25 novembro 2024
Principal “voz” com mandato do bolsonarismo na Bahia, o deputado federal Capitão Alden, do PL, não disfarça que existe atualmente uma crise, que ele chama de “ruído”, dentro do partido. Nesta entrevista exclusiva ao Política Livre, Alden faz uma avaliação do cenário atual da legenda após as eleições municipais de outubro, cujo desempenho, apesar do resultado pífio das urnas, foi avaliado como positivo pelo parlamentar.
Alden comenta ainda sobre os processos de expulsão envolvendo expoentes do partido, incluindo o aliado e deputado estadual Diego Castro (PL), e sobre as críticas recentes que recebeu do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Defende, ainda, que a legenda tenha candidato próprio ao governo da Bahia em 2026, destacando o nome do atual presidente da sigla no Estado, João Roma, com quem garante não ter desavenças públicas.
Sobre a eleição para presidência da República em 2026, Alden acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estará elegível para concorrer. Ele descarta alternativas como a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do coach Pablo Marçal (PMB). O deputado também analisa os temas que pautam o bolsonarismo no momento no plano nacional, a exemplo do projeto da anistia aos envolvidos nos ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília.
Confira a íntegra da entrevista:
Política Livre – Estamos vivendo um momento conturbado na política nacional após a Polícia Federal acusar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministros e militares de tramarem um plano para assassinar o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Como o senhor recebeu esta notícia?
Capitão Alden – No primeiro momento, o que a gente fica se perguntando é que essas mesmas ilações foram também perpetradas quando Bolsonaro era deputado federal (1:01) e estava candidato à presidência da República, na época da facada, e nada disso foi apurado pela Polícia Federal à época. Nem o próprio STF (Supremo Tribunal Federal), inclusive, fez nenhum tipo de direcionamento, pedido, ou nenhum tipo de ação voltada aos órgãos de segurança para proteger a figura de um candidato à presidência da República que estava liderando as pesquisas. Eram apenas ações isoladas, eram lobos solitários. Hoje, se prende preventivamente, requer quebras de sigilos fiscais, bancários, telefônicos, monta-se toda uma operação, envolve-se todas as agências de inteligência, as agências militares, para verificar supostas provas que são apresentadas e que não há indícios materiais algum. E nada disso foi feito com Bolsonaro e até hoje não se sabe com quem Adélio Bispo, que esteve em na Câmara dos Deputados na época do atentado, conversou naquela semana (da facada), quem custeou aquela quantidade de advogados de defesa ou as próprias forças que agiram contra Bolsonaro. Houve inúmeras ameaças contra o ex-presidente. Então, o que eu avalio nessa pergunta que foi feita é que essas ilações (da Polícia Federal) são completamente hollywoodianas. Todos os fatos apresentados até o momento são ilações, são atos que supostamente ocorreram fora do grupo ligado efetivamente ao Bolsonaro. Não há nenhuma comprovação no momento.
Ministros do STF, a exemplo de Alexandre de Moraes, relacionaram o atentado praticado pelo homem-bomba Francisco Wanderley Luiz em Brasília ao discurso da extrema direita. Existe essa conexão, em sua opinião?
Olha, basta analisar o histórico de vida desse cidadão. Embora ele estivesse no PL, vale lembrar que, quando ele se filiou, e quando ele concorreu nas eleições pela primeira vez como candidato pelo PL, sequer nós estávamos no PL, sequer o presidente Bolsonaro estava no PL. Então, tentar associar o fato de ele estar filiado ao PL e, por isso, estaria ligado diretamente ao bolsonarismo, às pautas de direita, é um equívoco muito grande. Em 2020, quando ele concorreu, nós sequer estávamos com o partido, e o presidente estava sem partido, inclusive, na época. Pediu para sair do PSL e estava sem partido. E todas as conversas que foram vazadas, que foram divulgadas pela imprensa, em nenhuma delas, assim como nas redes sociais do cidadão, não tem imagens dele com Bolsonaro. Ele demonstra sim ser uma pessoa que tem uma ideia antipetista, contra Lula, mas também contra Bolsonaro. Tanto que há trechos de conversas dele, que ele mandou para ele mesmo, onde ele teria colocado o próprio Bolsonaro na alça de mira de um possível atentado. Ele queria uma terceira via que não fosse Lula e nem Bolsonaro. Então, querer culpar o bolsonarismo por isso é uma canalhice.
