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Apesar de intervenção da Justiça, agricultores não conseguem ter paz no Oeste da Bahia 13 de novembro de 2020 | 12:20

Mesmo depois da Faroeste, bando armado tenta invadir fazendas no Oeste com auxílio de PMs, denuncia agricultor

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Vinte homens armados, alguns deles com pistola ponto 40, ameaçaram expulsar o agricultor Paulo Antônio Ribas Grendene e quatro seguranças das fazendas Experimental (Sassafraz) e Santo Antônio, no município de Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia.

Segundo declaração de Grendene à polícia local, os agressores, entre eles alguns policiais militares, estavam a serviço de um empresário local que seria um dos alvos centrais da Operação Faroeste.

– Vocês vão sair por bem ou por mal – ameaçou Ruthson da Silva Dourado, um dos líderes do grupo armado, segundo relato de Grendene à polícia.
 
O ataque, que poderia ter resultado em derramamento de sangue, ocorreu na última quarta-feira, três meses depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter derrotado o suposto agressor outra vez num dos processos sobre a propriedade da terra.

Em agosto, a Segunda Turma do STF endossou a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de derrubar a portaria 105 do Tribunal de Justiça da Bahia e validar matrículas das terras de Grendene e outros agricultores.

Segundo os produtores rurais, depois de perder na Justiça, o grupo do empresário agora está tentando tomar as terras na marra. A disputa pelas duas fazendas estaria na origem da Operação Faroeste, que já colocou no banco dos réus quatro desembargadores e três juízes do Tribunal de Justiça da Bahia.

Entre os investigados na operação está também Adailton Maturino que, segundo o Ministério Público, se fazia passar por cônsul da Guiné Bissau.

Um dia antes da invasão dos 20 homens armados, policiais federais passaram pela região em busca de informações de interesse da Operação Faroeste, que tem como relator no Superior Tribunal de Justiça o ministro Og Fernandes.  

A ação dos invasores espalhou medo entre os agricultores da região, num momento delicado. Os agricultores estão começando o plantio de soja. A região é um dos celeiros agrícolas do país.

Segundo  agricultores, a tensão e o risco de violência atrapalham os planos de quem precisa plantar. Sem a devida proteção do Estado, agricultores ficam com receio de perder as terras ou de serem obrigados a ceder parte da produção a invasores que se intitulam donos das propriedades com base em decisões judiciais que, segundo a Faroeste, teriam sido obtidas mediante suborno de autoridades.

Entre os homens que tentaram expulsar Grendene estariam um cabo e um soldado da Polícia Militar. Os dois foram identificados. A Corregedoria da PM já estaria investigando o caso e deve interrogá-los ainda nesta sexta-feira.
– Esse episódio é muito grave. O invasar é um investigado na Operação Faroeste. Não pode fazer o que está fazendo – disse um agricultor, que conhece o caso de perto.

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