Foto: Divulgação/TJ-BA
Na imagem, desembargador Baltazar Miranda Saraiva 04 de fevereiro de 2020 | 11:42

Em interceptação da PF, ex-presidente acusa desembargador de ter furtado medalhas do TJ

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Em uma das interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Faroeste, o desembargador Gesilvado Brito, na época presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, aparece acusando o colega Baltazar Miranda Saraiva de ter furtado duas medalhas comemorativas da Corte.

Na conversa com o desembargador Nilson Castelo Branco, Gesilvado prometeu, ainda, instaurar uma sindicância para Baltazar responder pelo fato, classificando o furto como “grave”. “Duas medalhas sumiram e ele [Baltazar] saiu com a caixa na mão”, disse o ex-presidente do TJ.

O furto das medalhas chegou a ser noticiado pela imprensa baiana, bem como a decisão de Gesivaldo de abrir a investigação, por meio de uma comissão para a qual foram designados três desembargadores, mas sem qualquer referência às suspeitas do presidente do Tribunal de que o colega estivesse por trás do sumiço das peças.

Baltazar surge na conversa porque Gesivaldo também suspeitava que ele seria um dos colegas que estaria por trás da publicação de uma nota, na revista Veja, denunciando viagem que o casal de magistrados Maurício e Patrícia Kertzman (ele desembargador e ela juiza do TRE) fariam para um curso nos EUA, bancados pelo TJ.

A Operação Faroeste investiga esquema de grilagem de terras no Oeste da Bahia por meio de supostas vendas de sentenças e tráfico de influência entre desembargadores, advogados, grileiros e empresários.

Leia abaixo novos trechos da conversa obtida com exclusividade por este Política Livre:

Gesivaldo: É, agora; e tem uma coisa, e tem uma coisa, ele (Baltazar) furtou duas medalhas lá.

Nilson: Você me disse.

Gesivaldo: Entendeu? Eu, eu, eu vou ter que instaurar sindicância pra ele responder. Isso que é, isso é que é grave.

Nilson: É.

Gesivaldo: Entendeu? O pessoal não tá dizendo, e coisa e tal, mas duas medalhas sumiram e ele saiu com a caixa na mão, entendeu?

Em outro trecho obtido por este Política Livre, uma interceptação revelou articulação de Gesivaldo para escolher o advogado Gildásio Rodrigues Alves desembargador, operação malograda com a deflagração da Operação Faroeste, que o afastou do comando do Tribunal.

Mateus Soares
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