência” os dois principais prefeitos eleitos pelo Avante: Fabrício Abrantes, de Brumado, e Nal Azevedo, de Guanambi.

Encontro casual

Depois de participarem do evento do Avante, Wilson e Phellipe se esbarraram ainda na sede do PP da Bahia, também na segunda (25), onde foram visitar o presidente do partido na Bahia, o deputado federal Mário Negromonte Júnior. O dirigente pepista afirmou aos dois que a Executiva estadual irá se reunir para tratar exclusivamente da UPB. Apesar de o principal fiador da candidatura do prefeito de Andaraí ser da legenda – o prefeito reeleito de Jequié, Zé Cocá – não está descartado o apoio ao postulante do PSD.

Pé quente

Jerônimo Rodrigues virou sinônimo de pé quente em Castro Alves, depois da vitória do time da cidade sobre o Crisópolis pela final do Intermunicipal, em partida à qual o governador fez questão de assistir. O time foi campeão com 17 vitórias e um empate, terminando invicto, performance que chamou a atenção do petista. Quem também saiu prestigiado na vitória do Castro Alves foi o prefeito Thiancle Araújo (PSD).

Desvio do Ônix

Hábito que sempre irritou os petistas e foi abertamente criticado durante a fracassada campanha do grupo à Prefeitura de Salvador, a “tara” do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) por proteção policial para ele e toda a família continua à toda. Ele acaba de deslocar um veículo Ônix preto novinho, emprestado para a Assistência Militar da Vice-Governadoria, para dar apoio ao filho, o deputado estadual Matheus Ferreira (MDB). Pelo visto, a Casa Militar do governador não está sabendo do desvio de finalidade do automóvel ou anda fazendo vistas grossas. O problema é que se continuar comendo mosca assim vai acabar trazendo problemas para Jerônimo. No caso de precisar, o Política Livre fornece a placa policial do Ônix.

Disputa tucana

Bruno Reis ainda nem decidiu criar a Secretaria do Esporte e Lazer, que seria desmembrada da pasta ligada à promoção social, mas a estrutura já é alvo da disputa de dois tucanos: Téo Senna, reeleito em outubro, e Felipe Lucas, que ficou na primeira suplência pelo partido. Felipe já disse que prefere ser secretário a assumir a cadeira de Téo, caso o correligionário vá para o Executivo. A reforma administrativa de Bruno segue em marcha lenta.

Pitacos

*Depois da acirrada campanha eleitoral, Jerônimo, ACM Neto e Bruno Reis se encontraram no maior clima de paz, ontem (27), no lançamento do Aliança Star, nova rede de saúde do Hospital Aliança. Dizem até que o encontro fez chover em Salvador.

* Presidente da UPB, Quinho Tigre (PSD), prefeito de Belo Campo, já decidiu qual será a data da eleição para o comando da entidade no biênio 2025/2026: dia 28 de janeiro.

*  Nos meios políticos, ninguém leva a sério a candidatura do prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), à presidência da UPB. No evento do Avante, na segunda, Ronaldo Carletto ironizou em conversa com aliados: “Nem sabia que estava no páreo”.

* Não anda boa a relação entre os deputados Angelo Coronel Filho e Ivana Braga, do PSD. Ela ficou constrangida ao testemunhar, no aniversário do colega, a candidatura dele à presidência da Assembleia ser abertamente lançada. E o time dele não cansa, nos bastidores, de criticá-la. Agora, é chamada de ‘identitária’.

* Aliás, esse movimento tem ganhado força, inclusive na oposição, embora ainda de forma reservada, e como uma alternativa caso o atual presidente, Adolfo Menezes (PSD), desista de concorrer à reeleição ou seja inviabilizado por conta da jurisprudência do STF.

* Por falar em Adolfo, nesta terça-feira (26) ele se reuniu com Geraldo Júnior, que o visitou na Assembleia. O deputado garante que a pauta com o vice-governador foi pessoal. Em se tratando do personagem em questão, tinha como ser diferente, Adolfo?

* Presidente do MDB da Bahia, Jayme Vieira Lima Filho não quer falar em candidatura a deputado federal tão cedo. Avisou aos mais próximos que não quer este assunto sendo tratado no encontro do partido com os prefeitos eleitos, nesta sexta (29), em Salvador.

* Quem já confirmou presença no encontro do MDB foram os ministros do Transporte, Renan Filho, que é do partido, e da Casa Civil, o Rui Costa (PT), além de Jerônimo e o senador Jaques Wagner (PT).

