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Perdas do Brasil com tarifaço podem ser amortecidas com reajuste do comércio global, diz estudo

Perdas do Brasil com tarifaço podem ser amortecidas com reajuste do comércio global, diz estudo

Por Thiago Bethônico/Folhapress

08/08/2025 às 12:30

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil/Arquivo

O tarifaço global imposto pelos Estados Unidos deve provocar um rearranjo no comércio internacional

O tarifaço global imposto pelos Estados Unidos deve provocar um rearranjo no comércio internacional que pode ajudar a amortecer as perdas que o Brasil terá com a sobretaxa de 50% implementada pelo presidente Donald Trump. Alguns setores, inclusive, podem sair ganhando quando se consideram os impactos indiretos.

É o que indica um estudo publicado nesta quinta-feira (7) por pesquisadores do Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

O trabalho considerou não só o impacto direto do tarifaço dos EUA sobre exportações de produtos brasileiros, mas também os efeitos das tarifas impostas a outros países (e das retaliações), que podem alterar a competitividade relativa do Brasil no cenário internacional. A ideia é que esse efeito indireto tem potencial para favorecer exportações brasileiras ao desviar parte do comércio global para outros mercados.

Mas, apesar de eventuais benefícios, a análise dos economistas sugere que o resultado final continua sendo negativo: tanto para a economia nacional, quanto global.

O estudo, publicado pelos autores Edson Paulo Domingues, João Pedro Revoredo Pereira da Costa e Aline Souza Magalhães, considera as tarifas globais vigentes desde a última quinta-feira e os acordos comerciais já fechados entre EUA e União Europeia e Reino Unido, por exemplo.

Também leva em conta que, até o momento, a China foi a única a retaliar Washington, impondo tarifas de 10% sobre importações americanas.

"As taxas aplicadas sobre importações provenientes de outros países nos EUA e a retaliação da China, por sua vez, teriam efeitos que poderiam beneficiar o Brasil em mercados específicos, trazendo, assim, impactos positivos", dizem os autores.

A análise usou modelos de EGC (Equilíbrio Geral Computável) para estimar o impacto de médio prazo (dois anos) das medidas tarifárias pelo mundo.

Os pesquisadores já vinham estimando os efeitos das tarifas sobre o Brasil desde fevereiro de 2025. Os achados de agora indicam que o saldo final pode ser mais brando.

Segundo o estudo, os choques tarifários resultariam em uma queda de 0,14% no PIB global, equivalente a US$ 112 bilhões. O comércio mundial também seria prejudicado, com queda de 3% (US$ 645 bilhões).

Os EUA veriam o PIB retroceder 0,43%, enquanto a China enfrentaria uma perda econômica de 0,14%.

No Brasil, a estimativa dos economistas aponta para uma queda do PIB de 0,10%, equivalente a US$ 12 bilhões. Nas exportações brasileiras, o efeito seria uma perda líquida de US$ 4,2 bilhões.

Os resultados consideram os impactos direto e indiretos do tarifaço. No caso das exportações brasileiras, por exemplo, os pesquisadores calculam uma perda de US$ 8,8 bilhões. Os rearranjos globais no comércio, contudo, devem trazer um ganho de US$ 4,6 bilhões para o Brasil.

"Em síntese, apesar de trazer benefícios para alguns setores nacionais, o saldo final é negativo para o Brasil, refletindo uma perda global nas exportações devido sobretudo à restrição de acesso ao mercado norte-americano", diz o estudo.

A soja é um dos setores que devem sair ganhando, segundo a análise, com um ganho de US$ 1,5 bilhão. O ganho seria provocado pela retaliação da China aos EUA, que deve ampliar o mercado brasileiro da oleaginosa no gigante asiático.

Também se beneficiam os derivados de petróleo e produtos de carvão (US$ 626 milhões), produtos de papel e edição (US$ 523 milhões), equipamentos de transporte (US$ 706 milhões), veículos a motor e peças (US$ 303 milhões) e computadores, produtos eletrônicos e ópticos (US$ 238 milhões).

Por outro lado, o setor de metais ferrosos brasileiro é um dos que mais perdem com o tarifaço e seu rearranjo do comércio global, assim como as indústrias química, madeireira e mineral.

O estudo também estima o impacto no consumo das famílias, investimentos e mercado de trabalho. Todos sairão perdendo com o tarifaço, com quedas de 0,26%, 0,15% e 0,08, respectivamente --considerando efeito direto e amortização pela diversificação do comércio global.

"Em termos de ocupações, estima-se uma perda de 188.707 empregos decorrentes do efeito das tarifas dos EUA sobre Brasil, e de 57 mil ocupações como efeito total", afirmam os pesquisadores

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