30 maio 2025
A cúpula do PDT da Bahia deve entregar os cargos que ocupa na Prefeitura de Salvador antes do encontro entre o presidente nacional licenciado do partido e ministro da Previdência, Carlos Lupi, e o governador Jerônimo Rodrigues (PT), quando será feito o anúncio oficial do apoio do comando pedetista ao chefe do Executivo estadual, inclusive na disputa eleitoral de 2026.
O encontro oficial acontece na sexta-feira (02), como revelou o Política Livre em primeira mão (clique aqui). Apesar da investigação da Polícia Federal sobre descontos indevidos nos salários dos aposentados do INSS, que faz Lupi balançar na Previdência, não houve, até agora, alteração na agenda, conforme declarações do próprio governador (clique aqui para ler). O pedetista planeja desembarcar na capital baiana no feriado de quinta-feira (01).
O site apurou que, como Bruno Reis não aceitou “dividir” o PDT com Jerônimo, o partido irá entregar os cargos que ocupa na Prefeitura. Dessa forma, Andrea Mendonça, que é irmã do presidente da legenda na Bahia, deputado federal Félix Mendonça Júnior, vai deixar a titularidade da Secretaria do Mar, criada há pouco mais de um mês por Bruno Reis, embora siga sem estrutura de primeiro funcionamento.
A tendência é que Andrea, integrante da Executiva estadual do PDT, assuma um cargo no primeiro escalão do governo Jerônimo. Na gestão do ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), que articulou o retorno do PDT à base aliada, ela foi secretária da Agricultura e superintendente da Juceb. Foi exonerada da Juceb em 2021 porque Rui não digeriu o apoio do PDT à primeira eleição de Bruno Reis.
Bruno Reis vai manter, no entanto, os espaços indicados pelo deputado federal Leo Prates, também do PDT, na gestão municipal. Isso porque o parlamentar, aliado do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União), é contrário ao movimento de adesão ao PT, assim como o deputado estadual pedetista Emerson Penalva, muito próximo do prefeito.
Foram indicados por Leo na reforma administrativa do prefeito o novo secretário de Ordem Pública, Décio Martins, e o chefe da Codecon, Zilton Netto, ambos filiados ao PDT. Até a janela partidária de 2026, quando concorrerá à reeleição, o deputado deve fazer o caminho inverso ao de fevereiro de 2020, quando deixou o extinto DEM e atual União Brasil para ingressar no ninho pedetista com o discurso de que seria candidato a prefeito naquele mesmo ano, projeto que foi adiado para 2028.
A retomada da aliança do PDT com o PT avançou por diversos fatores. Foi preponderante, por exemplo, o cenário nacional, no qual os pedetistas já integram a base do presidente Lula. No plano estadual, a quase totalidade dos prefeitos pedetistas já haviam apoiado Jerônimo no pleito de 2022, com exceção da de Morro do Chapéu, Juliana Araújo. O movimento de ingresso na base de Jerônimo foi, inclusive, costurado por dois ex-gestores pedetistas: Luciano Pinheiro, de Euclides da Cunha, e Silva Neto, de Araci, ambos candidatos a deputado estadual em 2026.
Além disso, pesou a disposição de Félix em não apoiar ACM Neto em 2026 e também para forçar a saída de Leo Prates do PDT – o dirigente sempre teve receio de ter a legenda “tomada de assalto” pela dupla, além de condenar o movimento feito pelo ex-gestor de Salvador de tirar a prefeita de Lauro de Freitas, Débora Régis, do ninho pedetista para filiá-la ao União Brasil, antes das eleições de 2024.
Outros dois fatores também são apontados como preponderantes para o rompimento entre o PDT e o ex-prefeito de Salvador: ACM Neto ter deixado a sigla fora da chapa majoritária em 2022 e não ter declarado apoio à candidatura presidencial de Ciro Gomes.
Política Livre