* O Solidariedade pretende reunir com Jerônimo, ainda em dezembro, os quatro prefeitos eleitos pelo partido em outubro. Presidente da sigla na Bahia, o deputado estadual Luciano Araújo aposta que esse número vai dobrar até o pleito de 2026.

* A Câmara Municipal de Salvador deve entrar em recesso no dia 17 de dezembro, um dia antes da diplomação dos edis eleitos e reeleitos pela Justiça Eleitoral e depois de votar o orçamento da Prefeitura e mais uma leva de projetos apresentados por vereadores.

* O vereador Carlos Muniz (PSD), que preside o Legislativo em Salvador, só quer tratar da composição das comissões técnicas da Casa após o dia 2 de janeiro, quando será reeleito ao cargo. Quer evitar atritos neste momento com os colegas.

Radar do Poder: A nova frente de Rui e Wagner, o up grade do assessorzão, o veto de ACM Neto na Assembleia e o mercadinho de Pombal

radar do poder | 20 novembro 2024

“Bedelho” de Rui

Ministro da Casa Civil, o ex-governador Rui Costa (PT) decidiu “meter o bedelho” na disputa pela União dos Municípios da Bahia (UPB). Nesta semana, se reuniu, em Brasília, com três candidatos ao comando da entidade: os prefeitos reeleitos de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB), de Ituaçu, Phellipe Brito (PSD), e de Itabuna, Augusto Castro (PSD). Aos três, que foram à capital federal participar de um seminário da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), pregou a construção de uma chapa única.

Novo duelo

A coluna apurou, no entanto, que Rui prefere um dos dois nomes do PSD. Ou seja, deve ficar mais uma vez contra os interesses do senador Jaques Wagner (PT), que tem Wilson, de quem é amigo pessoal, como candidato do coração. Os dois ex-governadores disputam nos bastidores espaços na reforma administrativa do governador Jerônimo Rodrigues (PT), tendo como alvos pastas como a Secretaria de Comunicação (Secom), a Casa Civil e a Embasa.

Up grade na moradia

Pelo menos um figurão do governo estadual deu um up grade na moradia neste fim de ano. Segundo fontes do mercado imobiliário, fez uma compra milionária na orla de Salvador pelas bandas de Ondina. Comparando a origem social e a renda mensal do cidadão com a aquisição, é claro que não há como justificá-la. O problema é que o Ministério Público da Bahia parece só se preocupar com questões ambientais.

Primeiro vice

O presidente da Assembleia Legislativa, Adolfo Menezes (PSD), retorna domingo da longa viagem à costa oriental do continente africano descansado para retomar as articulações visando a reeleição ao comando da Casa. Com a recondução consolidada do ponto de vista político, apesar dos questionamentos no âmbito judicial, Adolfo deve trabalhar junto aos colegas e ao governador para evitar um bate-chapa pela primeira vice-presidência. Ele deve se reunir com Jerônimo ainda na semana que vem.

Recuo estratégico

A tendência hoje é que o posto siga com o PT, apesar de haver resistências a isso entre muitos parlamentares, uma vez que os petistas podem acumular muito poder em caso de impedimento de Adolfo. Nomes que antes planejavam disputar a primeira vice-presidência sinalizam um recuo estratégico. A avaliação é que, quando o governador entrar de fato no processo, os aliados irão acatar o entendimento de que a proporcionalidade deve ser respeitada.

Veto de ACM Neto

Um dos cotados para concorrer ao cargo de primeiro vice-presidente da Assembleia, o deputado Niltinho (PP) é um dos que não estão dispostos a enfrentar o governador nessa briga. E mais: ele não teria o apoio da oposição. Segundo apurou a coluna, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) pediu aos aliados no Legislativo estadual que não votem no pepista caso ele seja candidato a substituto de Adolfo. O motivo do veto? A articulação feita por Niltinho para que o PP apoie oficialmente Jerônimo.

Acomodação do oponente

Na eleição para a presidência Assembleia, que acontece em fevereiro de 2025, um adversário de Adolfo pode ser contemplado com uma cadeira na nova Mesa Diretora. O deputado Júnior Nascimento (União), que rivaliza com o atual presidente em Campo Formoso, pode ser alçado a primeiro secretário da Casa. Seria uma forma de tentar acomodar a “bancada” do deputado federal Elmar Nascimento (União), principal oponente de Adolfo, e uma tentativa de evitar questionamentos judiciais à reeleição.

