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Luiz Carlos 16 de outubro de 2023 | 08:02

Entrevista – Luiz Carlos: “Está na hora de o Republicanos ter esse reconhecimento e ocupar a vice de Bruno”

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Um dos nomes cotados para a vice do prefeito Bruno Reis (União) no pleito de 2024, o vereador licenciado e titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Luiz Carlos (Republicanos), admite pela primeira vez que aceitaria o posto na majoritária se for indicado e tiver o nome aceito pelo atual mandatário do Palácio Thomé de Souza. Ele frisa, no entanto, que não é candidato a vice, mas sim ao quarto mandato na Câmara.

Nesta entrevista exclusiva ao Política Livre, o administrador e vereador mais votado da capital em 2020 fala ainda sobre o desejo de ser presidente da Câmara Municipal de Salvador e o eventual favoritismo do dono da cadeira no momento, vereador Carlos Muniz (PSDB), de permanecer no cargo na disputa que só acontece após as eleições de 2024.

Ainda sobre política, Luiz Carlos, que nasceu na cidade de Bezerros, no interior de Pernambuco, traça planos de crescimento do Republicanos no Legislativo no pleito do ano que vem e destaca as principais obras que devem ser iniciadas e entregues até o final da gestão de Bruno Reis.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

Política Livre – Estamos caminhando para o final do penúltimo ano deste mandato do prefeito Bruno Reis (União) e em 2024 já tem eleição. O que a secretaria liderada pelo senhor planeja em termos de obras de impacto para Salvador neste final de governo?

Vamos separar o que está previsto para iniciar e o que vamos entregar. Para iniciar, temos o Hospital da Criança e da Mulher, que já está com a licitação na rua. Esperamos começar essa obra ainda este ano. Outro projeto que vamos iniciar e estamos em fase de projeto é a Arena Multiuso que será construída na orla da Boca do Rio, um equipamento que vai receber campeonatos de diversas modalidades e também eventos para a cidade, o que vai aquecer a cadeia econômica do turismo. Para entregar, temos investimentos na orla e o Mané Dendê, que está de vento em polpa, apesar das dificuldades e desafios impostos pelas chuvas. Estamos falando de uma obra estruturante de macrodrenagem no Subúrbio.

“A ponte Salvador-Itaparica é uma obra importante, agora eu, como muitas pessoas, estou perdendo as esperanças porque tivemos diversos gestores que marcaram data de início e fim e até agora nem começou”

O Mané Dendê foi um projeto iniciado ainda na gestão do ex-prefeito ACM Neto (União) e que já recebeu algumas críticas de moradores do Subúrbio, inclusive apontando falta de debate. Será concluindo ainda neste mandato de Bruno Reis?

Perceba que é um projeto onde a gente tem um alcance direto e indireto de 35 mil famílias. Você tem um projeto onde faz reassentamento de famílias que moravam precariamente, o que também prejudicava o meio ambiente, com a falta de esgoto tratado e os dejetos sendo jogados no Rio Mané Dendê. Isso sem falar que as pessoas conviviam com insetos e animais como ratos. Toda mudança provoca algum tipo de inquietação, de estresse. Foi assim quando o ex-prefeito ACM Neto fez a requalificação da antiga Cidade de Plástico, atual comunidade Guerreira Zeferina, também no Subúrbio. Quando tem que reassentar diversas famílias, tem que fazer diversas rodadas de conversas. Mostrando que o projeto vai fomentar o comércio e trazer qualidade de vida. Já entregamos 270 apartamentos e estamos construindo 710 unidades habitacionais. É um projeto de longa data e repleto de desafios. Vamos entregar sim na gestão de Bruno Reis.

O polêmico túnel refrigerado exclusivo para pedestres ligando o Campo da Pólvora, em Nazaré, ao Taboão, cujos estudos foram anunciados pelo prefeito, vai sair do papel?

Vai sim. Estamos fazendo o projeto. A gente tem que fazer esse projeto dialogando com Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), pois será implantado na região histórica da cidade, observando parâmetros urbanísticos, fazendo com que seja algo moderno, mas também tenha relação com outros empreendimentos da região. Só com o Iphan, sem medo de errar, tivemos mais de dez reuniões. Tem desapropriações que precisam ser negociadas, tem sondagens que devem ser feitas antes das escavações. É um projeto desafiador futurista que Salvador merece. Até o final de outubro vou estar com projeto básico e em novembro projeto executivo. Com isso, a gente terá valores e tempo de obra estimado.

A Seinfra também cuida da área da habitação. O senhor era um entusiasta do programa Casa Verde e Amarela, do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PT). O atual mandatário da nação rebatizou a iniciativa de Minha Casa, Minha Vida. Está parado?

