Desembargador baiano foi agraciado pela CBF com viagem para Copa de 2022 no Catar, segundo revista; ele nega 'conflito ético'

O desembargador do Tribunal de Justiça da Bahia Júlio Cezar Lemos Travessa, presidente da Associação dos Magistrados da Bahia (AMAB), aparece na lista das 49 pessoas que foram agraciadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com viagens totalmente pagas para a Copa do Mundo de 2022, no Catar.

A informação foi publicada na Revista Piauí.

Segundo a publicação, o pacote incluía hospedagem em hotel cinco estrelas, ingressos para os jogos e até cartão corporativo liberado, o que teria gerado um custo total, considerando todos os beneficiados, de aproximadamente R$ 3 milhões para a entidade.

Conforme apurou o Política Livre, o conteúdo da reportagem já foi remetido por inimigos do desembargador ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o objetivo de que se abra uma investigação contra o magistrado.

A CBF já era presidida na época pelo baiano Ednaldo Rodrigues, que em março passado foi reeleito por unanimidade para mais quatro anos de mandato. Naquele mundial, a seleção brasileira foi eliminada pela Croácia nas quartas de final em disputa de pênaltis, após empatar em 1 a 1 na prorrogação.

Em nota, a assessoria do desembargador confirmou que ele foi ao Catar a convite da CBF e ressaltou que não há nenhum conflito ético na viagem.

“Recebeu com honra, até porque tem uma longa história com o futebol — já foi eleito duas vezes conselheiro do Esporte Clube Bahia e sempre teve uma relação muito próxima com o meio esportivo”, diz trecho da nota. O desembargador não usou o cartão corporativo.

“Não há nenhum tipo de conflito ético nisso. Os processos ligados à CBF são julgados no Rio de Janeiro, ou seja, ele nunca atuaria em algo relacionado. A ida à Copa não tem nenhuma ligação com a atividade judicante nem com a atuação dele como presidente da AMAB”, completa.