Foto: Arte Política Livre
14 de maio de 2025 | 12:34

Radar do Poder: O bode expiatório baiano, Wagner já mira 2028, a sucessão de Muniz, o mistério de Roma e o sinal de alerta dos Vieira Lima

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Bode expiatório

Governistas baianos estão colocando integralmente na conta do deputado federal Elmar Nascimento (União) a responsabilidade pelo vazamento sobre o constrangimento que a primeira-dama Janja da Silva causou durante a visita do presidente Lula (PT) à China. Além dos ministros de Estado, também testemunharam a cena em que Janja decidiu criticar o TikTok na frente de Xi Jinping o parlamentar baiano e o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP).

Vazador ministerial

Uma figura importante estaria por trás da informação passada aos governistas baianos de que Lula teria desconfiado que Elmar tivesse transmitido aos jornalistas da GloboNews detalhes sobre saia justa criada pela primeira-dama e a reação do presidente chinês. Trata-se do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), que, como se sabe na Bahia e em Brasília, gosta de muita pouca gente e, apesar de uma aproximação recente, não tem Elmar entre seus poucos interlocutores.

Reação de Lula

Deputados acham que o próprio Lula deu gás à ideia de que Elmar poderia estar por trás do vazamento sobre a escorregada de Janja na China ao se referir pelo menos duas vezes ao deputado baiano na entrevista em que falou sobre os resultados da viagem e, provocado por um repórter da Rede Globo, rebateu diretamente a informação de que a primeira-dama teria criado o problema na viagem. O presidente tratou o caso como uma “pachorra”, o que causou constrangimento ao parlamentar baiano, disseram políticos presentes.

Projeto 2028

Já de olho na disputa pela Prefeitura de Salvador em 2028, o deputado estadual petista Robinson Almeida articula para emplacar uma aliada no comando do PT na capital nas eleições internas do partido, marcadas para o dia 6 de julho. O nome escolhido por ele é o da assessora e sanitarista Joanna Paroli, que integra a mesma corrente do parlamentar, a Democracia Socialista (DS). Outro quadro da DS também ligado a Robinson que está no páreo, embora correndo por fora, é o ex-vereador de Salvador Tiago Ferreira, caso Joanna, recentemente aprovada em um concurso público, desista.

Movimento de Wagner

Robinson costura um acordo envolvendo Salvador para apoiar Tássio Brito, atual tesoureiro estadual do partido, à presidência do PT baiano. Em troca do respaldo na capital, a DS retiraria Ana Carolina da disputa pelo comando da sigla na Bahia e uniria forças com Tássio. Entretanto, o senador Jaques Wagner, principal padrinho da candidatura do tesoureiro, defende que o próprio Robinson seja o postulante em Salvador, o que fortaleceria o nome do deputado para a Prefeitura em 2028. Foi Wagner quem incentivou a pré-candidatura do companheiro a prefeito em 2024.

Ironia do destino

O curioso da aliança entre Robinson e Tássio é que o deputado foi um dos principais articuladores, em março, do movimento que uniu a DS e outras tendências do PT e barrou a iniciativa do atual presidente do partido na Bahia, Éden Valadares, seguidor das ordens de Wagner, de lançar a candidatura do comandante da legenda em Serrinha, Sandro Magalhães, visto como o representante da continuidade. Por influência do senador, a maior parte dessas correntes hoje está ao lado do tesoureiro, que se tornou, por sinal, o nome de Éden, embora não tenha sido nem de perto a primeira opção.

Marta fora

As negociações de Robinson para assumir direta ou indiretamente o comando do PT na capital ganharam força com a falta de interesse da vereadora petista Marta Rodrigues em aceitar ser candidata à presidência municipal do partido. Irmã do governador Jerônimo Rodrigues (PT), ela tinha o respaldo de Wagner e das correntes que estão com Tássio para se lançar candidata. O prazo para a inscrição das candidaturas à presidência da legenda nos municípios se encerrou no último dia 2. Entretanto, até o dia 26 deste mês ainda podem haver trocas, desistências e composições.

Ordens dos velhos

Tássio Brito tem se movimentando para fortalecer a candidatura pela Bahia. Nesta terça (13), recebeu oficialmente o apoio do prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT). No sábado (17), estará em Itabuna. Já no dia 22, promete fazer um grande ato em Salvador com Wagner e lideranças nacionais petistas. Adversários do tesoureiro, por sinal, costumam brincar com a bandeira da renovação pregada pelo candidato. Dizem que “é uma chapa de jovens que recebe ordens dos velhos”, numa referência ao senador e aos deputados federais Valmir Assunção (PT) e Jorge Solla (PT).

Novo comando

O ex-vereador Adriano Meireles deve assumir na próxima semana o comando do PRD na Bahia, em movimento articulado nacionalmente pelo deputado federal Elmar Nascimento (União) e pelo deputado estadual Marcinho Oliveira (União), conforme já antecipado por esta coluna e detalhado pelo site . O atual presidente da sigla, Francisco Elde, chefe de gabinete do prefeito Bruno Reis (União), ainda tentou se manter no posto, mas perdeu a disputa. A legenda, que adota o número 25 e tem dois vereadores, seguirá na base de Bruno. Para as eleições de 2026, vai liberar os filiados.

Juntos novamente

Em Brasília, o PRD discute com o Solidariedade a criação de uma federação ou mesmo uma fusão. O primeiro prefere a segunda opção, com o surgimento de um novo partido, o Solidariedade 25. Já o segundo é a favor do “casamento” com duração inicial de quatro anos. Qualquer que seja a alternativa, Adriano Meireles voltará a trabalhar lado a lado com o deputado estadual Luciano Araújo, presidente do Solidariedade na Bahia – o ex-vereador deixou o partido porque não queria apoiar o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) na eleição municipal de 2024, e ficou com Bruno Reis.