Voto de ouro

Vice na chapa encabeçada pelo presidente do PL baiano, João Roma, na disputa pelo governo da Bahia em 2022, Leonidia Umbelina recebeu apenas 268 votos na eleição deste ano, quando concorreu a uma cadeira na Câmara Municipal de Feira de Santana pelo mesmo partido. Ela foi contemplada com R$84,5 mil do gordo fundo eleitoral da sigla – o limite de gastos era R$98,8 mil. Ou seja, cada voto em Leonidia, que era do PMB quando foi companheira de chapa de Roma, custou cerca de R$300 ao PL.

Faltou critério

Com quase quatro mil votos, o vereador eleito pelo PL em Feira, Marcus Carvalhal, recebeu montante inferior ao destinado à pupila de Roma: R$60,3 mil. O mesmo ocorreu com outros candidatos que acabaram com mais votos, embora não eleitos, a exemplo de Fabiano da Van, Paulo dos Anjos, Netto Dez e Correia Zezito, todos posicionados acima dos dois mil sufrágios. A falta de critérios na distribuição do fundo eleitoral é uma das maiores queixas de todas as alas do PL contra Roma.

Nova prótese

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) passa por procedimento cirúrgico na tarde desta quarta-feira (20), na cidade de São Paulo (SP), para a colocação de uma nova prótese no joelho. A primeira infeccionou, e o emedebista foi obrigado a retirá-la para tratamento com antibiótico até a colocação de uma nova. Acompanhado do irmão Lúcio Vieira Lima, Geddel está internado no Hospital Israelita Albert Einstein. O ex-ministro machucou o joelho depois de complicações de uma artrose.

Busca da unidade

E por falar em MDB, a direção estadual promove, no próximo dia 29, no Hotel Mercury, em Salvador, um encontro com os prefeitos e vices eleitos e reeleitos em outubro. O evento, que visa aperfeiçoar os gestores, terá a presença de ministros do partido, além de Jerônimo. O momento é visto também como uma forma de tentar aproximar o governador dos prefeitos do MDB que apoiaram ACM Neto em 2022. É o caso de Eduardo Hagge, sucessor de Rodrigo Hagge em Itapetinga.

Olho na chapa

O encontro do MDB, que terá a presença dos 32 prefeitos eleitos na Bahia, também será uma forma de mostrar a Jerônimo que o partido deseja seguir na chapa em 2026. “Defendemos o direito à reeleição do atual vice-governador Geraldo Júnior, quadro emedebista, assim como defendemos o direito à reeleição do governador e dos senadores Jaques Wagner e Ângelo Coronel (PSD)”, disse à coluna o presidente estadual da legenda, Jaymme Vieira Lima Filho. Aliados de siglas como o Avante alegam que o MDB não tem tamanho para tal reivindicação.

Roupa suja

Já o PT decidiu adiar o encontro estadual com prefeitos e vices eleitos e reeleitos marcado para outubro e remarcado para novembro. O evento ocorrerá agora em 2025, logo após a posse dos gestores, em data e local em processo de definição. Para este ano, a cúpula petista confirmou a realização de dois seminários, com as bancadas federal (25 de novembro) e estadual (2 de dezembro) do partido. No dia 13 de dezembro, haverá uma reunião do diretório estadual, a última de 2024. Um dos temas será debater o pífio resultado eleitoral em Salvador, no que promete ser uma “lavagem de roupa suja”.

Dívida ativa

Secretária da Fazenda de Salvador, Giovanna Victer abriu uma nova frente de insatisfações com colegas da Prefeitura ao articular a securitização da dívida ativa do município por meio da SalvadorPar, empresa pública que capta recursos do setor privado. Até mesmo o titular da Casa Civil, Luiz Carreira, remanescente da gestão de ACM Neto, anda reclamando, pois estaria sendo deixado de lado nas discussões. Além disso, a Procuradoria Geral do Município (PGM) seria contra a medida.

Mercadinho abonado

Um mercadinho de Ribeira do Pombal, chamado Comercial O Barateiro, já faturou, desde 2021, mais de R$5 milhões com a venda de produtos alimentícios para a Prefeitura local. O detalhe é que o negócio pertence a José Roniele Costa da Silva, mais conhecido como Roni, que é irmão de Lakcelma Costa da Silva, secretária municipal de Saúde e esposa do deputado federal Ricardo Maia (MDB). O prefeito de Pombal é Eriksson Silva (MDB), aliado e sucessor de Maia. Coincidências da política!

Pitacos

* O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), retoma na próxima semana as conversas com aliados sobre as mudanças pontuais que pretende fazer em órgãos do primeiro e segundo escalão.

* Bruno retorna no final desta semana de Londres, na Inglaterra, onde foi participar de um intercâmbio a convite da Fundação Índigo, do União Brasil.

* Prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro (PT), que fez o sucessor, é um dos nomes fortes cotados dentro do governo para assumir um cargo na reforma administrativa de Jerônimo. Ele é muito próximo do governador.

* O PV espera ter o seu lugar ao sol no governo Jerônimo com a reforma administrativa. O presidente estadual da sigla, Ivanilson Gomes, se reuniu na semana passada com o governador e cobrou um espaço para os “verdes” na gestão.

* “Agora acho que sai. Temos boas sugestões de nomes em diversas áreas que podem ajudar o governo”, disse Ivanilson à coluna.

* Na conversa com o dirigente do PV, Jerônimo confirmou presença no encontro que o partido fará com prefeitos eleitos e reeleitos no dia 9 de dezembro, no Rio Vermelho, em Salvador. A legenda saiu do zero para quatro prefeituras.

* Prefeito eleito de Santa Cruz Cabrália, Girlei Lage (PDT) aproveitou o seminário da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) em Brasília, esta semana, para passear de bicicleta nos arredores do Congresso e postar o “feito” nas redes sociais.

* Hoje vereador, Girlei, que anda de bicicleta no dia a dia em Cabrália, tenta passar a mensagem de que vai continuar sendo uma pessoa simples e próxima dos eleitores. Resta saber até quando isso vai durar.

* O prefeito eleito de Itaju do Colônia, Elder Fontes (PSD), se articula para disputar a presidência da Associação dos Municípios do Sul, Extremo Sul e Sudoeste da Bahia (Amurc).

* Elder aproveitou o evento da CNM esta semana, em Brasília, para fazer campanha. Intensificou o diálogo com diversos colegas da região, inclusive o prefeito reeleito de Itabuna, Augusto Castro (PSD).

Radar do Poder: A mea culpa de ACM Neto, Leo Prates de orelha em pé, a acomodação de Quinho e o peso morto de Jerônimo

radar do poder | 13 novembro 2024

Mea culpa

Na entrevista ao PolíticaPod, na segunda (11), ACM Neto reconheceu que cometeu equívocos na eleição de 2022, quando perdeu para o governador Jerônimo Rodrigues (PT). Disse que errou ao firmar uma aliança com tantos partidos (13) e na organização da agenda de viagens. Sobre a escolha pela empresária Ana Coelho (Republicanos) como vice, o que é apontado por aliados como um dos fatores para a derrota, admitiu apenas que não deveria ter anunciado o complemento da chapa de última hora.

Roma esquecido

Embora seja o candidato natural da oposição para concorrer ao governo da Bahia novamente em 2026, ACM Neto citou, na entrevista ao podcast do Política Livre, outros três nomes que também poderiam encabeçar ou compor a chapa: os prefeitos de Salvador, Bruno Reis (União), de Jequié, Zé Cocá (PP), e de Itapetinga, Rodrigo Hagge (MDB). Não fez qualquer menção espontânea ao presidente do PL baiano, João Roma, que, agora aliado de Bruno, tem dito que é pré-candidato.

Orelha em pé

As especulações de que Bruno Reis pode ser candidato em 2026 deixam o deputado federal Leo Prates (PDT) de orelha em pé. Pessoas próximas do pedetista garantem que o prefeito prometeu completar o segundo mandato. Caso isso não ocorra, a vice Ana Paula Matos (PDT) assume a titularidade na condição de forte candidata à reeleição em 2028. Leo tem dito no meio político que Bruno prometeu apoiá-lo em 2028. Para isso, deve, inclusive, assumir uma secretaria de peso na segunda metade do novo governo.

Festa surpresa

Na segunda (11), durante uma festa surpresa no Palácio Thomé de Souza para comemorar o aniversário de Ana Paula, o prefeito de Salvador fez uma observação que para muitos soou como um sinal do que pode ocorrer em 2026 ou 2028. Na presença de vereadores, inclusive do presidente da Câmara Municipal, Carlos Muniz (PSDB), de lideranças e de todo o staff da Prefeitura, Bruno ressaltou a força da vice. “Olha quanta gente. Ana está com prestígio mesmo. Ou vocês estão pensando no futuro?”, brincou.

Esperou a ligação

Já os elogios de ACM Neto a Zé Cocá são vistos como uma estratégia de tentar segurar o PP na oposição. Considerado um dos erros estratégicos do governador na eleição municipal, a ida de Jerônimo a Jequié na reta final da disputa, quando subiu no palanque do adversário Alexandre Iosseff (PSD) – que terminou com apenas 8,3% dos votos válidos – pesa a favor do movimento de Neto, mesmo o ex-prefeito de Salvador tendo ignorado Cocá depois do pleito de 2022 e ao longo de todo o ano de 2023.