Não está parado. O governo federal lançou o edital com as regras para o setor construtivo, que é a primeira parte. Aproveitou muita coisa do Casa Verde e Amarela, como a necessidade de o empreendimento estar situado em área com infraestrutura num raio de dois quilômetros. Porque o Minha Casa, Minha Vida, quando o projeto começou, não tinha determinados critérios. Então as construtoras pegavam um terreno e apresentavam um projeto à Caixa Econômica Federal, que aprovava e construía-se ali o empreendimento, muitas vezes deslocados de áreas urbanas e com serviços públicos próximos, a exemplo de escolas, unidades de saúde e transporte pública. O resultado disso é que tivemos, até 2020, cerca de 271 mil famílias que tinham abandonado esses empreendimentos em todo o Brasil. Quando Bolsonaro assumiu, e aqui não estou fazendo defesa de governo algum, ele lançou o edital com a regra de que o programa atendesse a critérios como a proximidade dos serviços públicos. Para a nossa alegria, isso foi absorvido no novo edital e Salvador inscreveu quase dez mil unidades habitacionais. Para a construtora inscrever tem que comprovar essa regra da proximidade de núcleos urbanos, com serviços públicos e infraestrutura. Caberá à secretaria avaliar isso e anuir. Enfim, o programa encontra-se na fase de aprovação desses empreendimentos.

Esses dez mil empreendimentos irão ser construídos em que regiões da cidade? E como será o processo de inscrição dos interessados?

Boa parte em Coração de Maria, na região de Cassange. Ainda não sabemos como vai ficar o critério para inscrição das pessoas. Nesse momento é apenas para as construtoras. Antes, a Caixa fazia o sorteio das pessoas inscritas e cabia à secretaria fazer o dossiê, quando enviávamos à instituição financeira as informações detalhadas dos sorteados. Não sabemos se eles vão aproveitar o Cadastro Único ou como vai ser esse processo de escolha das famílias. Estamos aguardando.

Além da Prefeitura, o governo do Estado também tem feito e prometido obras impactantes na cidade. Uma delas é a Ponte Salvador-Itaparica. O senhor acredita que essa intervenção vai de fato sair do papel?

Do ponto de vista técnico, é viável porque já vimos obras desse tipo em outras localidades no Brasil. Tem que ver se é viável do ponto de vista orçamentário, inclusive qual vai ser o valor do pedágio para a população. Infelizmente esse foi um sonho plantado no coração das pessoas que moram ou frequentam a ilha ou que sofrem por horas na fila do ferry-boat, que presta um péssimo serviço a um custo alto, para se deslocar à região da Costa do Dendê. A ponte é uma obra importante, agora eu, como muitas pessoas, estou perdendo as esperanças porque tivemos diversos gestores que marcaram data de início e fim e até agora nem começou.

O senhor participou de conversas sobre a ponte com autoridades do governo do Estado?

Sim. Inclusive, para você ter uma ideia, uma das intervenções que estamos projetando é na alça de acesso para quem usa a Via Expressa para pegar a BR-324, visando justamente aliviar os impactos provocados na mobilidade da cidade pela ponte, caso ela se torne uma realidade. Vamos alargar a alça de acesso e criar uma pista de aceleração para a BR porque quando o motorista entra na rodovia hoje já o faz na faixa de rolamento e isso causa retenção na frente do Shopping Bela Vista. Com a apresentação da ponte pensou-se fazer diversas intervenções para minimizar os impactos, que serão muitos. Estamos estudando, por exemplo, o que será feito na Avenida Contorno, principalmente no cruzamento em frente à Marinha.

O governo Lula lançou o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com diversas obras previstas para a Bahia. A ponte, por sinal, ficou de fora. Mas de que forma a Prefeitura pode colaborar com o PAC em Salvador?

O PAC é do governo federal tocado junto ao governo do Estado, mas a gente vem dialogando. Eu terminei agora o projeto das intervenções em pontos críticos ali na Estrada do Derba, cuja duplicação entrou no PAC. Um dos pontos críticos é a descida para o Hospital do Subúrbio para quem vai para Periperi e bairros adjacentes, que sempre tem congestionamento porque falta infraestrutura e ordenamento viário. Isso vai ser solucionado com a construção de um mergulho. Enfim, estamos trabalhando em conjunto com o Estado para fazer projetos complementares para que Salvador possa receber as obras anunciadas. Acreditamos tanto que estamos fazendo a nossa parte.

“Se o partido vai conseguir emplacar a vice na chapa de Bruno e se o nome for o meu vou ficar feliz e honrado pela indicação e por estar ao lado do prefeito”

Vamos falar um pouco de política. O seu nome foi um dos colocados pelo presidente do Republicanos na Bahia, o deputado federal Márcio Marinho, como possibilidade para compor a chapa como vice de Bruno Reis em 2024. O senhor aceitaria?

