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Maturino foi condecorado com o título de cidadão de Salvador pela Câmara de Salvador, proposto pelo vereador Luiz Carlos 20 de novembro de 2019 | 16:35

Prestígio de falso cônsul, preso na Operação Faroeste, com políticos baianos e OAB chama atenção

bahia

Não passou despercebido a relação de prestígio que o falso cônsul de Guiné-Bissau, Adailton Maturino, preso na Operação Faroeste por aquele que é reportado como o maior caso de grilagem da história do país, nutria com políticos baianos e com a Ordem dos Advogados do Brasil.

Maturino, que, seugndo a Operação Faroeste, fez fortuna no Oeste da Bahia a partir de 2015, quando uma área de 366 mil hectares, equivalente a cinco vezes o tamanho de Salvador, foi passada ao borracheiro José Valter Dias e a esposa Ildenir Gonçalves Dias por meio de uma portaria administrativa do Tribunal de Justiça, foi condecorado com o título de cidadão de Salvador pela Câmara Municipal, proposto pelo vereador Luiz Carlos (PRB), com votos contrários apenas da oposição.

Ainda, durante à concessão do Título de Cidadão Soteropolitano ao Embaixador de Angola, Nelson Manuel Cosme, há dois anos, em sessão também de autoria de Luiz Carlos, Maturino foi um dos que compuseram à mesa, ao lado do deputado federal Márcio Marinho e da então Secretária Municipal da Reparação, Ivete Sacramento, demonstrando o bom trânsito que possuía na Casa e com o vereador republicano.

Aliado a isso, um acordo de cooperação com juristas e diplomatas da Guiné-Bissau para fortalecimento da democracia das duas nações foi assinado pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Claudio Lamachia. “É um acordo que envolve a consolidação e o fortalecimento da democracia e do Estado Democrático de Direito nas duas nações, sem descuidar de outros temas de mesma importância como é o dos direitos fundamentais e humanos, por exemplo.

Desde já estamos à inteira disposição de nossos colegas da Guiné-Bissau para uma cooperação que possa somar às duas instituições e aos dois países”, disse Lamachia em 2017. O detalhe ficou por conta de o país africano ter sido representado na ocasião pela embaixadora da República de Guiné-Bissau no Brasil, Eugênia Saldanha e, dentre outras personalidades, pelo o cônsul honorário de Guiné-Bissau em Salvador, Adailton Maturino, que seria irmão de um vereador de Camaçari, Niltinho do PR.

Outro motivo de prestígio do suposto representante estrangeiro, conforme o site Pauta Judicial, era a amizade existente entre o jurista piauiense Marcus Vinicius Furtado Coêlho, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil com Maturino. Em julho deste ano, inclusive, teria ocorrido um encontro entre eles, que contou ainda com a presença de advogado Juarez Chaves Filho, presidente da Comissão de Precatórios da OAB-PI.

Como reforço, vale ressaltar que a operação levou ontem ao afastamento do presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ), Gesivaldo Britto. Além de Britto, os desembargadores Maria da Graça Osório Pimentel Leal, Maria do Socorro Barreto e José Olegário Caldas e os juízes Marivalda Almeida Moutinho e Sérgio Humberto Sampaio foram afastados do cargo pelo STJ. A medida, válida por 90 dias, foi determinada por Og Fernandes a pedido do Ministério Público Federal (MPF).

Quatro pessoas foram presas em caráter temporário de cinco dias. Além de Maturino; sua esposa, Geciane Maturino; Antônio Roque do Nascimento Neves, secretário judiciário do TJ e principal assessor de Gesivaldo Britto; Márcio Duarte Miranda, advogado e genro da desembargadora Maria do Socorro. A detenção, de acordo o STJ, foi decretada “porque, nas palavras do MPF, eles compõem o núcleo duro da dinâmica de avanço da corrupção sobre o Poder Judiciário baiano, bem como coordenação e materialização de todo o fluxo de recebimento e movimentação de recursos financeiros de origem criminosa, capitalizados pela organização”.

Fernanda Chagas
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