O padrinho sou eu

Vale lembrar que, apesar do expressivo resultado eleitoral deste ano, quando Zé Cocá demonstrou força ao ser reeleito com quase 92% dos votos sem precisar do apoio de caciques da política baiana, ACM Neto perdeu para Jerônimo em Jequié na eleição de 2022. Também foi derrotado em toda a microrregião onde Cocá tonalizou a musculatura e se cacifou como um player importante para 2026. O pepista teve influência direta na vitória de aliados em 17 municípios.

Espumas na UPB

Candidato à presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB), Wilson Cardoso (PSB), prefeito de Andaraí, se reuniu esta semana com o atual comandante da instituição, Quinho (PSD), gestor de Belo Campo, e avisou que quer chefiar a entidade por quatro anos, e não por dois. Ou seja, antes mesmo de vencer, já disse que é candidato à reeleição. Wilson disse que precisa de dois anos para “arrumar a casa” e mais dois para colocar os projetos que tem em prática. Em respeito aos ‘mais velhos’, Quinho ouviu em silêncio, mas, após o encontro, espumou de raiva.

Confiança em alta

Wilson, que já tentou ser presidente da UPB em duas ocasiões, está com a confiança em alta porque tem o apoio de Zé Cocá e uma relação próxima com o senador Jaques Wagner (PT), de quem é amigo pessoal. Quinho, por sua vez, tende a apoiar a candidatura do prefeito de Ituaçu, Phellipe Brito (PSD), com quem também se reuniu esta semana. Os dois postulantes também estiveram nesta terça (13) na Assembleia, onde oportunamente deram coletivas aproveitando a presença da imprensa.

Acomodar Quinho

Por falar em Quinho, ele virou uma opção para comandar a Secretaria de Desenvolvimento Urbano. O governador tem emitido sinais de que quer mexer na pasta na reforma administrativa. A titular Jusmari Oliveira (PSD) tem um desempenho questionado. A mudança não alteraria o espaço do PSD, acomodaria Quinho – cuja liderança municipalista é apreciada por Jerônimo – e até mesmo Jusmari, que reassumiria o mandato na Assembleia em janeiro. Falta alinhar com o senador Otto Alencar, presidente da sigla na Bahia.

Projeto Conquista

O PSD tem interesse em manter Quinho em evidência. O projeto do partido é viabilizar a candidatura do atual presidente da UPB à Prefeitura de Vitória da Conquista em 2028. Na eleição deste ano, o prefeito de Belo Campo, além de eleger o sucessor, Neto Fidélis (PSD), também emplacou a esposa Leia de Quinho (PSD) como a segunda mais bem votada para uma cadeira na Câmara Municipal da Suíça baiana. Quem não gosta nada da ideia é o PT, que pode criar resistências a ter o presidente da UPB no governo.

Governador constrangido

Outro que Jerônimo quer tirar na reforma administrativa é o chefe da Casa Civil, Afonso Florence (PT). Só que Afonso se nega a sair e tem constrangido Jerônimo, que estaria sem coragem de demitir o aliado e deputado federal licenciado.

No Chile

O vice-governador da Bahia, Geraldo Jr. (MDB), candidato derrotado à Prefeitura de Salvador, resolveu tirar uns dias de descanso no Chile. Ele foi visto embarcando em plena segunda (11) no Aeroporto Internacional Deputado Luis Eduardo Magalhães rumo ao país andino quase sob disfarce. Mas a Radar do Poder soube por um viajante que estava na mesma fila e registrou o momento, impressionando com a profusão de malas e bolsas Louis Vuitton do vice-casal e de uma dupla que o acompanhava.

Peso morto

Geraldo Júnior, por sinal, decidiu não reivindicar nada na reforma administrativa de Jerônimo. Ao contrário do que fez na montagem inicial do governo, quando tentou abdicar para si a indicação do secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, e perdeu a queda de braço dentro do próprio partido, dessa vez decidiu ficar quietinho. Nem sugestões tem dado, convicto de que o desprestígio lhe caiu sobre a alma depois do fiasco eleitoral em Salvador. Virou um “peso morto” nas articulações políticas do Executivo estadual.

Boatos afastados

Ao participar de mais um curso de aperfeiçoamento na área em que atua, na semana passada, em São Paulo (SP), o secretário de Mobilidade de Salvador, Fabrizzio Muller, afastou os boatos internos de que pode deixar, por decisão própria, o cargo na reforma administrativa de Bruno Reis. O subsecretário da pasta, Kaio Moraes, que é uma espécie de “coringa” na estrutura municipal desde o governo de ACM Neto, seguiu o exemplo ao participar, também na semana passada, de um congresso em Aracaju (SE).

