Radar do Poder: A nova frente de Ivana, a dança de Mário Negromonte Jr., a carta a Rodrigo e o afago de Coronel em Cocá

Derrubada do veto

A presidente da Assembleia, Ivana Bastos (PSD), vai liderar um movimento para pressionar os congressistas a derrubarem o veto do presidente Lula ao aumento do número de deputados. Caso o veto seja mantido, a Bahia deve perder, por decisão da Justiça Eleitoral e com base na população do último Censo, conforme já antecipado por este Política Livre, dois representantes na Câmara e dois no Legislativo estadual, onde o total de cadeiras é calculado a partir do número de federais.

Calcanhar de Wagner

Ivana pretende utilizar a União Nacional de Legisladores e Legislativos (Unale) para fazer um movimento de pressão principalmente no Senado, onde a tendência hoje é pela manutenção do veto. Mesmo com a fidelidade a Lula, Otto Alencar, cacique estadual do PSD, anunciou esta semana que votará contra o entendimento do presidente. O mesmo fará Angelo Coronel (PSD). O único a favor do veto até aqui é Jaques Wagner (PT), até por ser líder do governo. A presidente da Assembleia tentará convencer o petista.

Cadeiras que importam

“Temos esperança de que o Senado e o Congresso votem a favor da derrubada do veto e que as cadeiras da Bahia sejam mantidas tanto na Câmara quanto na Assembleia. Temos um Estado muito grande, que já enfrenta dificuldades de representatividade. Não podemos perder isso ainda mais”, disse Ivana à Radar do Poder. Ela vai propor na Unale a criação de uma força-tarefa, inclusive junto aos legislativos de outras unidades federativas que correm o risco de perder deputados, para ir até o Congresso discutir o assunto.

Olho no futuro

Na Assembleia, Ivana segue fazendo mudanças com o objetivo de modernizar a Casa, seja no quadro de pessoal ou em intervenções físicas e no funcionamento do Poder. Esta semana, a Mesa Diretora aprovou a criação do Núcleo de Atendimento ao Cidadão e Transparência (Nact). O objetivo é oferecer atendimento humanizado e multicanal – presencial, digital e telefônico – ao cidadão e garantir o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Mário dançou

Quem levou uma na cabeça com a nomeação de Max Passos para a diretoria-geral do Detran, oficializada hoje (13), foi o deputado federal Mário Negromonte Júnior, presidente do PP baiano. Ele tentou a todo custo travar a indicação, cujo nome foi apresentado consensualmente pelos pepistas na Assembleia. Queria emplacar o primo Gilvan Lima, cujas referências não agradavam o secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), que se tornou um defensor de Max antes mesmo do anúncio da federação entre o PP e o União Brasil. Mário Júnior acabou dançando!

Empurrar com a barriga

Como não havia forma de convencer Mário Júnior de que a defesa intransigente do primo era também impertinente aos olhos do governo, Jerônimo adotou a tática muito comum a quem comanda: empurrou a decisão sobre o comando do Detran até que um fato superveniente surgisse, como a Federação do PP com o União Brasil, que colocou o partido no “colo” do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União). A tática deve ser repetida por Jerônimo em relação ao desejo de Mário Júnior de empregar a esposa como conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), ou seja, o governador vai esperar para ver o que acontece.

Controle total

Ainda sobre o Detran, os “quatro mosqueteiros” do PP na Assembleia – Niltinho, Hassan Iossef, Eduardo Sales e Antonio Henrique Júnior – devem indicar nos próximos dias quem irá substituir Max Passos na diretoria de Habilitação, onde o novo comandante do órgão estava antes de ser promovido pelo governador. Vale lembrar que a bancada já controla a diretoria de Veículos, onde está Fabrício Araújo, ex-assessor de Niltinho.

Carta a Rodrigo

Cacique do MDB, o ex-ministro Geddel Vieira Lima encaminhou carta ao ex-prefeito de Itapetinga Rodrigo Hagge, solicitando que o correligionário peça desfiliação do partido para não ser expulso. O cacique emedebista encerrou as conversas nas quais tentava convencer Rodrigo, que pretende concorrer a deputado estadual, a deixar o grupo de ACM Neto e apoiar Jerônimo em 2026. O plano do ex-gestor é se mudar para uma sigla menor, onde terá mais chances de ser eleito.

Palanque de 2028

A decisão de Rodrigo Hagge de permanecer na oposição ao governo tem um impacto forte nos planos eleitorais do ainda emedebista. Isso porque o tio dele, o atual prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB) – que também já foi aliado de ACM Neto –, avisou a aliados que desse jeito não apoiará o sobrinho em 2026, pois já fez “juras de amor” a Jerônimo. O rompimento familiar é tido como iminente e deve motivar um confronto direto nas urnas em 2028 entre os dois protagonistas do embate.

