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Geddel Vieira Lima 13 de maio de 2025 | 07:48

Entrevista – Geddel Vieira Lima: “Não vejo chances de Wagner ficar de fora da chapa”

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Principal voz do MDB da Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima confirma, nesta entrevista exclusiva ao Política Livre, que a família finalmente voltará a ter um nome concorrendo a uma cadeira na Câmara Federal nas eleições de 2026. Trata-se do primo Jayme Vieira Lima, que é o atual presidente estadual do MDB e também comanda a Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb).

Sobre a chapa majoritária, Geddel defende as reeleições tanto do governador Jerônimo Rodrigues (PT) quanto do vice-governador Geraldo Júnior (MDB). Ele não acredita na hipótese de o senador Jaques Wagner (PT) desistir de tentar renovar o mandato em prol da unidade da base aliada, “sacrifício” este que os emedebistas também não estão dispostos a fazer, ressaltou o ex-ministro.

Na entrevista, Geddel volta a dizer que não acredita numa candidatura do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) ao Palácio de Ondina no próximo pleito. Para ele, a exemplo do que ocorreu em 2022, a oposição vai tirar outro nome da “cartola”. O ex-ministro faz, ainda, elogios ao atual prefeito da capital, Bruno Reis (União).

Em relação ao cenário nacional, Geddel comenta sobre a possibilidade de uma federação entre o MDB e o Republicanos e aposta no crescimento da popularidade do presidente Lula, do PT. Confira abaixo a íntegra da entrevista.

Política Livre – O presidente Lula (PT), de quem o senhor se coloca como aliado, vive um momento difícil, com a popularidade em queda, até mesmo no Nordeste. Acha que no pleito de 2026 ele terá a mesma força de 2022, quando foi, inclusive, o principal cabo eleitoral do hoje governador Jerônimo Rodrigues (PT)?

Geddel Vieira Lima – Os budistas dizem que o ontem já é passado, não existe, e o amanhã está muito distante. O que existe é o hoje. Claro, não tenho como negar, até mesmo por uma questão de credibilidade do que direi nesta entrevista, que há um desgaste claro do governo Lula nesse momento. Agora, tem que se trabalhar isso dia a dia. Eu evidentemente creio que há espaço e tempo para que o governo dê sinais mais claros, inclusive através de uma comunicação mais eficaz, das melhorias econômicas que estão acontecendo aí, no plano do emprego, no plano da retirada de brasileiros da pobreza, uma série de avanços que estão afetando a realidade do brasileiro. Claro que você conta aí também com uma fadiga natural de quem já está no governo há muito tempo. Mas aos profetas do Apocalipse, as madames Beatriz, eu acho que está muito cedo para colocar qualquer desgaste de hoje como uma projeção do futuro. Lula tem tudo, ainda, para chegar como favorito em 2026. E ele continuará sendo, para responder ao restante de sua pergunta, um grande eleitor não só de Jerônimo, mas de outros aliados. Até porque a direita, ou centro-direita, não tem um nome definido para se contrapor a um homem como o Lula. Isso não será fácil.

“De repente, o Republicanos pode vir para a nossa posição (na Bahia). As conversas estão muito embrionárias. Além do mais, as pessoas precisam entender como funciona uma federação”

Acredita que a eleição de 2026 será polarizada como a de 2022 ou pode haver espaço maior para uma terceira via?

Não tão polarizada porque não teremos um candidato com as características do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Apesar da inelegibilidade, o ex-presidente ainda diz que será candidato…

Eu analiso a realidade. Hoje, ele está inelegível e hoje a possibilidade de ele ser candidato é praticamente zero ou é perto de zero, para não ser radical. Ele não sendo candidato, perde um pouco dessa característica de uma polarização exacerbada pela característica pessoal que ele tem. Se ele eventualmente conseguir reverter essa inelegibilidade, que eu pessoalmente acho praticamente impossível, aí você me liga de novo que a gente comenta a realidade.

Alguns consideram, inclusive, a prisão de Bolsonaro no inquérito sobre a tentativa de golpe como algo concreto. O senhor também acha?

