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Decisão do governo em recorrer ao STF sobre IOF pode agravar crise, diz Rodrigo Maia
Decisão do governo em recorrer ao STF sobre IOF pode agravar crise, diz Rodrigo Maia
Por Daniel Rocha/Estadão
26/06/2025 às 17:30
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo

O governo pode ter dias ainda mais difíceis caso decida entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a decisão do Congresso que derrubou os decretos relacionados ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Rodrigo Maia, diretor-presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (FIN) e ex-presidente da Câmara dos Deputados, avalia que os membros do STF não têm a mesma posição arrecadatória e, por isso, caso o Poder Executivo recorra à Corte, há o risco de não ter uma decisão favorável.
“Se a reação for judicializar a decisão do IOF, acho que o governo vai aprofundar a sua crise. Eu também não vejo mais o STF com o mesmo apetite arrecadatório”, disse Maia. As falas do ex-parlamentar aconteceram durante sua participação no segundo dia do evento Anbima Summit 2025, realizado na manhã desta quinta-feira (26). Maia participou do painel “Para onde vai o Brasil?” que discutiu sobre as atividades dos poderes executivo e legislativo em torno do orçamento e expectativas para as eleições de 2026.
Na quarta-feira (25), o Congresso votou em uma sessão surpresa pela aprovação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 214/25, que suspende o aumento do IOF. Com o aval das duas Casas, o texto segue para promulgação. Assim que for publicado no Diário Oficial da União (DOU), ele anulará as mudanças promovidas pelo governo federal no IOF. A equipe econômica argumenta que a decisão do Congresso é inconstitucional e, por isso, estuda recorrer ao STF. Contudo, a ala política teme que a ação piore a relação do governo com os congressistas.
A queda do pacote de mudanças sobre o IOF aumenta a pressão sobre a equipe econômica a realizar novos cortes no orçamento. Segundo informações do Estadão, Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara dos Deputados, estima um contingenciamento na ordem de R$ 12 bilhões, com cortes em programas sociais, para compensar a perda na arrecadação.
No entanto, o diretor-presidente da FIN acredita que há espaço para solucionar o problema do orçamento de 2025, por meio dos excedentes de petróleo e dividendos. A grande incógnita será como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, irá desenhar o orçamento público para o próximo ano. “No segundo semestre, quando for encaminhada a lei orçamentária para 2026, o governo vai mostrar o tamanho do problema e onde buscar receitas para isso”, afirmou Maia ao E-Investidor.
Derrubada do IOF traz alerta para a MP
A queda do IOF trouxe um aceno positivo ao mercado por mostrar que a relação entre governo e Congresso permanece fragilizada. A percepção traz um indicativo de que a Medida Provisória (MP), responsável pelas mudanças no regime tributário dos investimentos, terá uma tramitação difícil. Para Maia, a MP será aprovada, mas sofrerá modificações. “Acredito que a tributação dos (títulos) incentivados e o aumento do imposto sobre o JCP (Juros sobre Capital Próprio) devem sair (do texto)”, disse o ex-congressista.
A MP do governo retirou a isenção de IR dos títulos de renda fixa, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), e dos dividendos distribuídos pelos FIIs e Fiagros, para aplicar uma alíquota de 5% de imposto de renda (IR). Elevou ainda a tributação sobre o JCP de 15% para 25%. Em contrapartida, o governo estabeleceu uma alíquota única de 17,5% para aplicações financeiras. As mudanças fazem parte do pacote alternativo ao aumento do IOF. A nova proposta aguarda análise do Congresso. Se for aprovada, começa a valer para títulos emitidos a partir de 2026.
