Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado/Arquivo
Na imagem, o senador Jaques Wagner, do PT 21 de julho de 2020 | 09:46

Wagner defende reestruturação da segurança pública, nega ‘bolsonarização’ e prevê vitória de Denice no 1º turno

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O senador Jaques Wagner (PT) defendeu, em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia divulgada nesta terça-feira (21), um novo modelo de segurança pública ao ser questionado sobre a tese de desmilitarização da Polícia Militar. O parlamentar petista avaliou que, internacionalmente, outros países adotaram modelos diferentes para manter a segurança do cidadão, seguindo protocolos distintos.

O ex-governador exemplificou fazendo um paralelo com o modelo adotado pelos norte-americanos. “Muitos levantaram essa tese (da desmilitarização da PM) e não prosperou. Não conheço, para dizer franco, a história do mundo inteiro. Mas, por exemplo, nos Estados Unidos tem Polícia Militar? Não tem. Tem Exército, Marinha e Aeronáutica cuja função é constitucional”, destacou.

“Só tem sargento, coronel e capitão nas Forças Armadas. E as polícias que cuidam de segurança pública, cujo treinamento é diferente, a estrutura é outra. É o FBI, a Polícia de Nova York. A estrutura é diferente completamente. Nós aqui no Brasil, no tempo do Império, criamos isso”, disse.

“A Polícia Militar da Bahia foi criada em 1825. Nós ainda éramos Império, com Dom Pedro. Foi uma necessidade local que se criou isso. E não se modernizou. Então, é óbvio, a estrutura é essa. Mas, na minha opinião, não é a melhor estrutura para oferecer segurança pública”, contou Wagner.

Ele defendeu um novo modelo de segurança. “Você tem uma PM, uma Polícia Civil e uma Polícia Técnica. Isso tudo em segurança pública deveria ser ‘uma’, entendeu? Essa é que é a verdade. Agora, você sabe uma tradição que vai fazer daqui a pouco 200 anos, do tempo da independência do Brasil praticamente, não é simples para se modificar”.

Em Salvador, o PT vai lançar o nome da major Denice Santiago, ex-comandante da Ronda Maria da Penha. O nome dela é vista com receio entre os militantes mais radicais, que não são muito simpáticos à PM. Segundo o jornal, Wagner, por sua vez, foi alçado ao posto de liderar o processo e representar o PT na construção com as direções partidárias de partidos da base aliada, o que ele nega. “Não estou diretamente. Ela é uma das candidatas do governador Rui Costa. É uma candidata do PT e o PT negociando para montar a sua vice”, explicou.

Ao impresso, o senador disse que “não tem dados objetivos” para comentar a tese de que a PM esteja cada vez mais “bolsonarista”. “Começa-se a inventar uma tese. Ficam repetindo 10 mil vezes para ver se vira verdade. Qualquer corporação quer se sentir valorizada. E, evidentemente, por ser Polícia Militar, podem enxergar nele [Bolsonaro] um cidadão que valoriza a Polícia Militar”, ressaltou.

“Porque a função da Polícia Militar é muito delicada. Você trabalha no mundo do crime”, comentou, emendando: “É óbvio que tem policiais bons, alguns não cumprem a sua missão, mas a maioria cumpre. Mas não é fácil você sair de casa podendo não voltar. Acho que nesse sentido eles podem se achar valorizados por alguém que é do mesmo segmento que ele”.

“Mas não acho que há ‘bolsonarização’ da Polícia Militar. Eles estão interessados em coisas objetivas: profissionalização, valorização e melhores condições de trabalho. Acredito que nós do PT, desde que entramos, a diferença é da água para o vinho do que eles tinham de condição trabalho e mesmo salarial com o que tem agora. Melhorou muito”.

Wagner também acredita na vitória de Denice ainda no primeiro turno. “Acho que a gente pode ganhar no primeiro, porque acho que a população de Salvador vê dois grandes benfeitores: o governador Rui Costa e o prefeito da capital. E acho que quando o governador Rui Costa colocar a mão em alguém, acho que a população, pela gratidão a ele, vai pensar muito se não vai dar esse presente”, opinou.

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