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18 de dezembro de 2024 | 13:18

Radar do Poder: O silêncio ensurdecedor de Bruno, o acerto com o Republicanos, o secretário vazador e a confraternização de Jerônimo

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Silêncio ensurdecedor

O prefeito Bruno Reis (União) comandou, no final da semana passada, a última reunião de planejamento estratégico do primeiro mandato, com os secretários e dirigentes da gestão. Nas rodas de conversa entre as mesas, no entanto, o assunto não foi outro: quem fica e quem sai na reforma administrativa. O clima, que é de apreensão na equipe, deve ficar ainda mais tenso, já que Bruno tem mantido sigilo sobre as mudanças e vai fazer uma viagem internacional nesta quinta (19), só retornando no próximo dia 26, para tirar uns dias de descanso.

Malas prontas

O prefeito não teve conversas definitivas nem com auxiliares que manifestaram a vontade de deixar os cargos, como são os casos dos secretários de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, e de Reparação, Ivete Sacramento. Bruno também deve ter uma conversa com o secretário de Mobilidade, Fabrízzio Muller, outro assediado pela iniciativa privada. A depender das mudanças, e de quem serão os substitutos, o prefeito ainda terá que conter insatisfações dentro das próprias pastas.

Efeito colateral

Exemplo: o presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, sinalizou a amigos que pode pedir para sair da gestão a depender de quem seja o substituto de Pedro Tourinho, que elevou o nível de trabalho na secretaria e dialoga bem até com setores da esquerda. Na gestão desde os tempos de ACM Neto (União), como é o caso também de Ivete e Fabrízzio, Guerreiro seria contra o prefeito chamar para a função alguém que não tenha qualquer relação com o segmento turístico e cultural, como seria o caso do vereador Duda Sanches (União), cogitado para a pasta por setores da imprensa.

Republicanos resolvido

Na segunda (16), o prefeito se encontrou, no Palácio Thomé de Souza, com o deputado federal Márcio Marinho e com o vereador Luiz Carlos, presidentes estadual e municipal do Republicanos, respectivamente. Bruno teria convidado o edil para retornar ao posto de secretário de Infraestrutura, bem como confirmado a permanência do secretário de Manutenção, Lázaro Jezler, outro quadro indicado pelo partido. Com isso, o Republicanos mantém a influência sobre a área de obras da Prefeitura.

Tempo mais curto

Aliás, Luiz Carlos, que ainda não teria aceitado formalmente o convite de Bruno, mas deve fazê-lo nos próximos dias, fica no cargo até abril de 2026, pois tem planos de concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal, se Márcio Marinho vier a compor um espaço na chapa majoritária encabeçada por ACM Neto, virtual candidato ao Palácio de Ondina, em 2026. Bruno decidiu não criar nenhum impedimento para que postulantes na próxima eleição assumam cargos na reforma, com exceção da Secretaria de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro, para evitar ciumeiras na “ponta” do atendimento ao cidadão.

Apostas feitas

Na confraternização de final de ano dos vereadores de Salvador, na noite desta terça (17), num restaurante da Pituba, a reforma administrativa de Bruno Reis também foi o principal assunto em pauta. As apostas giravam em torno de qual será o vereador do União Brasil que vai para o Executivo e se ACM Neto iria ganhar ou perder a queda de braço com o PSDB na disputa pela Secretaria de Educação. Uma tese foi levantada: a de que os tucanos poderiam ser abrigados na pasta da Saúde para que Thiago Dantas, pupilo de Neto, permaneça na Educação.

Tempo em família

A vereadora Marcelle Moraes, do União Brasil, garantiu à coluna que não tem o menor desejo de voltar a ser secretária da Prefeitura neste momento. “Eu quero curtir a vereança e a minha filha, aproveitar um pouco mais do tempo com a família”, disse. Antes da eleição, Marcelle era a titular da Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência e Proteção Animal, e foi responsável pela implantação do primeiro hospital público para animais de Salvador. Os cotados do partido dela para assumirem um cargo na Prefeitura são Cláudio Tinoco, Duda Sanches, Kiki Bispo e Alberto Braga.

Cavalcanti quer ficar

Marcus Cavalcanti, atual secretário do Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil da Presidência, disse a pessoas próximas que não tem interesse em retornar ao governo baiano. A vontade dele é permanecer onde está, onde se sente mais confortável. Cavalcanti, que foi secretário estadual de Infraestrutura no governo do atual ministro Rui Costa (PT), é cotado para assumir a chefia da Casa Civil do Estado no lugar do atual ocupante do posto, Afonso Florence (PT), deputado federal licenciado e que também almeja permanecer no mesmo local.

Espaço modesto

Prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro (PT) foi convidado pelo novo secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, para auxiliá-lo na articulação política do governo Jerônimo Rodrigues (PT). Ainda não respondeu ao convite, mas aliados consideraram o espaço oferecido modesto demais. Júlio, que será candidato a deputado estadual em 2026, emplacou em outubro o sucessor, Getúlio Sampaio (PT), e tem uma boa relação com o governador.

