17 de julho de 2024 | 12:26

Radar do Poder: A armadura de Lucas Reis, o vigor de Otto Alencar e os candidatos de Bruno Reis e ACM Neto

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Amigo do senador

A insistência do dirigente petista Éden Valadares em manter a pré-candidatura do ex-prefeito Isaac Carvalho em Juazeiro, mesmo diante da inelegibilidade do aliado, passa também pela eleição de 2026. O projeto é fortalecer o nome de Lucas Reis (PT), chefe de Gabinete do senador Jaques Wagner (PT), para a disputa de deputado federal. Isaac, que tem grande potencial eleitoral no quinto maior município do Estado, já teria assegurado apoio a Lucas. Com a caneta na mão, poderia, naturalmente, transferir muito mais votos.

Tônus muscular

O PT baiano busca, a pedido de Wagner, que aposta em seu plano de renovação da agremiação praticamente todas as fichas no assessor, dar musculatura a Lucas Reis em grandes municípios do Estado, o que envolve articulações já em 2024. Em Barreiras, maior cidade do Oeste, o pré-candidato petista Tito, ex-deputado federal, já assegurou apoio ao candidato em 2026 se for eleito prefeito. Essa estratégia em favor do pupilo do senador desagrada aliados de outras siglas, que se queixam que Wagner concentra suas atenções eleitorais apenas em Lucas.

Peça de ficção

Uma das queixas é que o conselho político, que se reuniu pela última vez em dezembro de 2023, virou peça de ficção, apesar das promessas do governador Jerônimo Rodrigues de que dialogaria com os aliados sobre a política no interior. “O tal conselho agora se limita ao governador, a Wagner e a Éden e só serve para discutir como favorecer os candidatos petistas de 2024 e de 2026”, comenta, sem disfaçar a inveja, um importante membro da base. No domingo (14), inclusive, os três se reuniram no CAB e trataram também das eleições.

Política hereditária

Voltando a Barreiras, depois de escolher um até outro dia adversário de Jerônimo como vice, deixando fora da chapa partidos aliados como o MDB e o PSD, Tito irritou ainda mais parcela significativa da base do governador no município ao sinalizar que pretende apoiar o próprio filho, o advogado Ayrton Cordeiro, na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa, em 2026. No governo, dizem que a secretária estadual de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira (PSD), só não rompeu para não perder a ‘boquinha’.

Fila andou

Como já revelou a coluna, as articulações de Tito, além de afastarem Jusmari, que quer retornar à Assembleia, colocam a pré-candidata do MDB em Barreiras, ex-vereadora Karlúcia Macedo, como virtual vice na chapa do pré-candidato a prefeito do PP, Danilo Henrique. O petista escolheu como companheiro de chapa o atual vice-prefeito, Emerson Cardoso, que era do União Brasil e se filiou ao Avante por articulação do secretário-geral da sigla na Bahia, Pablo Barrozo, outro que deseja voltar à Assembleia.

Animal político

Se já costumava receber cerca de 25 pré-candidatos a Prefeituras no escritório de Salvador durante a semana, o senador Otto Alencar, presidente do PSD baiano, vai  intensificar ainda mais a agenda durante o recesso de meio de ano do Congresso. Somente entre segunda (15) e terça (17), ele recebeu 46, de diversos partidos. O ritmo deve explicar, quando nada em parte, o que leva o PSD a ter hoje 125 prefeitos na Bahia. A dificuldade de Otto agora é escolher em quais convenções ir no interior.

Osso do MDB

O MDB busca estender a tese defendida por Otto Alencar e Jaques Wagner, relativa a titulares de postos executivos, de que a reeleição em 2026 é um direito de quem está no cargo. Ou seja, dentro dessa lógica, caso o vice-governador Geraldo Júnior, que é emedebista, perca a disputa pelo Palácio Thomé de Souza, também teria automaticamente a prerrogativa de ser mantido na chapa governista. Caso ganhe, no que pouca gente acredita, valeria uma nova discussão, disse à coluna um político próximo aos Vieira Lima, que não estão dispostos a largar o osso de Jerônimo.

Fora da rabada

Dentro da federação, o PT deve lançar 20 candidatos a vereador em Salvador, o PV 13 e o PCdoB 11. A conta revela que os comunistas seguem adeptos da velha tática, aplicada desde as coligações, de apostar mais na qualidade do que na quantidade. Os petistas não gostam nada disso e acusam os comunistas, que deveriam, em tese, apresentar mais postulantes do que os “verdes”, de mais uma vez não contribuírem com a chamada “rabada” (lista de postulantes de menos votos), embora se favoreçam com ela.

Contas da federação

O PCdoB acredita que pode fazer até três vereadores (hoje tem dois). O PV, que tem um – André Fraga, aliado do prefeito Bruno Reis (União) – acha que tem condições de eleger dois – são cotados pela legenda como possíveis surpresas os pré-candidatos Irmã Day e Arthur Portela, lideranças comunitárias que apoiam Geraldo Jr. Essas contas são formuladas com base numa redução do número de edis do PT, hoje com quatro, uma vez que a federação não elege nove. Os mais otimistas apostam em sete.

