Empresa cobra R$ 2 mi para 'hospedar' aviões na COP30
Por Julio Wiziack/Folhapress
29/09/2025 às 21:00
Foto: Divulgação

A Casa Civil da Presidência da República e o Ministério de Relações Exteriores fizeram um levantamento para pressionar a Líder, empresa que faz táxi aéreo no aeroporto de Belém (PA), a baixar o preço do pacote para as delegações estrangeiras que, eventualmente, vierem com aviões particulares para a COP30.
A empresa está cobrando US$ 400 mil (R$ 2,1 milhões) para "hospedar" as aeronaves em seu hangar, valor mais caro do mundo, segundo o levantamento do governo.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) foi acionada pelo Ministério de Portos e Aeroportos e entrou em contato com a administração do aeroporto de Belém (PA) para que ela converse com a Líder.
Consultada, a agência confirmou a situação, mas disse que não pode interferir nesses preços.
Mesmo assim, informou que está em contato com a administração do aeroporto para entender os valores dessa cobrança.
A preocupação do governo é de que essa cobrança inviabilize a vinda até de delegações já confirmadas.
Até o momento, somente o preço dos hotéis e de imóveis para locação eram entraves ao evento. Na semana passada, o ministro Rui Costa (Casa Civil) disse, durante visita a Belém, que o governo federal acionará a Justiça contra preços abusivos cobrados durante a COP30.
Uma crise de hospedagem afeta a cidade desde o início do ano e gerou crise diplomática com alguns países.
Segundo levantamento da Defensoria Pública do Estado do Pará obtido pela reportagem, as plataformas Booking.com e Agoda veiculam anúncios de hotéis em Belém com diárias até 20 vezes mais caras que no período do Círio de Nazaré.
No período da procissão, que atrai fiéis de todo o Brasil, as diárias para um quarto com duas camas saem por R$ 5.143, segundo o levantamento. Para a COP30, a reserva está custando R$ 105,9 mil, alta de 1.976%.
A Norte da Amazônia Airports (NOA), concessionária do Aeroporto Internacional de Belém, disse que, para garantir atendimento eficiente e seguro durante a COP30, firmou parceria com uma empresa de referência nacional, reconhecida pela atuação em grandes eventos internacionais no Brasil.
A concessionária afirmou que a parceria foi formalmente comunicada à Anac e que desconhece a existência de valor fixado em US$ 400 mil.
"Os preços praticados variam conforme o porte da aeronave, o tempo de permanência e os serviços demandados", disse em nota.
A Líder, empresa mencionada pela NOA, não confirmou os valores. Via assessoria, a companhia disse que não comenta sobre a intenção do governo para reduza preços e informou que os valores cobrados refletem uma estrutura de custos do local. Informou ainda não ter recebido pedido de orçamento oficial [de delegações].
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, não respondeu até a publicação desta reportagem.
