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Decisão do STF sobre IOF agora pode acirrar ânimos antes do julgamento do golpe, alertam ministros
Decisão do STF sobre IOF agora pode acirrar ânimos antes do julgamento do golpe, alertam ministros
Por Carolina Brígido/Estadão
01/07/2025 às 19:10
Foto: Bruno Moura/STF/Arquivo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), vai trabalhar durante o recesso. Relator da ação contra a derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso Nacional, ele poderia julgar o caso sozinho ainda neste mês. No entanto, interlocutores do ministro e integrantes do tribunal ponderam que, se tomada agora, a decisão acirraria ainda mais os ânimos entre os Poderes.
Nesta terça-feira, 1º, o governo Lula acionou o STF para tentar manter em vigor os decretos que aumentaram o IOF sobre uma série de operações, a fim de perseguir a meta de déficit zero nas contas públicas este ano. A decisão foi do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após avaliação da Advocacia-Geral da União (AGU). Os decretos foram derrubados pelo Congresso na semana passada, em expressiva derrota para o governo Lula, acirrando a disputa entre o Executivo e o Legislativo.
Integrantes do Judiciário próximos de Moraes ouvidos pela reportagem consideram que o ideal seria esperar o julgamento da ação penal sobre a tentativa de golpe para depois o STF decidir sobre o IOF. Interlocutores do ministro dizem que ele ainda não decidiu quando vai julgar o caso.
A expectativa é de que o processo contra o primeiro núcleo da trama golpista, que tem entre os réus o ex-presidente Jair Bolsonaro, seja julgado em setembro. Se confirmada a tendência de condenação, o Supremo será alvo de ataques de parte do Congresso.
A avaliação que se faz no Supremo é de que, até setembro, o caso do IOF terá perdido tração na opinião pública. Por outro lado, a política terá outras prioridades – como, por exemplo, a repercussão do julgamento, que pode reacender a pauta da anistia, ou da redução das penas para golpistas.
Para ganhar tempo, Moraes pode adiar a decisão do IOF com base na própria regra de tramitação de uma ação declaratória de inconstitucionalidade – o instrumento jurídico escolhido pelo governo. O ministro poderá deixar de julgar a liminar imediatamente e pedir informações ao Congresso e ao governo e, por fim, pedir um parecer para a Procuradoria-Geral da República. (PGR).
O STF costuma tomar decisões favoráveis à União e pró-governabilidade em causas tributárias, seja qual for o ocupante do Palácio do Planalto. No tribunal, a expectativa é que o governo saia vitorioso no caso do IOF, diante da regra constitucional que dá à União a prerrogativa de criar esse tipo de imposto e confere poderes ao Executivo para alterar a alíquota.
A avaliação interna no tribunal, no entanto, é que o momento político para se fazer isso pode não ser agora.
