4 dezembro 2024
O esperado altruísmo do “bruxo”
Aliados do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), avaliam que o senador Jaques Wagner (PT) pode fazer um gesto altruísta para evitar o racha no grupo político do qual é líder na Bahia nas eleições de 2026: desistir da reeleição. Com isso, harmonizaria a montagem de uma chapa tendo o próprio Rui concorrendo a uma cadeira na Alta Casa do Congresso e o senador Angelo Coronel (PSD) disputando a reeleição. Pessoas próximas a Wagner também não descartam, reservadamente, essa hipótese.
Encalço de Jerônimo
Em 2022, Wagner abriu mão de concorrer ao governo da Bahia, tendo como plano inicial colocar o senador Otto Alencar (PSD) para ser candidato ao Palácio de Ondina e abrindo mão de ter um petista na cabeça de chapa, o que desagradava o PT. Como se sabe, não vingou. Se abrir mão da reeleição, o senador também tira Rui do encalço do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que almeja renovar o mandato – o ministro não admite publicamente, mas também tem o desejo de voltar a morar no Palácio de Ondina.
Harmonização da base
A operação, segundo coligados do ministro da Casa Civil defensores da tese, acomodaria também o MDB, que manteria a cadeira de vice na chapa em 2026, e o Avante, que indicaria o presidente do partido no Estado, Ronaldo Carletto, para a suplência de Rui no Senado. No entanto, Wagner, hoje com 73 anos, já disse em alto e bom som que tentará a reeleição em 2026.
Paquera da oposição
Angelo Coronel, que demonstra disposição de ser candidato à reeleição mesmo fora da chapa de Jerônimo Rodrigues, disse à Radar do Poder que se sente lisonjeado com a “paquera” recebida da oposição, inclusive do prefeito Bruno Reis (União) e do antecessor ACM Neto (União), que demonstraram o desejo de ter o senador como aliado em 2026. “São lideranças expressivas que reconhecem o nosso trabalho e que eu tenho algum peso na Bahia”, analisa.
Fidelidade de Otto
Coronel, no entanto, garantiu que é um “homem de partido”, ou seja, só migra para a oposição se o PSD também for junto – o que seria o céu para ACM Neto. O senador Otto Alencar, que preside a sigla na Bahia, voltou a dizer que só vai tratar das próximas eleições em 2026. Mas descartou mudar de lado. “Meu foco é ajudar o governador e o presidente Lula (PT) a continuarem governando para resolver as dificuldades sociais do nosso povo”, declarou à coluna.
Quarteto fantástico
Secretários de Estado, dirigentes de empresas estaduais e até fornecedores do governo já começaram a se incomodar com o assédio que alegam ter passado a sofrer depois das eleições municipais da parte do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que lhes apresenta e reapresenta insistentemente um corretor de seguros e dois advogados, ambos, por sinal, lotados em seu gabinete. Um deles confessou à coluna que se for novamente abordado pelo quarteto inconveniente vai levar o assunto diretamente ao governador.
Conversa
ACM Neto se reuniu na quarta da semana passada com o deputado federal Elmar Nascimento (União), em Brasília. O ex-prefeito quis saber se o parlamentar de fato tem planos de deixar o partido e migrar para a base de Jerônimo. Elmar negou, reafirmando, no entanto, que, no plano nacional, vai trabalhar para que o União Brasil integre de vez a base de Lula e apoie a reeleição do presidente em 2026. No encontro, Neto teria dito novamente que o União Brasil vai ter candidato à presidência da República – Ronaldo Caiado, governador de Goiás.
As pontes de Elmar
Elmar já disse a Lula e ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), com quem se encontrou novamente ontem (03), que tem condições de construir o apoio do União Brasil à reeleição do presidente. Para isso, precisa manter a influência sobre a Codevasf, ter emendas e cargos para contemplar a bancada. Na avaliação do parlamentar e de seus aliados na Bahia, é perfeitamente possível que a legenda apoie Lula e tenha ACM Neto como candidato a governador. Algo semelhante ao que aconteceu com o MDB em 2010.
Briga interna
Não é à toa que ACM Neto convidou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), para lançar a pré-candidatura a presidente da República no Carnaval de Salvador, em 2025. Trata-se de mais um recado direto a Elmar na disputa entre os dois por influência partidária. Neto também monitora de perto o comportamento dos deputados estaduais da “bancada” de Elmar, a bancada do “BEN”, sobretudo Marcinho Oliveira, o mais petista de todos.
Atendimento privilegiado
Aliás, Marcinho recebeu, esta semana, mais três ambulâncias do governo Jerônimo Rodrigues para enviar aos redutos eleitorais – uma delas para a cidade de Santaluz, onde o parlamentar nasceu e já foi vice-prefeito. Enquanto isso, os demais deputados da oposição reclamam do não pagamento das emendas. Líder da bancada, Alan Sanches (União) tratou do assunto em encontro recente com Adolpho Loyola (PT), chefe de Gabinete do governador. A promessa é que os demais integrantes da minoria sejam contemplados no final de janeiro.
