15 janeiro 2025
Fontes influentes do PT ouvidas neste domingo (12) pelo Política Livre atribuem a movimentação na Assembleia Legislativa para lançar o deputado Angelo Coronel Filho (PSD) como candidato a 1° vice-presidente da Casa a uma “estratégia desesperado” do pai do parlamentar, o senador Angelo Coronel (PSD), visando se manter na chapa encabeçada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) nas eleições de 2026.
A avaliação dos petistas, feita de forma reservada, é que Angelo Coronel ficou irritado com as declarações recentes do senador Jaques Wagner (PT) sobre a composição da chapa. O “bruxo” afirmou, numa entrevista ao jornal A Tarde, considerar natural que ele e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), disputem as duas vagas ao Senado. Dessa forma, sobraria ao senador do PSD, que almeja renovar o mandato, a cadeira de vice, o que desabrigaria o MDB.
“Para toda ação, há uma reação. Nós do PT nos mexemos e defendemos Rui na chapa majoritária com Jerônimo e Wagner. Coronel reage e defende Angelo Filho na vice da Assembleia na vaga do PT. Natural. É do jogo. Vida que segue”, disse uma das fontes petistas ao site.
A bancada do PT na Assembleia deve oficializar esta semana o nome do líder do governo, deputado Rosemberg Pinto, como candidato a 1° vice-presidente. O partido sustenta que, pela proporcionalidade, esse espaço na Mesa Diretora pertence à Federação Brasil da Esperança, que tem ainda o PCdoB e o PV. Como os petistas são maioria em número de parlamentares dentro do grupo, têm a preferência pela indicação. Hoje, o posto é ocupado pelo deputado José Raimundo (PT).
A 1ª vice-presidência se tornou o cargo mais disputado na eleição da Mesa Diretora da Assembleia, marcada para 3 de fevereiro, por conta da insegurança jurídica da reeleição do atual presidente, Adolfo Menezes (PSD), que tem o apoio de 62 dos 63 parlamentares, incluindo ele próprio. Há uma jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) que impede a terceira recondução de presidente de Poder Legislativo, o que seria o caso.
Em hipótese de vacância da presidência, quem assume é o 1° vice, que teria a obrigação de convocar uma nova eleição para o posto, mas o Regimento Interno da Assembleia não estabelece um prazo para isso ocorrer. Em tese, essa brecha daria espaço para uma permanência longa o suficiente para se tornar permanente ou pelo tempo de o substituto se consolidar politicamente para ser reconduzido.
“Coronel tenta, por meio do filho, fazer o mesmo caminho de 2018, quando, como presidente (do Legislativo baiano), conseguiu um espaço na chapa majoritária, se tornando depois senador. Ele sabe que, diante das articulações do PT para uma dobradinha Wagner-Rui ao Senado, com alto poder de competitividade, articula para ter o controle da Assembleia e poder fazer jogo duro com o governo para ser candidato à reeleição sem precisar migrar para a oposição”, afirmou outro petista influente.
Segundo a leitura política das mesmas fontes petistas, o senador do PSD, que chegou a dizer que estavam querendo passar-lhe a rasteira, perdeu espaço no grupo governista por nunca ter se comportado como um aliado fiel.
“Todo mundo sabe que Coronel votou em Jair Bolsonaro (PL) para presidente, em 2022, e que ele não participou da eleição de Jerônimo. Vive flertando com a oposição na Bahia Por isso, nem o senador Otto Alencar (PSD) compra as brigas do correligionário”, argumentou a fonte.
Política Livre