Foto: Divulgação
16 de abril de 2025 | 11:27

Radar do Poder: A chapa Bruno-Isabela, as “coincidências” entre o que Rui fala e acontece na Overclean e os prefeitos fantoches

radar do poder

Chapa “pujante”

Políticos que circulam pelo Palácio Thomé de Souza desenharam, na semana passada, aquela que seria uma chapa “pujante” ao governo da Bahia nas eleições de 2026 se o líder da oposição no Estado, ACM Neto (União), assumir um projeto nacional. A escalação seria: o prefeito Bruno Reis (União) na cabeça, tendo como vice a empresária Isabela Suarez e, na disputa pelas duas vagas ao Senado, o atual senador Angelo Coronel (PSD) e o prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho (União).

Densidade eleitoral

Bruno tem repetido com frequência que não será candidato a governador, mas os aliados consideram que ele pode ser convocado, caso ACM Neto concorra a vice-presidente numa chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). A avaliação é que o prefeito se tornou, disparado, o segundo quadro da oposição com mais densidade eleitoral na Bahia, caso a intenção seja vencer a eleição. Se for para fazer figuração, o escolhido pode ser o presidente do PL na Bahia, o ex-ministro da Cidadania João Roma (PL).

Vencedor, mesmo que perca

Roma disse a correligionários que trabalha com o cenário de ACM Neto disputar a vice-presidência para garantir um lugar na majoritária. Além disso, o ex-ministro acredita que Neto, pela influência do cenário nacional, que se confirmou em 2022, não entrará na disputa a governador se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) insistir numa candidatura, peitando a inelegibilidade até o limite. O dirigente do PL também acha que Bruno Reis concluirá o segundo mandato. Para Roma, que saiu enfraquecido do pleito municipal de 2024, concorrer a governador já seria uma grande vitória, mesmo que perca.

Gesto a Coronel

Por falar em chapa majoritária, o senador Jaques Wagner (PT) admitiu pela primeira vez, em entrevista publicada ontem (15) pelo jornal Valor, que pode abrir mão da reeleição em 2026 em prol da unidade da base do governador Jerônimo Rodrigues (PT). A hipótese foi levantada pela primeira vez por esta coluna (veja aqui) em dezembro de 2024. Para o galego, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), é o único tem presença garantida na chapa, como concorrente ao Senado. Assim, Wagner faz um gesto a Coronel, que dialoga com a oposição.

Transalvador desbloqueada

Bruno Reis atendeu ao presidente da Câmara Municipal de Salvador, Carlos Muniz (PSDB), e destravou ontem, terça-feira (15), as nomeações na Transalvador. Combinado com o vereador, o atual superintendente do órgão, Diego Brito, aliado fiel do tucano, emplacou o chefe de gabinete e o gerente administrativo do órgão. Já na Secretaria de Saúde, o titular da pasta, Rodrigo Alves, ligado ao deputado federal Adolfo Viana (PSDB), segue bloqueado.

 

Suplente empregado

Bruno Reis empregou esta semana mais um derrotado nas eleições de 2024 para a Câmara Municipal: o ex-vereador e agora suplente Binho de Ganso (União Brasil), nomeado como assessor especial da Secretaria de Governo, com salário que pode passar dos R$30 mil, a depender da gratificação. Binho é ligado ao deputado federal Dal Barreto (União), que fechou uma parceria política, na semana passada, com o vereador George Gordinho da Favela, líder do PP no Legislativo municipal. O estadual do edil deve ser o assessor especial do prefeito, Igor Dominguez (DC), forte nome para a Assembleia.

Luz amarela

Acendeu a luz amarela na Secretaria de Relações Institucionais do governo – que tem articulado a adesão de prefeitos de oposição – a sinalização do gestor de Luís Eduardo Magalhães, Júnior Marabá (PP), que encheu o governador de elogios e fez críticas a ACM Neto num périplo recente por Salvador, mas, ao retornar ao município do Oeste baiano, deixou claro que não era da base de Jerônimo. Titular da pasta, Adolpho Loyola ficou chateado com o pepista, que foi aconselhado por assessores a parecer menos petista em meio ao eleitorado conservador que lhe confiou o mandato.

Rivais no palanque

Na agenda de três dias em Jequié, Jerônimo reuniu no mesmo palanque, dessa vez sem brigas, o prefeito Zé Cocá (PP) e o deputado federal Antonio Brito (PSD), cuja rivalidade é quase pessoal. Da última vez que isso aconteceu, em outubro de 2023, durante solenidade oficial, o parlamentar chegou a gritar com o pepista, na época ainda 100% no campo da oposição ao governo. O deputado costuma chamar Cocá de traidor, pelo rompimento com o PT em 2022, enquanto o prefeito diz que o pessedista não destina recursos federais para o município.

Estou aqui

O vice-governador Geraldo Júnior (MDB) pressionou tanto Jerônimo Rodrigues que o governador acabou cedendo e permitindo que agora sejam incluídas nas placas de inauguração também o nome e o cargo do seu substituto oficial. O fato inédito na história da Bahia deixou petistas alarmados, sobretudo depois da derrota sofrida pelo emedebista na disputa pela Prefeitura Salvador e o efeito devastador de sua candidatura sobre a bancada municipal do PT.

