Foto: Rosinei Coutinho/STF/Arquivo
Plenário da Primeira Turma do STF, responsável por julgar ação da trama golpista 27 de maio de 2025 | 18:36

Delegado da PF vai ao STF prestar depoimento como testemunha e descobre que é investigado

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O delegado da Polícia Federal Caio Rodrigo Pelim disse desconhecer ser alvo de investigação no caso das blitze feitas pela PFR (Polícia Rodoviária Federal). Ele prestou depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (27) como testemunha indicada pela defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Antes do início, no entanto, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que ele é investigado.

“Eu tinha certeza que falei como depoente e mais nada. Desconheço qualquer investigação contra a minha pessoa”, disse depois de o fato ser discutido entre o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, o PGR e a defesa de Torres. Pelim era diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal em 2022 e demonstrou incômodo diante da situação.

Pelim foi a quarta testemunha a ser chamada. No momento em que começaria a audiência, Gonet pediu a contradita da participação dele, ou seja, questionou a presença dele, já que, como investigado, ele não é obrigado a se comprometer a dizer a verdade pelo direito de não se autoincriminar.

“Gostaria de apresentar a contradita desta testemunha, porque ele figura como indiciária na PET 11552, sobre restrição ao direito de voto”, disse.

A defesa de Torres rebateu e afirmou que ele não é indiciado pela PF, mas apenas foi ouvido no caso e que o inquérito já teria sido encerrado. “É uma informação realmente nova que está sendo trazida agora pelo ex-procurador-geral da República”, disseram os advogados.

Moraes manteve o depoimento dele, mas disse que a apuração foi prorrogada a pedido da PGR. “Em sendo o Ministério Público o titular da ação penal, não depende, sabemos todos, de eventual indiciamento ou não da Polícia Federal”, afirmou Moraes.

De acordo com o relator, a testemunha teria, então, direito ao silêncio.

“Na verdade, a Pet 11552 não encerrou suas finalidades. Foi dado um último prazo. Então as investigações prosseguem. Vislumbro aqui que o depoente é investigado e é citado em vários depoimentos de testemunhas e outros investigados.

Então, da mesma forma, eu já aviso ao depoente que ele tem direito ao silencio e à não autoincriminação, pode se recusar a responder qualquer indagação”, disse.

Assim como outras testemunhas da defesa de Torres, ele foi questionado sobre a participação do ex-ministro em atos apontados pela PGR como incriminadores da atuação dele.

“Sobre a reunião de 19 de outubro de 2022 para tratar do policiamento direcionado. Houve policiamento direcionado, ou determinação ou sugestão nesse sentido?”, perguntaram os advogados.

“Que eu tenha presenciado, nenhuma orientação nesse sentido”, disse Pelim.

“O ministro reiterou para manter esse policiamento ostensivo nas eleições, que é uma atuação preventiva que a gente costuma fazer, usar o máximo de efetivo possível, que é o que a gente já havia proposdo, e para não baixar a guarda para o segundo turno. A gente manter o policiamento ostensivo, já que os números do primeiro turno haviam sido números bons, até inferiores em termos de número de crimes ocorridos nas eleições anteriores”, disse o delegado.

A defesa afirma então que a PGR afirma ter sido construído um “plano insidioso” para a ruptura democrática. O delegado disse desconhecer tal plano.

A Divisão de Repressão a Crimes Eleitorais, responsável pelo planejamento operacional das eleições de 2022, estava subordinada à Coordenação Geral de Pesquisa Fazendária, por sua vez ligada à Direção de Combate ao Crime Organizado, chefiada por ele de março de 2022 a dezembro de 2022.

Ana Pompeu/Folhapress
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