Foto: Agência ALBA
Deputado Paulo Câmara 28 de junho de 2021 | 08:26

Neto não pode mais recuar em relação ao governo, diz Câmara, confirmando Gualberto na vice

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O deputado estadual Paulo Câmara, um dos principais quadros do PSDB baiano, aposta na candidatura do democrata ACM Neto ao governo do Estado e acredita que o PSDB estará na chapa majoritária.

De acordo com o deputado, ACM Neto tem dito, categoricamente, que será candidato, e uma eventual desistência de concorrer não pode mais acontecer, como se registrou em 2018.

Câmara afirma que o partido discute o tema e confirma que é possível que o nome de João Gualberto, prefeito de Mata de São João, seja o indicado à vaga de vice-governador.

Nesta entrevista exclusiva ao Política Livre, ele fala também sobre o partido no cenário nacional, sobre seus planos pessoais para 2022 e sua atuação na Assembleia Legislativa.

Neste ponto, se refere sobretudo à polêmica compra dos respiradores pelo Governo do Estado. Também e responde sobre sua relação com o ministro João Roma (Republicanos).

Depois de se reunir recentemente com ele, em Brasília, o deputado fez questão de publicar uma foto do encontro em suas redes sociais.

Confira a entrevista abaixo:

Política Livre: Recentemente, o senhor posou para uma foto com o ministro João Roma, do Cidadania, e também tem se comportado como um parlamentar independente na Assembleia. Há alguma possibilidade de apoiá-lo ao governo?

Minha postura na vida pública sempre foi de independência. Eu sempre fui grupo, mas sempre emiti minhas opiniões. Em 22 anos de vida pública eu não me permito não emitir minha opinião, não falar o que eu acho. Quando fiz aquele elogio ao ministro João Roma, e estive lá em Brasília, foi porque eu acho que é merecido. Ele trabalhou na Prefeitura de Salvador ao lado do prefeito ACM Neto, teve esse destaque nacional, está ajudando a Bahia, por que não elogiar? Qual o problema disso? Uns elogiam no privado. Eu elogio no privado e em público, eu nunca me escondi. E acho isso até ruim para a vida pública. Então quando eu elogiei ele, eu elogiei de coração. Acho que faz bem à Bahia ter um ministro que veio daqui de Salvador, apesar de ele ser pernambucano, mas ele trabalhou em Salvador, a carreira dele foi feita aqui, politicamente, ele é deputado federal eleito pela Bahia e tem ajudado os prefeitos. Então, não vejo nenhum problema no sentido de elogiar e desejar sucesso para que cada vez mais ele possa crescer e possa almejar o futuro que ele deseja.

– Há alguma chance de o PSDB não apoiar ACM Neto ao governo da Bahia?

Nós tivemos uma reunião, eu, o João Gualberto, o Adolfo Viana e o Tiago Correia, tem uns 15 dias, tratando um pouco de política local, estadual e nacional, e acho que ainda nesse segundo semestre o presidente Adolfo Viana vai começar a ter essas tratativas. O PSDB sempre foi um aliado histórico de ACM Neto, mas cada eleição é uma eleição. Então temos que aguardar a executiva estadual definir qual será o comportamento do PSDB. Tem muita coisa pra acontecer ainda, está muito superficial nesse sentido.

– O senhor acredita na candidatura de ACM Neto a governador ou acha que ele pode recuar como fez em 2018?

Das reuniões que ele tem feito com a bancada estadual, em nenhum momento ele deixou a entender que não será candidato. Pelo contrário, ele tem afirmado, categoricamente, que ele só tem essa alternativa, ser candidato ao governo do Estado. Esse é o nosso desejo, né? Porque em 2018, aos 48 do segundo tempo, houve aquela desistência pessoal dele. E isso não pode acontecer mais. Então todos nós estamos aí dando mais um voto de confiança, para que ele seja o candidato. E se por ventura, lá na frente, por algum motivo, fator pessoal, enfim, ninguém sabe o que acontece amanhã em uma vida pública, nós vamos escolher outro candidato. Mas isso é o que ele tem dito, categoricamente, que ele não abrirá mão. Ele já começou a caminhar pelo interior da Bahia, já começou a fazer um rascunho do seu plano de governo, tem feito reuniões sistemáticas com os deputados a cada 15 dias, fazendo um balanço nacional, estadual e local, e o jogo já está se desenhando para a candidatura do prefeito ACM Neto.

– Aqui mesmo no Política Livre já soltamos que provavelmente o vice na chapa de Neto será o prefeito João Gualberto, do seu partido. Como será esta indicação na chapa do ex-prefeito?

Ele tem todas as credenciais para isso. Ele é parceiro do prefeito ACM Neto, é um empresário muito bem sucedido, foi deputado federal, faz uma excelente gestão em Mata de São João e eu acho que engrandece a chapa. Eu não tenho a menor dúvida que o PSDB estará na chapa do prefeito ACM Neto. Por merecimento. Por possuir bons quadros, bons nomes de credibilidade. Assim como o prefeito Gualberto, nós temos o ex-deputado Imbassahy, o ex-deputado Jutahy Magalhães, o próprio presidente do nosso partido, Adolfo Viana, que já tem dimensão para que possa ocupar uma chapa majoritária nesse sentido.