Federal de Andrei

Na semana passada, a coluna informou que o deputado estadual Roberto Carlos (PV) seria, em 2026, o candidato a deputado federal apoiado pelo prefeito eleito de Juazeiro, Andrei Gonçalves (MDB). Entretanto, até mesmo diante da relutância do “verde” em aceitar a missão, o nome mais forte para entrar na disputa é o do deputado estadual Zó do Sertão (PCdoB), a primeira liderança de peso no campo da esquerda no município a declarar apoio a Andrei. Zó já disse que topa e começa a se articular.

Pitacos

* Porto Seguro e Eunápolis deram votos a diversos deputados, estaduais e federais. E são os dois municípios com maior índice de violência, inclusive invasões de terras produtivas. Porém, ainda não obtiveram retorno de seus representantes.

* Diante da situação em que se encontra a região, líder do turismo na Bahia, seria de se esperar o mínimo de preocupação dessa turma, que parece mais preocupada em curtir as “férias” do período pós-eleitoral do que em trabalhar de fato.

* Bruno Reis e os prefeitos eleitos ou reeleitos de Feira de Santana, José Ronaldo, e de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, embarcam no final desta semana para Londres, na Inglaterra, para um intercâmbio a convite do partido deles, o União Brasil.

* A informação sobre a viagem já havia sido antecipada pelo Política Livre na semana passada. Foram convidados vitoriosos da sigla nas eleições deste ano em cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes. ACM Neto acompanha o grupo.

* De fora da viagem a Londres, o prefeito eleito de Ilhéus, Valderico Júnior (União) disse que pretende fazer uma administração inspirada na gestão de ACM Neto em Salvador, marcada por uma “visão inovadora”.

* “O governo Jerônimo será marcado como o que mais endividou a Bahia, pois até agora não vemos outra”, diz o líder da oposição na Assembleia, Alan Sanches (União), sobre o 15º empréstimo aprovado pela Casa a pedido do Executivo.

* Wilson Cardoso (PSB), prefeito de Andaraí e candidato à presidência da UPB, chamou os jornalistas na Assembleia para anunciar a criação de um espaço decente para a imprensa na sede da entidade. Certamente ganhou muitos votos.

* E ainda sobre a UPB, o maior estimulador da candidatura do prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), ao comando da entidade é o deputado federal Paulo Magalhães (PSD).

* O PL contratou o advogado José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff (PT), para a defesa do prefeito reeleito de Porto Seguro, Jânio Natal, filiado à sigla, no processo que pede a cassação do registro da candidatura.

* A ação, movida pela coligação derrotada, encabeçada pela deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD), pede a cassação alegando que Jânio disputou a segunda reeleição, pois venceu em Belmonte em 2016 e foi diplomado, embora sem tomar posse.

Radar do Poder: A marcha por Coronel, a hegemonia de Lucas Reis, a solução Aleluia para o PL e os escudos de Adolfo

radar do poder | 06 novembro 2024

Coronel na chapa

Prefeitos da base do Executivo estadual, de diversas regiões da Bahia, planejam iniciar um movimento para defender a permanência do senador Angelo Coronel (PSD) na chapa encabeçada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) em 2026. A ideia surgiu entre gestores do próprio PSD, partido do senador que comanda o maior número de prefeituras na Bahia, mas já se ampliou para outras siglas. Presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) em vias de bater em retirada, o prefeito de Belo Campo, Quinho (PSD), apoia a ideia.

Senador municipalista

Coronel tem a simpatia dos prefeitos por ser um senador municipalista. Além disso, ele é atualmente o relator do Orçamento Geral da União (OGU). O pleito de 2024 mostrou que as chamadas emendas PIX garantiram a reeleição de muitos gestores. Resta saber se a mobilização vai convencer o PT, que enxerga Coronel como provável vice de Jerônimo, enquanto as duas vagas ao Senado seriam disputadas pelo senador Jaques Wagner e pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, caciques petistas. “Não tem como impedir a formação de uma chapa com três governadores. É imbatível”, avalia um influente deputado do PT.

Campanha em Brasília

Candidatos à presidência da UPB se encontram nos dias 18 e 19 de novembro, em Brasília, no evento organizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) para prefeitos eleitos e reeleitos do Nordeste do país. Será o momento em que estarão em campanha aberta para o comando da entidade. Na disputa, os prefeitos de Ituaçu, Phellipe Brito (PSD), de Andaraí, Wilson Andrade (PSB), e de Medeiros Neto, Beto Pinto (MDB), já confirmaram presença.