Eu tenho horror a fazer política nas páginas policiais. Eu acho que quando você leva a política para a página policial, você desqualifica a política. Eu já fui muito vítima disso, não gostava e não gosto quando, mesmo eu já tendo pago todos os preços, ficam as pessoas apontando o dedo querendo desqualificar você como intérprete de um pensamento, como pessoa capaz de dar posição. Não faria eu com o presidente Bolsonaro. Analisa a vida política dele, a questão de ser preso ou não ser preso, ser condenado ou não ser condenado, está a critério do Judiciário e da capacidade da defesa técnica dele de mostrar se há ou não exageros.

Em 2022, o MDB teve, no primeiro turno, uma candidata à Presidência, que foi Simone Tebet, atual ministra do Planejamento. Acha que issso pode se repetir em 2026?

Olha, o ideal é que grandes partidos tenham candidatura própria, sobretudo porque a eleição é em dois turnos. Se você não tiver sucesso, no segundo turno busca aquele que melhor se identifica com você. Mas no momento atual, acho difícil o MDB ter uma candidatura própria. Não há um nome pronto para ser posto nas ruas. Mas não posso prever o futuro.

Setores do MDB defendem que o partido não apoie Lula em 2026, mesmo integrando o governo. Há uma ala do da sigla que defende a criação de uma federação com o Republicanos, legenda do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um dos presidenciáveis do momento. Como o senhor, que tem interlocução nacional no ninho emedebista, enxerga esses movimentos?

Você não tem praticamente partidos nacionais. O PT ainda tem essa característica porque ficou no poder muito tempo. Os partidos, de uma forma geral, estão muito sujeitos aos interesses locais, regionais, estaduais. O MDB não é diferente, até porque o MDB, na sua origem, foi um grande partido “ônibus” que na ditadura agasalhou todas as correntes de opinião. Então, evidentemente que a realidade do MDB da Bahia é diferente da realidade do MDB de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Existem, sim, aqueles que, pelas circunstâncias estaduais, pelas circunstâncias locais e pessoais, pregam um afastamento do governo Lula. Não há essa unanimidade do partido. No que eu aposto? Eu aposto que o partido permanecerá na base de sustentação do presidente Lula, sobretudo porque creio que haverá uma melhora nessa chamada popularidade, nessa perspectiva de vitória em 2026. Quanto à questão de federação, há sim essa discussão com o Republicanos. Houve uma especulação com o PSD. Essa daí eu acho que descarto. Dois partidos desse tamanho teriam dificuldades em fazer uma federação. Mas com o Republicanos há conversas e vamos ver qual é o desdobramento disso, como fica a realidade em cada estado e tal.

Na Bahia, o MDB e o Republicanos estão em campos políticos opostos, pois o segundo está alinhado ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União). A federação, se virar realidade, não tiraria poder dos Vieira Lima e colocaria os emedebistas no colo da oposição?

Se política não tivesse complicação, não existiria política. A política existe para resolver a complicação. Veja, como homem da política, não posso me furtar a conversar sobre essas questões. Estou indo a Brasília para conversar com lideranças amigas do MDB nacional, para entender como isso está, mas sempre conversando, sempre dialogando. E sempre tem uma saída. Vamos com calma e serenidade tratar o quadro da política dentro da realidade do momento. Se evoluírem essas conversas com o Republicanos, vamos entender como vamos tratar cada situação. De repente, o Republicanos pode vir para a nossa posição (na Bahia). As conversas estão muito embrionárias. Além do mais, as pessoas precisam entender como funciona uma federação. A federação fica um presidente, vamos dizer, com o caráter mais institucional. Mas você preserva os partidos com suas características, inclusive seu presidente se mantém, fundo eleitoral. Não estamos discutindo uma fusão.

“Eu estou absolutamente legitimado para opinar. Quem não gostar, não leia, não me acompanhe, não me ouça. Agora, não precisa agredir. Se me agredir, receberá a porrada de volta, no mesmo patamar”

Mas na federação os dois partidos precisam atuar como um só por quatro anos. E uma das regras que temos observado é que o comando nos estados fica com quem tem mais deputados federais. O Republicanos na Bahia é maior que o MDB….

Eu não tenho esse tipo de preocupação não, rapaz. Esse tipo de preocupação é uma preocupação menor. Vamos conversar sobre outras bases. Eu sento à mesa naquilo que me convém sentar, defendendo os interesses do MDB, que são legítimos. Os interesses dos candidatos do MDB, das pessoas do MDB, das nossas bases. Mas compreendendo que do outro lado também há interesses a serem respeitados. Qual é o desafio? Buscar o entendimento, buscar o consenso.

