22 dezembro 2024
Para justificar a continuidade do programa estadual de escolas cívico-militares, o governo do Paraná tem apontado um levantamento próprio sobre o desempenho no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) das unidades de ensino que adotaram o modelo híbrido.
O programa estadual foi colocado em prática em janeiro de 2021, no primeiro mandato do governador Ratinho Junior (PSD), que é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com os dados da Seed (Secretaria de Estado da Educação), as 206 escolas cívico-militares tiveram um avanço maior nas notas do Ideb, entre 2019 e 2021, na comparação com o desempenho das escolas regulares e integrais no mesmo período.
Na rede pública estadual, das 1.647 escolas regulares, 49,8% registraram avanço no Ideb em ao menos uma das três etapas de ensino avaliadas pelo Ideb, que são os anos iniciais do Ensino Fundamental, os anos finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Das 251 escolas que ofertam ensino integral, o número sobe para 62,9%. Já nas 206 escolas cívico-militares, o avanço atinge 84%.
Para a Seed, o desempenho das escolas cívico-militares chama atenção porque o programa estadual foi implantado prioritariamente em unidades de ensino que, em 2019, estavam em contexto de vulnerabilidade social.
Além de uniformes específicos do programa estadual entregues aos alunos e da presença na escola de monitores ligados ao “Corpo de Militares Estaduais Inativos Voluntários”, outro diferencial da escola cívico-militar é a carga horária curricular. Há aulas extras de Português e de Matemática, além de aulas de Civismo e Cidadania.
Segundo o governo paranaense, mesmo com a extinção do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, comunicada na segunda-feira (10) pelo governo federal, o programa estadual deve continuar em 194 escolas e ainda pode ser estendido às 12 escolas no estado que seguiam o modelo federal (206 unidades, no total).
De acordo com a Seed, a ideia é ampliar o modelo híbrido, que pode chegar a cerca de 400 unidades a partir de 2024.
Outro político afinado com as bandeiras bolsonaristas, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), lamentou a extinção do programa nacional. “Acionei a nossa Secretaria de Educação para avaliar a manutenção do programa em SC”, escreveu em uma rede social.
Catarina Scortecci/Guilherme Seto/Folhapress