24 novembro 2024
O cacique Cristiano Awa Kiririndju de Lima Silva, 38, será o responsável pela recém-criada Coordenadoria de Políticas para Povos Indígenas do Estado de São Paulo.
Membro da etnia tupi-guarani, Cristiano faz parte da aldeia Renascer, em Ubatuba (SP). Ele presidia o Conselho Estadual dos Povos Indígenas de São Paulo e agora terá a função de representar os indígenas do estado em demandas junto aos governos estadual e federal.
“A criação de uma coordenadoria indígena há muito tempo era uma reivindicação das comunidades que vivem no estado”, diz o cacique ao Painel. O novo órgão é vinculado à Secretaria de Justiça e Cidadania do estado.
A posse do cacique deve ocorrer em breve, em sua aldeia. “Espero que o governador [Tarcísio de Freitas] possa comparecer”, afirmou.
Pedagogo, o cacique é funcionário de carreira do estado e diretor regional da Secretaria da Educação em Caraguatatuba, cidade vizinha à sua.
“Temos muitas demandas em questões como saúde, pavimentação de território, educação, escolas indígenas e saneamento básico”, diz Cristiano.
Há atualmente cinco etnias estabelecidas em 37 territórios no estado. São cerca de 37 mil indígenas vivendo em São Paulo, sendo 30 mil em áreas urbanas.
“Temos atualmente 82 territórios em fase de reconhecimento. Essa obviamente é nossa maior preocupação hoje, mas sabemos que é um tema federal. Meu papel também será fazer a interlocução com os órgãos da União para tentar concluir esses processos”, diz ele, que afirma ter bom relacionamento com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.
Ele diz não ter posicionamento político ou partidária, mas afirma reconhecer o mérito do governador de atender à demanda de dar mais força à representação indigena no estado.
O secretário de Justiça do estado, Fábio Prieto, diz que a criação da coordenadoria objetiva aprofundar as ações e ampliar a participação social das etnias localizadas no território paulista.
“Como magistrado federal, trabalhei 30 anos com a questão indígena. Propus ao governador Tarcísio a criação do órgão, para dar efetivo protagonismo às comunidades indígenas. Ele não só se sensibilizou, como deu concretude ao projeto”, disse Prieto.
Fábio Zanini/Folhapress