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Advogado de Donald Trump e Bolsonaro atuaram juntos para atacar Moraes, afirma PF
Advogado de Donald Trump e Bolsonaro atuaram juntos para atacar Moraes, afirma PF
Por Mônica Bergamo/Folhapress
20/08/2025 às 22:06
Atualizado em 20/08/2025 às 22:06
Foto: Alan Santos/PR/Arquivo

O relatório final da investigação da Policia Federal contra Jair e Eduardo Bolsonaro por tentativa de obstrução da Justiça mostra uma troca permanente de mensagens, informações e conselhos entre o advogado Martin de Luca e ex-presidente.
O advogado representa a Trump Media Group, que pertence ao presidente norte-americano, e a plataforma de vídeos Rumble em ações contra Alexandre de Moraes nos EUA. As iniciativas jurídicas questionam determinações de Moraes sobre as empresas.
Martin de Luca concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em fevereiro negando que os questionamentos ao magistrado tivessem relação com o julgamento de Bolsonaro no Brasil. As mensagens transcritas do celular do ex-presidente, no entanto, mostram que ele informava os passos das ações ao ex-presidente, enviava a ele petições da ação e inclusive transmitia a ele pedidos de entrevistas da imprensa norte-americana.
Segundo a PF, os dois atuavam em "convergência de interesses na propagação de ações mútuas, quais sejam: amplificar ataques direcionados ao Supremo Tribunal Federal (STF), na pessoa do ministro Alexandre de Moraes, de forma a atingir a jurisdição brasileira, atribuindo descrédito ao Poder Judiciário nacional com propósito único de deslegitimação das decisões judiciais que conflitem com interesses comuns entre o ex-presidente e a plataforma Rumble".
No dia 13 de julho, por exemplo, Bolsonaro enviou a Martin de Luca o texto que divulgaria nas redes sociais em que elogiava a carta enviada por Trump a Lula anunciando o tarifaço de 50% contra produtos brasileiros. O ex-presidente afirma que ela tem mais a ver com "valores e liberdade" do que com economia.
Em um áudio, ele pede ajuda ao advogado para revisar a mensagem. "Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito... pô fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin."
De Luca responde que enviará a Bolsonaro então "um resumo de como eu acho pode melhorar a comunicação do tarifaço".
No dia 14, o advogado envia a Bolsonaro um arquivo com sete páginas com o pedido formulado pela Trump Media e pela Rumble para complementar uma ação movida contra Moraes nos EUA. Ele encaminha a íntegra da petição "no mesmo dia em que realizou o protocolo do documento junto à Justiça americana", diz a PF.
A polícia encontrou uma cópia impressa do documento três dias depois na casa de Bolsonaro, em uma operação de busca e apreensão.
A PF também mostra no relatório que De Luca criou uma conta no X em que respostava mensagens críticas a Moraes e também imagens de atos contra o STF liderados pelo pastor Silas Malafaia.
Em outra ocasião, Bolsonaro envia a ele mensagem citando o tarifaço e dizendo que a solução para suspender as medidas contra o Brasil era "anistia/liberdade Jair Bolsonaro".
A PF finaliza os relatos sobre De Luca afirmando que Bolsonaro "atuou em período de tempo relevante para o contexto investigativo, de forma subordinada as pretensões de grupo estrangeiro, com a finalidade de obter o apoio a pretensões pessoais, no sentido de implementar ações criminosas de coação a membros da Suprema Corte, visando impedir o pleno exercício do Poder Judiciário Brasileiro nas ações penais em curso que apuram os atos de tentativa de golpe de Estado".