Mas essa situação não teria sido causada por essa polarização que o país ainda vive mesmo após as eleições de 2022?
Olha, eu acho que a gente tem sempre falado em pacificação. Quem tem falado em polarização, usado esse termo, é a esquerda. O homem que se explodiu com fogos de artifício, inclusive, disse que estava cansado dessa polarização Lula-Bolsonaro. E a todo momento nós falamos que não deve haver polarização, tem que haver pacificação, tem que haver unidade para que o Brasil volte a crescer. Quem fala a todo momento que a polarização é boa é o próprio Lula. Inclusive, ele diz aos aliados que é preciso saber aproveitar essa polarização para poder saber ganhar votos. O próprio Lula falou que são os militantes dele que devem ir para a casa dos parlamentares, ficar na frente da casa dos parlamentares, visitar suas famílias e cobrar os deputados, agindo de forma a mapear, inclusive, os interesses de parlamentares. Esse tipo de conduta você não vê do nosso lado, de pressionar políticos e seus familiares. E eles nos acusam de ser fascistas, opressores, contra as liberdades, que vamos aplicar um golpe. Nós não agimos para cercear ou controlar as redes sociais, enquanto a esquerda faz isso. Não falamos em controlar a mídia, eles sim.
Segundo um jornal do sul do país, o senhor chegou a dizer, em um grupo de WhatsApp dos deputados bolsonaristas, que o atentado do homem-bomba em Brasília dificulta a aprovação do projeto da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. É verdade?
Eu acho que, de fato, a tentativa da esquerda e do sistema é tentar que esse projeto não vá a frente. Então, esse foi um diálogo que houve, de fato, no grupo de deputados, no grupo privado, e em nenhum momento nós falamos coisas secretas. A impressão geral de todos os parlamentares era de que esse fato iria, sim, fortalecer a narrativa de que a anistia não deveria ser algo aprovado. E eu acho que eu tenho que aproveitar o ensejo e separar as coisas. Primeiro, é inimaginável você pensar, em pleno século 21, que o que aconteceu em 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe. Basta analisar o cenário, as pessoas envolvidas, os instrumentos utilizados, os métodos utilizados. Em nenhum país do mundo em que houve golpe ou tentativa de golpe ocorreu da forma como aconteceu no dia 8 de janeiro, sem armas, sem mortes, sem violência, num final de semana, com data, dia e hora pré-determinada. Então, eu acho que a anistia, especificamente, não deve ser prejudicada, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra. Estamos falando de anistiar pessoas que foram condenadas de madeira arrasadora por um crime que não cometeram. A maioria dessas pessoas cometeu apenas depredação de patrimônio público, e que se tiverem que ser punidas por isso, que sejam. Não defendemos a anistia para acobertar crimes. Com a anistia, queremos que se faça justiça a essas pessoas, que não são terroristas. Se tiverem que ser punidas, que sejam punidas pelas ações ou omissões que estejam ligadas com os atos de destruição de patrimônio.
Mas houve uma minuta do golpe, que teria sido escrita pelo próprio Bolsonaro, segundo a Polícia Federal…
Todas essas ações estão previstas na Constituição Federal, ponto. O Bolsonaro sempre atuou nas quatro linhas, e a todo momento ele sempre disse isso, e as suas práticas demonstram isso. Inclusive tem falas de general, de supostos envolvidos com atos golpistas e de planejamento de golpe, que Bolsonaro é extremamente fiel à legislação constitucional brasileira, o que era uma dificuldade de se eventualmente emplacar um movimento como aquele fora das quatro linhas (da Constituição). Então, os próprios envolvidos, supostamente, reclamam disso. Em todos esses anos que passou, me diga qual foi uma única ação em que Bolsonaro agiu fora das quatro linhas? Ele não falava em cerceamento, em censura, não tirou site do ar, jornalistas do ar, não aprovou lei de combate fake news, nada, sempre agiu dentro das quatro linhas. Então esse aspecto de encontrar uma suposta minuta, um suposto documento… Pode ter até havido um documento, porque você tem constitucionalmente previsto estado de sítio e estado de defesa, que era a tal minuta do golpe. E expressão golpe era nada mais do que o estado de sítio. Vale salientar que, num eventual estado de sítio ou estado de defesa, não é um presidente com uma canetada só que define, que estabelece ali o estado de sítio. Todos esses dois momentos e essas ações têm que passar obrigatoriamente pelo Congresso Nacional.
