25 março 2025
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) já escolheu o chefe da Casa Civil, Afonso Florence (PT), que é deputado federal licenciado, para a vaga do ex-conselheiro Pedro Lino, falecido em setembro do ano passado, no Tribunal de Contas do Estado (TCE). O anúncio do substituto de Afonso na pasta deve ser feito depois do Carnaval pelo chefe do Executivo estadual. O movimento, no entanto, desagrada setores do PT.
Desde que Jerônimo anunciou que faria uma reforma administrativa, uma das mudanças cogitadas sempre foi na Casa Civil. Afonso, no entanto, se recusava a deixar a pasta, e o governador, que tem uma relação pessoal com deputado federal licenciado, não se sentia a vontade em simplesmente exonerá-lo.
Diante da resistência do secretário da Casa Civil em deixar o governo, uma ala do PT trabalhava para que o deputado federal Josias Gomes (PT), que é suplente de Afonso, fosse indicado pelo governador para a vaga no TCE. Isso abriria espaço para que a segunda suplente do partido, Elisângela Araújo, assumisse uma cadeira na Câmara.
Elisângela, que exerceu a função de secretária de Políticas para as Mulheres até julho do ano passado, quando deixou a pasta para assumir uma cadeira na Câmara Federal com a licença do deputado Zé Neto (PT) para disputar a Prefeitura de Feira de Santana, é próxima do senador Jaques Wagner (PT).
O entendimento entre o governador e Afonso Florence desagradou setores do PT não só por conta da disputa pela cadeira no TCE, e as consequências envolvidas, mas também porque envolve o lançamento da candidatura de Túlio Florence, filho do secretário, para deputado estadual em 2026.
A ideia é que Túlio “dobre” com o deputado Robinson Almeida (PT), que, nesse cenário, seria candidato a uma cadeira na Câmara Federal em 2026. Os dois, inclusive, viajaram juntos no último final de semana para várias cidades onde Afonso Florence tem bases eleitorais.
Segundo apurou o site, esses movimentos causam insatisfações até mesmo na corrente Democracia Socialista (DS), da qual Afonso faz parte, o que deve pressionar o governador.
Vale lembrar que a vaga de Pedro Lino pertence, pela regra constitucional, a um auditor substituto do TCE. Para tentar evitar que o governador faça a indicação por livre escolha política, a Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas ingressou com uma ação no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e obteve uma liminar, no ano passado, para preservar a regra. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) atua, no entanto, para derrubar a decisão, alegando que não existe, ainda, a figura do auditor substituto no tribunal baiano.
Jerônimo Rodrigues já orientou Afonso Florence a preparar um balanço sobre a atuação dele no comando da Casa Civil, quando foi responsável por colocar para “andar” projetos como o da ponte Salvador-Itaparica, a nova rodoviária, o VLT e a expansão do metrô na capital. O governador ainda não definiu o substituto para a pasta, mas um dos nomes mais fortes é o da atual secretária de Saúde, Roberta Santana (PT).
Em janeiro, o Política Livre revelou que o governador já aceitou indicar o deputado Otto Filho (PSD), herdeiro do senador Otto Alencar (PSD), para a vaga do conselheiro Antonio Honorato ao TCE, após aposentadoria compulsória em julho deste ano (clique aqui para ler).
Política Livre