Timing político

Jerônimo Rodrigues estava disposto a entregar ainda este mês ambulâncias e veículos escolares para municípios do interior, fruto de emendas parlamentares, inclusive da oposição, mas adiou os planos para o início de 2025 a pedido dos próprios deputados estaduais, que querem fazer a “média” também com os novos prefeitos, empossados no começo de janeiro. Nos casos de derrota nas eleições, vai ter até mudança de endereço de município contemplado.

Fora de lista

Além de terem “esquecido” de chamar o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) para a festa do Bope, não “lembraram” de convidar ele para outros os eventos de final de ano do governo. Na última sexta (13), por falta de convite, ele acabou não comparecendo a uma confraternização no Parque de Exposições na qual circularam diversas autoridades, inclusive secretários. Fora do circuito, a opção que restou ao vice foi distribuir cartões de visita com o “amigo” corretor de seguros em um aniversário em um condomínio na região do Litoral Norte.

Vazamento de imagens

O vazamento constante de imagens na carceragem estadual de presos na Operação Overclean, que prendeu acusados de envolvimento em esquema de desvio de verbas e fraudes em licitações no Dnocs, tem chamado a atenção de advogados que acompanham os suspeitos. Muitos atribuem o fato à leniência de José Castro, secretário de Administração Penitenciária, pasta da cota do MDB dos irmãos Vieira Lima. Os mesmos advogados alertam que, ao invés fazer de tudo para agradar os superiores, ele deveria se preocupar com os casos de fuga de presos no interior.

Sangue frio

Em clima de despedida do mandato, o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (MDB), revelou à Radar do Poder que fez parte de uma tática combinada ter sido “escondido” da campanha vitoriosa de José Ronaldo (União), o sucessor. “Não teve mágoa nem nada, porque estratégia é estratégia. Decidimos lá atrás que seria assim, eu, Zé, ACM Neto”, revelou. Sobre o futuro, Colbert confirmou que pretende ser o candidato do mesmo grupo político a deputado federal em 2026.

Pablo encurralado

Sobre 2026, no entanto, Colbert ainda precisa combinar com o deputado estadual Pablo Roberto (PSDB), vice-prefeito eleito de Feira e que também pretende concorrer a uma cadeira na Câmara Federal em 2026 como o candidato de José Ronaldo. Esta semana, após um enorme jogo de cena, o tucano decidiu que vai renunciar ao mandato parlamentar e assumir o posto para o qual foi eleito,. Foi encurralado pelo suplente Paulo Câmara (PSDB) e por Adolpho Loyola (PT).

Ponta do lápis

O presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Quinho Tigre (PSD), quer reunir até a semana que vem os quatro candidatos à sucessão na entidade – os prefeitos de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB), de Ituaçu, Phellipe Brito (PSD), de Itabuna, Augusto Castro (PSD), e de Medeiros Neto, Beto Pinto (MDB) – para tentar construir um nome de consenso. Sabendo que apenas dois estão de fato na disputa – Wilson e Phellipe –, ele vai colocar na ponta do lápis os apoios reunidos por cada um.

Pitacos

* Jerônimo convidou os aliados, entre deputados, dirigentes partidários, prefeitos e secretários para uma confraternização nesta quinta-feira (19), a partir das 19h, no Palácio de Ondina. Integrantes de outros Poderes também foram convidados.

* O governador chegou a pensar em fazer a confraternização fora do Palácio de Ondina, mas seguiu o conselho da primeira-dama, Tatiana Veloso, e manteve o evento na residência oficial.

* Os outros dois cardeais petistas, Rui Costa e o senador Jaques Wagner, confirmaram presença na festa de final de ano de Jerônimo.

* De todos os prefeitos cotados para alçar voos maiores nas eleições de 2026 na Bahia, o único cujo município foi palco da Operação Overclean que não sofreu prejuízos políticos foi o de Jequié, Zé Cocá (PP).

* Em Itapetinga e Lauro de Freitas, onde a esquema investigado pela Polícia Federal atuava, as apurações chegaram mais perto dos prefeitos, tendo como alvos, respectivamente, o secretário de Governo (e ex da Fazenda) e o vice-prefeito.

* Ou seja, a depender dos desdobramentos da operação, dificilmente os prefeitos Rodrigo Hagge (do MDB, de Itapetinga) e Moema Gramacho (do PT, de Lauro de Freitas), terão força para compor uma chapa majoritária.

* Na última reunião da Mesa Diretora da Assembleia, a deputada Ludmilla Fiscina (PV) apresentou um projeto de resolução para entregar a Comenda Dois de Julho ao prefeito de Alagoinhas, Joaquim Neto (PSD), mas a proposta pegou mal no colegiado.

* Isso porque Ludmilla é esposa de Joaquim. Os integrantes da Mesa decidiram, então, que o projeto deveria ser assinado por outro parlamentar, e o escolhido foi Alex da Piatã (PSD).

* O empresário Teobaldo Costa, presidente do União Brasil em Lauro de Freitas, garantiu à coluna que não será candidato em 2026. Ele afirmou, ainda, que pretende, se for acionado, atuar como um consultor da prefeita eleita Débora Régis, da mesma sigla.

Radar do Poder, a coluna de bastidores do Política Livre
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