Líder inconveniente
No encontro promovido pelo MDB com os eleitos de outubro, realizado na sexta (29), o líder do governo na Assembleia, Rosemberg Pinto (PT), apareceu sem ser convidado. E o pior: assediou lideranças e até prefeitos emedebistas, convidando-os a ingressar nas fileiras petistas ou para fazer parcerias políticas. O fato irritou os Vieira Lima, que já não se dão tão bem com o parlamentar por conta das disputas municipais. Aliás, Geddel fez questão de receber Jerônimo, este sim convidado ilustre, na chegada ao evento.
Medo de avião
Aliás, durante almoço de confraternização com jornalistas, nesta quarta (03), o presidente da Assembleia, Adolfo Menezes, não perdeu a piada ao ser questionado sobre ter Rosemberg como primeiro vice-presidente na disputa pela reeleição ao comando da Casa. “Nesse caso, eu nem sei se vou mais viajar. De repente, vou ficar com medo de avião”, disse, provocando gargalhadas. Adolfo costuma viajar com frequência ao Exterior, o que fez com que o atual substituto imediato, Zé Raimundo (PT), assumisse a presidência em diversas ocasiões.
Dona Encrenca
A militante petista Luciana Mandelli, tadinha, está sem sorte. Em dois anos, três demissões no âmbito do próprio governo, tudo depois de, lá atrás, o Política Livre ter alertado para a incompetência da moça. O que o site não sabia é que ela enfrentava também problemas com hierarquia e rotina. Que o digam os ex-chefes dela – Bruno Monteiro, Elisângela Araújo e Neusa Cadore -, que, nesta ordem, conseguiram, um após outro, se livrar do problema. No PT, onde ganhou o apelido de “Dona Encrenca”, ninguém sabe mais onde alojá-la.
Válvula de escape
Outro vereador que entrou na briga para integrar o segundo mandato de Bruno Reis é Alberto Braga (União). Ele tem emitido sinais de que aceita até voltar a presidir a Companhia de Governança Eletrônica (Cogel). Ou seja, não faz questão de disputar um posto no primeiro escalão. Pode ser a solução para o prefeito cumprir a promessa de convidar um edil do próprio partido para assumir um cargo no Executivo e, ao mesmo tempo, ter mais espaço no tão cobiçado secretariado para acomodar outros aliados.
Índice de crimes
O procurador-geral de Justiça da Bahia, Pedro Maia, lamentou que a Bahia tenha o pior índice de esclarecimento de homicídios dolosos do país, segundo dados divulgados esta semana pelo instituto Sou da Paz. Embora tenha enaltecido as medidas adotadas do governo baiano na área da segurança, ele defendeu mais recursos para enfrentar o problema. “Tenho certeza que um horizonte mais animador para a segurança pública da Bahia se avizinha, mas é preciso investimentos mais fortes ainda do que vem sendo feito até aqui”, pontuou.
Pitaco
* O ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos) tem dito a amigos que não perde por nada as próximas eleições à Câmara dos Deputados, onde pretende aproveitar a primeira oportunidade para apresentar um projeto tornando a ingratidão crime inafiançável.
* A ideia irônica de Nilo é resultado direto da revolta com o ex-amigo do peito Marcos Presídio, por quem enfrentou Jaques Wagner e Rui Costa a fim de emplacá-lo como conselheiro do TCE, Corte que preside atualmente.
* Com seu jeito simples e gentil, Jerônimo encantou os magistrados em um jantar de comemoração pela criação da comarca de Luís Eduardo Magalhães, que fará saltar de quatro para oito o número de juízes, ampliando os serviços do Judiciário no oeste.
* Espécie de anfitriões do evento, os irmãos Jatahy Fonseca, desembargador estadual, e César Jatahy, federal, cujo pai Jatahy Fonseca dará nome ao novo fórum, não cansam de elogiar o governador desde o encontro, na semana passada.
* No almoço com jornalistas, ontem (03), Adolfo Menezes contou que o deputado Pablo Roberto (PSDB) confidenciou que vai renunciar ao cargo de vice-prefeito de Feira, para o qual foi eleito este ano, e seguir na Assembleia.
* Na semana passada, o Política Livre já havia revelado que Pablo falou o mesmo em uma reunião com a bancada de oposição. Segundo afirmou o tucano aos pares, a decisão está tomada mesmo se a PEC do deputado Manuel Rocha (União) não for aprovada.
* O deputado estadual Leandro de Jesus, do PL, “mergulhou” depois que o presidente do partido na Bahia, João Roma, oficializou os processos de expulsão contra os “infiéis” da sigla. Preferiu o silêncio, embora seja próximo do ex-ministro.
* Pré-candidato a deputado federal, Lucas Reis (PT), chefe de Gabinete do senador Jaques Wagner (PT), se encontrou esta semana, em Brasília, com José Dirceu (PT). Além de ter recebido uma “aula da grande política”, tratou do “futuro da Bahia”.
* Depois de mandar colaboradores da Secretaria de Educação de Salvador votarem na vereadora Roberta Caíres (PDT) nas eleições, o secretário Thiago Dantas também tem usado os mesmos colaboradores para pressionar o prefeito a se manter no cargo.
* Esta semana, um grupo foi ao plenário da Câmara de Vereadores com uma faixa pedindo a permanência de Thiago na reforma administrativa. Mas Bruno Reis tem o compromisso com o PSDB de que o secretário será indicado pelos tucanos.