30 outubro 2024
Encontro marcado
O encontro casual entre o prefeito Bruno Reis (União) e o presidente do PP baiano, Mário Negromonte Júnior (PP), em Curaçá, durante a Festa do Vaqueiro, no sábado (06), gerou especulações, muitas “plantadas” por aliados do próprio governo estadual, de que a cúpula pepista estaria se afastando do Palácio de Ondina. A realidade, no entanto, é que, a pedido dos deputados estaduais e de prefeitos da sigla, o comando do PP pretende afinar o diálogo com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) logo após as eleições.
Origens no couro
Bruno, por sinal, costuma marcar presença na Festa do Vaqueiro, que é da região norte do Estado – ele só nasceu em Petrolina (PE), do lado de Juazeiro, que fica a 90 quilômetros de Curaçá. Nas redes sociais, escreveu que foi renovar as energias onde tudo começou. Jerônimo também esteve presente, mas não se encontrou com o prefeito de Salvador. O governador lembrou que é filho de vaqueiro. Para os dois, o PP lembra do ditado: “do couro sai a correia”.
Aliança bolsonarista
Quem faltou à festa, mesmo com a presença do governador, foi o ex-prefeito de Juazeiro Isaac Carvalho (PT), pré-candidato este ano. Dois motivos são apontados como justificativa da ausência: jogou a toalha sobre o pleito de 2024 diante da inelegibilidade ou, o que é mais provável, ficou com vergonha de Jerônimo pelo apoio ao bolsonarista Adriano Araújo (Podemos) na disputa pela Prefeitura de Curaçá. Lá, o PT lançou Murilo Bomfim (PT), considerado por Isaac um político sem palavra.
Autointitulado vaqueiro
O candidato apoiado por Isaac em Curaçá é o mesmo do atual prefeito Pedro Oliveira (Podemos), de quem o petista é aliado e que já presentou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com um gibão de couro. Todos os demais postulantes em Juazeiro da base de Jerônimo – os deputados Zó do Sertão (PCdoB) e Roberto Carlos (PV), o empresário Andrei Gonçalves (MDB), o ex-prefeito Joseph Bandeira (PP) e o advogado Márcio Jandir (PP) – estiveram na festa. Faltou só aquele que se autointitula vaqueiro.
Fiador do norte
Mas manter Isaac na disputa segue como prioridade absoluta para o presidente do PT da Bahia, Éden Valadares, segundo quem os problemas do aliado na Justiça Eleitoral serão resolvidos a tempo. A determinação é tanta que o dirigente chegou a pedir ao deputado federal Mário Negromonte Júnior que o PP não embolasse ainda mais a sucessão lançando Márcio Jandir, que já foi petista, para apoiar o ex-prefeito. Como já lembrou a coluna anteriormente, Jandir saiu do PT justamente para poder ser candidato.
Questão de honra
Para o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), se tornou uma questão de honra manter o Agir entre os partidos aliados na disputa pela Prefeitura de Salvador. A sigla é comandada indiretamente pelo deputado estadual Júnior Muniz, que é petista, mas defende o apoio à reeleição de Bruno Reis. Internamente, o candidato do MDB abriu guerra contra Muniz. Para ele, caso o partido, como é a tendência, fique com o prefeito, vai reforçar o discurso de que ele não agregou toda a esquerda, embora de esquerda, como todo mundo sabe, o Agir não tenha nada.
Apoio evangélico
A tese sobre o Agir é tão verdadeira que o candidato a vereador de Júnior Muniz em Salvador será o evangélico e conservador Ricardo Almeida (DC), postulante à reeleição e fiel aliado do Palácio Thomé de Souza. O Agir, que não montou chapa competitiva, deve ficar de fora da Câmara Municipal em 2025. A legenda é comandada pela filha do deputado do PT, Társsila Muniz, que, a exemplo do que foi Alex Futuca no comando do MDB, onde quem manda mesmo são os Vieira Lima, é figurante na política com função burocrática.
Mensageiro errado
Em Ilhéus, a pré-candidata do PT, Adélia Pinheiro, pediu ao líder do governo na Assembleia, o petista Rosemberg Pinto, que converse com Júnior Muniz para ter o apoio do Agir. O gesto demonstrou a pouca habilidade política da petista, que vai disputar a primeira eleição. Ela não sabia que Muniz não gosta de Rosemberg e a reciproca também é verdadeira. Ou seja, no “leilão” pelo Agir, a sigla avança nas conversas com a oposição no município.
Dois pesos
Correligionários de Geraldo Júnior ficaram animados com a pesquisa divulgada esta semana pela Record. Eles acreditam que duas pessoas podem mudar o jogo a favor do emedebista: o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente da Conder, José Trindade (PSB). O primeiro precisa reforçar e explicitar o apoio político e o outro entrar na campanha com a força da caneta para a realização de intervenções que rendam votos nos bairros de Salvador.
Pecado capital
É motivo de inveja entre aliados do governo baiano a desenvoltura aérea de Lucas Reis (PT), chefe de Gabinete do senador Jaques Wagner (PT), que tem percorrido o interior baiano de avião top de linha visando arregimentar apoios já de olho na eleição para deputado federal em 2026. Recentemente, Reis provocou alvoroço ao desembarcar em Mundo Novo para o lançamento da candidatura de um empresário à Prefeitura.
