25 novembro 2024
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo Pires de Campos, afirmou, nesta segunda-feira (17), que é prematura a conclusão de que se tratou de um atentado à campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos). “É prematuro dizer isso [se tratar de um atentado] com os dados que temos”, disse à imprensa.
De acordo com o secretário, câmeras de segurança de estabelecimentos próximos, imagens de cinegrafistas que acompanhavam a agenda do candidato e de bodycams dos PMs serão usadas nas investigações.
A comitiva de Tarcísio não foi ferida. Um homem de 38 anos morreu no tiroteio. Segundo a polícia, ele tinha registro sob suspeita de roubo.
De acordo com Campos, as investigações da Polícia Civil não podem ser influenciadas pela colocação do candidato nas redes sociais —Tarcísio afirmou ter sido atacado por criminosos.
Segundo ele, sua equipe foi “atacada por criminosos”. “Nossa equipe de segurança foi reforçada rapidamente com atuação brilhante da Polícia Militar”, escreveu o candidato em sua página no Twitter.
Líderes comunitários de Paraisópolis afirmaram que só souberam da visita do candidato uma hora antes da sua chegada.
Em entrevista à imprensa, o secretário afirmou que o primeiro confronto se deu com policiais à paisana que faziam a segurança do local onde o candidato estava.
Campos disse que os tiros foram disparados a cerca de 100 metros do local onde estava a campanha. “Foi um ruído com a Polícia Militar”, declarou. Por “ruído”, o secretário explicou que o termo se refere à situação em que “a polícia está em um local onde há um desequilíbrio com quem está no local”.
O coronel Ronaldo Miguel Vieira, comandante-geral da Polícia Militar, detalhou que o tiroteio teve a participação de ao menos oito indivíduos que rondavam o local em motos. Dois deles estavam com armas longas. Uma van escolar foi atingida pelos disparos, mas segundo o coronel, ninguém foi ferido.
Adversário de Tarcísio, Fernando Haddad (PT) afirmou na tarde desta segunda que enviou mensagem ao candidato na tentativa de falar com ele sobre o episódio.
A declaração do secretário de que as câmeras dos policiais serão usadas para esclarecer o caso contraria a própria campanha de Tarcísio. O candidato afirmou que irá rever a política, apesar dos números positivos de queda de letalidade.
Tarcísio já afirmou em diversas ocasiões que as câmeras inibem os policiais. Ele chegou a dizer que, se eleito, retiraria o equipamento “com certeza”, mas depois voltou atrás e afirmou que irá ouvir o comando da polícia e especialistas.
O candidato, que tem o apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB) no segundo turno, tem um discurso linha dura na segurança pública, inclusive afirmando que os paulistas não se sentem seguros.
Rodrigo disse, em nota, que determinou investigação imediata do ocorrido. “Tarcísio de Freitas e ele e sua equipe estão bem. A Polícia Militar agiu rápido e garantiu a segurança de todos. Determinei a imediata investigação do ocorrido”, afirma a nota. Em entrevista à CNN, ele disse que não era possível denominar o ocorrido de atentado e que a polícia iria investigar.
De acordo com o fundador do polo universitário, Wallace Rodrigues, o prédio onde o candidato estava não foi atingido por tiros. “Ouvimos disparos do lado de fora do prédio. Foram disparos para o alto de opositores políticos do Tarcísio”, disse Rodrigues.
Os tiros foram ouvidos no momento em que o fundador iria fazer um discurso. Tarcísio foi orientado por seguranças a deixar o local, desceu os três lances de escada do prédio, entrou na van e foi embora. O veículo, que é blindado, deixou o local em alta velocidade.
Mais cedo, o governador também disse à CNN que um homem morreu no tiroteio e que Paraisópolis é segura.
“Uma comunidade de bem, onde todos andam livremente, não podemos confundir com a localidade que ocorreu esse atentado. Importante a polícia esclarecer este atentado, este crime, um dos bandidos foi alvejado e veio a óbito”, afirmou Rodrigo, que não deu detalhes da identidade do homem morto e nem as circunstâncias.
O governador disse não ser possível denominar como atentado e, sim, como uma “tentativa de crime”.
Mariana Zylberkan/Carlos Petrocilo/Folhapress