A exemplo do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o senhor também defende o impeachment de Alexandre de Moraes, caso o STF seja um empecilho à anistia dos envolvidos no 8 de janeiro?
Olha, está muito claro e evidente que os ministros do STF estão agindo fora das quatro linhas (da Constituição). Isso é fato. Inclusive, eu sou autor de um projeto de lei que visa alterar a lei do crime de responsabilidade que pune ministros do STF especificamente caso eles tenham ou estejam atuando de forma política ou partidária. A lei que trata do afastamento dos ministros é hoje extremamente subjetiva. Essa atuação político-partidária não está descrita, não tem condutas elencadas, que é o que procuro fazer. A fala de Flávio Bolsonaro está muito clara no sentido de que os ministros estão se excedendo nas suas funções. O mesmo ministro, ele é vítima, ele é autor, ele é julgador, ele mesmo aplica as punições. Isso não se viu em nenhum momento da história recente. O Poder Judiciário deve ser reconhecido pela sua imparcialidade, pela sua transparência no julgamento e, obviamente, deve julgar dentro daquilo que está nos autos, sem estar sendo ameaçados ou forçados a agir por pressões externas ou de grupos.
Que avaliação o senhor faz da minuta da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que o governo Lula pretende enviar ao Congresso para, segundo o Planalto, ajudar os estados no enfrentamento à criminalidade?
Primeiro, essa minuta teria que ter passado pela Comissão de Segurança Pública (da Câmara), para que a gente pudesse avaliar quais são as ações, quais são as legislações que precisam ser alteradas, quais são os investimentos que precisariam ser feitos. A gente viu muita pirotecnia e campanha por parte do governo, que prefere criar um impacto, causar uma expectativa e tentar jogar a população contra os congressistas. O segundo ponto é que existe um artigo lá na minuta dizendo que estados e municípios seriam obrigados a seguir as diretrizes estabelecidas pelo conselho criado, formado por membros indicados pelo próprio governo, sob pena de perder recursos e repasses para a área da segurança, o que é extremamente perigoso. Essa proposta tira a autonomia dos governadores e de seus chefes de segurança, porque terão de cumprir aquilo que o governo acha que é bom para os estados e municípios. Sabemos que o Brasil é um país continental, com diversas questões, com diversas problemáticas e pode não ser a prioridade daquele estado, daquele município, o que o governo federal quer impor.
Mas, no caso da Bahia, o problema da violência se tornou uma praga. O governo federal não teria mesmo que agir com mais rigor?
Esse é um ponto importante. A proposta não apresenta soluções factíveis para resolver o problema do crime organizado na Bahia e no Brasil, como foi vendida a ideia. Por exemplo: não se fala em fortalecer as Forças Armadas nas fronteiras brasileiras. Inclusive, há uma redução de efetivo programada até 2030 de 10% do efetivo das Forças Armadas. E nós sabemos que as armas ilegais entram pelas fronteiras, as drogas. A própria PEC poderia falar, por exemplo, em fortalecer o patrulhamento das rodovias federais e estaduais pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que seria a POF (Polícia Ostensiva Federal), e pelas polícias rodoviárias estaduais. Muitas armas e drogas circulam por essas rodovias. A única questão que foi favorável e nós concordamos é a ampliação da competência da Polícia Federal. Ou seja, é preciso muito mais para enfrentar o problema da violência na Bahia. Nos 18 anos de governos do PT aqui no estado, nós já temos aí mais de 100 mil assassinatos registrados oficialmente. Então, é um estado que realmente foge de qualquer regra, e que precisa ter um investimento muito forte não somente na área de inteligência, mas também em efetivo policial. Você sabe qual é o efetivo hoje da polícia civil na Bahia? São 5.700 policiais. Aproximadamente 1500 foram incorporados nesse último ano, só que, a cada concurso que é realizado, ele não consegue suprir a demanda daqueles que saem. Só para você ter uma ideia, o Sindipoc (Sindicato dos Policiais Civis da Bahia) anunciou que, até 2030, 80% desses politicais preencherão os pré-requisitos par se aposentar. E se todos se aposentarem? Se não tiver uma política de manutenção desses policiais antigos, se não houver uma melhora salarial, se não houver uma condição de trabalho melhor, 80% do atual efetivo policial na Bahia poderá ir embora em 2030. E a Bahia é um dos estados que menos soluciona crimes, sobretudo os relacionados a homicídios.
