12 maio 2025
A decisão da Executiva nacional do PP de aprovar o andamento das tratativas para a formação de uma federação com o União Brasil, anunciada na noite desta terça-feira (18), teve impacto imediato na cúpula pepista na Bahia e no governo Jerônimo Rodrigues (PT).
Segundo apurou este Política Livre, Jerônimo vai suspender as conversas com o PP visando atrair institucionalmente o partido para a base aliada, inclusive com a ampliação na ocupação de cargos no governo. Na Assembleia Legislativa, onde os seis deputados pepistas já são aliados do PT na Bahia, já se fala em saída em bloco do partido, sob a orientação do Palácio de Ondina.
O site conversou nesta manhã com dois deputados estaduais do PP, que, reservadamente, demonstraram preocupação com o cenário nacional. A avaliação é que o governador não tem mais motivos para negociar com o presidente do partido na Bahia, deputado federal Mário Negromonte Júnior.
“Sabíamos que essas conversas estavam acontecendo em Brasília, com o objetivo de fortalecer os dois partidos no Congresso Nacional. Agora, não nos resta outra alternativa que não seja buscar um outro partido mais próximo da base, porque a federação será liderada pelo União Brasil, e isso deve ocorrer até mesmo na Bahia. Não temos interesse em apoiar ACM Neto (União) para governador. Vamos começar a analisar os aspectos legais sobre uma saída antes da janela partidária”, afirmou um dos deputados.
O outro parlamentar ouvido pelo site disse que vai esperar o andamento das conversas em Brasília sobre a federação e a orientação do governador. Ele defendeu que, se o caminho for a mudança de filiação partidária, os seis deputados estaduais e os prefeitos governistas do PP migrem de forma coletiva para uma mesma sigla, com o aval do governo. Algo semelhante ao que foi feito para o crescimento do Avante.
“Assim, teríamos força até fazer nossas reivindicações junto ao governo, inclusive na questão dos espaços, da contribuição que podemos dar. Caso contrário, cada um vai buscar cuidar da própria reeleição. Mas se houver federação com ACM Neto, não fica nenhum estadual e praticamente nenhum prefeito”, pontuou o parlamentar.
Como já revelou em outras ocasiões o Política Livre, o governador estava disposto a entregar ao PP a Secretaria de Planejamento e o Detran. Para a pasta do primeiro escalão, o nome mais cotado era o da ex-prefeita de Dias D’Ávila, Andréia Xavier, esposa do deputado federal Cláudio Cajado, que vinha se aproximando do governador.
Para a diretoria-geral do Detran, o indicado seria Gilvan Lima, ex-diretor de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento (Cerb) e primo de Mário Júnior.
A conclusão das negociações dependia de uma reunião da Executiva estadual do PP para formalizar o apoio institucional ao governo e das conversas em Brasília sobre a federação com o União Brasil, único fator que, se avançasse, como de fato ocorreu, demonstrava ter força suficiente para “melar” o entendimento com Jerônimo.
Em conversas com o site e com a imprensa, Mário Júnior sempre se colocou contra a formação da federação, e classificava o união com o partido de ACM Neto no plano nacional como improvável por falta de apoio dos deputados federais.
Quem se fortaleceu na Bahia com essa guinada foi o presidente do PP em Salvador e secretário municipal de Governo, Cacá Leão, que integra a Executiva nacional da legenda e é a favor da manutenção da aliança com o ex-prefeito da capital nas próximas eleições para o Palácio de Ondina, a exemplo do que ocorreu em 2022, ano do rompimento com o PT.
Política Livre