Foto: Radar do Poder, a coluna de bastidores do Política Livee
19 de março de 2025 | 13:55

Radar do Poder: Bruno e a lista de desejo dos vereadores, os possíveis sucessores de Otto e o brilho mais reluzente do PDT

radar do poder

Férias à Câmara

Não pegou bem na Câmara Municipal de Salvador uma piada atribuída ao prefeito Bruno Reis (União) de que os vereadores deveriam tirar férias ao longo do ano de 2025. A brincadeira foi feita como uma resposta bem-humorada às queixas de que o chefe do Executivo municipal não estaria priorizando o atendimento aos aliados do Legislativo. Alguns edis da base consideram, inclusive, que o prefeito não deve estar pensando em mandar nenhum projeto para a Casa no momento com receio de enfrentar obstáculos na tramitação. Há quem duvide até da chegada do novo PDDU em 2025.

Primeira chamada

Um vereador de um dos maiores partidos da base chegou a dizer à coluna que o prefeito não enviou um projeto para oficializar a criação da Secretaria do Mar, instituída para contemplar o PDT, porque não queria dialogar com os aliados, muitos com listas de solicitações de empregos, obras e apoio a eventos ou entidades. Desde que foi reeleito, Bruno Reis só começou a despachar com os vereadores na semana passada. Ele optou por iniciar com os novatos, aqueles que estão construindo agora a relação mais direta com a Prefeitura e que, em tese, não têm as mesmas cobranças de fatura política.

Novato guloso

Um dos poucos já atendidos por Bruno Reis, o vereador Marcelo Guimarães Neto (União), embora no primeiro mandato, não ficou satisfeito com o encontro. Ele teria considerado irrisória a promessa de 15 cargos terceirizados para empregar cabos eleitorais. Aliás, do partido de Marcelinho, apenas Kiki Bispo, líder do governo, Palhinha, que conquistou a cadeira na Câmara com a ida do colega Alberto Braga para a Secretaria de Inovação e Tecnologia (Semit), e Paulo Magalhães Júnior não teriam do que se queixar do prefeito. Ao menos é que se fala nos corredores da Câmara.

Ciumeira do vizinho

Além da alegada ‘demora’ no atendimento por parte do prefeito, diversos vereadores ouvidos pela coluna afirmaram que alguns colegas têm sido privilegiados pelo Executivo desde a campanha eleitoral, a exemplo de Omar Gordilho (PDT) e Roberta Caíres (PDT). Até mesmo integrantes de partidos contemplados de forma generosa na reforma administrativa de Bruno Reis têm reclamado. No PSDB, por exemplo, a lamúria ocorre porque o secretário indicado pela sigla, Rodrigo Alves, não teria carta branca para nomear ninguém na pasta.

Despacho do presidente

A questão dos cargos na Saúde será um dos temas da audiência entre Bruno Reis e o presidente da Câmara Municipal, Carlos Muniz (PSDB), marcada para segunda (24). Na mesma reunião, o prefeito deve bater o martelo sobre as indicações do tucano para o segundo escalão. O vereador pretende abrir mão de emplacar o irmão Anderson Muniz na Arsal visando contemplar Jean Sacramento, que é o atual Ouvidor do município e que chegou a ser cotado como subsecretário de Saúde – a coluna da semana passada revelou que os dois disputavam o posto. Dessa forma, Jean permanece no PSDB.

Dosimetria dos espaços

Vale lembrar que, das sete mudanças oficializadas por Bruno Reis no primeiro escalão por meio da reforma administrativa, cinco foram feitas sob medida para acomodar aliados políticos. Isso contribuiu, inclusive, para aumentar os rumores de que o prefeito poderia ser candidato ao governo ou ao Senado em 2026. “O problema é que poucos ficaram com muito e muitos ficaram com pouco ou nada, tanto no atacado quanto no varejo. Isso somado à falta de atendimento do prefeito motiva as insatisfações da base aliada na Câmara”, resumiu um vereador.

Herdeiro de Otto

Com o desejo de mandar o deputado federal Otto Filho (PSD) para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), como já revelou o site, o senador Otto Alencar (PSD) estuda lançar outro filho para disputar as eleições de 2026 para a Câmara. Ele estaria na dúvida entre Isadora Alencar, que já trabalhou no próprio TCE como assessora, ou Daniel Alencar, que é médico igual ao pai. Qualquer um dos dois teria mais talento para a política do que o irmão parlamentar, na visão de aliados.

Injeção de ânimo

O secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), almoçou nesta terça (18), na Assembleia, com a presidente da Casa, Ivana Bastos (PSD), e líderes partidários. A visita teria sido motivada pelos rumores, revelados pelo site, de que a líder da bancada do PT, Fátima Nunes, não contaria com a simpatia de parte dos aliados na eleição para a 1ª vice-presidência. O encontro injetou ânimo nos governistas para trabalharem em prol da petista, eleita em fevereiro suplente da Mesa Diretora com 47 dos 63 votos, a menor votação entre os demais integrantes do colegiado.

Protagonismo feminino

Ivana Bastos acabou assumindo o protagonismo da sessão especial da Assembleia que entregou, na semana passada, os títulos de cidadão baiano ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ao procurador-geral da República, Paulo Gonet. Em discurso, ela afirmou ser um marco o fato de uma mulher estar presidindo a Casa num momento tão importante. Chegou a ler uma carta enviada pelo senador Angelo Coronel (PSD) a parabenizando pela ascensão ao posto de chefe do Poder, o que teria deixado os senadores Otto e Jaques Wagner (PT) enfezados.