Vamos falar um pouco de política na parte final da entrevista. O PL teve um bom desempenho nas eleições municipais nacionalmente e até na região Nordeste, com exceção da Bahia, onde a sigla elegeu apenas um prefeito e pouco mais de 60 vereadores. O que deu errado por aqui?
Primeiramente eu queria pontuar que parte da imprensa fez uma comparação, vamos dizer assim, leviana entre 2020 para 2024. Eram contextos completamente diferentes. Em 2020, assim como eu falei lá do suspeito que se explodiu com fogos de artifício, era um outro PL, e não este com a força bolsonarista e conservadora de hoje. Na Bahia, assim como e outros locais, o PL era apêndice do PT na Bahia. Então é óbvio que o desempenho em 2020, em termos eleitorais, foi melhor. Em 2024, os resultados que nós tivemos do PL na Bahia refletem diretamente o fato de a gente tentar se manter vivo politicamente aqui no estado. Havia cidades na Bahia em que nós não tivemos vitórias concretizadas, mas passamos a contar com lideranças do PL que antes não tínhamos. Um exemplo é a cidade de Guanambi, onde eu tive 390 votos na minha eleição para deputado federal e, depois deste pleito municipal devo subir essa votação para mil votos na próxima eleição, porque passamos a contar com lideranças no município. O PL, então, avançou nesse aspecto. E nós temos hoje três deputados federais eleitos pela Bahia, embora apenas eu de fato milito no bolsonarismo, represento o conservadorismo aqui no estado de forma mais importante.
E a deputada federal Roberta Roma (PL), esposa do presidente do partido na Bahia, João Roma, também não representa esse campo?
Não. Ela está no partido, ela tem tido uma atuação dentro da Câmara de Deputados, tem votado com o PL em todas as proposições do PL, todas as orientações partidárias ela tem seguido, mas a bandeira do conservadorismo, do bolsonarismo aqui no estado, quem levanta sou eu.
E sobre o deputado federal Jonga Bacelar, que está no PL, mas vota com o governo Lula? Como o senhor vê a situação dele e dos deputados estaduais do partido que, na Bahia, estão na base do governador Jerônimo Rodrigues (PT)?
Olha, eu acho que o meu posicionamento sempre nesse sentido foi o de que quem deve responder por isso é o presidente João Roma. Mas a minha opinião pessoal é de que nós temos que estar em partidos que obviamente comungam com nossas ideias e pensamentos. Se eventualmente nós estamos em um partido que não representa aquilo que você de fato acredita, eu acho que você não deve estar nesse partido. Agora, essa decisão de expulsar um parlamentar, especialmente um parlamentar federal, ela é bastante complexa. Primeiro, porque é a quantidade de federais no partido que vai estabelecer o tamanho do nosso fundo eleitoral. O segundo ponto é que se você decide tirar um deputado federal, por exemplo, com 100 mil votos de dentro do partido porque ele não está alinhado ideologicamente com os princípios partidários e tudo mais, a pergunta que fica é: aonde é que você vai encontrar candidatos que substituam esses 100 mil votos desse deputado? Esses votos fazem diferença na eleição. Isso pode, inclusive, impactar na eleição daqueles que estão no partido, que defendem a bandeira do partido, mas não tem condições de sozinhos terem mais votos. Por isso, nós temos que investir nos nossos quadros políticos do estado, temos que melhorar nossa representação partidária nos municípios, fomentar lideranças e movimentos como o PL Jovem e o PL Mulher, entre outros. Eu acho que antes de tomarmos essa decisão política de afastar, de expulsar, nós temos que nos preparar antes para substituir essas pessoas. Se não tiver uma pessoa com cem mil votos, que eu possa investir em cinco, dez pessoas que tenham cada um cinco, dez mil votos.