Mesmo sem apoiar institucionalmente o governo Lula, o Republicanos tem ministério. O mesmo vale para o União Brasil, outro adversário do PT na Bahia. Parte do MDB também costuma votar com a oposição, assim como acontece com o PSD. O presidente é refém das bancadas dos partidos no Congresso?

Olha, eu já me manifestei sobre isso. Eu acho que essa tal da governabilidade foi a prostituição da política. Pra mim, na minha cabeça, política deveria ser assim: quem ganha, governa; quem perde, faz oposição. Claro, você pode buscar no Parlamento alianças com quem tenha o mesmo viés de pensamento e também negociar votações para conduzir o governo. Mas no Brasil, essa história de governabilidade permite esses casamentos de cachorro com jacaré. Quem perdeu a eleição, no dia seguinte está no colo de quem ganhou a eleição. Isso é péssimo. Isso serve também nos âmbitos estadual e municipal. E às vezes quem perdeu e aderiu tem mais prestígio do que o aliado. Eu fico muito entristecido com isso. Até porque você pode pesquisar a minha história pessoal. Eu sempre fui alguém que admite mudar de posição, explicando isso ao eleitor, mas antes da eleição, e não depois. É essa tal governabilidade que leva ao problema das emendas, ao caixa dois de campanha, à corrupção. Não se foi capaz ainda de fazer uma grande reforma eleitoral que imponha com clareza a fidelidade partidária e, sobretudo, a imposição de que quem ganha, governa, e quem perde, faz oposição.

Essa crítica poderia ser endereçada ao próprio governo Jerônimo Rodrigues, que tem atuado no sentido de cooptar politicamente prefeitos da oposição? Há quem diga, na base aliada, que alguns desses estão sendo mais bem tratados do que aliados tradicionais…

Isso é uma constatação. Eu não estou criticando ninguém, porque essa realidade é uma crítica ao modelo. Não é uma crítica pessoal a Lula, nem uma crítica a Jerônimo, é uma crítica ao modelo. Eu até me incluo nisso. Não tivemos a coragem de deixar interesses pessoais de lado para construir um modelo que não permitisse esse tipo de esculhambação. Isso serve para os municípios também. Vemos aí vereadores que não têm compromisso com seu partido e mudam de lado depois da eleição.

O MDB da Bahia quase virou pó, sobretudo após a sua prisão. Mas a partir de 2022, ao retomar a aliança com o PT no Estado, e as eleições de 2024, quando emplacou 32 prefeitos, o partido retomou um gráfico de crescimento. Quais os planos para 2026 nas disputas proporcionais?

Primeiro, vamos falar do pó, não é? E aí eu elogio sempre o Lúcio Vieira Lima, que estava com toda aquela dificuldade e manteve elevada a bandeira do MDB de forma muito resiliente, com muita força e muita luta. E, evidentemente, eu reconheço minha participação nisso, pela força com que fazemos o enfrentamento. Por exemplo: vocês me dão uma oportunidade dessa e, quando sair a entrevista, vão aparecer ali uns comentários nas redes sociais tentando me atingir, debochar, fazendo agressão política. Eu estou absolutamente legitimado para opinar. Quem não gostar, não leia, não me acompanhe, não me ouça. Agora, não precisa agredir. Se me agredir, receberá a porrada de volta, no mesmo patamar. Agora sobre esse novo momento do MDB, eu acho que o partido se solidificou, se recuperou, cresceu. Nossa prioridade para 2026, fora o trabalho pela reeleição de Jerônimo e a manutenção do espaço na chapa majoritária, é aumentar as bancadas de deputado federal e estadual com candidaturas competitivas.

A direção nacional do partido já tem uma expectativa sobre o número de federais pela Bahia? Hoje há apenas um, o deputado Ricardo Maia.

Se você quer me perguntar quantos deputados iremos eleger, ainda é cedo para dizer porque estamos a um ano e meio da eleição. Mas queremos ampliar o número de federais e também o de estaduais. Vamos trabalhar forte para isso, apresentando nomes antigos como novos. Ricardo foi uma revelação do partido e está se colocando e merecendo todo tipo de elogio.

