Foto: Divulgação/Arquivo
Rui Costa é, hoje, disparado, o candidato mais forte ao Senado para 2022 08 de abril de 2021 | 06:54

Onde Rui buscará forças para abrir mão de disputar o Senado?, por Raul Monteiro*

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O governador Rui Costa (PT) vai ter que demonstrar uma resistência sobrehumana para desprezar os apelos do ‘coração’ e não concorrer ao Senado em 2022. A primeira pesquisa sobre a sucessão estadual, do Instituto Paraná, divulgada há duas semanas, o coloca como franco favorito à disputa, com 45,5% das intenções de voto. A quase dois anos da eleição, está longe de ser um número qualquer. Pelo contrário, indica que o cavalo pode estar se encaminhando, já muito bem selado, para a porta do Alto de Ondina, representando uma janela de oportunidade que talvez nunca mais se repita na muito particular história política do governador.

Nos arredores do Palácio, não se discute que Rui tem uma grande e renovada incentivadora do projeto. Trata-se da primeira-dama, Aline Peixoto, a quem, também segundo se comenta no mesmo ambiente, ele ouve com frequência sobre temas políticos e, não raro, aceita conselhos. O Senado é um destino para lá de cobiçado para quem já foi governador. Que o diga o próprio Jaques Wagner, primeiro petista a assumir o governo do Estado que se elegeu, em 2018, senador pela Bahia. No Parlamento, se adquire um dois dos mais preciosos bens da política, a imunidade e o foro por prerrogativa de função, além de status e outros conhecidos privilégios comuns à classe.

No caso de Rui, que é jovem, seria ainda um pouso seguro para planos políticos futuros, como a possibilidade de concorrer à Prefeitura de Salvador, que dizem acalentar como um verdadeiro sonho já para 2024, além de um anteparo ao desejo mais recôndito dos colegas de categoria – que, por causa de seu estilo duro, que muitos dizem desprezar tanto a atividade quanto os próprios agentes políticos -, de verem-no definitivamente pelas costas, ou seja, punido com a exclusão da política. Mas nenhuma destas especulações teria algum peso não fossem as evidências de que, a dia de hoje, o governador faria uma campanha ao Senado com as mãos nas costas.

Para completar, poderia ainda ajudar no fortalecimento da candidatura de Lula à Presidência. Com efeito, pelos percentuais de popularidade de que, segundo a mesma pesquisa, o ex-presidente desfruta hoje na Bahia, que já foram de quase 70% e hoje estão na casa dos 40%, nada assegura que Lula funcionará como em campanhas anteriores, puxando e elegendo os candidatos majoritários do PT baiano. Talvez, mais do que nunca, seja ele quem esteja agora precisando de força das lideranças que possam oferecê-la nos Estados, apoio que, pelos números da Paraná, Wagner, que aparece muito distante de ACM Neto (DEM) para o governo, não conseguirá sozinho ofertar.

Não é nem preciso sublinhar que, no caso de topar concorrer à vaga de senador, Rui promoverá uma desorganização no ‘baba’ que se joga no campo do governo há quase duas décadas capaz de ferir de morte alguns jogadores. O mais prejudicado seria o senador Otto Alencar (PSD), que não aceita disputar a vice e ficaria, desta forma, impedido de concorrer à reeleição. Quem pode sofrer uma compensação, no entanto, é o hoje vice, João Leão (PP), legalmente impedido de concorrer de novo ao cargo, mas que poderia herdar o governo por seis meses, com chance de reeleição, com a renúncia que a campanha imporia a Rui. Bruto, o jogo ainda está para ser jogado.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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