Alice Portugal afirma que expectativa em Brasília é pela prisão de Bolsonaro

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) falou sobre a expectativa para o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros réus na tentativa de golpe que tentou anular as eleições de 2022. O julgamento inicia a partir desta terça-feira (2), no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em entrevista a este Política Livre nesta segunda-feira (1º), na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), onde participou de evento promovido pelo Conselho Regional de Educação Física (CREF13/BA), a parlamentar afirmou que o clima em Brasília está “seco” em alusão à condição atmosférica da capital federal.

“Olha, é um clima seco, literalmente. Existe uma tendência, né? Todas as comprovações, gravações, vazamentos, autodelações, levam a uma condenação. É o que, na verdade, a democracia pede no Brasil. Porque se o Judiciário permitir que impunemente permaneçam crimes dessa modalidade de atentado violento ao Estado Democrático de Direito, nós teremos repetições de tentativas”, ressaltou a deputada.

Ainda de acordo com Portugal, há um temor quanto à possibilidade de novas obstruções aos trabalhos na Câmara por parlamentares da oposição como ocorreu no início de agosto. “O que eu aguardo é que não haja uma escalada de ódio. E que amanhã a gente tenha paz para ter uma sessão na Câmara”, completou.

Sobre a realização das sessões na modalidade virtual, como determinou o Senado Federal, Alice Portugal se mostrou contrária à ideia. “Na Câmara ainda não recebemos notícias nessa direção, mas, na minha opinião, ao contrário, nós deveríamos encher o plenário da Câmara para impedir aventureirismos. É necessário fazer com que o Congresso funcione, que o Poder Executivo funcione, que o Brasil funcione e que quem tem dívidas com a Justiça pague”.

A parlamentar ainda lembrou que os deputados que participaram da obstrução de dois dias dos trabalhos da Câmara impedindo, inclusive, que o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) ocupasse assento na Mesa já estão respondendo processo no Conselho de Ética. “De fato também se constitui em crime obstruir fisicamente o trabalho do Legislativo. Os que fizeram aquele sequestro da Mesa da Câmara já estão arrolados pelo Conselho de Ética para uma apreciação das suas atitudes”, frisou.

Na entrevista, Alice Portugal ainda criticou o fato de os mandatos dos colegas de Parlamento Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP), esta última foragida da Justiça, ainda não terem sido cassados.

“A deputada Carla Zambelli está foragida do Brasil e presa na Itália, o Eduardo Bolsonaro desertou do Brasil, ele é servidor concursado da Polícia Federal, ele é deputado eleito pelo Estado de São Paulo e ele está fora do Brasil querendo exercer o mandato de que forma? Conspirando contra o próprio país no exterior, já deveria ter sido cassado. A mesma coisa, a Carla Zambelli, condenada, foragida, via Uruguai, deveria já ter sido cassada. Então, nós não podemos usar uma correlação de forças na Câmara dos Deputados para silenciar o que é justo. Eu espero que, de forma alguma, nós tenhamos atentados violentos e não podemos admitir fugas. Por isso, Alexandre de Moraes acertou quando alguém que está indiciado em fase de julgamento com tornozeleira não tinha policiamento para verificar se ele estará esperando a convocação da Justiça”, disse, em referência à possibilidade de fuga de Jair Bolsonaro.