Candidatos do coração

O PDT tem os dois candidatos a vereador prediletos de Bruno Reis e do antecessor ACM Neto (União). Bruno quer ver o ex-presidente da Limpurb Omar Gordilho eleito. Já Neto mexe os pauzinhos em favor da reeleição da vereadora Roberta Caires. A conta é que os pedetistas elegem de três a quatro vereadores. Estão na briga ainda os vereadores Anderson Ninho e Débora Santana e o ex-diretor da Codecon, Zilton Neto, que tem o apoio do deputado Leo Prates (PDT) e ficou com parte das lideranças que apoiavam Roberta, como já revelou a coluna.

Guerra santa

Dizem que quem deve perder a cadeira nessa briga é Débora Santana. O apresentador Uziel Bueno, de quem a edil é esposa, andaria, inclusive, irritado com Bruno Reis, sob a suspeita de que o prefeito não estaria preocupado como deveria com a reeleição da companheira. Uma das ameaças a Débora é a pré-candidata Tia Jove, do PSDB, que vem forte para ficar com uma vaga – ambas disputam votos no segmento evangélico da cidade.

Língua grande

Está no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior a decisão sobre se a BYD vai herdar os benefícios fiscais da Ford em Camaçari. Segundo fontes da bancada baiana, a decisão deve ser favorável à montadora chinesa, mesmo o ministério não tendo gostado nada de declarações recentes do representante da empresa no Brasil, Alexandre Baldy, de que a pasta comandada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) era retrógrada no estímulo à produção de carros com baixa pegada de carbono.

Sinal de fumaça

Membros da bancada baiana na Câmara Federal acreditam que a presença do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), na festa de aniversário organizada pelo deputado Elmar Nascimento, em Brasília, na semana passada, serviu para o petista sinalizar aos aliados na Bahia de que pode construir caminhos alternativos visando o próprio futuro político. Dias antes, Rui deixou de comparecer ao evento organizado pelo deputado Antonio Brito, do PSD, que trabalha pela reeleição do senador Ângelo Coronel, em 2026.

Diálogo aberto

Liderança no sul da Bahia, o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT) já abriu conversas com o PP buscando apoio da sigla à candidatura da ex-secretária de Educação Adélia Pinheiro (PT) em Ilhéus. Diante da desistência do ex-prefeito Jabes Ribeiro, que era o postulante pepista, o parlamentar estabeleceu um diálogo com o secretário de Governo de Salvador, Cacá Leão (PP). Jabes ficou irritado com o União Brasil, que manteve a pré-candidatura menos competitiva, do empresário Valderico Júnior.

Nunca beberei

“Para mim foi uma surpresa a desistência de Jabes porque ele aparecia, nas pesquisas internas que vi, com uma performance melhor do que a de Valderico. Gostaria muito de ter o apoio de Jabes, que tem história na cidade. Vou conversar pessoalmente com ele, assim como com outros aliados de Adélia”, disse Rosemberg à Radar do Poder. Questionado sobre se aceitaria ser vice de Valderico, como é o desejo do União Brasil, Jabes respondeu taxativo: “Jamais”.

Pitacos

* Ainda sobre Ilhéus, difícil mesmo vai ser Rosemberg conversar com Bento Lima (PSD), pré-candidato lançado pelo prefeito Mário Alexandre (PSD). Bento acionou o petista na Justiça por divulgação irregular de pesquisa eleitoral.

* Tudo porque, numa entrevista a uma rádio local, o deputado do PT afirmou que Adélia estava crescendo, enquanto a rejeição a Bento aumentava, o que já foi constatado por outras legendas do governo e da oposição. Rosemberg não citou nenhuma pesquisa.

* A articulação do secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Osni Cardoso (PT), que convenceu Jerônimo Rodrigues a apoiar a pré-candidatura de Cyro Novais (MDB) em Serrinha, desagradou parte da militância petista na cidade, que queria a cabeça de chapa.

* Além do ex-deputado Gika Lopes (PT), que tinha o apoio quase solitário de Osni, de quem é liderado, o presidente municipal da legenda, Sandro Magalhães, também estava no páreo. Ele confirmou à coluna a desistência.

* Os deputados federais Ricardo Maia (MDB) e Gabriel Nunes (PSD) vivem uma intensa disputa pela hegemonia política na região nordeste da Bahia. Em 90% das cidades por lá, estão em palanques opostos, mesmo sendo da base de Jerônimo.

* Prefeito de Barreiras, Zito Barbosa (União) assumiu o papel de coordenador da campanha do sucessor, o vereador Otoniel Teixeira (União). Coube também ao gestor escolher o vice na chapa, o ex-procurador-geral do município Túlio Viana (União).

* Presidente do Solidariedade na Bahia, o deputado estadual Luciano Araújo garante que não há possibilidade de o colega de Assembleia e de partido Pancadinha desistir da pré-candidatura em Itabuna.

* Alguns políticos dizem que uma pesquisa vai decidir o candidato da oposição em Itabuna, insinuando que Pancadinha poderia ceder em favor de Capitão Azevedo (União) ou Isaac Nery (PDT). “Isso não vai acontecer”, garante, taxativo, Luciano Araújo.

* Após a especulação de que vai desistir da pré-candidatura em Feira de Santana, que começou a circular ontem, o deputado estadual Pablo Roberto (PSDB) tomou um “chá de sumiço”. Desligou o telefone.

*Adversários de Bruno Reis ficaram incomodados com a foto publicada pelo prefeito, ao lado da vice Ana Paula Matos (PDT), na qual os dois formam o número 44 com as pernas. Enquanto eles se divertiam, chamaram de “sem graça”.

Radar do Poder, a coluna de bastidores do Política Livre
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