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Ministro da Defesa diz estar preocupado que fronteira do Brasil se torne uma trincheira
Ministro da Defesa diz estar preocupado que fronteira do Brasil se torne uma trincheira
Por Mariana Brasil/Folhapress
05/09/2025 às 21:30
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo

O ministro da Defesa, José Múcio, disse nesta sexta-feira (5) ter receio de que a fronteira do Brasil com a Venezuela se torne uma trincheira, após a operação dos Estados Unidos em águas próximas do país latino-americano. Múcio referiu-se ao conflito como uma "briga de vizinho".
"Nós estamos deslocando tropas para a fronteira, pensando na COP30. Pensando em dar uma maior assistência a uma parte da fronteira mais inóspita, mais inaccessível. Aí, de repente, estourou esse problema", afirmou.
"Estamos preocupados, como eu disse, com a nossa fronteira para que ela não sofra, não se transforme, a nossa fronteira, numa trincheira. O Brasil é um país pacífico. Nós investimos em armas nas nossas Forças para defender o nosso patrimônio, não é de olho na terra de ninguém".
"Isso é como briga de vizinho. Eu não quero que eles mexam no meu muro, não quero que eles tirem a fiação que acende a frente da minha casa, que não mexam na minha casa. Torcemos para que passe. Evidentemente, eles devem ter os seus motivos", disse ainda o ministro.
As declarações foram dadas a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receber o ministro e comandantes das Forças Armadas para um almoço. Realizado às vésperas das comemorações do 7 de Setembro, o encontro foi "fraterno", de acordo com Múcio, e temas como o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) não foram abordados.
O governo Donald Trump enviou três destróieres da classe Arleigh Burke, um cruzador da classe Ticonderoga e um submarino nuclear para as águas caribenhas próximas à Venezuela em um movimento de pressão ao regime de Nicolás Maduro, com a justificativa de combater o narcotráfico na região. Ao todo, são mais de 4.000 marinheiros e fuzileiros navais e capacidade de lançamento de mais de 400 mísseis.
Juntos, os navios de guerra têm mais poder de fogo que toda a Venezuela. Nesta sexta, a crise escalou com a revelação de que Trump ordenou o envio de dez caças avançados F-35 para Porto Rico, território americano no Caribe, para participar do que Washington chama de missão contra o narcotráfico.
O ditador da Venezuela disse na última segunda-feira (1º), em entrevista coletiva, que estava preparado para a luta armada caso seu país fosse invadido pelos EUA. "Nós estamos em um período especial de preparação máxima. E em qualquer circunstância, vamos garantir o funcionamento do país", disse Maduro a jornalistas. "Se a Venezuela for agredida, passará imediatamente à luta armada em defesa do território nacional e da história e do povo da Venezuela".
Na terça (2), Trump anunciou ter destruído um pequeno barco que, segundo ele, levava drogas para os EUA da Venezuela. O regime de Maduro, indiciado sob acusação de tráfico em Nova York desde 2020, reagiu e disse que o vídeo da ação era fake, o que não ficou provado.
Tampouco Washington ofereceu evidências de que a embarcação continha drogas e narcotraficantes, o que de todo modo, por si só, não é base sólida o bastante para justificar a ação do ponto de vista legal, segundo especialistas.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chamou a explosão do barco de assassinato. "É um assassinato em qualquer parte do mundo. A colaboração do governo colombiano na luta contra o narcotráfico é profunda, mas está subordinada ao direito internacional", disse ele em publicação no X.
No começo de agosto, os EUA anunciaram que começariam uma operação militar permanente contra o tráfico no Caribe, empregando suas vastas forças navais. Depois, contudo, o foco foi direcionado para Maduro, cuja cabeça está a prêmio —Trump aumentou para US$ 50 milhões a recompensa a quem der informações que levem à prisão do ditador, acusado de liderar um cartel de drogas que, segundo especialistas, não existe.
