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Após afirmar ter garantido verba, MEC não compra todos os livros didáticos para 2026
Após afirmar ter garantido verba, MEC não compra todos os livros didáticos para 2026
Por Bruno Lucca/Folhapress
21/08/2025 às 08:51
Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil

O MEC (Ministério da Educação) não comprou todos os livros didáticos necessários para o ensino básico em 2026, mesmo após afirmar ter garantido a verba necessária para isso.
Como a Folha mostrou, a União precisava adquirir 240 milhões de exemplares até agosto. O problema foi resolvido parcialmente.
Ficou faltando a encomenda de 52 milhões de unidades, ao menos, segundo estimativa do mercado editorial. A situação é pior nos anos finais do ensino fundamental (6º ano 9º), aos quais foram comprados apenas livros de português e matemática, deixando de lado os de história, geografia, ciências e artes.
Esse material é distribuído por meio do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático). A compra é responsabilidade do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) —órgão ligado ao MEC. Em nota, a pasta de Camilo Santana diz que, após cortes relevantes no orçamento de seus programas, definiu prioridades.
"Nesse contexto, [...] ficou definido que a prioridade será a reposição de livros de língua portuguesa e matemática para os anos finais do fundamental", diz o ministério.
O órgão segue informando terem sido adquiridas obras de todas as disciplinas para os anos iniciais (1º ao 5º), além de todo material para o ensino médio, EJA (Educação de Jovens e Adultos) e programas literários.
Para os anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º), era prevista a compra de 12 milhões de livros didáticos, aproximadamente, em todas as disciplinas. Porém, foram adquiridos somente os de português e matemática, cerca de 3 milhões.
Há lacuna ainda nos anos iniciais. As disciplinas de história, geografia e ciências, do 1º ao 3º ano, e de artes, do 1º ao 5º ano, são compostas de livros consumíveis, as chamadas apostilas. Nenhuma foi adquirida. A demanda era de 40 milhões.
Para a mesma etapa de ensino, não foram encomendadas 3 milhões de unidades dos chamados projetos integradores —que visam a agregação de conhecimentos e habilidades de diferentes áreas do currículo.
Como o próprio governo federal admite, o problema é financeiro.
O montante para a compra desses livros é estimado em cerca de R$ 3,5 bilhões. O programa, no entanto, tem um orçamento de R$ 2,04 bilhões. Ou seja, para o governo conseguir adquirir tudo o que era previsto seria necessário um aporte de mais R$ 1,5 bilhão. O PNLD sofre reduções orçamentárias desde 2022, quando teve uma dotação de R$ 2,58 bilhões.
Parte dos 240 milhões de obras necessárias deveria ter sido entregue às escolas públicas em 2022, 2023 e 2024, mas o cronograma de compras foi adiado. Segundo a Abrelivros (Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais), a situação nunca foi tão complicada.
Em julho, o MEC chegou a afirmar ter garantido a verba necessária para compra de todas as obras necessárias, o que não ocorreu.
Como funciona o Programa Nacional do Livro Didático
O PNLD é destinado a avaliar e a disponibilizar obras didáticas, pedagógicas e literárias, de forma sistemática, regular e gratuita, às escolas públicas de educação básica das redes federal, estaduais, municipais e distrital.
A seleção dos livros a serem distribuídos é de responsabilidade do MEC. Porém, compra e distribuição dos materiais ficam a cargo do FNDE, cabendo ao órgão também a logística do provimento e do remanejamento dos materiais didáticos para todas as escolas públicas do país cadastradas no censo escolar.
