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PCC movimenta R$ 5 bi de firma e utiliza codinomes Bolsonaro e Lula para sócios ocultos, diz PF

PCC movimenta R$ 5 bi de firma e utiliza codinomes Bolsonaro e Lula para sócios ocultos, diz PF

Por Raquel Lopes/José Marques/Folhapress

04/09/2025 às 17:00

Atualizado em 04/09/2025 às 17:00

Foto: Reprodução/X

Agentes da Polícia Federal durante operação em São Paulo

Uma investigação da Polícia Federal revela que uma distribuidora de combustíveis suspeita de ser usada para lavar dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) movimentou ao menos R$ 5 bilhões entre 2019 e 2023.

Os lucros eram repartidos entre quatro sócios ligados à facção, que utilizavam os codinomes Bolsonaro, Lula, Ciro e Obama, segundo representação da Polícia Federal obtida pelo jornal Folha de S.Paulo.

A investigação aponta que a empresa, criada em 1988 e chamada Duvale Distribuidora de Petróleo e Álcool, encontrava-se inativa e praticamente falida, sem comercializar combustíveis desde 2017. O faturamento em 2019 foi zero.

No registro formal, os sócios eram Celso Leite Soares, detentor de 99% das cotas desde 1996, e seu irmão, com 1%.

Entre meados de 2019 e 2020, a Duvale foi adquirida, de forma informal, por Mohamad Hussein Mourad, conhecido como Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco.

Eles foram alvo de mandados de prisão nas megaoperações do mês passado que mirou a infiltração do PCC na cadeia produtiva do setor de combustíveis e do mercado financeiro. Ambos estão foragidos.

A Duvale é registrada no estado de São Paulo, mas a investigação foi aberta pela Polícia Federal no Paraná por tratar de um esquema que envolve suspeitas sobre dezenas de empresas com patrimônio multimilionário em Curitiba e região.

Segundo a PF, Primo e Beto Louco são amplamente conhecidos por seus envolvimentos com "braços financeiros do crime organizado, notadamente a partir de fraudes no ramo de combustíveis e outros crimes correlatos".

A partir daí, a empresa passou a ser usada como peça central em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao PCC.

A escolha da empresa não foi casual, segundo a investigação. O histórico da Duvale no setor de distribuição de combustíveis serviria para conferir aparência de legitimidade e reduzir suspeitas sobre as futuras movimentações bilionárias.

Essa aquisição não alterou, entretanto, o quadro societário formal nem foi comunicada aos órgãos de controle. Celso Leite Soares foi mantido como sócio de fato para integrar a distribuição de lucros.

Documentos e conversas interceptadas revelaram que a Duvale era, de fato, controlada por quatro sócios que repartiam os lucros: Beto Louco (65%), Primo (15%), Celso Leite Soares (10%) e Daniel Dias Lopes (10%).

Diversos relatórios encontrados comprovam a distribuição mensal dos lucros entre esses sócios ocultos, prática registrada de agosto de 2020 até o início de 2023.

A partir de 2022, esses relatórios de custos e repasses passaram a adotar codinomes, um expediente considerado típico de organizações criminosas para confundir autoridades de investigação e fiscalização.

No esquema sob suspeita, diz a representação da Polícia Federal, Beto Louco passou a ser identificado como "sr. Bolsonaro". Primo era "sr. Lula", Soares, "sr. Ciro" e Lopes, "sr. Obama". As porcentagens de participação previamente definidas foram mantidas.

As investigações apontam que Daniel Dias Lopes e sua esposa, Miriam Favero Lopes, eram os principais responsáveis pelas operações financeiras e de lavagem de dinheiro na Duvale.

Soares, Lopes e sua esposa, Miriam, também foram alvos de mandado e estão foragidos.

A distribuição dos lucros para os integrantes da organização era feita por meio de empresas de fachada, como a ML8 Serviços de Apoio Administrativo, registrada em nome de Miriam Favero Lopes.

A empresa realizava transferências milionárias para outras firmas fictícias vinculadas aos sócios, muitas vezes sem a emissão de notas fiscais ou qualquer registro de serviços ou mercadorias.

Lopes atuava como procurador da Duvale e é apontado pela PF como um dos principais elos entre a estrutura de lavagem montada no Paraná e facções criminosas de São Paulo.

Ele passou a estruturar o esquema após deixar o sistema prisional, em 2017, onde cumpriu pena por tráfico de drogas.

Os pagamentos aos sócios ocultos eram frequentemente operacionalizados por Miriam, por meio da ML8, que fazia a movimentação dos valores para as empresas de fachada ligadas a cada integrante do grupo.

Procurados, Celso Leite Soares não respondeu ao contato. A reportagem não localizou as defesas de Mohamad Hussein Mourad, o Primo, Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, nem de Daniel e Miriam Lopes.

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