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O pré-candidato à Prefeitura de Salvador Kleber Rosa (PSOL) 20 de junho de 2024 | 17:15

Em sabatina Folha/UOL, Kleber Rosa critica Geraldo Júnior e vê erros do PT na Bahia

salvador

O pré-candidato à Prefeitura de Salvador Kleber Rosa (PSOL) criticou nesta quinta-feira (20), durante sabatina da Folha e do UOL, o pré-candidato Geraldo Júnior (MDB), apoiado em Salvador pelo PT e pelo presidente Lula.

“Uma figura que é associada ao campo da direita e que esteve na gestão carlista por 10 dos 12 anos, foi operador da própria gestão do ACM [Neto] em Salvador e tem uma imagem recentemente vinculada a uma relação com a família Bolsonaro”, disse.

Atual vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior já foi aliado do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), principal apoiador do atual prefeito e candidato à reeleição Bruno Reis (União Brasil).

Quando rompeu com o grupo político de ACM Neto em 2022, Geraldo era presidente da Câmara Municipal de Salvador. Ele foi indicado pelo MDB como vice na chapa vitoriosa de Jerônimo Rodrigues (PT).

O pré-candidato do PSOL disse acreditar que a escolha do PT de apoiar Geraldo Júnior pode ajudar a sua candidatura a ganhar mais espaço na cidade. “Acho que essa escolha que o PT fez abre um espaço do PSOL se apresentar melhor para o povo.”

Kleber afirmou que, na sua visão, Geraldo Júnior tem “dificuldades de conquistar a base social do campo governista”.

“A biografia do candidato fala por si, independente dele ter mudado de lado, ele é coautor dessa cidade excludente que é Salvador. (…) Onde estava Geraldo Júnior em 2016 quando houve o golpe contra Dilma? Onde estava o MDB? Estava arquitetando o golpe ao lado de [Eduardo] Cunha e de [Michel] Temer. Onde estava Geraldo Júnior e o MDB em 2018, quando todas as pessoas de esquerda estavam lutando para permitir que Bolsonaro não ganhasse a eleição?”, indagou.

Kleber afirmou que tem dialogado com alas do PT que estariam insatisfeitas com o apoio a Geraldo Júnior. Apesar de não ter o apoio oficial de Lula, o pré-candidato do PSOL disse que não tem ressentimento com o presidente e a sigla petista e mencionou alianças entre as duas legendas em cidades do interior da Bahia e o apoio do presidente a Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Ele também apontou problemas na condução da segurança pública sob os governos do PT na Bahia. Salvador é a capital brasileira com a maior taxa de homicídios estimados por 100 mil habitantes (66,4), segundo o Atlas da Violência.

Kleber ainda minimizou o histórico de pressões e desavenças do PSOL à frente de prefeituras. Ele afirmou que a sigla não é fisiológica, mas ideológica, e que “ideias são inegociáveis”.

“Acho que existem limites e isso tem a ver em algumas situações com as dificuldades que se encontra para gerenciar os municípios. Isso expõe, em alguma medida, as diferenças de leitura de como essas gestões podem acontecer. O PSOL tem uma experiência pequena em gestões municipais. [O caso de] Belém expressa alguns problemas e dificuldades, mas [o prefeito Edmilson Rodrigues] segue na luta pela sua reeleição na condução do município”, disse.

“Os governos sucessivos do PT não demonstraram nenhum interesse em fazer um giro na política de segurança pública e ignoraram clamor do movimento negro, do movimento popular, sobre o modus operandi das polícias Civil e Militar”, afirmou o pré-candidato do PSOL.

Se eleito, Kleber Rosa disse que pretende construir um sistema de segurança pública municipal. “[Um sistema] que tem a guarda municipal como parte disso, ter um fundo de segurança pública com recursos específicos. Propusemos a criação de conselhos comunitários em Salvador, compondo esse conselho organizações comunitárias, escolas públicas e privadas, organizações, sindicatos e comerciantes”.

Kleber Rosa prometeu também implantar a tarifa zero nos ônibus de Salvador, mas disse que ainda vai divulgar como viabilizar a proposta. Ele também prometeu reduzir o IPTU no município como forma de atrair mais empresas e gerar empregos para a população. “Isso não significa redução da arrecadação, porque, à medida que a gente atrai de volta iniciativas de empreendimento, a gente aumenta a arrecadação”.

Na educação, o pré-candidato prometeu criar creches noturnas para atender filhos de mães que trabalham à noite ou têm jornada de trabalho estendida no período.

Kleber também criticou o ex-prefeito ACM Neto por ter se declarado pardo no registro eleitoral das eleições para governador em 2022. “Vimos o candidato ACM Neto recentemente se autodeclarar como pardo em uma evidente estratégia de associar sua identidade à do nosso povo”.

A entrevista foi conduzida por Diego Sarza, com participação dos repórteres André Santana, do UOL, e João Pedro Pitombo, correspondente da Folha em Salvador.

Kleber Rosa é cientista social, mestre em educação de jovens e adultos e coordenador-geral da Federação dos Trabalhadores Públicos do Estado da Bahia. Foi candidato ao governo baiano em 2022.

Nesta sexta-feira (21), no mesmo horário, será a vez do prefeito Bruno Reis (União Brasil). O vice-governador Geraldo Júnior (MDB) também foi convidado, mas não confirmou participação.

José Matheus Santos/Folhapress
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