22 novembro 2024
Aliados defendem que o chefe do Executivo estadual, Jerônimo Rodrigues (PT), redobre os esforços para atrair o PP “por inteiro” à base de sustentação do governo antes das eleições de 2024. Isso passaria, segundo as conversas, por entregar uma secretaria ao partido – hoje membros da sigla ocupam apenas espaços de direção no Detran por meio de indicações parlamentares – e por um rearranjo em Salvador que envolveria a possibilidade de os pepistas indicarem o vice na chapa encabeçada pelo vice-governador Geraldo Júnior (MDB) ao Palácio Thomé de Souza.
Na avaliação de lideranças governistas ouvidas pelo Política Livre, caso o secretário de Governo da Prefeitura de Salvador, Cacá Leão, assuma, no início de 2024, uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal, como se tem cogitado em Brasília, a tarefa de Jerônimo de atrair todo o PP para a base, inclusive na capital, seria facilitada. Carlos Vieira, que assumiu recentemente o comando da Caixa, foi indicado pelo presidente da Câmara Federal, o pepista Arthur Lira (AL), que é próximo de Cacá.
“Nacionalmente, apesar de posições individuais de um ou outro parlamentar ou dirigente sobre essa ou aquela questão, o PP já caminha junto com o PT. Na Bahia, a maior parte (do PP) deseja estar com Jerônimo. E se Cacá, com todo prestígio político que tem em Brasília, for para o governo federal, essa aproximação seria ainda maior e, embora isso não seja uma manobra fácil, poderia ser um elemento para afastar o partido do prefeito Bruno Reis (União). Nesse caso, uma composição com Geraldo Júnior seria importante”, disse uma liderança pepista ao site.
Atualmente, o PP baiano segue dividido. Estão do lado de Bruno Reis, além de Cacá, o deputado federal João Leão, pai do secretário de Governo, e os seis vereadores da sigla na capital. Vale frisar, no entanto, que nenhum dos edis foi eleito em 2020 pela legenda – foram colocados no ninho pepista por articulação do chefe do Executivo municipal, em troca de ajudarem na votação do partido concorrendo em 2022 a deputado, num movimento respeitado até pela ala que defende o apoio de Jerônimo.
Essa ala, por sinal, conta com a maioria dos prefeitos e de todos os seis deputados estaduais do PP, que já aderiram à base de Jerônimo no início deste ano, mesmo a legenda tendo apoiado o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) para governador 2022. Entre os federais pepistas, também aderiu de forma declarada Neto Carletto, enquanto Cláudio Cajado e Mário Negromonte Júnior, este presidente da legenda na Bahia, seguem com boas relações com ambos os lados, sem tomar partido por enquanto.
Enquanto Cacá já declarou apoio para Ana Paula Matos (PDT) continuar na vice de Bruno Reis em 2024, a ala pró-Jerônimo do PP defende como uma das alternativas para compor a chapa de Geraldo Júnior o nome do deputado estadual Niltinho, que atua politicamente em Salvador e, pela relação pessoal de proximidade, poderia atrair para a campanha em Salvador o ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), que tem se mantido distante das discussões sobre o pleito na capital.
Entretanto, o elemento dificultador é que Niltinho não agregaria à chapa por não ser quadro político originário da esquerda, como também é o caso de Geraldo Júnior. “Temos visto que há uma resistência dos partidos de esquerda, como o PT e o PCdoB, em indicar o vice para Geraldinho. Eles estão mais preocupados em eleger vereadores do que com a majoritária. Se não for Niltinho, o PP pode muito bem encontrar ou abrigar um quadro com um perfil que agregue (à chapa)”, disse ao site a mesma liderança pepista.
Além do peso político, o apoio do PP interessa na disputa eleitoral por estar no bloco dos partidos com maior tempo de TV e fundo eleitoral, que são pontos importantes num pleito como o de Salvador.