15 maio 2025
O promotor Pedro Maia será candidato único à sucessão da procuradora Norma Cavalcanti na chefia do Ministério Público da Bahia. Demonstrando mais uma vez grande capacidade de articulação, ele foi o único membro da instituição a inscrever-se no encerramento do prazo, na última sexta-feira, para a disputa, que costuma ocorrer por meio de uma lista tríplice, a partir da qual o governador escolhe o chefe da instituição.
Se, por um lado, com a estratégia, o promotor conseguiu reduzir exclusivamente a ele a opção com que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) trabalhará para indicar o novo comando do órgão na Bahia, por outro, confirma a grande liderança que Maia exerce sobre os colegas no MP baiano, a qual fez dele o mais votado no MP nas últimas quatro eleições seguidas, duas das quais disputadas pela aliada e atual chefe do Ministério Público, Norma Cavalcanti.
Para evitar o registro de candidaturas concorrentes e confirmar a preferência absoluta da instituição pelo nome de Maia, o grupo do promotor, no entanto, envolveu-se em articulações pesadas dentro do órgão para justificar a manobra junto a colegas e evitar o lançamento de eventuais opositores a ele e ao projeto de guindá-lo à disputa sozinho, apesar de a inciativa ter produzido desconfianças mesmo em seus aliados.
As sucessivas vitórias internas de Maia já tinham levado setores do governo a defender, junto a Jerônimo, sua indicação para o cargo se ele voltasse a ser o mais votado da lista nesta eleição, sob o argumento de que não fazia sentido negar à instituição o direito de ser comandada por sua figura mais popular, ainda que ele não demonstrasse alinhamento político com o PT, motivo porque praticamente foi alijado nas últimas escolhas.
A experiência com Norma, indicada nas duas eleições passadas como forma de evitar a ascensão do promotor ao comando do MP, no entanto, mostrou que as decisões do ex-governador Rui Costa (PT) podem não ter sido as mais acertadas em relação à instituição. Ela é considerada no governo corporativista demais e dona de uma visão reducionista do papel do Ministério, além de difícil de trato, o oposto de Pedro, visto como um político nato e um gentleman.
No entanto, em setores do governo mais ligados à área jurídica não há segurança sobre como o lançamento de uma única candidatura será encarado por Jerônimo. Ele pode, por exemplo, se sentir pressionado a escolher Maia e questionar o procedimento, invocando o direito de o MP lhe enviar uma lista tríplice, o que resultaria numa nova eleição e na deflagração de uma verdadeira crise entre os Poderes.
Na história do MP baiano, há registro de candidatura única à chefia apenas quando da recondução ao cargo do então procurador Lidivaldo Brito, hoje desembargador do Tribunal de Justiça do Estado. As eleições para a escolha do procurador chefe ocorrerão no próximo dia 6 de dezembro, envolvendo todo o corpo de promotores e procuradores do órgão.
Política Livre