E em relação aos deputados estaduais que votam com o governo, nos casos de Vitor Azevedo e Raimundinho da JR? Aliás, há especulações de que já há um processo de expulsão contra os dois e contra o deputado estadual Diego Castro, que é bolsonarista e aliado do senhor na Assembleia Legislativa.
Olha, não existe oficialmente nenhuma notícia, nenhum documento, nenhuma fala, inclusive do presidente João Roma sobre isso de processo de expulsão. Então, eu acho que, ao invés de estarem especulando, ninguém até hoje perguntou ao ex-ministro João Roma o que ele pensa, se existe isso de fato. Então, quem tem que responder é o presidente do partido. Até hoje, até o presente momento, não houve nenhuma conversa, não houve nenhuma notificação oficial do partido com relação a essas prováveis e possíveis expulsões, em especial o Diego Castro. No caso específico do Diego, eu não vejo, inclusive, aspectos regimentais ou estatutários que levem a uma expulsão de um parlamenta.
Existe uma crise no PL da Bahia motivada por uma disputa interna por espaço? Recentemente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), inclusive, fez críticas a Diego Castro, à médica Raissa Soares e até mesmo ao senhor, os acusando de estarem financiando a rádio conservador Brado, de Salvador, para atacar o ex-presidente.
Olha, com relação às falas do deputado federal Eduardo Bolsonaro, eu inclusive estive com ele nos últimos dias e posteriormente a esses fatos. E havia ruídos, havia um curto circuito sobre a minha pessoa, mas que isso já foi já sanado. Ele entendeu qual foi a situação que ocorreu de fato. Eu fui envolvido no bolo e na vala comum. Não foi me dada a oportunidade de fala. Então, muitos falaram. Muitos replicaram. Muitos me apontaram como possível financiador, possível traidor, possível detrator da família Bolsonaro. Mas isso aconteceu, infelizmente, porque algumas pessoas do PL levaram ao deputado Eduardo Bolsonaro informações equivocadas, incompletas. Então, isso tudo ensejou um ruído de comunicação propositalmente para criar divisão dentro do partido. Mas, de minha parte, não existe divisão. Há, claro, obviamente, ações, pensamentos diferentes. Somos humanos, somos normais. Somos seres humanos normais, que temos divergências de ações e pensamentos. Mas isso não quer dizer que a gente esteja atuando para dividir, para tirar pessoas do cargo.
Então existe de fato uma disputa interna. Seria entre Roma e o grupo do senhor, do qual Diego e Raissa fazem parte?
Na minha parte específica, eu nunca dei um posicionamento na imprensa criticando qualquer dos membros do partido. Toda e qualquer situação que envolve parlamentares ou pessoas sem mandato filiadas ao partido. Eu resolvo internamente todas as minhas diferenças e até hoje eu resolvi pessoalmente com o próprio João Roma, na presença dele, na presença daqueles que acabei de ouvir ou não críticas, sugestões partidárias. Então, não fico usando a imprensa para fazer palanque político, muito menos externar opiniões que eu tenha e toda e qualquer situação que eu venha a ter (sobre o partido). Eu resolvo internamente, com o presidente e com os membros filiados ao partido.
O senhor tem interesse em assumir o comando do PL na Bahia?
