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Dauster deixou o governo ontem, depois de despachar até à tarde, como se ele próprio não soubesse que seria demitido 05 de junho de 2020 | 12:31

Inesperada, saída de Dauster abre especulações que vão de virtual ação da PF a problema com respiradores e candidatura a prefeito

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Considerada absolutamente inesperada, a saída de Bruno Dauster da chefia da Casa Civil do governador Rui Costa (PT), ontem, no prazo final de desincompatibilização para quem vai concorrer a cargos executivos nestas eleições, foi suficiente para produzir o maior conjunto de especulações sobre o governo baiano de que se tem notícias.

Colhida pela notícia da exoneração de Dauster com absoluta surpresa, a classe política, especialmente deputados da base do governador, eram os mais alvoraçados com a situação do ex-secretário, que era considerado, até momentos antes da saída, braço-direito de Rui, apesar de ter feito mais inimigos do que amigos na administração estadual.

Para completar o cenário de completa confusão, o secretário participou de atividades administrativas ontem até à tarde, sem dar quaisquer sinais de que pretendia se desligar da função, como se, ele próprio, não soubesse que, no princípio da noite, tivesse que tomar uma decisão de grande impacto tanto pessoal quanto no âmbito do governo.

“Soube agora. Por que saíram?”, questionou, espantando, um deputado federal da base ao ser questionado, ainda ontem à noite, sobre a notícia da desincompatibilização, referindo-se à exoneração também, no mesmo pacote, de Cibele Carvalho, secretária de Relações Institucionais, totalmente ofuscada pelo desligamento de Dauster.

Cibele justificou a decisão alegando que concorrerá à Prefeitura de Rafael Jambeiro, mas parlamentares que haviam despachado ou tratado com ela na última semana disseram não terem sido igualmente informados antes. O caso Dauster, no entanto, foi tão forte que especulações sobre o desligamento continuavam com intensidade esta manhã.

Alguns deputados chegaram a atribuir a uma repentina decisão de Rui de jogá-lo na disputa sucessória em Salvador, até numa posição de cabeça da chapa, embora este Política Livre tenha apurado que ele não está filiado ao PT nem a outro partido da base nem leve jeito, na avaliação de colegas de governo e de políticos, para missões políticas.

“Fui pego de surpresa”, disse um membro da direção do PT ao ser questionado sobre a hipótese de ele sair candidato, levando na vice a major Denice Santiago, hoje nome do partido, especulação que teria ganho força entre aqueles que defendem a tese de opção política. Os questionamentos, entretanto, não se restringiram a esta hipótese.

Houve quem dissesse que Rui poderia ter responsabilizado Dauster pelos erros que levaram à tentativa de aquisição de respiradores para o Consórcio Nordeste que não se concretizaram e acabaram levando à deflagração de uma Operação pela Polícia Civil que resultou na prisão de três pessoas e numa ampla lista de investigados.

Irritado com a situação, o governador teria decidido emitir o bilhete azul para o auxiliar. A outra especulação é de que Dauster pode ter se tornado alvo de novo da Polícia Federal, que cumpriu contra ele mandados de busca e apreensão numa Operação denominada Cartão Vermelho, realizada em fevereiro de 2018.

Na época, foram alvo também o senador Jaques Wagner e o empresário Carlos Daltro. Para alguns parlamentares, Rui pode ter decidido determinar o afastamento do colaborador para não atrair a PF contra seu governo, principalmente neste momento em que o presidente Jair Bolsonaro decidiu usar a instituição contra adversários.

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