Sucessão à vista

Líder do prefeito na Câmara de Salvador, o vereador Kiki Bispo (União) confidenciou a colegas que desistiu da candidatura a deputado estadual em 2026. A intenção dele é permanecer onde está para tentar, com o apoio de Bruno Reis, ser o sucessor do presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB). Acontece que o tucano tem um parecer jurídico em mãos sustentando que ele pode concorrer a um novo mandato na presidência. Isso porque Muniz não foi, na prática, reeleito em 2025, já que na legislatura passada ele assumiu o posto na condição de vice de Geraldo Júnior.

Meta de Muniz

Aliados de Muniz garantem que a prioridade eleitoral dele é renovar o mandato de vereador e concorrer à reeleição para a presidência da Câmara. Por isso, a exemplo do que fez em 2014, quando não foi postulante a deputado apostando em um acordo firmado com o então prefeito ACM Neto (União) de que seria o chefe do Legislativo municipal – o que acabou não ocorrendo –, deve apoiar a candidatura de alguém da confiança para a Assembleia ou a Câmara Federal. Naquele ano, o nome foi o do irmão Anderson Muniz. Agora, como já revelou a coluna, deve ser o do filho homônimo.

Dor de cotovelo

Alguns vereadores aliados de Bruno Reis ficaram com dor de cotovelo com as recentes nomeações feitas pelo chefe do Executivo que contemplaram lideranças do Novo, a exemplo do presidente municipal do partido, Robspierre Valcacio, e da candidata derrotada a vereadora Luciana Buck – ambos com salários que podem chegar a R$25 mil. “Foram mais de R$120 mil em cargos para o Novo, partido que não tem voto e nem representatividade na cidade ou na Bahia Enquanto isso, aliados importantes seguem sem atendimento”, reclamou um dos edis em contato com a coluna.

Só Roma explica

Ex-presidente do PL Mulher na Bahia, Kátia Bacelar quer saber do comandante do partido na Bahia, João Roma, por que a direção estadual da sigla não foi tão prestigiada por Bruno Reis quanto o Novo. “O PL é o maior partido do Brasil. Já não bastou o desempenho pífio nas eleições em 2022 no Estado? Agora não consegue um cargo de expressão na Prefeitura de Salvador, apesar do apoio ao prefeito em 2024? O que está atrás dos bastidores? Será que só João Roma tem a respostas?”, indagou.

Convite indigesto

Não foi bem aceito entre os vereadores do União Brasil o convite feito pelo secretário de Governo da Prefeitura de Salvador e presidente municipal do PP, Cacá Leão, para que os edis do PDT insatisfeitos com o movimento da cúpula da legenda de adesão ao governo do Estado ingressem no ninho pepista. Isso porque com o anúncio da federação União Progressista Brasileira (UPB) o PP e o União Brasil se tornam, na prática, um só partido. E quase todos os vereadores pedetistas tiveram mais votos em 2024 do que os representantes eleitos pela legenda de Bruno Reis.

Pegos de surpresa

Alguns vereadores buscam até hoje justificar a presença na feijoada oferecida pelo deputado federal Léo Prates (PDT), na semana passada, retratado com exclusividade pela Radar do Poder. Dizem que foram convidados para comemorar o aniversário do pedetista e que só ao chegar ao espaço perceberam que a festa tinha conotação totalmente política.

Pitacos

* O avanço das conversas em torno da criação de uma federação entre o MDB e o Republicanos fez ascender o sinal de alerta entre os irmãos Vieira Lima, que podem perder força na Bahia se o “casamento” for concretizado.

* Isso porque o Republicanos hoje é maior do que o MDB no Estado, o que, em tese, poderia dar ao primeiro, aliado de ACM Neto (União), o comando da federação em solo baiano. Se for assim, os emedebistas não poderiam caminhar com o PT, ao menos oficialmente.

* Preocupado sobre como fica o cenário na Bahia, o presidente de honra do MDB no Estado, Lúcio Vieira Lima, vai a Brasília na segunda (19) para tratar do assunto com o comandante nacional da sigla, deputado federal Baleia Rossi (SP).

* Aliás, o presidente do Republicanos em solo baiano, deputado federal Márcio Marinho, parece que não é sequer informado das articulações nacionais da legenda. Ou seja, não tem lugar na “grande mesa”.

* Na mesma semana em que o bispo Marinho disse ao Política Livre que o partido descartava formar uma federação neste momento, surgiram as notícias na imprensa nacional das conversas com o MDB.

* Ainda sobre o Republicanos, a cúpula nacional da sigla, que tenta “descolar” a imagem do partido da Igreja Universal, não tem interesse apenas na filiação do deputado federal Leo Prates (PDT), como revelou a coluna semana passada.

* Também foram convidados para engrossar as fileiras da sigla os deputados federais Mário Negromonte Júnior (PP), Cláudio Cajado (PP) e Jonga Bacelar (PL). Jonga só estaria disposto a aceitar se for para ser o presidente do Republicanos na Bahia.

* É grande a lista de queixas de lideranças baianas contra os deputados, estaduais e federais, do União Brasil. Não escapa um da acusação de que, como ACM Neto, ninguém atende telefone nem retorna ligação.

* Pouco mais de um mês após lançar a candidatura presidencial em Salvador, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União) retorna à Bahia neste sábado (17). Ele participa do 14º Encontro do Sertão, que acontece no município de Ourolândia.

* O deputado estadual Adolfo Menezes (PSD) seguiu o conselho do poeta Manuel Bandeira e foi-se embora para a Pasárgada, só que a cidade real, localizada no Irã, novo destino escolhido pelo parlamentar para tirar uns dias de descanso.

Política Livre
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