– Falando no ex-ministro Antonio Imbassahy, ele é hoje um dos principais defensores da candidatura de João Dória à Presidência. Apoiando Neto na Bahia, o PSDB vai exigir reciprocidade para Dória nacionalmente?

Exigir é uma palavra muito forte. Primeiro, o PSDB vai passar por um processo de prévias, ainda no final do ano, em novembro. Nós temos na mesa aí o governador João Dória, o governador Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati, o Arthur Virgílio do Amazonas, ou seja, são nomes importantes, o que é muito bom para o partido, principalmente para o fortalecimento do PSDB, que saiu muito pequeno depois de 2018. Mas aqui na Bahia nós temos feito o caminho inverso, sob a presidência de Adolfo Viana e dos deputados estaduais nós fizemos muitos prefeitos, prefeitos de cidades importantes como Juazeiro e Santo Antônio de Jesus, então nosso partido está crescendo, apesar de todos os pormenores nacionais. Temos que definir quem será o candidato à presidência. Acho que daqui pra lá vai se afunilando, e em política você sabe, você senta hoje, diz uma coisa, amanhã já senta na mesa, já faz outra coisa, é da vida pública. Não vamos enganar ninguém, nem o nosso eleitorado nem os nossos amigos. Às vezes você tá chateado, você faz uma coisa na emoção, mas se tiver que compor para ganhar, vai compor com quem quer que seja, isso é da política. Não venha me dizer aqui ‘ah, eu não quero fulano, não quero ciclano ou beltrano’, porque se ciclano ou beltrano estiver forte na pesquisa, vai ter que ir junto com ciclano ou beltrano, não tem jeito.

-O senhor tem sido talvez o deputado de oposição que mais bate na compra de respiradores não entregues pelo governo estadual. Como o governo tem reagido às críticas?

Ele acha que o silêncio e o tempo possam ser a favor do esquecimento dessa que foi a pior ação administrativa do governo do Estado da Bahia. Nós estamos falando de 100 milhões de reais. Não estamos falando de 50 reais, são 100 milhões de reais. E desses, eu estou lhe afirmando, que os 50 milhões da empresa Hempcare o Governo do Estado jamais reaverá. Esse dinheiro foi parar no bolso de muita gente. Trata-se de uma empresa fantasma, que trata de medicamentos com maconha, que nunca fez nenhuma compra nacional ou internacional. A minha pergunta é: quem vai pagar esse prejuízo? Foi o governador que assinou! Quem foi o servidor que fez a nota técnica, avalizando que a empresa Hempcare é uma empresa idônea e séria? Quem foi o servidor que adulterou o parecer da Procuradoria Geral do Estado? Então quando eu cobro, eu cobro esclarecimentos. E o governador silencia, como se fosse uma bolha, e achando que o tempo vai fazer com que as pessoas esqueçam. Não iremos esquecer. Eu, Paulo Câmara, fui o primeiro deputado a fazer essa denúncia em junho do ano passado. E continuarei cobrando. Agora fez um ano de aniversário, fiz outra cobrança dura. Eu não estou acusando ninguém, não é meu papel acusar. Mas eu quero esclarecimentos, quem foi que fez essa barbaridade com o dinheiro público, dinheiro da Bahia, dinheiro dos baianos. A Covid continua matando muita gente enquanto 100 milhões foram gastos e foram parar no bolso de muita gente, menos na compra de respiradores.

– Acha que esse tema ainda pode render na CPI da Pandemia no Senado?

Já está rendendo. Estão tentando abafar, tentaram convocar o governador, estão agora mirando o todo poderoso secretário Bruno Dauster… vai render! Quando chega na mão do Ministério Público Federal, da Superior Tribunal de Justiça e da Polícia Federal, vai dar em alguma coisa. A resposta vai aparecer. Quem foi o servidor, quem foi que fez a má operação com o dinheiro público, quem fez essa bobagem vai aparecer. Enquanto estava no âmbito Bahia poderia se ter até um certo controle, mas quando você perde essa esfera e vai para âmbito federal, não tem mais como controlar. E volto a repetir, não estou apontando o dedo e acusando ninguém, não é esse meu papel. Meu papel é cobrar esclarecimentos. E acho que o Governo da Bahia prestaria um grande esclarecimento se dissesse o que aconteceu. Porque o que é que eles dizem? ‘Abrimos uma sindicância’. Tem um ano! Conversa pra boi dormir. Cadê o servidor que assinou o papel? Quer esconder de quem? Está protegendo quem? Aí começam a surgir as dúvidas, né, como se quisessem esconder esse fato da população. Como se agora tratam da Covid de maneira séria e responsável, como falam,  sem explicar os R$ 100 milhões de reais que eles pagaram. Eu sou ruim porque eu cobro ou ele é ruim porque não esclarece?

– Para 2022, quais os planos do deputado Paulo Câmara?

Meu desejo, se assim entender o partido, é tentar a releição à Assembleia Legislativa. É o meu primeiro mandato, eu preciso consolidar mais o meu trabalho no interior, eu tenho feito muito isso. Só agora, nessa semana, eu rodei doze municípios no sudoeste, trabalhando, visitando e acompanhando. Então eu espero consolidar essa minha posição como deputado estadual tentando uma releição, se assim o partido entender.

Mário Pinho
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