Governadores usam reunião sobre tarifas para blindar Bolsonaro e criticar governo Lula

Na tarde em que bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, ignorou alertas sobre atos violentos e rejeitou ajuda da Força Nacional. Afastado pelo STF por “omissão dolosa” e posteriormente reconduzido ao cargo, Ibaneis voltou ao noticiário como anfitrião de uma reunião de nove governadores, oficialmente para tratar das tarifas impostas por Donald Trump, mas que também serviu para alinhar discursos em defesa de Jair Bolsonaro. A reportagem é do jornal "O Globo".

Durante o encontro, Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado atribuíram a responsabilidade pelas sanções americanas ao governo federal, evitando críticas a Trump e ao ex-presidente. Caiado chegou a defender concessões ao motim que paralisou o Parlamento, enquanto Mauro Mendes, de Mato Grosso, defendeu submissão às exigências americanas e criticou a diplomacia brasileira. O tom geral foi de apoio velado à família Bolsonaro e de críticas ao Planalto.

Além de defender Bolsonaro, os governadores buscavam preservar capital político junto ao seu eleitorado. Quatro deles — Tarcísio, Caiado, Romeu Zema e Ratinho Júnior — têm ambições presidenciais e evitam romper com o ex-presidente. No fim de julho, o grupo já havia boicotado reunião convocada por Geraldo Alckmin para tratar da negociação com os EUA, o que reforça que, quando os impactos das tarifas se fizerem sentir, não poderão alegar desconhecimento ou inércia involuntária.