Eu não tenho. Eu não tenho tido nenhum tipo de atuação no sentido de assumir o partido. Hoje, nós temos um presidente do partido. E eu sempre disse a ele, inclusive pessoalmente, que, enquanto eu estiver no partido, eu serei fiel ao presidente, serei fiel aos princípios do partido. As mesmas pessoas que eu tenho acesso, a Bolsonaro, ao presidente nacional Valdemar (Costa Neto), à família Bolsonaro e de todos os demais que têm poder decisório dentro do partido, João Roma também tem. Então, se eu estivesse por trás, criando armadilha, falando mal, criando uma situação de mal estar e fazendo críticas, ele também saberia. Então, a todo momento eu deixo isso muito claro. Então, enquanto eu estiver no partido, estarei obedecendo as regras partidárias e serei fiel ao presidente Roma enquanto ele estiver no partido e quando tiver conduzindo o processo dentro daquilo que a gente espera.
O PL deve ter candidato próprio a governador ou apoiar ACM Neto (União) em 2026, como ocorreu no segundo turno de 2022? Caso a estratégia seja a candidatura própria, o nome natural é o de Roma ou o senhor, que se coloca como legítimo representante do bolsonarismo no estado, também pode entrar nessa disputa?
Minha opinião é que eu tenho de continuar meu trabalho na Câmara Federal, abrindo os olhos das pessoas, fortalecendo outras lideranças conservadoras no estado. Vários sites que fazem ranking dos políticos me colocam entre os 50 melhores parlamentares do Brasil, entre deputados federais e senadores. No Nordeste, eu fui o segundo mais bem avaliado. Na Bahia, o primeiro. Em outros rankings, estou entre os três da Bahia, concorrendo com nomes como Elmar Nascimento (União) e Antonio Brito (PSD), duas potências que eram candidatos à presidência da Câmara. Claro, se o próprio presidente Bolsonaro, a cúpula nacional, entender que eu preciso estar em outra missão maior, eu poderia ser candidato. Mas a conjuntura, a construção, pelo o que eu tenho ouvido, não é nesse sentido. Sobre 2026, eu acho que hoje o PL tinha que trabalhar para fortalecer suas bases, criar nomes para que ter alternativas viáveis. Hoje na Bahia o nome que temos, acredito, é o de Roma. Eu acho que a gente deve defender, sim, candidatura própria, fortalecer os nossos nomes, os nossos candidatos, trabalhar na disputa para o Senado, para o governo, para a Câmara Federal. Já passou da hora de o PL deixar de ficar servindo para carregar o caixão dos outros. Eu acho que o PL tem que se fortalecer, tem que criar sua identidade, sua marca, criar suas políticas, fortalecer seus políticos. Porque muita gente hoje quer o PL não porque comunga com as ideias, princípios e valores que definimos, mas sim pelo fundo eleitoral, tempo de rádio e TV, do nosso eleitoral. É aquilo que Bolsonaro fala há muito tempo: quer o PL, mas não pode andar de mãos dadas nas ruas.
Com Bolsonaro inelegível, quem será o candidato do PL à Presidência da República em 2026? O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)? Ou de repente o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União)? Outro nome que despontou nas urnas este ano, em São Paulo, foi o do empresário Pablo Marçal (PMB), que conquistou ao menos parte do bolsonarismo.
Hoje nós trabalhamos no cenário de Bolsonaro elegível. Eu acho que essa situação tende a se reverter. Eu acho que todas as denúncias, todas as ações perpetradas, tende a nos fortalecer ainda mais. Imagine você sustentar a narrativa de golpe, tentativa de golpe, assassinato, e todo dia uma narrativa nova e todas elas são derrubadas, dia após dia. Então, eu acho que a tendência é fortalecer Bolsonaro. Eu acho que a própria eleição de Donald Trump nos EUA vai dar um fôlego a mais a essa possibilidade. Veja que antes da eleição de Trump eles queriam prender Bolsonaro, querem aprovar lei de combate a fake news, regular as redes sociais porque sabem que a nossa força esta em Bolsonaro e na e liberdade que ainda temos. Acredito piamente que Bolsonaro será elegível. E não estando elegível, ele vai indicar um nome. É Tarcísio, Caiado, Pablo Marçal? Não acredito que possa ser nenhum desses. Poderia até surgir um novo nome, de repente.
Quem?
Boa pergunta. O tempo dirá. Mas hoje, em 2024, é Bolsonaro.
Política Livre