“Jayme será candidato a deputado federal. É outra revelação. É também presidente do MDB da Bahia. Ele é candidato, mas não é o nosso candidato”

O presidente da Cerb, Jayme Vieira Lima, seu primo, será o candidato da família a uma cadeira na Câmara, resgatando o espaço que já foi ocupado por você e por seu irmão Lúcio antes da fase do pó?

Jayme será candidato a deputado federal. É outra revelação. É também presidente do MDB da Bahia. Ele é candidato, mas não é o nosso candidato. É mais um que vai se apresentar. Eu e Lúcio já demos nossa contribuição e já pagamos os preços. Já caímos, já levantamos e seguimos fazendo política, mas sem mandato. E ainda sobre essa história do sobrenome (de Jayme), há quase 20 anos consecutivos estamos no comando do MDB exatamente porque nunca tivemos esse tipo de comportamento de colocar o interesse pessoal nessas questões. Todos sabem que eu sou uma pessoa que nunca larguei companheiro no meio da estrada, que nunca deixei nenhum ferido da guerra no meio do caminho e, sobretudo, que nunca assumimos compromissos para desonrar compromissos. Jayme é um candidato, assim como Ricardo é um candidato.

Sobre a majoritária, o MDB aceitaria sacrificar a vaga de vice se dependesse disso um acordo com o PSD para manter o partido e/ou o senador Angelo Coronel na base governista?

Não, não. Veja bem, eu não gosto de tratar de assuntos dos outros partidos, mas o PSD é um grande partido que hoje tem dois senadores da República, tem presidência da Assembleia, tem cargos no governo do Estado, tem perspectiva de ocupar aí outras funções importantes. Eu não sei porque seria cobrado do MDB um sacrifício para manter o PSD na chapa. Aconteça o que acontecer nos próximos quatro anos, o PSD já tem um senador garantido, um senador das melhores qualificações, que é Otto Alencar. E eu espero, evidentemente, que essas articulações possam preservar o Coronel, que é um grande companheiro, tem ajudado, e o MDB não tem nenhum problema de convivência com ele. Mas essa realmente é uma questão que tem que ser liderada pelo governador Jerônimo Rodrigues. Além disso, o MDB tem sido leal, parceiro, correto, firme, já declarou apoio à reeleição de Jerônimo e o vice-governador Geraldo Júnior tem sido parceiro, leal, correto, firme. Na minha vida, eu aprendi a única coisa que se espera como contrapartida da lealdade, da firmeza e da correção é a lealdade, a firmeza e a correção.

O senhor enxerga a possibilidade de o senador Jaques Wagner (PT) ficar fora desta chapa em 2026 em nome da unidade da base?

Não, não vejo chances de Wagner ficar fora da chapa. Acho que quando o Wagner admite isso, é uma força de expressão ou fazendo um charme que o galego é mestre.

E qual seria a solução para incluir na chapa o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), e preservar Coronel?

Eu acabei de lhe dizer que a liderança desse processo cabe ao governador e eu não tenho que tratar de como é essa questão no Senado, porque o MDB não está reivindicando. Eu tenho que tratar do que nós estamos reivindicando, que é o espaço de vice-governador, que tem sido exercido, insisto, com lealdade e correção. Portanto, o que se espera é lealdade e correção.

Rui Costa seria um bom senador?

Rapaz, veja bem, Rui é um cara qualificado, mas esse é um entendimento do PT, se ele vai ser ou não candidato. Se for candidato e ele se eleger, evidentemente que tem todas as qualificações para desempenhar um bom papel. Mas, por enquanto, os senadores da Bahia que são candidatos à reeleição, que eu saiba, são Wagner e Coronel. Mas não me meto nisso não. Volto a dizer que o MDB reivindica a vice na chapa e é sobre isso que vamos tratar.

Para a vice o MDB vai manter a indicação do nome de Geraldo Júnior ou existem alternativas?

O nome é o de Geraldo. Se estou dizendo que ele tem sido correto, firme e leal ao governador, ao projeto, por que mudar o nome de Geraldo? Não, é Geraldo.

O senhor ficou constrangido ou chateado com Geraldo Júnior quando o vice-governador lhe perguntou outro dia, numa entrevista, sobre o episódio das malas de dinheiro que resultaram na sua prisão?