O que Marinho tem dito, e eu concordo, é que o Republicanos deve estar na chapa com Bruno Reis pelo tamanho que tem e pela conjuntura. Hoje é um partido que tem três deputados federais, três estaduais e três vereadores, além de suplentes com importantes votações. Temos uma importante contribuição desde o início do projeto com ACM Neto. Portanto, está na hora de o Republicanos ter esse reconhecimento e ocupar a vice de Bruno Reis, o que é simbólico para qualquer partido. Temos vários nomes e Marinho tem mencionado isso, mas eu estou trabalhando para ser candidato à reeleição de vereador, que é o que me compete. Se o partido vai conseguir emplacar a vice na chapa de Bruno e se o nome for o meu vou ficar feliz e honrado pela indicação e por estar ao lado do prefeito, que é um excelente gestor, um grande amigo, com muita energia para gastar, sensível sobre as questões sociais e com capacidade de ouvir e colocar em prática ações e projetos importantes. Mas isso não compete a mim. Não sou candidato a vice, mas a vereador. O vice virá se essas conjunturas, essas configurações acontecerem.

Caso reeleito vereador, o senhor pretende concorrer à presidência da Câmara Municipal, como já cogitou no passado?

Rapaz, primeiro tem que vencer uma etapa e depois a outra. Primeiro tem a eleição.

Acha que o atual presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB), por ter declarado apoio a Bruno Reis e não aderido ao governo Jerônimo Rodrigues (PT), leva vantagem nessa disputa?

É como se tivesse um jogo e seu time tivesse ganhando por 1 a 0 e o outro tem que fazer 2 a 1 para sair com a vantagem ou empatar para levar a disputa para os pênaltis (risos). Mas é como Bruno e o próprio Muniz já disseram, que não há acordo nesse sentido. E acho que é uma discussão prematura. Porque não tem eleição ganha antes. Seja quem teve uma votação mais expressiva, como eu tive, seja para qualquer outro. Tem que disputar, convencer as pessoas. Só depois, com o mandato renovado ou conquistado, é que se discute candidatura à presidência da Câmara.

Hoje o Republicanos tem três vereadores. Acredita que o partido vai crescer em Salvador em 2024?

Os partidos em geral vão crescer. Porque houve diminuição de partidos e temos as federações. O Republicanos não fez federação e nem fusão, continuou sólido. Então, com isso a gente vai ter um crescimento importante. Além disso, tem a diminuição do número de candidatos a vereador por partido. A soma desses dois fatores representa menos candidatos nas ruas com o mesmo quantitativo eleitoral. E tem mais: com o trabalho sólido que estamos fazendo junto às nossas lideranças, o Republicanos virou uma vitrine. É um partido cuja seriedade e compromisso são reconhecidos. E ocupamos um espaço importante na Prefeitura, com a Seinfra tocando obras importantes na cidade, a Secretaria de Manutenção e a Desal. Temos tempo de TV e fundo eleitoral.

“O Republicanos virou uma vitrine. É um partido cuja seriedade e compromisso são reconhecidos”

O Republicanos passou a ter um ministro no governo Lula, o deputado federal Sílvio Costa (PE), que foi para a pasta de Portos e Aeroportos. Isso significa que o partido pode abrir diálogo com o PT?

Acho que não tem relação. Esse foi um convite pessoal do presidente a Silvio Costa, que está no Republicanos, mas sempre militou ao lado do PT. Claro, o partido apoiou Sílvio, não criou nenhum obstáculo para que ele assumisse o ministério, agora isso não significa que estamos na base do presidente, do governo. O partido continua com sua postura independente, fazendo oposição equilibrada, votando projetos bons para o Brasil, dentro da compreensão do grupo parlamentar coordenado pelo deputado federal e presidente nacional da legenda Marcos Pereira (SP). Vamos trabalhar para que o Brasil dê certo.

O partido do senhor trabalha para lançar, em 2026, a candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Acha que pode haver uma dobradinha entre Tarcísio e ACM Neto?

São dois grandes nomes. O governador Tarcísio tem toda uma trajetória política sem mácula, sem mancha. Nunca se envolveu com qualquer tipo de polêmica e sempre foi muito equilibrado nas falas e nas ações enquanto gestor. Agora, tem dado um show em São Paulo, sendo referência para o país todo, pagando salários aos servidores acima da média e fazendo um governo de excelência. É uma vitrine importante. Mas primeiro a gente tem que vencer a etapa de 2024, até para saber como vai ficar o cenário. Como vai estar Lula? Ele vai conseguir superar os desafios econômicos ou repetir erros do passado? Hoje os nomes que se destacam na oposição é o de Tarcísio e o do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Mas Tarcísio tem feito uma gestão melhor do que a de Zema.

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