Foto: Marina Ramos/Arquivo/Agência Câmara
O deputado Elmar Nascimento 12 de setembro de 2024 | 12:17

Antes colocado como candidato de Lira, Elmar tenta se manter vivo na briga pela sucessão na Câmara agora com juras a Lula

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Traído pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), a quem considerava ser o melhor amigo em Brasília, o deputado Elmar Nascimento (União) passou os últimos dias articulando uma nova estratégia para se manter vivo na disputa pelo comando da Casa. O movimento político mais importante foi o encontro, nesta quarta-feira (11), com o presidente Lula (PT).

Aliados do baiano ouvidos por este Política Livre na manhã desta quinta (12) disseram que “Elmar está mais governista do que nunca”, depois de perder o aval de Lira, que já comunicou aos líderes partidários da Câmara o apoio à candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).

O deputado baiano, que pediu a audiência com Lula, afirmou ao presidente da República que Motta é um quadro da oposição, ligado ao senador Ciro Nogueira (PP-AL) e, por consequência, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele afirmou ainda que Lira foi “emparedado” por Ciro, hoje um destacado membro da oposição.

Elmar disse também a Lula que, se for presidente da Câmara, será um aliado fiel ao Planalto e ficará longe do PL. E mais: que, se não for candidato, está disposto a apoiar um outro nome da base governista, a exemplo do deputado Antonio Brito (PSD), concorrente ao comando da Casa. Lula ouviu bastante e manifestou novamente o desejo de ficar isento na disputa, o que não deve ocorrer na prática.

O deputado do União Brasil já vez um pacto com Brito no sentido de que será candidato aquele que demonstrar mais chances de vencer a eleição, que acontece em fevereiro de 2025. Os dois abriram uma frente contra Lira, assim como os partidos de ambos, que devem formar um bloco na Câmara. O acerto envolve ainda a briga pela presidência do Senado, como revelou em primeira mão este Política Livre.

Elmar também se reuniu esta semana com ministros do União Brasil, com o titular do Ministério das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e com lideranças do PSDB, Cidadania, PSB, Avante e PDT. Na hipótese de ter o apoio integral do União Brasil, do PSD e desses outros partidos citados, o baiano teria assegurado quase 160 votos. Para vencer a eleição, são necessários no mínimo 257 votos.

Com o discurso remodelado como governista, Elmar busca o apoio do MDB, com seus 44 integrantes, e da federação formada por PT, PCdoB e PV, que tem 80 membros. Entretanto, a avaliação de emedebistas e petistas baianos é que o movimento dificilmente terá êxito, diante das resistências ao nome do deputado do União Brasil e a força de Lira e do próprio Motta, que teria hoje os votos de mais de 300 parlamentares, “por baixo”.

Ontem, na comemoração do aniversário de Hugo Motta, Lira disse a colegas presentes que apoiaria o parlamentar do Republicanos na sucessão. O pepista afirmou ainda que nunca prometeu a Elmar que o apoiaria, mas sim que estaria ao lado do amigo se a eleição do baiano fosse viável, o que não se demonstrou. O baiano enfrenta resistências sobretudo do PT baiano e de colegas que o consideram “de temperamento difícil”.

Elmar ainda não rompeu relações com Lira, apesar de não atender mais aos telefonemas do pepista. Ele só deve fazê-lo quando o presidente da Câmara anunciar publicamente o apoio a Hugo Motta, embora tenha dito à imprensa do sul do país que não fará inimigos no processo. No União Brasil, o clima também é de indignação com a “traição” de Lira.

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