Imagem ruim

Aliás, para a maioria dos governistas, incluindo aí petistas e quadros de partidos aliados, é impressionante como Jerônimo ainda não conseguiu perceber que associar sua imagem limpinha à do vice-governador é um péssimo negócio, porque remete diretamente tanto ao fracasso do seu grupo nas eleições de Salvador em 2024 como a uma figura que não inspira confiança, como as pesquisas, tanto da oposição quanto da situação, captaram amplamente durante a campanha.

Medo de Malafaia?

O deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante), eleito na base petista nos planos estadual e federal, tem sido cobrado pelos eleitores nas redes sociais após assinar o pedido de urgência para o PL da Anistia na Câmara. Em tempos de Páscoa, um dos seguidores chamou o parlamentar de “Judas” e afirmou que Isidório tem medo do pastor Silas Malafaia, um dos maiores defensores de Jair Bolsonaro. “Ingratidão tira a afeição, viu deputado?”, complementou o cidadão.

“Coincidências” no Planalto

Auxiliares e interlocutores de Rui Costa têm visto forte “coincidência” entre juízos que o ministro emite e o que sucede, especialmente na Bahia, na Operação Overclean. Não deve ter sido à toa que o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mandou um recado ao petista ao dizer que ele perseguia o partido de olho na política baiana. Em Brasília, onde o ministro é pouco querido,  se diz que ele pratica maldades porque tem a CGU e a PF sob seu controle, mas esquece de que o mundo dá voltas, sobretudo no círculo do poder.

Duas canoas

Enquanto Davi Alcolumbre acusa Rui Costa de perseguir o União Brasil por causa das questões da Bahia, o grupo político do ministro fecha os olhos para o movimento pela indicação ao TRE baiano de figura com ligações íntimas com o partido do presidente do Senado, afilhada de magistrado conhecido pelo dom de encantar serpentes.

Prefeitos fantoches

Deputados estaduais estão preocupados com um fenômeno que aconteceu nas eleições de 2024 em cerca de duas dezenas de municípios da Bahia e que, embora não seja novo, ganhou força para influenciar planos políticos pessoais no próximo pleito. Eles se referem aos ex-prefeitos que emplacaram “fantoches” como sucessores. Ou seja, quem governa de fato são os antecessores, que estariam usando este poder para, de olho numa cadeira na Assembleia Legislativa, comprar apoio político por meio do uso das máquinas públicas municipais, agindo como se a Justiça não existisse.

Candidatura de consenso

A ala chamada de CNB 400 da Corrente Construindo um Novo Brasil, do PT, espera chegar, no próximo dia 26, a um consenso sobre a candidatura de Everaldo Anunciação, ex-presidente do partido na Bahia e atual vice nacional, para o comando da legenda no Estado. Nesta data, acontece um seminário, no auditório da Assembleia, com representantes de toda a corrente, inclusive a ala CNB Renova, à qual pertence Éden Valadares, que preside a sigla atualmente em solo baiano. O evento terá a presença de lideranças petistas de todo o país, como já mostrou o site.

Pitacos

* Desligado oficialmente do cargo de assessor pelo deputado federal Elmar Nascimento (União) após se tornar um dos personagens da Operação Overclean, Amaury Nascimento conhece a fundo o parlamentar baiano.

* Além de ser primo em primeiro grau, Amaury está com Elmar desde que o ex-líder do União Brasil na Câmara era deputado estadual. Em Campo Formoso, principal reduto eleitoral do parlamentar, os dois sempre foram vistos como “unha e carne”.

* Criada informalmente na reforma administrativa, a Secretaria do Mar de Salvador segue funcionando na Doca 1, no Comércio, sem a mínima estrutura. Além de pessoal, falta até computador para a equipe da pedetista Andrea Mendonça trabalhar.

* Em uma reunião recente sobre o projeto do Novo Mané Dendê, que contempla parte do Subúrbio da cidade, o titular da Casa Civil da Prefeitura de Salvador, Luiz Carreira, deixou escapar que Bruno Reis não pretende enviar tão cedo projetos de lei à Câmara.

* Como já havia antecipado esta coluna, a medida tem como objetivo evitar que os vereadores intensifiquem as cobranças pelo atendimento de demandas junto ao Palácio Thomé de Souza.

* No domingo (13), o líder do governo na Assembleia, Rosemberg Pinto (PT), chamou os amigos para um churrasco em comemoração pelo seu aniversário. Jaques Wagner e os deputados estaduais Adolfo Menezes (PSD) e Angelo Coronel Filho (PSD) apareceram.

* Em discurso na Assembleia, Hilton Coelho (PSOL) afirmou que o deputado federal Paulo Magalhães (PSD) não tem “moral” para relatar o processo de cassação do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) por agressão contra um membro do MBL.

* Hilton lembrou que, em 2001, o próprio parlamentar baiano deu um pontapé no escritor Maneca Muniz, que esteve no Congresso para lançar um livro contra o velho ACM, tio do inclemente. A Câmara nunca cassou ninguém por atitudes como essa.

* Logo depois que foi eleita 1ª vice-presidente da Assembleia, a deputada Fátima Nunes (PT) representou a Casa na entrega do título de cidadão de Salvador ao colega Roberto Carlos (PV), na noite de ontem (15), na Câmara de Vereadores da cidade.

* Aliás, a homenagem a Roberto Carlos reuniu velhos amigos da política, a exemplo do ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos) e do ex-prefeito da capital João Henrique Carneiro. Os três foram colegas de Assembleia nos tempos de oposição ao carlismo.

* A Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia decidiu solicitar ao governo do Estado a instalação de um gabinete de crise em Irecê por conta da seca que assola a região.

Política Livre
Comentários