Liderança estadual

Na solenidade em recebeu o título de cidadão de Boa Nova, no sábado (9), Angelo Coronel não poupou elogios ao prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), presente na solenidade. Afirmou que o pepista é hoje uma das “maiores lideranças da Bahia” e um “nome estadual e não mais regional”, mesmo tendo saído do pequeno município de Lafayette Coutinho, onde também comandou a Prefeitura. Cocá já declarou apoio à reeleição de Coronel. O curioso é que nenhum dos dois ainda tem certeza sobre em que palanque estarão em 2026 para o governo.

Sonho adiado

A decisão surpreendente da prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos (União), de lançar o primeiro-cavalheiro Wagner Alves candidato à Assembleia em 2026 não prejudicou apenas os planos do deputado estadual Tiago Correia (PSDB) de ampliar a votação no município com o apoio da gestora. Vereador mais bem votado em 2024, Diogo Azevedo (União) foi obrigado a adiar os planos de concorrer a uma cadeira na Assembleia, em projeto que chegou a ser incentivado por ACM Neto.

Chama o Zé

Lideranças do PDT baiano atuam nos bastidores para aproximar institucionalmente o prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (União), de Jerônimo. O movimento é feito pelo ex-prefeito de Araci Silva Neto e pelo secretário de Agricultura da Princesa do Sertão, Silvaney Araújo, ambos pedetistas. Esta semana, Silva, que é próximo de Zé Ronaldo, se encontrou com Adolpho Loyola e pediu apoio do Estado para a Exposição Agropecuária de Feira, que acontece em setembro. A expectativa do Palácio de Ondina é que esses gestos ajudem a atrair o prefeito para o palanque governista em 2026.

Chefes de poder

Por falar em Feira de Santana, o presidente da Câmara Municipal da cidade, Marcos Lima (União), deve apoiar a candidatura de Carlos Muniz Filho, herdeiro do presidente do Legislativo da capital, Carlos Muniz (PSDB), a deputado federal em 2026. Caso a articulação se confirme, a jovem promessa eleitoral terá o aval dos comandantes das três maiores Câmaras de Vereadores da Bahia, uma vez que já firmou, por meio do pai, uma aliança com o de Vitória da Conquista, Ivan Cordeiro (PL).

Debate da regulação

A vereador Aladilce Souza (PCdoB), líder da oposição na Câmara de Salvador, sugeriu esta semana, em plenário, que a Casa realize um debate sobre o sistema de regulação da saúde entre os titulares das secretarias estadual e municipal da área, respectivamente Rodrigo Alves e Roberta Santana. O desafio ainda não foi aceito pelo vereador Kiki Bispo (União), que comanda a base do prefeito Bruno Reis (União).

Pitacos

* Ex-prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro “colou” no deputado federal Leo Prates (PDT). Participa de todos os eventos organizados pelo pedetista, cuja reeleição pretende apoiar. Esta semana foi ao lançamento do livro do mandato do parlamentar.

* João Henrique espera ter o apoio do deputado para retornar à vida pública, seja em 2026 ou 2028. Aposta num cenário em que o aliado será o sucessor de Bruno Reis. Vale lembrar que Leo foi assessor palaciano na segunda gestão do ex-prefeito.

* André Juazeiro ficou chateado com a notícia de que deixaria a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo. Estava viajando quando foi convocado pelo governador para tomar conhecimento da substituição. E deixou o encontro arrasado.

* No mesmo dia em que rejeitou a Comenda Dois de Julho ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a Mesa Diretora da Assembleia aprovou ao menos outras oito honrarias, incluindo o título de cidadão a André Ceciliano, assessor de Lula.

* A filiação do médico Isaac Nery ao MDB enfraqueceu ainda mais ACM Neto (União) em Itabuna. A exemplo do deputado Pancadinha (Solidariedade) e do ex-prefeito da cidade Capitão Azevedo (União), Nery também era aliado do cacique oposicionista.

* Isaac Nery era bolsonarista quando disputou a eleição de deputado federal em 2022, pelo Republicanos. Migrou para a esquerda em 2024, ao se filiar ao PDT de olho Prefeitura, mas perdeu também. Dizem agora que já é quase um petista.

* Outros acreditam que a ideologia do médico grapiúna, que vai somar alguma coisa na nominata emedebista para deputado federal, é guiada pelo fundo partidário. Tipo leilão: quem dá mais leva.

* Depois de fazer um esforço hercúleo para tentar reunir empresários locais com Jerônimo num hotel de Guanambi, hoje (13), a Prefeitura da cidade entregou os pontos e cancelou o encontro, embora a agenda de entregas do governador tenha sido mantida.

* De público, os assessores do prefeito Nal Azevedo (Avante) alegaram problemas na agenda do governador, mas nos bastidores informaram que os empresários não haviam confirmado presença até a manhã de hoje – o encontro ocorreria no período da tarde.

* A abertura de um inquérito contra a ex-comandante do Inema Márcia Cristina Telles de Araújo Lima pelo Ministério Público por 'supostas irregularidades no recebimento de vantagens' causou estranheza no meio ambientalista, no qual ela mantém reputação sólida de honesta.