Em reunião dura com Rosemberg Pinto, bancada do PT fecha apoio a Ivana Bastos para a vice, mas quer outro cargo na Mesa da Assembleia

A bancada do PT na Assembleia Legislativa, liderada pela deputada Fátima Nunes, decidiu nesta quinta-feira (30), em reunião, acatar o acordo firmado pelos líderes partidários com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e vai apoiar as candidaturas dos deputados Adolfo Menezes (PSD) e Ivana Bastos (PSD) para a presidência e a 1ª vice-presidência da Casa, respectivamente – o primeiro disputa a segunda reeleição. O partido, no entanto, vai reivindicar um outro espaço na Mesa Diretora.

Segundo apurou o Política Livre, a reunião dos deputados petistas foi dura e com críticas ao posicionamento adotado pelo deputado Rosemberg Pinto, proponente do acordo que resultou na retirada do nome dele para a 1ª vice, que havia sido referendado pelo PT no último dia 15, e a indicação de um outro quadro do PSD para a vaga, desde que não fosse o deputado Angelo Coronel Filho, como desejava o pai do parlamentar, o senador Angelo Coronel, da mesma sigla. Ivana Bastos foi a escolhida pelo senador Otto Alencar, presidente do PSD baiano.

Diante das cobranças dos colegas petistas, Rosemberg afirmou que agiu em nome da unidade da base do governo e para evitar que o processo interno de eleição da Mesa Diretora fosse contaminado pelas articulações de Angelo Coronel visando se manter na chapa majoritária no pleito de 2026.

A avaliação de Rosemberg e do PT é que o Coronel apostava, na verdade, em fazer do filho presidente da Assembleia e usar o Legislativo para pressionar o governo a se manter na chapa. Isso por conta da possível queda do terceiro mandato de Adolfo por decisão judicial, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu contrariamente à segunda reeleição de presidentes dos Legislativos, o que seria o caso. Aliados do senador diziam que Rosemberg também queria, no fundo, ser presidente no “tapetão”.

Rosemberg, que é líder do governo na Assembleia, também reforçou, na reunião da bancada, que o governador já havia se posicionado no sentido de que a presidência da Casa deveria ficar com o PSD, mesmo se o terceiro mandato de Adolfo fosse derrubado na Justiça. Por isso, a decisão de propor que o vice fosse logo do mesmo partido, mesmo contrariando a tese da proporcionalidade defendida por ele próprio e pelo PT que garantiria essa vaga na Mesa Diretora ao partido.

O líder explicou ainda que, diante desse cenário, não haveria sentido mudar o regimento interno da Assembleia para garantir a convocação imediata de uma nova eleição caso a presidência ficasse vaga, impedindo o vice de assumir a titularidade por tempo indeterminado, como defendia Coronel caso Rosemberg fosse candidato. Com o acordo, esse assunto morreu.

Agora, o PT pleiteia, diante do “sacrifício” feito por Rosemberg, ocupar um outro espaço na Mesa Diretora. Hoje, a sigla tem justamente a 1ª vice-presidência, com o deputado José Raimundo. Com o acordo em favor de Ivana, os petistas pleiteiam agora a 2ª vice, que hoje é do PV, com Marquinho Viana. O assunto deve ser debatido e resolvido até esta sexta-feira (31) no âmbito da federação formada pelos dois partidos e o PCdoB.

O presidente do PV, Ivanilson Gomes, disse ao site que o partido estava disposto a indicar o deputado Roberto Carlos para a 2ª vice, embora Marquinho Viana deseje concorrer à reeleição. O dirigente “verde” afirmou que o tema será resolvido entre os próprios deputados.

Vale frisar que o acordo proposto por Rosemberg foi validado durante o dia de hoje pelos senadores Otto Alencar, Angelo Coronel e Jaques Wagner (PT), além do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), em conversas com Jerônimo Rodrigues e Adolfo Menezes, além de já ter o aval da maioria dos parlamentares da base governista após uma articulação feita nesta quinta entre os pares pelo presidente da Assembleia, Ivana Bastos e Angelo Coronel Filho.