3 novembro 2024
Ex-presidente do PL Mulher na Bahia, Kátia Bacelar, irmã do deputado federal Jonga Bacelar, outro filiado ao partido, não ficou satisfeita com o desempenho do partido nas eleições deste ano na Bahia. Em conversa com o Política Livre, ela fez um desabafo, e revelou que conversou com o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, sobre o momento da legenda, que cresceu no Nordeste, mas minguou em solo baiano, como já mostrou o site.
“Foi um fiasco total na eleição. O partido está destruído aqui. Só tivemos um prefeito, mesmo assim reeleito, que foi Jânio Natal (Porto Seguro). Fizemos pouquíssimos vereadores, inclusive nas grandes cidades. Hoje, somos nanicos, comparados ao DC, ao Novo, ao PRD, mesmo tendo maior fundo eleitoral. Achei isso um absurdo. Falei ontem com Valdemar ao telefone, e ele não tem a menor culpa disso. A culpa é de quem conduz o partido na Bahia, que deixa os projetos pessoais acima dos interesses partidários”, declarou Kátia.
Ela lembrou que o PL venceu a eleição no primeiro turno em Maceió (AL), com João Henrique Caldas, e terá nomes competindo no segundo turno em Aracaju (SE), João Pessoal (PB) e Fortaleza (CE). No Maranhão, o PL foi a sigla com o maior número de prefeitos eleitos, com 40. No Rio Grande do Norte, foram 14. Isso demonstraria que a tese de que a legenda bolsonarista enfrenta dificuldades na região por conta da força do PT e do presidente Lula não serve para justificar o péssimo desempenho na Bahia.
“Se (o ex-deputado federal) José Carlos Araújo (que já comandou o PL baiano e hoje está no PDT) deixou o partido morrer, o atual presidente (João Roma) enterrou. O absurdo está acontecendo. Até mesmo na eleição proporcional. Embora tenha conseguido eleger vereadores em algumas cidades-chaves, como Salvador, Itabuna e Juazeiro, o número de cadeiras conquistas foi bem inferior ao de outros partidos muito menores”, salientou Kátia.
Ela também considerou o desempenho do partido em Salvador como ruim, com a eleição de apenas dois vereadores – Alexandre Aleluia e Cézar Leite -, e frisou que em Itabuna e Juazeiro a sigla conquistou apenas uma cadeira no Legislativo de cada cidade, sendo “ofuscado por partidos como o Republicanos e o PSD”.
Vale frisar que, no caso de Itabuna, o PL teve candidato a prefeito, Chico França, o quarto colocado na disputa. Em Teixeira de Freitas, o cenário foi ainda pior. Lá, o partido lançou a candidatura de Coronel França, outro que ficou apenas na quarta colocação, e não conseguiu eleger nenhum vereador.
“Esses resultados indicam que, apesar de o PL ter uma forte liderança nacional e ter ampliado sua base em outros estados, ainda enfrenta desafios na Bahia. A situação sugere que o partido precisa de estratégias, e não houve nenhuma, mais eficazes para se conectar com o eleitorado e competir com legendas mais consolidadas no Estado, como o PT, PP e o União Brasil”, concluiu Kátia, que é segunda suplente da sigla na Assembleia Legislativa.
Em 2020, o PL saiu das urnas na Bahia com 20 prefeitos eleitos. Parte da legenda integra hoje a base do governo do Estado, enquanto a outra segue a cartilha bolsonarista.
Política Livre