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Levado por Luiz Viana para o CNJ em 2017, André Godinho é hoje peça chave na Bahia para tirar antigo apoiador da OAB nacional 22 de novembro de 2021 | 09:36

André Godinho troca apoio a plano de derrota política de Luiz Viana por indicação da OAB nacional ao STJ

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Não foi por falta de aviso. É o que costumam dizer os amigos mais próximos de Luiz Viana sobre o que consideram a maior traição sofrida pelo mais importante líder da advocacia baiana por parte de um colega de sua própria terra, André Godinho.

Eles se referem ao apoio incondicional que Viana emprestou a Godinho para que ele se tornasse membro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2017, a despeito das admoestações de que, um dia, caso precisasse, poderia não contar com ele.

Na época, o conselheiro federal da Ordem respondia que valia o risco em defesa de espaços para a Bahia. Era uma alusão à tese da importância de colocar no órgão encarregado de fiscalizar o Judiciário no país um baiano a ele ligado.

Quatro anos se passaram e, depois de Godinho ter sido reeleito uma vez para o CNJ, as previsões parecem se confirmar. O advogado não apenas bandeou-se para o lado da chapa adversária de Viana na disputa pelo comando da Ordem no Estado.

Fazendo questão de imprimir sua digital, fez questão de colocar um dos sócios de seu escritório, Carlos Tourinho, como vice da candidata oposicionista Ana Patrícia. Amigos dizem que a lição tem sido dura para Viana.

Caso ela ganhe as eleições à OAB, o professor perde a condição de se manter no Conselho Federal. Pior do que isso, corre o risco de sequer ter o direito de poder disputar a presidência nacional da Ordem.

A possibilidade se abriu com a vitória, nos últimos dias, de chapas oposicionistas ao comando atual da instituição em três Estados – Acre, Alagoas e Sergipe. Caso a oposição conquiste mais duas seccionais e vença em solo baiano, Viana pode desafiar a hegemonia do grupo que controla atualmente a entidade com sua candidatura.

Candidato ao Conselho Federal, junto com outros dois colegas, na chapa situacionista de Daniela Borges na Bahia, ele é considerado o único nome no país capaz de enfrentar a atual direção nacional da OAB, comandada por Felipe Santa Cruz.

Fechado com a candidatura do amazonense José Alberto Simonetti, considerado favorito por já ter supostamente o apoio de 23 representações da OAB no país, o grupo de Santa Cruz trabalha para destruir qualquer espaço de representação de Viana no órgão de classe desde muito antes da campanha.

É o preço por ele ter desafiado a liderança do atual presidente no curso do atual mandato e, mais do que isso, ser apontado como o único advogado na Ordem com condições de enfrentar seu grupo em eleições livres e competitivas.

No intuito de impedir que ele pudesse concorrer, os adversários construíram uma plano detalhado para enfrentar os aliados de Viana nos Estados que passou pela estratégia de, primeiro, derrotá-lo diretamente em casa, origem de sua força, onde comanda a OAB há quase uma década.

Do projeto, teria feito parte a identificação de insatisfações na sua própria base que pudessem servir ao propósito de miná-lo. Não por acaso, a candidatura adversária na Bahia teria emergido da atual gestão, representada pelo nome de Ana Patrícia, atual vice-presidente da OAB, tal qual Godinho, historicamente ligada a ele.

Não é segredo, dizem seus adversários, que ela conta com todo o apoio da direção nacional à sua campanha. Mas, para o grupo de Santa Cruz, a cereja do bolo seria obter o engajamento explícito da turma de Godinho na tarefa de impor a derrota a Viana.

A escolha de um vice totalmente identificado com o representante baiano do CNJ foi cirúrgica. Em troca, Godinho teria o apoio fechado da turma de Santa Cruz e Simonetti para disputar a próxima vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ) destinada ao chamado quinto constitucional da advocacia.

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