Home
/
Noticias
/
Brasil
/
TCU pede que Câmara apure indícios de irregularidades em permanência de Eduardo Bolsonaro nos EUA
TCU pede que Câmara apure indícios de irregularidades em permanência de Eduardo Bolsonaro nos EUA
Por Constança Rezende, Folhapress
08/08/2025 às 16:44
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/Arquivo

O TCU (Tribunal de Contas da União) pediu à Câmara dos Deputados que apure os indícios de irregularidades quanto ao financiamento público ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) durante a sua estadia nos Estados Unidos.
O tribunal também requisitou que a Câmara comunique ao órgão, ao fim das análises, quais foram as conclusões e as medidas adotadas.
A medida foi tomada na semana passada, após os ministros aprovarem um parecer da área técnica da corte, revelado pela Folha, que considerou haver "indícios suficientes de irregularidade" no caso.
O processo no TCU foi aberto a pedido do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). Ele argumentou que Eduardo estaria promovendo articulações políticas contra a soberania nacional brasileira, o que configura crime.
Segundo Boulos, isso estaria no artigo do Código Penal que tipifica negociações com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, com o fim de provocar atos típicos de guerra contra o país ou invadi-lo.
A diretoria do TCU adotou como base, na avaliação, as ausências do parlamentar, no relatório de presença em plenário do portal da transparência da Casa.
De acordo com este documento, o deputado só justificou uma das suas cinco faltas em sessões deliberativas deste ano, até o início de seu afastamento por licença para tratamento de saúde, e, posteriormente, interesses particulares, em 20 de março.
Segundo o TCU, o portal não apresentou indicativos de que tenha ocorrido desconto na remuneração do parlamentar em virtude dessas faltas, conforme determina norma da Casa.
Os técnicos, porém, avaliaram que o caso deve ser apurado pela própria Câmara, já que, se comprovadas, as irregularidades não atingiram o mínimo de R$ 120 mil de danos aos cofres públicos. O valor tem servido como base no TCU para a abertura de investigações.
Boulos também havia pedido a responsabilidade penal a Eduardo em relação aos fatos, mas o TCU negou, citando ausência de competência da corte de contas para emitir juízo de valor sobre a prática ou não de crime.
A viagem de Eduardo também é objeto de inquérito de relatoria do ministro Alexandre de Moraes, no STF (Supremo Tribunal Federal), sobre sua suposta atuação contra autoridades brasileiras no exterior.
Em depoimento sobre o caso à Polícia Federal, no início de junho, Bolsonaro disse que mandou cerca de R$ 2 milhões a Eduardo para que ele pudesse se manter nos Estados Unidos.
De acordo com o ex-presidente, o dinheiro foi descontado do total de doações de sua campanha à Presidência em 2022, e ele resolveu fazer a remessa para que o filho não passe por dificuldades nos EUA.
Ele também afirmou "não ter a menor ideia" de quanto tempo Eduardo ainda ficaria nos EUA e que o filho de 41 anos "tem uma vida política independente".