Forcinha da oposição

Mesmo com mais de 50 parlamentares presentes na Assembleia por conta da posse definitiva de Ivana Bastos como presidente da Casa, o governo Jerônimo Rodrigues (PT) precisou de uma “forcinha” da oposição para conseguir aprovar, ontem (18), o projeto de reajuste dos professores indígenas e o que cria cargos na Casa Civil. Após a oposição tentar derrubar a sessão, o quórum mínimo de 32 deputados só foi alcançado porque Manuel Rocha (União) marcou presença a pedido de Marcinho Oliveira (União), que praticamente já é governista.

Painel alcaguete

O detalhe curioso é que houve uma tentativa do líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), de esconder o leve apoio de Manuel Rocha ao Executivo na sessão de ontem, talvez combinado com o próprio colega oposicionista, que, ao contrário de Marcinho, tem boa relação com o ex-prefeito ACM Neto (União). O petista pediu aos técnicos que cuidam do painel eletrônico que mudassem rapidamente a tela quando o quórum de 32 fosse alcançado. Isso, no entanto, não aconteceu, e todos puderam notar que coube a Manuel garantir a continuidade da votação a favor do governo.

Mudança de planos

O gesto de Manuel Rocha em favor do governo aconteceu um dia após um dos principais aliados do deputado na região oeste, o prefeito de Santa Maria da Vitória, Tonho de Zé (União), declarar apoio a Jerônimo, após audiência com o governador. O gestor vai manter o compromisso de seguir ao lado do parlamentar, candidato a uma cadeira na Câmara Federal. Entretanto, as conversas sobre o apoio ao ex-prefeito de Camaçari Antonio Elinaldo (União) para a Assembleia podem minguar, pois Tonho estuda lançar a irmã Bete Santos, secretária municipal de Saúde, como candidata.

Malas prontas

Já Marcinho Oliveira deve deixar o União Brasil na janela partidária. Ele, que garante ser postulante à reeleição, tem convites do PP, do MDB e do Avante. Deve optar pelo último, segundo apurou a coluna. Com atuação forte principalmente no interior, Marcinho também quer aumentar a votação na capital em 2026. Quem tem frequentado o gabinete dele é o vereador Maurício Trindade (PP) e o ex-vereador Adriano Meireles (PSDB). Ambos declararam apoio ao deputado.

Efeito colateral

A possibilidade cada vez mais real de o PP formar uma federação com o União Brasil no plano nacional deve fazer Jerônimo Rodrigues intensificar as conversas para atrair o PDT para a base aliada, revelou uma fonte ligada ao Palácio de Ondina. “O governador vai precisar de partidos para acomodar o exército de candidatos a deputado que terá em 2026, incluindo ex-prefeitos. Já há uma preocupação, por sinal, em acomodar os próprios quadros do PP que não querem ficar numa federação liderada por ACM Neto (União)”, avaliou uma fonte ligada ao Executivo.

Adesão a caminho

Por sinal, o ex-prefeito de Araci Silva Neto, que coordena o movimento municipalista do PDT da Bahia e é primeiro suplente do partido na Assembleia, terá, na sexta (21), uma reunião com Adolpho Loyola para tratar da adesão da sigla ao governo. O encontro tem o aval do presidente da legenda na Bahia, o deputado federal Félix Mendonça Júnior. Na ocasião, Silva pretende agendar uma reunião entre prefeitos pedetistas e o governador.

Insegurança francesa

No Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães, se sucedem os problemas com a francesa Indigo, empresa escolhida, pelo visto pelo critério de nacionalidade, pela também francesa Vinci para operar o estacionamento. Sem preparo, a Indigo já obrigou os usuários a aguardarem horas em filas para pagar pelo serviço e agora convive com o vexame de ter permitido que um carro fosse roubado em plena luz do dia e ainda colocado em dúvida que o proprietário de fato houvesse deixado o veículo estacionado no local enquanto fazia uma viagem rápida a BH.

Pitacos

* Famoso supermercadista estaria há noites sem dormir do outro lado do Atlântico depois de tomar conhecimento de que a Polícia Federal teria achado fortes ligações dele – por meio do recebimento de milhões – com um investigado de uma operação em curso.

* Já há quem diga que o retorno do supermercadista ao Brasil deve ser antecipado por motivo de ‘força maior’.

* Jerônimo finalmente tirou a presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, a desembargadora Cyntia Resende, do freezer em que a manteve por meses, o que, como mostra a foto, a deixou exultante.

* Quem abriu as portas do governo para receber a magistrada foi o secretário estadual de Justiça, Felipe Freitas.

* Ao participar da abertura de um evento sobre a agroindústria familiar da Bahia, em Feira de Santana, na semana passada, o prefeito da cidade, José Ronaldo (União), brincou na presença de Jerônimo.

* Ele afirmou que aquela era a primeira vez em que subia num palanque do Estado em 18 anos de governo. Ou seja, mesmo tendo sido prefeito nos governos de Rui Costa e do hoje senador Jaques Wagner (PT), nunca recebeu a mesma deferência.

* O deputado Hilton Coelho (PSOL) afirmou à coluna que não pretende adotar nenhuma medida judicial contra a posse de Ivana Bastos como presidente da Assembleia sem novas eleições.

* “No meu entendimento, o certo seria uma nova eleição de toda a Mesa Diretora. Seria muito melhor para a Casa que Ivana fosse eleita de fato. Ela sairia do processo mais fortalecida. Mas acho que não cabe mais (recurso judicial)”, disse o parlamentar.

* Agradou ao ministro da Casa Civil, o petista Rui Costa, a decisão do presidente do PT da Bahia, Éden Valadares, de não disputar a reeleição para o comando da legenda, em julho.

* Em um congresso do partido ocorrido em Brasília, em dezembro de 2024, Rui disse a correligionários que estava disposto a apoiar um nome que concorresse contra o atual dirigente, que é liderado de Jaques Wagner.

Política Livre
Comentários