Deixe-me lembrar o contexto daquela pergunta. Geraldo Júnior estava perguntando sobre comentários que saem na internet perguntando sobre essa história das malas. Eu respondi que esse assunto era mais conveniente que fosse tratado por minha defesa técnica, que atestou lá, claramente, a minha desvinculação com esse problema, embora não tenha convencido o tribunal e o resultado é público. Aí Geraldo, coitado, e aí não foi nenhuma maldade, disse que comentam isso aqui na internet, e eu disse para deixar para lá. Não era uma pergunta dele, e sim comentários da internet. Eu dou importância zero para isso de Instagram, importância zero, salvo quando eu quero me distrair, bater boca com um ou outro, aí entro para brincar um pouco. Geraldo, coitado, ainda disse que se ele tivesse preocupação com isso não me visitava e tal. Constrangimento zero, rapaz, ainda mais para quem passou o que eu passei.

Do lado da oposição, ACM Neto tem feito críticas duras ao governo, utilizando como arma, inclusive, recentes “escorregadas” do próprio governador em falas públicas. O senhor ainda acredita que o ex-prefeito não será candidato ao Palácio de Ondina?

Minha opinião segue de que ele não será candidato a governador porque não vai se submeter à perspectiva da nova derrota. Isso poderia marcá-lo indelevelmente, poderia fazer com que ele perdesse a liderança do grupo, por exemplo, para o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), que é uma pessoa, hoje, do ponto de vista da relação pessoal, mas bem avaliada. Ele (ACM Neto) está vendo o grupo político diminuir, mesmo tendo um recall de quem disputou a última eleição de governador e tenha o nome do avô, essa coisa toda. Quanto às críticas dele ao governador, é o papel dele. Eu só diria que considero essas críticas oportunistas. Ele faz a crítica na segurança pública e não apresenta uma solução. É ridículo alguém criticar apenas dizendo que o governador não chama para si a responsabilidade. Quer dizer então que quando um guarda municipal da Prefeitura apronta uma barbaridade, o culpado é Bruno? A questão da segurança só vai ser resolvida quando entenderem que essa á uma questão de guerra ao tráfico de drogas, um problema nacional. E como resolve? Federalizando essa questão.

Mas o governador também não tem se ajudado ultimamente. Disse, outro dia, que os bolsonaristas deveriam ir para a vala. ACM Neto reagiu e afirmou que “a Bahia tem um governador que defende tratar bandidos com amor e carinho e, ao mesmo tempo, colocar adversários políticos numa vala”.

O governador impressionavelmente foi infeliz. É infelicidade que todos nós políticos, incluindo eu, cometemos quando estamos no calor de um palanque. Aí você soltando uma fala, uma colocação, mal posta. Mas me diga quem é ACM Neto para falar isso do governador? O que diferencia o homem público é o ato de reconhecer o erro e pedir desculpas. Jerônimo fez isso. Esse menino (ACM Neto) outro dia subiu à tribuna da Câmara, quando era deputado, e disse que daria uma surra no então presidente da República, que era o Lula. Como levar a sério uma crítica de um menino como esse por uma fala infeliz do governador?”

Recentemente, numa agenda na região de Irecê, o governador também disse outra frase que, segundo os aliados, foi infeliz: a de que só viajava bastante ao interior porque sabia que não estava bem – caso contrário, estaria deitado numa rede. O senhor acha que ele não está bem?

Para mim ele está muito bem. Eu acho que ele está bem. Essas são as notícias que tenho. Uma escorregada ou outra todos dão, meu caro. Todos os homens públicos dão. Veja o presidente Lula, que já deu várias. Foi eleito acusado de chamar os gaúchos de Pelotas de homossexuais. Lembra disso? Se fosse por conta de frases mal colocadas eu nunca teria sido eleito para nada. O governador tem mais é que viajar mesmo, enquanto o outro, que faz críticas sem apontar soluções, não vai para lugar algum. Fica sentado na frente de um computador ou celular fazendo crítica oportunista.

Se ACM Neto não for candidato a governador, quem será o nome da oposição? Bruno Reis, de quem o senhor costuma dizer que é melhor do que o antecessor?

Isso eles é que vão ter que resolver. Em 2022, tiraram o prefeito de Feira, José Ronaldo (União), da cartola. Vamos ver quem poderão tirar agora. Sobre Bruno, ele é politicamente mais jeitoso do que o Neto. Ele é mais carismático, mais humilde, mais aberto. Falando do ponto de vista personalíssimo, claro. Bruno tem mais qualidades pessoais para encantar um eleitorado, mais do que o Neto.

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