Preço da fidelidade
Em Ipirá, Jerônimo irritou os emedebistas locais ao declarar, em entrevista de rádio, apoio à pré-candidatura de Thiago do Vale (PSD), nome lançado pelo prefeito Dudy (PSD) à sucessão municipal. Isso porque havia um entendimento de que o governador marcharia com Nina Gomes (MDB), esposa do ex-deputado estadual Jurandy Oliveira (MDB), que, quando estava no PP, em 2022, se manteve fiel ao petista mesmo com a sigla indo para a oposição.
Ruim de jogo
Insatisfeitos com a postura do ex-deputado federal Tito, pré-candidato petista em Barreiras, os emedebistas devem compor com o concorrente do PP, o jovem Danilo Henrique. Com isso, a companheira de chapa do pepista deve ser Karlúcia Macedo (MDB), que era pré-candidata, já foi vereadora, vice-prefeita e secretária municipal. Sem negociar os interesses dos aliados, Tito ofereceu a segunda posição na chapa ao outrora adversário Emerson Cardoso (Avante), que é o atual vice-prefeito.
Presença digital
Não é só o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), que vai ficar de fora, ao menos presencialmente, da campanha eleitoral deste ano, inclusive em Salvador. Outro cacique da política local cuja participação será restrita é o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB). Ele fará, nos próximos dias, ao menos três novas cirurgias no joelho por conta de uma infecção na prótese que colocou. Mas Geddel seguirá ativo nas redes sociais, onde costuma fazer barulho.
Inversão de tendência
Bastou começar a dar visibilidade ao seu trabalho na cidade para as pesquisas inverterem a tendência de derrota do prefeito de Santo Antônio de Jesus, Genival Deolino (PSDB). Ele teria passado à frente dos adversários, começando a abrir vantagem. Um dado interessante: atualmente a aprovação dele no município seria superior às do governador Jerônimo e do presidente Lula (PT).
Não fazendo e morrendo
“Wedo”. Separando as palavras em inglês “We do” e, traduzindo, seria “a gente faz”. Não é bem isso que a empresa que carrega o nome descolado vem fazendo no mercado. Responsável por revestimentos em pisos, paredes e madeira, vem levando seus clientes ao desespero com atrasos e não cumprimento de prazos. E, para piorar, tem prestado um péssimo atendimento, com um misto de arrogância e falta de educação. Do jeito que vai, logo, logo vai mudar de nome para “Wedied”, ou seja, “nós morremos”.
Pitacos
* Vereadores de peso da base de Bruno Reis começam a se queixar de que o prefeito deu uma desacelerada nas obras, sobretudo de menor porte, mas de peso eleitoral, realizadas em bairros da cidade.
* “Eu já disse ao prefeito que ele tem que continuar acelerado”, comentou à Radar do Poder um dos edis próximos ao Palácio Thomé de Souza.
* Para aliados de Geraldo Júnior, a intensificação das críticas de Bruno Reis ao emedebista é um fator positivo. “Isso demonstra que o prefeito sabe que vai ter eleição, ou seja, disputa”, comentou o presidente do MDB de Salvador, Lúcio Vieira Lima.
* O senador Otto Alencar (PSD) mudou de estratégia e resolveu defender de forma mais veemente a renovação do mandato do senador Ângelo Coronel (PSD) no pleito de 2026. Em entrevista esta semana, disse que a reeleição é um “direito intocável”.
* Segundo apurou a coluna, a fala, antes de ser dita, teve o respaldo de Jaques Wagner, que também não desejaria ter Rui Costa pleiteando a cadeira de senador ou do governador. Para Wagner, isso prejudicaria a aliança com os demais partidos.
* Comentário de um importante aliado do Palácio de Ondina à coluna sobre a fala de Otto: “Agora imagina o que a deputada federal Lídice da Mata (PSB), alijada da reeleição ao Senado em 2018 pelo PT e PSD, pensa sobre isso”.
* Aliados de Jerônimo pediram a ele que não fique se ‘metendo’ em “bola dividida” no interior do Estado. “O governador não pode ficar dando palpite em território onde a disputa acontece fortemente entre lideranças que o apoiaram”, aconselhou um deputado.
* Pré-candidatos em Ilhéus, Jabes Ribeiro (PP) e Valderico Júnior (União) pretendem definir ainda esta semana qual será o candidato da oposição a prefeito do município. Eles fizeram um acordo de que o mais competitivo lidera a chapa.
* Candidata à reeleição, a prefeita de Araci, Keinha de Jesus (PDT), deu início a uma campanha digital reforçando simplesmente que nasceu no município. O objetivo é atingir o principal adversário, o empresário Zelito Maia (MDB), que é de Ribeira do Pombal.
* Em Feira, José Ronaldo (União) só deve revelar o vice na chapa entre os dias 20 de julho e 5 de agosto, prazo das convenções partidárias. Magoado até hoje, a aliados próximos tem prometido ser mais ‘justo’ do que ACM Neto foi com ele em 2022.
Radar do Poder, a coluna de bastidores do Política Livre