Pé na estrada

Candidato de Lucas Reis (PT), chefe de Gabinete do senador Jaques Wagner (PT), Phellipe tem percorrido a Bahia inteira em busca de apoios na eleição para a UPB. No final de semana, esteve no extremo-sul com o prefeito de Porto Seguro, Jânio Natal (PL), e outros gestores municipais da região. Garante já contar com o aval de quase 170 colegas eleitos ou reeleitos em outubro e deve receber o apoio de Quinho, atual prefeito da entidade, que está em viagem com a família na Europa.

Poder absoluto

Aliás, deputados e outros políticos do grupo governista puderam sentir o poder decisório e de influência de Lucas Reis, que é candidato a deputado federal em 2026, no segundo turno da campanha de Luiz Caetano (PT) à Prefeitura de Camaçari. Tudo, absolutamente tudo, passou por ele, disse à coluna um empresário que tentou se aproximar, sem sucesso, do prefeito eleito na segunda etapa do processo eleitoral.

Escudo para Adolfo

Há duas teses engraçadas na Assembleia Legislativa sobre o vice ideal na chapa à reeleição do comandante da Casa, Adolfo Menezes (PSD). A primeira: o melhor nome é o do deputado Tiago Correia (PSDB) – assim, Jerônimo e os caciques governistas iriam atuar fortemente para evitar uma eventual queda do presidente pelo STF para impedir que a oposição assuma o posto. A segunda: o escolhido deve ser o deputado petista Rosemberg Pinto – assim, a oposição e até mesmo as siglas da base tentariam evitar a todo custo que o PT controlasse a Casa.

De praxe, mas…

Vale lembrar que é de praxe na Assembleia que o primeiro vice-presidente que assumir o comando da Casa por qualquer impedimento do titular convoque uma nova eleição para o cargo em até 30 dias. Mas isso não está escrito em lugar algum. Em 1986, o deputado Filemon Matos assumiu a presidência com a ida de Faustino Lima para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e não convocou nova eleição, permanecendo no posto até o início de 1987. O que ninguém tira é que o primeiro vice pode concorrer ao comando do Legislativo já com a caneta na mão.

Paulo Jackson

O PT estuda oferecer à oposição o comando da Fundação Paulo Jackson, que controla a TV Assembleia, para que a bancada apoie Rosemberg ao cargo de primeiro vice-presidente. A entidade já foi controlada pela minoria. Recentemente, já foram presidentes o advogado Igor Dominguez, atual assessor especial do prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), e o jornalista Pacheco Maia, ex-secretário de Comunicação do antecessor ACM Neto (União). Quem está no posto hoje é Michele Gramacho, filha da prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT).

Gabinete dividido

Suplente, a deputada estadual Jusmari Oliveira (PSD) teria decidido não assumir o mandato após a eleição do colega Eures Ribeiro (PSD) como prefeito de Bom Jesus da Lapa. Segundo apurou a coluna, ela já teria negociado a divisão dos cargos do gabinete com o segundo suplente, Marcone Amaral, ex-prefeito de Itajuípe, ficando com 70%. Caso Jusmari assumisse, Marcone seria nomeado para uma assessoria na própria Sedur. Ontem (05), Eures confirmou ao Política Livre que vai assumir a prefeitura (veja aqui).

Contraofensiva de Roma

A decisão do presidente do PL da Bahia, João Roma, de abrir processo disciplinar que pode resultar na expulsão dos deputados estaduais do partido – Diego Castro, Vitor Azevedo e Raimundinho da JR – foi mais uma retaliação do ex-ministro às críticas de que foi alvo em Brasília junto ao comandante nacional da legenda, Valdemar Costa Neto. Lideranças da sigla no Estado, com e sem mandato, ideológicas e pragmáticas, pediram a cabeça do ex-ministro por conta do pífio desempenho nas eleições municipais.

Solução Aleluia

A Valdemar Costa Neto, foi sugerido, inclusive, que o partido na Bahia passasse a ser capitaneado por José Carlos Aleluia. Pai do vereador de Salvador Alexandre Aleluia, outro que não gosta de Roma, o ex-deputado federal apoiou Jair Bolsonaro (PL) e é conservador, porém visto também como um político com experiência e habilidade para tirar o PL baiano do buraco pela ala do partido que é próxima ao governo. Ele hoje é filiado ao União Brasil.

Balaio de gato

João Roma, que buscou a ajuda do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para minimizar o risco de perder o controle da legenda na Bahia, aceitou abrir processo disciplinar porque os três deputados estariam desrespeitando normas partidárias. No caso de Vitor e Raimundinho, isso é bem evidente, pois eles são da base de Jerônimo. A mesma postura não foi adotada, porém, em relação ao deputado federal Jonga Bacelar (PL), que apoia o presidente Lula (PT). Ou até mesmo contra a esposa do dirigente, a deputada federal Roberta Roma (PL), eleita em 2022 “casando” votos com petistas pelo interior. No caso de Jonga, o que se diz é que Roma sabe onde o boi arromba a cerca.

Prêmio por apoio

A ex-deputada estadual Mirela Macedo (União) deve ser a secretária de Saúde de Lauro de Freitas na gestão da prefeita eleita Débora Régis (União), conforme acordo firmado para que o empresário Teobaldo Costa (União) retirasse a candidatura no pleito deste ano. Como já mostrou a coluna, Mirela pretende tentar retornar à Assembleia em 2026. Ela espera contar com o apoio de Débora, assim como o deputado Pedro Tavares (União) e o prefeito de Camaçari, Antonio Elinaldo (União), que estarão na disputa.

Pela culatra

A possibilidade de o prefeito de Luis Eduardo Magalhães, Júnior Marabá (PP), ser candidato a deputado federal em 2026 desagradou o jovem Luiz Eduardo Guinle, sobrinho do empresário Luis Eduardo Magalhães, que pretende concorrer ao mesmo posto. Guinle esperava contar com o apoio de Marabá, tanto que já se reuniu com o prefeito em diversas ocasiões. Reeleito este ano, o pepista tem dito a aliados que são fortes as chances de concorrer.

Líder fortalecido

Candidato a deputado federal em 2026, o líder da oposição na Assembleia, Alan Sanches (União), saiu fortalecido das eleições municipais. Além da reeleição do filho Duda Sanches (União) como vereador de Salvador, o parlamentar manteve ou emplacou aliados em oito municípios, incluindo Santo Antônio de Jesus. Na capital, também apoiou para a Câmara Municipal o vereador Marcelo Maia (DC), o ex-vereador Demétrio Oliveira (União) e as lideranças Alex Mine (União) e Sônia Bievenido (União), que, no entanto, não tiveram êxito.

Pitacos

* Os deputados da federação formada por PT, PCdoB e PV se reúnem na próxima terça (12) para formalizar apoio à reeleição do deputado Adolfo Menezes (PSD) à presidência da Assembleia e tratar dos demais cargos da Mesa Diretora.

* Caso o deputado Rosemberg Pinto seja candidato a primeiro vice-presidente da Assembleia, o favorito para assumir a liderança da base do governo é o deputado Robinson Almeida (PT), o que a oposição, em privado, diz que será ‘uma delícia’.

* Por falar em Adolfo, que fez aniversário esta semana e contou com a presença, em festa surpresa, até do governador, ele tem demonstrado que dialoga com todas as forças políticas da Bahia. Esta semana, por exemplo, esteve reunido com João Roma.

* O deputado estadual Roberto Carlos (PV) tem feito as contas para decidir se será candidato a federal em 2026 ou se vai disputar a reeleição. Prefeito eleito de Juazeiro, Andrei Gonçalves (MDB) quer que o “verde” concorra a uma cadeira na Câmara.

* O deputado estadual Pedro Tavares (União) garante que não ficou com ciúmes do encontro entre o colega Diego Castro (PL) e o prefeito eleito de Ilhéus, Valderico Júnior (União). Tem convicção na fidelidade do aliado para 2026.

* A vereadora de Salvador Débora Santana (PDT) tem se oferecido para ser a secretária de Saúde no segundo governo de Bruno Reis. Como diz o ditado, “quem não chora, não mama”.

* No Halloween, o vereador eleito Omar Gordilho (PDT) compareceu a evento fantasiado dele mesmo, ou seja, do personagem Buzz Lightyear, da animação Toy Story, da Disney.

* Prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (MDB) descartou assumir uma secretaria no governo do sucessor José Ronaldo (União). Ele admitiu, no entanto, que vai colaborar com indicações para a gestão.

* Na campanha, José Ronaldo fez de tudo para esconder Colbert, diante do desgaste do emedebista. Passada a eleição, no entanto, o prefeito eleito tem defendido até o nome do aliado para deputado federal.

* Presidente de honra do MDB, Lúcio Vieira Lima convidou o prefeito de Itacaré, Antonio de Anízio (PT), a se filiar ao ninho emedebista. O petista elegeu o sucessor no pleito deste ano e pretende concorrer a deputado estadual em 2026.